domingo, 23 de janeiro de 2011

JOTAH! O autor da TURMA DO BARULHO, concede uma ótima entrevista e revela tramas de bastidores!


Nossa primeira entrevista do ano,
 com o cowboy 
de além-mar, o bengala friend,
 Zeca Willer, foi 
um sucesso em ambos os blogs. 
Em apenas 3 dias obtivemos mais 
de 300 visualizações oriundas 
dos mais distantes países. 
Foi fantástico. 
Batemos todos os recordes e o 
primeiro entrevistado, por fim, 
acabou "derrubando" do podium dois mestres 
bastante queridos dos nossos web-leitores: 
o professor Seabra e o
 meteórico Roberto Guedes,
que até então eram campeões 
de audiência na lista das 
"Postagens Mais Populares"
(veja links à direita).
Nosso segundo entrevistado
 foi Fabio Chibilski, 
desenhista e editor da Ink
 Blood Comics, um cidadão 
intrépido  que ressuscitou Chet e que 
cria projetos para os americanos
 (veja-a em BengalasboysClub). Portanto, 
entramos 2011 com o pé 
direito, de verdade. 


SUGESTÃO: No final dessa entrevista 
você vai encontrar diversos videos musicais. 
Escolha sua música ou artista predileto, 
da lista, clique nele e assim você
poderá curti a entrevista ouvindo
 sua canção preferida. Que tal?


Hoje, você vai curtir,
nesse talkie-show virtual, uma...


ENTREVISTA COM JOTAH, 
O AUTOR DA...
TURMA DO 
BARULHO (DA NANI)!
Um dos raros autores nacionais 
que conseguiu fechar
um contrato para lançar sua HQ com 
a poderosa editora Abril



Jotah (de óculos) com seu público, que 
expões uma obra que ele ilustrou 

 Tony 1 - Parece que foi ontem que um jovem 
desenhista bateu na porta do meu estúdio, lá 
na avenida Jabaquara, pra apresentar seus
 trabalhos, Jotah... me lembro que 
 eu estava tendo um bate-boca com o Edélcio -
 um ex-grande produtor de rádio e TV -,
que era meu contato, quando você
 chegou timidamente... (Rsss...). 
O que o levou a me procurar, na época?
 
Jotah - Na época, havia pedido 
demissão de
 um banco para tentar a área dos 
cartoons e de tanto procurar acabei
 chegando na ALMAP (Alcântara Machado),
 uma das maiores agências de
 publicidade do país. 
Lá, conheci o Salatiel de 
Holanda (grande Salata), 
que era ilustrador da agência. 
Ao olhar o meu trabalho, na hora ele me
 disse:"Conheço um cara que vai poder 
avaliar melhor o seu trabalho. 
É o Tony Fernandes!" Então ele me deu 
seu endereço e eu fui atrás de você. 
Ao chegar na frente da sua porta, 
você estava aos berros, discutindo 
com alguém. Mas não era com o Edélcio. 
Acho que era com a sua ex-sogra, 
ao telefone. Nem me atrevi a bater na porta. 
Desci, fui até o bar do português, lembra?
 Tomei um café e fumei um cigarro. 
Ao voltar, aí sim bati na porta.
 E lá estavam você e o Edélcio que, 
aliás, nunca mais vi.

Tony 2 – O Edélcio sumiu, deu um 

disappear. Então, foi  o Salatiel
( vulgo De Zuniga), que te deu meu endereço... 
eu não sabia e ia morrer sem saber. 
Grande De Zuniga, anda sumido também... 
Além dele ser um excelente ilustrador e 
artefinalista também é um grande cara, um 
grande amigo. Um grande bengala brother, das 
antigas, de altos porres e longas jornadas de
 trabalho, em frias madrugadas, regadas a vinho.
 Eu e ele fizemos muitas HQs juntos, além de 
trabalhos publicitários. Fomos sócios. 
Alias, eu, ele e o Adãozinho, 
outra fera na mancha publicitária. 
Nós três fomos sócios de um estúdio.
 Atendíamos a maioria das grandes agências:
 Thompson, Young, Denison, etc.  
Dava dinheiro, mas era tudo na pauleira e
 rara eram as vezes que podíamos passar
 um final de semana ou um feriado, em paz,
 com as famílias. Os "abacaxis" estouravam
sempre nas sextas ou vésperas de feriados. 
Era complicado... O Salata sempre foi fera.
Agora, quanto a tal sogra... (Rsss...). Deve haver 
um engano, nenhuma das minhas sogras 
nunca visitaram qualquer estúdio meu ou me 
ligavam... confesso que não lembro quem 
era essa tal mulher, faz tanto
 tempo (década de 80)...
 agora, sobre o Edélcio, vulgo Polivox (o cara 
falava pra caramba), esse eu me lembro... 
era um contato que não vendia porra nenhuma.
 Só dava prejuízo. 
Vivia enchendo a cara de
 cachaça. Aquele dia ralhei com ele, pois o
maluco tinha batido o carro de uma das  minhas 
 ex-mulheres (Rsss...). Foi isso. Mas, 
voltando ao Salata... devo muito à ele... o "véio"
 me indicou muita gente boa, como: 
você, o Bilau, Spaca, Beto, e tantos outros. 
Devolta ao papo...  Acho que  todos nós, que
 somos de origem humilde, somos exemplos
 a serem seguidos. Somos exemplos de lutas,
derrotas e pequenas conquistas, esta é que
 é a verdade... no seu caso, especificamente, 
sei que você batalhou muito 
na vida para chegar onde chegou. 
Por isso te respeito muito e admiro 
sua luta, sua garra. Você e o Beto são como 
se fossem meus irmãos mais novos e fico f
eliz em vê-los deslanchando no mercado,
 até hoje. No seu caso, para mim, você
 é um exemplo vivo de que a vida pode 
mudar e que com  talento e muita garra,
 todo mundo pode chegar lá. O Getúlio Delphim,
 também é outro grande exemplo de 
guerreiro incansável. 
Nasceu na baixada Fluminense,
 no Rio, e foi parar
 na Europa. Um dia, quando perguntei à ele 
se a Baixada, no passado, era mais tranquila
ele me disse: "Só ia ao cinema, Tony, 
om um três oitão na cintura." Olha que
 guinada maluca o Getúlião deu na vida, 
meu amigo. Acho as histórias de vocês 
fantásticas...  deveriam escrever livros
 autobiográficos. São exemplos a serem seguidos...
 dá pra falar um pouco da sua origem humilde,
 lá no bairro do Jaçanã? Do que vivia sua família? 
O que você fazia quando era criança? 
E quando começou essa fixação por desenhos?

