Mais um membro do Bengalas Boys Club - nossa milenar
confraria (Rsss...) - dá seu depoimento neste espaço
reservado para conhecermos um pouco
mais dessas figuras fantásticas e criativas que
surgem através da Internet e que até pouco
tempo atrás viviam no anonimato,
por estarem distante dos grandes centros urbanos.
Poder trocar idéias com esta figura fantástica, fissurada
em quadrinhos, de bom nível intelectual e que realizou
um trabalho sui generis a respeito dos heróis tupiniquins
é, sem dúvida, um grande privilégio. É um desses milagres
que a tecnologia nos proporciona e que faz a gente
conhecer e se relacionar com pessoas dos mais distantes
rincões desse nosso querido Brazilzão.
Através da entrevista a seguir, todos nós vamos poder conhecer
um pouco mais desse cidadão, que dedica boa parte de
suas horas de folga para pesquisar e divulgar personagens
e autores nacionais, sem receber nada em troca,
num gesto de total dedicação.
Sua obra fantástica - que você pode baixá-la gratuitamente
pela WEB -, já faz parte da história das HQs nacionais,
sem sombra de dúvida. Bevemente, queremos vê-la impressa,
em nossas estantes, o lugar ideal para se preservar
e rever um grande trabalho.
Confiram, a seguir, esta fantástica entrevista desse homem,
sempre atencioso com os amigos, e que se dedica
totalmente, de corpo e alma, ao mundo das HQs!
Confiram!
ENTREVISTA COM LANCELOTT
BARTOLOMEU MARTINS
Tony: Eu te conheci através do Facebook, há pouco tempo.
E já me tornei seu fã. Você é uma verdadeira enciclopédia
ambulante sobre HQs.
De onde veio esta paixão por quadrinhos?
Lancelott: Quadrinhos fazem parte de minha
vida desde pequeno... Lembro de uma senhora que
cuidava da gente e tinha em seu baú umas
revistas esmaecidas pelo tempo do Batman,
Jim das Selvas e Fantasma que carinhosamente,
lia e relia para nós antes de dormir...
Era um tal de Batimão e Rubinho (sic)...
E assim conheci Bob Kane,
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Nick Holms, outra criação de Raymond |
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Adicionar legenda |
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O genial Alex Raymond |
Lancelott: Sou piauiense, nascí em Parnaíba
na pequena costa de 75 km de litoral...
Tony: Aos poucos descobri que você, além de
exímio pesquisador, também é muito
om de traço. Fale-me sobre desenho...
quando começou a desenhar?
Lancelott: Pois é... Uma brincadeira... copiava
os traços daqueles mestres, reproduzindo seus
personagens e tomei gosto por desenho mas,
depois cheguei a lecionar desenho artístico
(Lembra do Instituto Universal?) e desenho
técnico nas escolas do SENAI. Depois, fazia
fanzines por pura paixão, desenhava e
roteirizava meus próprios personagens,
a grande maioria, míticos e relacionados
com lendas populares.
O mais conhecido entre os fanzineiros foi EXÚ 7
(década de 80), que veio direto do panteão orissá...
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Exú 7 - Criado por Lancelott |
Tony: Foi professor do Instituto Universal?
Caramba! Também fiz aquele curso deles... (Rss...).
Uma frustração?
Lancelott: Acho que não tenho, apesar dos altos
e baixos, sou muito resolvido com essa história
de reconstruir-se sempre, coisa de
minha linha espiritual...
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Uma página do compêndio de Lancelott, onde o autor relembra um clássico das HQs nacionais:O Escorpião, de Wilson Fernandes. |
Tony: Também penso como você. Um sonho?
Lancelott: Ah, um sonho? Continuar feliz com esta
família maravilhosa que Deus me deu...
Tony: O seu compêndio (download free), sobre os super-heróis
nacionais é o trabalho mais incrível que eu já vi!
Como surgiu esta ideia?
Quando começou a colocá-la em prática?
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Um trabalho de resgate dos grandes personagens criados no Brasil. Uma página com o Homem Fera |
Lancelott: Sempre sentí falta de informações sobre
nossa criações na web, como os gringos têm suas
enciclopédias on line... Então, busquei em meu
acervo e informações de colecionadores amigos
e resolvi partilhar um pouco deste sonho de
criança, postando minemônicamente sobre
os personagens brasileiros mais no gênero
herói/super-herói.
Existem vários outros sub-gêneros que precisam
ser abordados, como humor, infantil, etc..
Nasceu então, a idéia também de formatar um
"compêndio", tipo um e-book, para download free
com todos os posts hoje, com mais de
1.000 downloads entre os servidores 4Shared
e Mediafire. O e-book chama-se
CATÁLOGO DE HERÓIS BRASILEIROS, e tem a
apresentação de JJ. Marreiro.