Jotah - Meu pai foi coletor de lixo e minha 

mãe foi faxineira.
Eu e meu irmão mais velho, 
quando crianças,
 vendíamos sorvetes, fazíamos 
carretos na feira e entre muitas outras 
atividades, cheguei até a catar papel, 
vidro e outros objetos para vender no 
ferro velho para ajudar no 
orçamento da família.
Tomei gosto pela leitura e pelo desenho 
justamente através dos livros, revistas
 e gibis, que as donas de casa nos davam.
 Batíamos de porta em porta pedindo
 qualquer coisa que pudesse ser 
vendido no ferro velho. Os livros e, 
principalmente, os gibis que estavam
em bom estado, acabavam ficando com 
a gente. Foi lendo estes livros, revistas
 e gibis que começamos a brincar 
de inventar histórias e criar
 nossos personagens.
 
Tony 3 – Cara, que coisa fantástica... de fato, 
parece que Deus escreve mesmo por
 linhas tortas e que o destino sempre 
"trança seus pauzinhos" para que as coisas
 aconteçam. Que maravilha... chego até a 
ficar emocionado com casos como o seu e 
de outros que conheço... lembro-me bem 
que seu sonho era ser um novo Mauricio de
 Sousa, como muitos adolescentes, é óbvio. 
Mas, a vida tomou outros rumos e você acabou 
encontrando seu próprio caminho. 
Fale-me um pouco sobre isso...

Dando palestra aos professores


Jotah - Como disse, na época, líamos 
muito gibi, eles eram como os vídeos 
games de hoje. Qualquer criança ficava
 fascinada ao ler um gibi. Poucas 
pessoas tinham televisão e, então, livros, 
revistas e gibis ocupavam um grande 
espaço na área do entretenimento. 
A Turma da Mônica estava dando
 seus primeiros passos
naquele período. 
Era como se fosse um novo jogo 
de game chegando no mercado, 
atraia jovens e crianças. 
A Turma da Mônica foi ocupando 
seu espaço numa época onde só
 havia os "enlatados norte-americanos". 
Os personagens do Maurício tinham
 uma linguagem bem brasileira
 criando assim, uma estreita 
comunicação com os leitores.

Tony 4 - Sempre achei o trabalho do Maurício genial,
 desde que eu acompanhava as tiras de
 jornais da Folha de São Paulo. 
Os bonecos eram diferentes, os textos
 eram e são fantásticos. 
Naquela época remota (década de 60) os
 gibis Made in USA, tipo: Bolinha, Luluzinha 
e outros traziam histórias engraçadas,
 mas não dava para 
rolar de rir. As Hqs da Turma da 
Mônica eram diferentes.
Fazia crianças e adultos 
chorarem de rir, literalmente.
O homem inovou o mercado. Trouxe uma 
nova proposta para os leitores. 
Naquela época, Disney já estava há uns
 50 anos na praça. Era preciso renovação.

Ele revolucionou as HQs infantis no Brasil
Mauricio e sua turminha inspiram muitos autores
     Jotah - Meu sonho não era ser um
 novo Maurício de Sousa... mas sim,
 trabalhar na equipe dele, o que acabou
 acontecendo em 1987, onde fazia parte
 da equipe de desenhos animados. 
Lá conheci o Maurício e mais
um monte de gente legal 
que me ensinaram muita coisa boa.

Tony 5 - Isto foi bacana. Seu sonho virou realidade...
claro, você correu atrás... quem sabe o 
Mauricio não lê esta entrevista, hein? 
Na ceta, ele deve se lembrar de você, 
uma figura inesquecível... (Rsss...).
 ETF - (Estúdios Tony Fernandes), 
aqueles foram tempos difíceis... 
faltava grana, 
faltava experiência. 
Éramos, todos, um bando de
 garotos (eu era o mais velho), 
a fim de fazer o que a gente
 mais gosta: revistas e HQs. 
Tínhamos bastante pessoas 
colaborando com a gente, apesar
 de muitas vezes o dinheiro
 demorar para entrar. 
Mas, o incrível, se
 olharmos para trás, é que 
realizamos muita coisa na época, 
mesmo ante as dificuldades. 
Quando penso nisso chego a 
conclusão que fazíamos milagres. 
Só pode ter sido o "Chefe", lá em cima, 
que fez tanta coisa acontecer. 
A que você atribui tudo o que 
fizemos, mesmo quase sem dinheiro?

Jotah - Idealismo. Algumas pessoas até 

criticavam a qualidade do nosso trabalho, 
mas ninguém fazia nada, nem pra 
ajudar e nem pra mudar o mercado 
que, praticamente era dos gringos.

Tony 6 - É... mesmo assim demos emprego e 
colocamos muita gente no mercado... 
mas temos que admitir, hoje, que eles estavam 
corretos. Fizemos muito lixo. Trabalhávamos 
num rítmo louco, tipo pastelaria:"Solta mais um!"
 Essa produção massiva, para 
sobreviver, fez a gente degringolar na qualidade.
 Mas, pensando bem, em meio a lixaiada até
 que surgiram boas coisas, como: 
Fantasticman, Fantasma Negro, o Inspetor
 Pereira, O Caracol 
Apaixonado, revistas de 
ativiades infantis, etc.
Hollywood, no começo, 
também produzia lixo aos quilos.
Em meio aos "calhaus"
surgiram os clássicos.

Fantasma Negro - surgiu na ETF

Arte final: Salatiel de Holanda
Fantasticman arte atual. Foi criado na década de 70

 Jotah - Lembro-me que chegamos
 a passar meses
comendo pão com mortadela.
 Quando íamos almoçar 
(fiado) no português era uma festa e depois 
tínhamos que rezar pra ter dinheiro pra pagar 
os almoços. Lembro-me de um dia que, como não 
íamos comer nada no almoço, o Betão 
(grande desenhista e amigo), ficou 
sentado na frente da entrada do pequeno prédio.
Estava sol e na hora de voltar a produzir, ele 
levantou muito rápido. Como não havia se 
alimentado, há dias, deu uma vertigem e ele
foi de cara pro chão. Final da história: levamos 
o cara pro pronto socorro, lá na 
estação Saúde do metro. 

Tony 7 - Lembro-me bem... todos nós estávamos há 
dias sem se alimentar direito... só comendo tranqueiras
de boteco, os afamados "Jesus-me-chama"... bolinhos,
coxinhas, etc. O Betão não aguentou, deu fraqueza, 
e quase desmaiou... todos ficamos tensos. O cara veio
de Olinda, no Recife, não tinha ninguém em São Paulo. 
Éramos seus únicos amigos... 
que sufoco. 

Jotah - Pois é Tony... criticar é fácil. 
Difícil é chegar onde chegamos saindo 
milagrosamente da situação 
em que nos  encontrávamos na época. 
Não foi fácil. 
Hoje, ao irmos num evento de quadrinhos, 
tem gente que passa do seu lado 
posando de superstar e 
nem te conhece. Não sabe que 
pra que ele, esse jovem, 
estar hoje onde está, muitos
 profissionais lutaram 
e até se ferraram pra abrir 
este pequeno espaço.

Tony 8 – "A vida é assim mesmo"...

 você vivia me 
dizendo isso, lembra? Pão com mortadela... 
me lembro bem desta fase. 
Aliás, o Antonio Luís Perreira (vulgo capitão Bahia), 
grande escriba, que trabalhou comigo na época, tem 
trauma de mortadela até hoje... (Rsss...). Quando ele me
encontra, diz: ”Tony, você se lembra da fase
negra da mortadela?” Damos boas risadas (Rsss...). 
De fato, enfrentamos muitas dificuldades 
e se não fosse o crédito 
no boteco do português acho que tínhamos
 morrido de fome... (Rssss...).  
Acho que a dificuldade ajuda, nos
empurra pra frente. Afinal, ninguém quer 
ficar na pior eternamente.

Série criaça na ETF - Arte: Bilau

HQ de terror. Anos 80. Salatiel.

Me lembrei de uma ocasião em que eu e o
 Beto estávamos a cerca de uma 
semana sem ver comida de verdade. 
Eu tinha me separado da mãe das minhas filhas e fui 
morar no estúdio. Assim, eu e o Beto passamos 
a morar juntos, dormíamos no carpete, era um 
sufoco. Por sorte, o estúdio era grande.
Tínhamos cozinha (sem fogão), 
várias salas e um amplo banheiro. Só sei que quando 
entrou uma grana boa peguei todos. Peguei o Betão e 
fomos diretos  pra um rodízio de carnes na estação 
do metro São Judas. Comemos feitos doidos. 
Quase fomos expulsos de lá... (Rsss...). Demos o 
maior prejú, não parávamos mais de comer... (Rsss...). 
Você sabe, trabalhávamos muito, mas para alguns 
editores que davam a maior canseira pra pagar. 
Não por sacanagem, não. Aqueles caras eram 
aventureiros no mercado editorial 
e eram tão duros quanto a gente. Um deles deu certo. 
Vingou a raça. O Carlos Cazamatta, da Nova Sampa
Diretriz taí firme no mercado.  Alguém,
daquela turma, tinha que vingar a raça...
De qualquer forma sou grato à todos eles, pois
sem eles não teríamos publicados tanto.
Há males que vêm pro bem, 
como diria o profeta (Rsss...)... 
Por outro lado, fizemos uma campanha publicitária 
gigantesca para a Yakult, que 
também não deu em nada.
Lembra-se? Quando um certo Oishi San exigiu
uma caixinha astronômica para aprovar nossa 
campanha, tudo foi por água abaixo. Daí a coisa
não rolou... o que você lembra deste 
período crítico ou dessa campanha?

Jotah - Eram três bilhões
 na moeda da época destinados 
à campanha anual da Yakult, 
ou coisa assim. 
Conseguimos apresentar 
uma campanha bem amarrada e muito 
criativa tendo como centro um personagem 
criado por nós chamado Capitão Yakult.
A campanha tinha como objetivo tirar o conceito 
de "remédio" do produto e apresentar uma nova 
mensagem, de sabor e de sobremesa. As peças
desenvolvidas e o conceito foram aprovadas 
em unanimidade pelo departamento
de marketing deles. Ingênuos, 
calculamos o valor exato para que a campanha 
pudesse ser desenvolvida e não embutimos no 
orçamento uma praga que até hoje corre os 
orçamentos das negociações feitas em
 muitas empresas brasileiras: 
A chamada “bola”, o “BV”, 
a “caixinha”, enfim, a corrupção.
Esse foi o comentário na época. O chefão,

o marketeiro-Mor da empresa, 
virou para você e disse: 
"Você não molha a minha mão, então
 você sai com a sua seca!" 
 E foi assim que continuamos a 
comer pão com mortadela
 e a dever para o bar do português 
por mais algum tempo (Rs.).