Por sua sugestão, estou reformatando o
projeto para impressão...
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Ao fundo: capa original da série O Judoka. Em primeiro plano: o herói numa leitura feita por Lancelott |
Tony: Foi através deste seu Catálogo de Heróis
Brasileiros que acabei descobrindo uma porrada
de heróis tupiniquins, que eu nem sabia que
existiam... (Rsss...).
Haja pesquisa. Como consegue levantar tantos
dados sobre autores e personagens?
Lancelott: Tenho um pequeno acervo... Conto
com amigos colecionadores, autores como
você, dicas, indicações, uma boa rede...
Tony: Através dos nossos bate-papos, entre os membros
da nossa confraria do Bengalas Boys Club (Rsss...),
notei que você tem uma grande bagagem c
ultural. Isto é genético? Qual a sua formação?
Lancelott: Você sabe, quem faz parte da Confraria
do Bengalas Boys, tem uma antiguidade
imemorável, talvez seja isso (rsss)...
Sou formado em Administração de Empresas
mas por curiosidade fiz Teologia e Direito.
Mas não sou pastor e ou advogado sou
apenas fã de quadrinhos...
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O interessante é que o autor redesenha cada um dos antigos super-heróis com seu traço dinâmico, nessa obra meticulosa |
Tony: Profissão atual?
Lancelott: Bem...aposentado federal (rsss).
Tony: Filmes preferidos?
Lancelott: Sempre gostei da leitura visual do
Kurosawa, mas não esqueço dos Sete Samurais
e da película de ficção científica do Ridley Scot -
Blade Runner, meu cult...
foi genial. Depois, os americanos fizeram uma
versão deste clássico japonês para o Oeste,
Sete Homens e Um Destino...
Astros e estrelas de Hollywood?
Lancellot: Aleatoriamente, assim na bucha!?
Gosto de Dustin Hoffman, Ingrid Bergman,
Al Pacino, Jack Nicholson, Paul Newman,
Marlon Brando, Peter O'Toole, Betty Davis,
Harrison Ford, John Wayne e outra
infinidade de estrelas...
Tony: Astros da música, nacional e internacional?
Lancelott: Gosto do Chico Buarque e turma...
Sempre gostei de um rock clássico, Bill Haley,
um dos meus preferidos...
Tony: Johnn Wayne?
Lancelott: Ah, o velho Marion Michael Morrison?!
Sempre achei que John Wayne era um cowboy
dele mesmo... Não posso falar de western no cinema
sem ele, o cara marcou várias gerações...
Tony: Sem dúvida. John Wayne personificou a
imagem do cowboy... Tex?
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A obra deste meticuloso autor vem sendo feita ao longo dos anos. Exigiu uma fantástica pesquisa nas antigas edições lançadas no Brasil. Acima: Super Heros, de Paulo Fukue - editora Edrel, anos 60 |
Lancelott: Conhecí Tex como Texas Kid, no jornal
O Globo, lembra? Na época ele era um fora-da-lei...
Um quadrinho italiano da melhor qualidade...
Tony: Super-heróis e mangás? O que acha deles?
Lancelott: Um mal necessário... (rsss) 'tô brincando
a la Werthan. Acho que tudo que a mente humana
produz é arte, é um referencial cultural pertencente
a grupos, nichos, que encantam e seduzem
(não no sentido do Wertham) a nossa sede
(não no sentido do Wertham) a nossa sede
fantástica pela aventura, pelo sonho, pelo
desconhecido... Acho que os quadrinhos em
suas mais variadas formas de expressão
artística são suficientemente maravilhosos,
pois nos possibilita divagar e ponderar, às vezes,
sobre o impensável...
Os gêneros também são mercados criados por
mega-eventos sem se preocupar com conteúdo...
É complexo... Você viveu e vive estas nuances...
Tony: Você tá coberto de razão... Gedeone Malagola?
Lancellot: Rick Starkey"?! Era um de
seus pseudônimos... O Mestre Gedeone era
delegado de polícia e, na minha opinião,
foi um dos precursores do gênero terror
no Brasil... Não esqueço de uma:
" A Cabeça no Ar"... Este, carece de uma
grande pesquisa e homenagem!
caras que tentou lutar pelo quadrinho brasileiro
com a ADESP, que aliás, tinha o dedo do Gedeone...
É um exemplo a ser seguido como persistência e
atitude... Tem gente que critica o Maurício
mas é ciúmes...
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O Vingador Mascarado, de Seabra, no traço do autor (ao fundo), e na visão de Lancelott (em primeiro plano) |
Tony: Também acho. O cara brigou muito, ralou pra chegar
onde está. Merece. Na sua opinião, o futuro das HQs
será via WEB? Os gibis impressos tendem a acabar?