Tony 9 – Seu Manoel... grande sujeito, 
de alma generosa.
Ele merece ir pro céu, um dia... 
foi uma mãe para todos nós...
Pois é, meu querido bengala friend... 
não me lembro do 
valor exato da campanha, mas era uma grana preta. 
Equivalia, hoje, a ganhar na mega sena sozinho... a gente 
numa puta pindaíba, aquilo ia nos salvar... vivíamos 
sonhando com aquilo. Trabalhamos muito em cima da 
campanha. Tinha filme pra TV, outdoor, álbum de 
figurinhas, jingle (feito por nós), desenho animado, etc. 
Foi uma decepção quando a coisa foi pro saco. 
Mesmo quando eu tentei passar "por cima" do João 
Carlos (amigo que me levou e 
me apresentou para a empresa de origem nipônica
 e que era dono da Magnus Publicidade), 
para falar diretamente com o Buda 
(apelido do presidente da Yakult), 
a coisa não foi para a frente. 
Lembra do Johnny, da Magnus? Gente fina.
Fui falar com o Buda, estava p... da vida, dedurei 
o fiadaputa que queria, para aprovar a 
campanha, 50% de tudo. Um absurdo.
 Mas, não adiantou.
O Buda me disse que o japa era o 
 marketeiro e que só
ele podia resolver. Daí, "dançamos",
 literalmente, sifú... 
(Rsss...). Hoje a coisa é engraçada, 
mas na época eu nem
podia ver essas mulheres que 
andam na rua com carrinhos 
vendendo Yakult, tinha vontade 
de chutá-los, de raiva... (Rsss...). 
Fazer o quê? Você disse bem, éramos ingênuos. 
Continuando... Depois que você saiu da ETF foi 
trabalhar no Walbercy, que já era famoso por ter 
feito um desenho animado maravilhoso para um 
comercial da Sharp (antiga marca de TV, muito 
popular, na época). Como você conseguiu entrar lá, 
sem nenhuma experiência em desenhos animados?

Jotah - Através de um rapaz chamado Gil. 

Ele fazia aqueles bonecos
 em fibra que as pessoas 
entram dentro. 
A o Gil foi visitar o seu estúdio acabei
 conhecendo ele. 
Fiz alguns desenhos e ele os entregou 
lá no Walbercy. Foi marcada uma reunião e nela, 
peguei um cenário para pintar.
O Walbercy achou que tinha
 ficado "meia-boca" e me
disse que não dava pra
 ocupar a vaga de cenarista. 
Mas, então ele disse:
-" Você não desenha bem, mas 
pelo traço dá pra ver que leva jeito
 e com o tempo você vai aprender. 
Quer trabalhar aqui como
 assistente de arte?" - 
Na hora eu aceitei. Ele me perguntou:
"Quanto você ganha lá na ETF?
" Então pensei... como é que eu vou
 dizer que a gente só ganha 
quando entra algum dinheiro? 
Que a gente mal se alimenta. 
Que o nosso prato principal é pão 
com mortadela?"... 
Mas respondi: "Oitocentos!" 
Bem... você sabe que oitocentos 
era o que eu ganhava
num ano, Tony. E O Walbercy ficou 
pensando, pensando... 
vendo ele pensar tanto eu já ia falar: 
"Mas pode me pagar
 quatrocentos." (Rsss...). Foi quando ele disse: 
-" Eu te pago mil e trezentos. Tudo bem?" 
E foi assim que eu disse adeus ao pão 
com mortadela (Rsss...).
 
Tony 7 – Que final feliz, adorei... 

infelizmente ou felizmente 
eu tive que continuar lá, comendo o pão que o diabo 
amassou, com mortadela (Rsss...), um bom tempo. 
Mas, aos poucos a coisa foi melhorando. Surgiram 
melhores clientes.  Só pro pessoal entender... 
isto que estamos comentando
aconteceu no tempo da ETF (minha primeira editora).
Ela  foi um fiasco. E eu fui o culpado. 
Não entendia nada de negócios, era metido
 a empresário de comunicação e ingênuo. 
Faltava know-how, experiência 
como editor. Só fiz merda. 
Explicando melhor... 
A coisa começou assim... 
éramos um estúdio e atendíamos 
umas editoras pícaras, que 
pagavam, mas davam canseira. 
Vivíamos quebrados. 
De vez em quando recebíamos. 
Daí, surgiu a Yakult.
 Uma luz imensa no fim do túnel. 
Nossa grande chance da coisa melhorar.
A campanha da Yakult foi pro saco, mas deixou 
alguns bons contatos, entre eles:
 o Almir, que era vendedor de serviços gráficos
 do Jornal do Brasil, lá no Rio, e o João, da 
Magnus publicidade, sem contar inúmeros
 fornecedores de peso. 
Toda a parte de impressão da 
maldita campanha que não 
deu em nada havia sido orçada pelo Almir. 
Naquela altura do campeonato eu
 já tinha feito várias viagens para o Rio,
conhecido o doutor Jair Nepomuceno,
 diretor superintendente 
do JB, e tínhamos nos tornado bons amigos.
 Ele me admirava, 
dizia que eu era um jovem bastante criativo. 
Quando a campanha foi pro saco
 eu fui ao Rio, mais uma vez,
para explicar o que havia acontecido. 
Daí, ele (acho que pra me animar), me disse: 
“Tony, você tem criatividade, por que 
não lança alguns produtos? Já pensou em 
editar alguma coisa?”
 Confesso que eu nunca tinha 
pensado naquilo. Aliás, não 
tinha grana pra isso.
 Disse isso à ele. Então, ele falou:
“E seu eu te der crédito, pra rodar (imprimir),
 você edita seus personagens?”
 Cara, não acreditei no que estava ouvindo.
Voltei pra S. Paulo flutuando nas nuvens. 
Sonhando que eu poderia me tornar um editor. 
Mas, pensei: “Quanto de crédito eu ia
 precisar pra rodar algumas publicações?”
 Imaginei que deveria ser 
um puta crédito. “Será que eles 
me dariam tanto crédito assim?” - pensei. 
Dias depois, liguei pro Rio e ele me disse que estava 
me concedendo um valor alto de crédito e que a hora 
que eu quisesse poderia rodar. 
Pensei, pensei... e cheguei a 
uma conclusão: o que eu tinha à perder? 
Nada. Valia a pena arriscar.
 Como disse anteriormente, Deus escreve 
por linhas tortas. De repente, 
aparece na sua frente
gente, que você nunca viu,  
que pode mudar a sua vida. 
Uma porta se fecha, outra se abre. 
O importante é não desanimar, 
é correr atrás. É ser otimista. 
Eu tinha uma porção de gente para pagar, 
contas da empresa, encargos 
sociais e 4 crianças para criar. 
Não dava para parar.
 Rodamos 6 ou 8 produtos. 
Dentre estes estavam: 
Fantasticman e Fantasma Negro.
 Fizemos 30 mil de cada.
Acontece que eu sempre fui um cara de prancheta. 
Não entendia bulhufas da parte empresarial e não 
sabia nada como uma editora funcionava, ou que eu
ia precisar de uma distribuidora nacional, etc.
Santa igenuidade, Batman! (Rsss...). 
Ou melhor: burrice, mesmo. Quando começaram a
 chegar as revistas impressas do Rio, elas tomaram 
conta do nosso imenso corredor. Na época aluguei a
parte superior toda do prédio. Começamos com uma 
salinha com telefone e fomos ampliando. 
Junto com a mercadoria vieram 
as notas ficais e as faturas. 
Daí caiu a ficha: eu tinha que pagar uma nota 
preta naqueles prazos estipulados. Era preciso 
por nas bancas urgentemente aquelas mercadorias. 
Liguei pra DINAP (distribuidora da Abril), expliquei 
qual era o meu objetivo: dar a mercadoria pra eles 
distribuírem com exclusividade  pra todo o país. 
Marcaram uma reunião. Fui. Mostrei as revistas.
 Disse à eles que estavam impressas, 30 mil de cada.
Os caras engravatados, riram, folhearam os produtos 
e me disseram: “Sentimos muito, estes tipos de 
produtos não interessam.” 
Aquilo foi um chute no saco. 
Aonde eu ia enfiar aquela
merda toda? No rabo? (Rsss...). 
Como eu ia pagar o JB, 
sem pôr o produto no mercado?
 Em pânico, liguei pro meu ex-patrão, o 
Sr. Joseph Abourbih, dono da editora Noblet 
(trabalhei 5 anos naquela casa). 
Ele me indicou a Fernando Chinaglia, que 
ficava no Rio. Peguei um boeing e
voei para o Rio levando as amostras. A decepção 
foi ouvir do Sr. Santoro (o poderoso da época): 
“Olha, garoto, nada disso interessa! 
Tudo isto é uma merda! Não vende!”. Voltei do 
Rio, de ônibus (contando os trocados), traumatizado. 
Os dias estavam passando e eu não conseguia colocar
aquelas melecas nas bancas. As duplicatas iam 
vencer eu estava lascado. Era consciente, 
apesar de ser aloprado, e minha maior preocupação 
era: pagar voces, em dia.
Dias depois, liguei pra DINAP, falei com o Helde 
(o poderoso chefão). Ele sugeriu que nos encontrássemos 
no Show Days, um sofisticado restaurante que ficava
no terceiro piso do Shopping Center Eldourado, 
zona sul da cidade. 
Pensei comigo: “A grana tá acabando, se eu tiver que 
pagar a conta, fodeu.” Porém, o que eu tinha a perder?
Fodido por fodido, fodido e meio. Fui.
O poderoso e simpático homem 
da Abril estava acompanhado, 
pra piorar as coisas. 
Após os cumprimentos de praxe entramos 
naquele ambiente chique. 
Os caras pediam do bom e do 
melhor: vinhos, etc, enquanto 
saboreávamos os antepastos. 
Quem disse que eu conseguia comer? 
Tava nervoso a beça, só enchia a cara, bebia. 
Meu medo era no final de tudo ter
que pagar a conta.
 Eu não tinha dinheiro para bancar aquilo.
Eu só queria falar sobre a distribuição, só isso. (Rsss...).
Mas, eles não tinham pressa. Cada vez que eu tentava 
tocar no assunto diziam: “Vamos almoçar primeiro, 
depois falamos de negócios”. Eu era o mais gordo 
da mesa e por experiência 
própria sabia que a conta sempre acaba indo parar 
na mão do mais obeso. Eu suava frio, só de pensar 
no vexame. 
“Com certeza, vou ter que lavar pratos”, pensei. 
Não comi quase nada e quando tudo acabou minha 
previsão virou realidade quando o “pingüim” 
(garção) trouxe a conta diretamente pra mim.
Gelei. E, agora? - pensei.
Tive um alivio danado quando
a mão do Helde puxou 
a caderneta com a conta e disse: 
“Tony, hoje a DINAP paga a conta”. Respirei aliviado.
Durante o almoço, ele me fez algumas
 perguntas, que respondi prontamente. 
Expliquei pra ele que eu já havia trabalhado 
na Abril, na Folha de S. Paulo, 
no Ely Barbosa, e que durante 
5 anos tinha sido funcionário da  Noblet. 
Fiquei surpreso
quando ele me disse que a 
Noblet tinha sido a primeira 
editora a dar seus produtos pra DINAP distribuir.
Resumindo: Só voltamos a falar em distribuição lá fora, 
depois do almoço. Ele analisou os produtos, rapidamente, 
e me disse: “Gostei. E como você é amigo e trabalhou 
pro meu amigo Sr. Joseph (da Noblet), que estimamos muito, 
poid foi o nosso cliente nº 1, vamos distribuir pra você. 
Passa lá amanhã pra assinar o contrato.
Confesso que não acreditei naquilo que acabara 
de ouvir e graças ao meu ex-patrão, que fôra 
o cliente nº 1 da poderosa DINAP, no dia seguinte 
eu estava lá na Estrada Velha 
de Osasco, na imensa sede da distribuidora, 
assinando o meu primeiro grande contrato.
Não li porra nenhuma e assinei logo. 
As revistas foram para as bancas. Por um lado estava 
aliviado, por outro, preocupado, pois as faturas 
do JB estavam prestes a vencer e eu nem sabia 
como e quando é 
que eu ia receber da distribuidora. Voces, Jotah, 
ficaram animados. Afinal, a ETF, que era um simples 
estúdio quase falido tinha virado uma editora 
e tinha fechado com o grupo Abril. Porém, eu não 
conseguia dormir.
Ligava para a DINAP, quase que diariamente, e
eles me diziam: “Olha, parabéns, suas HQs estão indo bem. 
Fantasticman: previsão: 40%; Fantasma Negro e as 
demais, previsão: 30%. Tá excelente, pra personagens 
e produtos desconhecidos.”
Então, eu perguntava: “E quando vamos receber?”
“Não leu o contrato? Cinquenta e cinco dias, Rio\SP. 
Interior: 90\125 dias” - ou algo assim. 
"Interior", é assim que eles se referem as demais 
praças do país.
Na semana seguinte começaram a vencer as faturas 
do JB e não tínhamos dinheiro. Negociei os títulos, 
pedi prorrogação, expliquei a situação e eles foram 
compreensíveis. Prorrogaram os prazos. Só consegui 
pagar (com juros) o JB quando recebi da DINAP. 
Meu lucro foi pro saco.
Mas, paguei tudo, na medida em que a grana foi entrando. 
Entretanto, eu precisava manter voces e as despesas de
praxe, para continuarmos na briga, e pra tal feito 
arrumei um empréstimo do Banco do Brasil, 
uma grana preta na época, confiando
 em receber do nosso anunciante 
das quartas capas: a empresa de confecção do 
Ayres Campos, famoso ator que interpretara o conhecido 
Capitão 7, na TV. Um dos meus heróis preferidos do 
passado. Em síntese, não recebemos nada, pois o citado 
anunciante tava mais quebrado do que arroz 
de terceira (Rsss...). Acabei tendo que levar pra 
editora um caminhão de uniformes de 
super-heróis (que eles fabricavam), 
como forma de pagamento.
Enchi a firma com aqueles uniformes do Super-Homem, 
Homem Aranha, Batman, e, claro, do Capitão 7. 
Quando fomos tentar fazer dinheiro com aquilo 
ouvimos: “Isto só vende no Carnaval, moço.
Quem é que vai comprar fantasias 
fora de época?”. Ouvir aquilo foi o fim da picada.
Acabei tendo que engolir o prejúizo e, por fim, acabei 
doando as fantasias pros filhos dos amigos e
dos funcionários. Que merda...
Quando venceu a bucha do Banco do Brasil, não 
tínhamos dinheiro pra pagar. A coisa acabou subindo 
pro depto. jurídico do banco. A saída foi 
pegar dinheiro de uma firma de agiotagem (factory), 
pra pagar o banco. Na verdade eu estava descobrindo 
um santo pra cobrir outro. Quando a bronca dos
agiotas venceu, cadê dinheiro? 
A coisa ficou preta (Rsss...). Fui pessoalmente 
conversar com os credores, que estavam putos, mas 
acabaram aceitando a minha proposta: pagá-los 
semanalmente. 
E, de fato, comecei a pagá-los, no sufoco,  vendendo 
encalhes. Mas, um deles, revoltado, disse que estava
a fim de acabar com a gente, enquanto o outro 
aceitou a nossa proposta, numa boa.
Fiz uma reunião e despedi vocês, após explicar a 
coisa  toda, eu acho... Voces não queriam sair,
diziam que acreditavam 
em mim. O problema é que eu não estava mais acreditando 
em mim e tinha certeza de que íamos pro saco.
 Os agiotas protestaram os títulos 
e entraram com pedido de 
falência contra a ETF, assim que vocês saíram. 
Fiquei p... com raiva. 
Porém, eu estava decidido a segurar a bronca. 
“Como aqueles merdas podiam ter me sacaneado assim?”, 
pensava comigo. 
Eu estava pagando e mesmo assim os caras 
queriam me ferrar. 
Liguei pra eles e o sócio “bonzinho”, me pediu desculpas, 
alegando que o outro sócio é que havia tomado a iniciativa.
Arrumei um advogado e entramos em concordata. 
Durante um ano me dediquei a fazer revistas pornôs, 
(fotonovelas eróticas) pro mercado alternativo. 
Ou seja, pra distribuidora Farah, 
um grande e saudoso amigo. 
As edições 2 dos meus heróis, que estavam 
prontas e fotolitadas, as deixei de lado. 
Minha preocupação era levantar grana para poder 
pagar assim que o prazo dado pelo juiz vencesse. 
HQs? Nem pensar. Só revistas pornos, que vendiam 
muito na época.
Contratei uma porrada de gente, montei uma seção 
de acabamento, pra ensacar as pornôs, e começamos 
a trabalhar feito loucos.
Me lembro bem que estávamos no famoso 
"Plano do Presidente José Sarney"... tudo 
vendia bem, na época. 
Até merda em lata, como dizíamos (Rsss...).
O mercado estava superaquecido.
Voces já estavam em outra, Jotah. Um ano depois, 
eu tinha grana para pagar os agiotas e já tinha 
gastado muito pagando honorários do meu advogado. 
Consultei meu advogado. O homem disse sorrindo: 
“Não paga, não. Eles não quiseram te ferrar? 
Eles foram desonestos contigo.
 Fecha as portas e abre outra empresa! 
Você é ingênuo demais, meu filho!” 
Assim, fechamos. Mas, não sai no vermelho.
 Aquela experiência, pra mim, foi traumatizante.
 Não tinha aberto a firma pra dar calote 
em ninguém. Desejava continuar. 
Você sabe, sempre enfrentei "as buchas" de frente.
Jamais fugi ou fujo da raia. Mas, do jeito que 
a coisa rolou segui o conselho do advogado. 
Era a melhor solução, caso contrário eu ia 
sair daquilo tudo duro, sem nenhum centavo. 
Por irônia do destino, nesta fase
 tumultuada (da concordata) 
o João (da Magnus publicidade) reapareceu 
por lá e me apresentou o cliente que eu tanto 
sonhava: o Laboratório Catarinense S\A.
Uma grande empresa do Sul do país.
Acho que ele fez aquilo pra 
desencargo de conciência, 
visto que ele me apresentara para a Yakult, 
viu todos nós trabalharmos feito loucos 
e sairmos sem nenhum... 
Agora eu tinha certeza de que 
Deus existia, de verdade. 
Aquilo era um milagre. Um sonho que estava 
virando realidade. Enquanto a firma tava 
indo pras "cucuias" as demoradas
 negociações rolavam. 
Quando fechei o contrato pra fazer o 
Almanaque Sadol (distribuido em farmácias
 gratuitamente e que era um forte concorrente
 do Almanaque do Jéca Tatú, da Fontoura White - 
ambos rodavam por ano 6 milhões de exemplares), 
a ETF fechou. Tive que ir à Joinville, 
Santa Catarina, pra explicar a coisa. Por sorte,
 gostaram do meu trabalho e disseram que iriam 
continuar comigo. Me sugeriram 
arrumar nota fiscal "emprestada".
Foram 12 anos de atendimento, desenvolvendo,
 rótulos, embalagens e campanhas publicitárias.
 Eu fazia tudo sózinho: 
Textos, layouts e arte final.
Deu para faturar alto e ajeitar a vida.  
Durante anos, nem quis saber mais de editar.