Lancelott: Acho que a WEB é um veículo novo que
vai amparar as mais diversas formas de cultura de
massa e os quadrinhos, como a música, os filmes
deverão se enquadrar com mais esta via
mercadológica. Tudo é mercado!
Mas não vejo em um futuro recente qualquer
possibilidade de substituição do meio
impresso e ou mesmo sua extinção... Já existem
empreendimentos de sucesso no Japão e nos EUA
com esta neo possibilidade de ganhar dinheiro...
Eu, como um autêntico Bengala Boy, ainda prefiro
o cheiro da tinta, mas não posso deixar
de acompanhar as 'ondas" como diria
Alvim Tofler...
Tony: As vendas de gibis, em todo o mundo caíram,
desabaram vertiginosamente. O que pensa a respeito disso?
Lancelott: Bem, Tony, esta faceta você vivencia
todo dia como produtor/editor... O Brasil publica
material licenciado, que por sua vez tem custos
gráficos e a questão do dólar... É a macroeconomia...
Pode parecer brincadeira mas, afeta tudo...
Tony: Nunca pensou em editar ou vender para algum
editor seu famoso Catálogo de Heróis?
Lancelott:Bem, na verdade só pensei nisto após
nossos papos no face, quando você comentou...
Depois, com os Bengalas Boys (rsss)...
Em pesquisa recente, encontrei publicações
semelhantes, com heróis nacionais, por exemplo,
no Canadá. Após essa sinergia, passei a
reformatar o projeto e vou tentar vender e
ou conseguir um patrocínio para impressão.
Estou fazendo contatos.
Tony: Não acha que os downloads free promovem
os autores, mas também avacalham
as vendas em bancas?
Lancelott:Existem limites... Mas, você acha que
realmente influenciam as vendas nas bancas?!
Tony: Acredito que sim. Seus planos para o futuro?
Lancelott: O futuro a Deus pertence, diriam alguns,
mas, acho que sedimentamos ele com nossas atitudes...
Não almejo nenhum sucesso com o que faço....
Minhas pesquisas fazem parte de um sonho
de criança... Só em conceder esta entrevista à
você, um dos construtores do nosso
quadrinho, me honra. Eu sou seu fã!
Tony: Pois, então saiba que eu também virei seu fã, após
analisar sua obra maravilhosa sobre os heróis
tupiniquins... (Rsss...). Lancelott Bartolomeu Martins
por Lancelott Bartolomeu Martins?
Lancelott: Sou só um fã de quadrinhos que
bebeu nesta maravilhosa arte bons conceitos,
boas influências e boas amizades...
Tony: Valeu. Thanks, por esta entrevista.
Lancelott: See You Later, Cowboy.
Tony: All right, dear bengala friend! (Rsss...).
Valeu, mesmo! Muito sucesso!
À todos os nossos webleitores um imenso mano
amplexo, até a nossa próxima entrevista e
não deixem de visitar o blog do
Lancelott...
...e baixar e conhecer este
maravilhoso compêndio sobres
os super-herois brasileiros.
Uma obra fantástica.
Participe, enviando seus heróis para
o autor. O que você está esperando?
Participe, enviando seus heróis para
o autor. O que você está esperando?
Copyright 2010\Tony Fernandes\
Estúdios Pégasus - Uma Divisão de Arte
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Todos os Direitos Reservado
Grato ao Druida Mor Tony, pelas palavras generosas à minha pessoa... Thanks, cowboy.
ResponderExcluirVc merece, Sir, e parabéns pela sua competência, bengala-friend! Quero ver este seu trabalho genail publicado brevemente, cowboy!
ResponderExcluirSir Lancelott não é fraco não !!!!
ResponderExcluirConseguiu fazer um compêndio justo e perfeito, usando de muita sabedoria, força e beleza.
Sucesso irmão!!!!!!!
Mas, q a criatura tá com uma cara de mafioso, ou de músico de jazz, com este raiban, tá, my friend Duke...
ResponderExcluirque cor de olhos estarão por tráz daquela curtina negra? Serão humanos, inumanos? Eis a questão... (Rsss...).
Acabei de postar o Arthur Filho! Confira!
Achei importante esta entrevista com o Bengala Boy Sir Lancelott. Também o conheci via Internet e logo passei a ser seu fã. Acho o seu trabalho um dos melhores que eu vi e li. Lancelott está fazendo a sua história nos quadrinhos brasileiros.
ResponderExcluirParabéns pela ótima entrevista.
Wilde Portella
Brigadão, mano-Wilde! Sem dúvida, o Sir tá fazendo um trabalho incrível!
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