Um pouco mais esperto, anos depois, decidi abrir
 um novo estúdio pra atender outros clientes, 
inclusive editores. Os personagens ficaram na gaveta,
 por muito tempo. Desculpe-me, Jotah, me 
alonguei demais... mas, era preciso explicar 
o que de fato aconteceu comigo naquela época.
 Acho que nem você sabia dessa louca história...
 O pessoal, na certa, achava que estávamos
 “bonitos”, “bombando”, faturando alto, mas, 
você e outras pessoas que trabalharam 
comigo, na época, sabe que a
coisa não foi bem assim. 
Nunca fui desonesto.
Sempre tentei honrar meus compromissos.
 Mas quando a grana atrasa, ou não entra, fica difícil.
 Não sei roubar pra pagar ninguém. 
Acho que por você me conhecer bem é 
que temos uma longa amizade. 
Você sabe que nunca fui pícaro. 
Tanto é que vocês recebiam direitinho, quando 
eu recebia dos clientes. Fora isto eu tinha que
bancar o custo operacional alto de tudo aquilo
 (o andar superior inteiro): aluguel, 
contador, impostos, etc...
 Sempre fui idealista, batalhador e trabalhador. 
Entretanto, como pagar em dia, quando a
 empresa tomava calotes ou recebia com atraso?
 Este era o meu drama. Ufa! Isto parece novela 
mexicana, um dramalhão... (Rsss...). 
Como diz um amigo meu: “Você teve que pagar 
um pedágio alto para aprender, Tony”.
Ele tem razão... (Rsss...). Mas, valeu...
 só errando 
é que se tem experiência. 
Voltando a entrevista, pergunto... 
 Quais os trabalhos que você 
realizou no estúdio do Walbercy?
 
Jotah - Participei do longa metragem, 
de vários comerciais de televisão,
 entre eles, As aventuras
 dos Bubbles Gamer's,
o homenzinho azul dos cotonetes, e 
por aí vai. Praticamente todos os comerciais
 em desenhos animados conhecidos
na época eram produzidos 
pelos estúdios do Walbercy, do 
Daniel Messias e do Briquet.
 
Tony 8 - Conheci esses estúdios... eram maravilhosos. 
Depois do Walbercy, você foi trabalhar com quem? 
Maurício de Sousa? Fale-me um pouco sobre 
esta sua outra fantástica experiência.
 
Jotah - Bom... tinha uma recepcionista lá no
 Walbercy que eu prefiro não dizer o
 nome. Dizem que se chamar o nome
 do capeta ele aparece (rsrsrs)...
 Esta figura pertubava a vida de todo mundo. 
Só pra ter uma idéia, uma vez ela não 
permitiu que a faxineira limpasse a 
sala do Walbercy, mesmo sabendo 
que haveria uma reunião com importantes 
clientes que representavam um banco. 
Quando o Walbercy entrou com os 
cliente na sala, encontrou tudo bagunçado. 
Tinha sido uma armação do capeta, 
digo, da recepcionista ( que era 
parente dele), para que a faxineira 
fosse mandada embora da empresa. 
É mole? Bem... ela resolveu pegar no
 meu pé todos os dias. Então, como
 eu não sou exorcista, pedi
 a conta e fui embora.
 
Tony 9 – Rsss... esta foi boa... eu não sabia... 
mas, você acabou não falando da sua experiência 
com o nosso Disneys nacional... ao seu ver,
 havia alguma coisa errada 
no jeito do Maurício trabalhar?

Jotah - Seria muita pretensão dizer que
 o processo de criação e produção do
 Maurício de Sousa tinha algo de errado. 
Afinal, é o único cara que 
vem funcionando há cinquenta 
anos com muito sucesso. 
Mantém famílias, profissionais,
eleva o nome do quadrinho brasileiro.
 Está muito bem organizado, estruturado.
Enfim, se eu soubesse administrar 
mais do que ele, porque eu não colocaria
 em prática para mim? A única coisa
 que eu acho é que ele poderia trabalhar 
mais com arquivos de posições e cenas
 e não ficar desenhando um milhão
de vezes uma cena que já existe. 
Mas, quando eu precisei do Maurício ele
 esqueceu sua posição de patrão e 
me ajudou. Nunca me cobrou nada pela 
ajuda que me deu. As poucas vezes que  
estive com ele, me tratou com
 atenção e respeito. 
Por muito tempo, sua empresa me 
ajudou a cuidar  da minha família.
 Ele pode errar, mas só erra
quem tenta, você sabe. 
E esta é uma lição que vou 
levar para o resto da vida.

Tony 10 - Quem é que não erra nesse mundo,

 Bengala friend?
 Como você mesmo disse, 
só aquele que não faz nada.
 Este vai morrer sem errar e
 sem experiência de vida. 
No Mauricio você conheceu o Alvim 
(diretor de arte, na época), a Maura e 
o Márcio (irmãos do chefe)?

Jotah - Sim. A Maura e o Márcio são

 irmãos do Maurício. 
Dos dois, o Márcio é
 que mantém mais 
contato com a equipe.
É um maluco muito 
bacana e responsável 
por todas as canções da Turma da 
Mônica e outras coisas mais.
Ele é amigo de muitos músicos
 famosos e um dia me trouxe um
 disco autografado pelo Almir Sater. 
Está guardado até hoje. Valeu, Márcio!
 
Tony 11 - Havia quantas pessoas, naquela época, 
trabalhando no estúdio do Maurício, que ficava
 na rua das Palmeiras, região do 
bairro de Santa Cecília?
     
Jotah - Eu fiz parte da equipe de desenhos 
animados e éramos, ao todo, uns 150 profissionas. 
Parece muito, mas é pouco se nos 
compararmos com a produção americana. 
É só você observar os créditos 
no final dos filmes. 
É gente que não acaba mais.


Criação de personagens para empresas
     Tony 12 - Qual era exatamente a sua função lá?
Escrevia, desenhava?

Jotah - Tentava desenhar. 

Trabalhava como desenhista animador, 
que é o profissional que dá movimento
 aos personagens.
 Confesso que meus colegas da 
animação eram feras. 
Eu fui apenas um mero aprendiz.
Foi lá que conheci, fiz amizade, e me 
tornei irmão de um dos caras que
 mais desenha neste país 
(embora ele seja argentino):
o Antonio Henrique Valdez. Tá cheio de 
cara que fala pra caramba e não desenha nada.
 O Henrique fica na dele e é um mestre 
no desenho e maior e melhor
 ainda como irmão.
 
Tony 13 - Acho que você me apresentou
 este hermano... Durante um bom tempo a 
gente não se viu mais... anos depois, eu estava
 com o Felipe, tínhamos um estúdio em cima
 do famoso bar do Jéca (na esquina da
 avenida São João com a Ipiranga), em
frente ao tradicional Bar Bhrama, quando 
você apareceu e me contou que também 
estava com um estúdio no centro da
cidade fazendo ilustrações para livros didáticos.
 Quantas editoras desse tipo você
 e sua equipe atendiam na época?

Jotah - Uma. Apenas a editora Ática. 

Na verdade, eu mantinha o estúdio e 
trabalhava, ao mesmo tempo, na TV Cultura,
 fazendo parte da equipe do RA-TIM-BUM. 
Desenvolver ilustrações para um livro 
didático sempre deu muito trabalho 
(até hoje) e então resolvi levar para 
o processo de criação e produção 
das ilustrações o mesmo processo 
utilizado na Maurício 
de Sousa Produções. 
Na ocasião, os ilustradores eram 
vaidosos, do tipo "Fui eu que fiz". 
Mas eu logo percebi que uma das 
principais necessidades da 
editora era a velocidade de produção. 
Então resolvi investir neste 
diferencial, organizando uma equipe. 
Fui muito criticado por causa disso. 
Teve gente que ao saber que estava 
envolvido com ilustrações de livros 
didáticos fazia cara de pena e dizia:
"Quem sabe um dia você
 volta para o desenho animado!" 
O que eles não sabiam, é que eu havia 
começado na área editorial e já 
tinha bagagem suficiente para ficar 
a frente de um estúdio 
voltado para este mercado.
 
Tony 14 - Obviamente... antas e pentelhos nascem 
por todo Universo. Fazer o quê? 
Quanto tempo durou esse tipo de trabalho? 
Ou seja, ilustrando livros didáticos 
e de literatura infantil?

  Um show de arte e de cores feitas pela Sandrad

 Jotah - Estou envolvido com 
o mercado de livros desde 
o início de 1990. Tenho vários livros meus
 publicados e, como ilustrador, tenho sido 
convidado para participar de obras de
 autores consagrados como Ana Maria
 Machado, Stella Carr, Flavio de Souza, 
Tatiana Belinky, Sylvia Orthof e de
outros autores de renome internacional.

Tony 15 – Só grandes autores de literatura 
infantil, só feras... 
Que bacana saber disso,
 bengala brother... sempre torci 
por voce e todos da nossa antiga turma... 
Tempos depois, do final do seu primeiro 
casamento (a esposa faleceu), você 
estava com a sua nova companheira 
a Sandra (gente fina), que assumiu seus
 filhos numa boa, e que também é uma 
excelente profissional da área da animação. 
Voces mudaram o estúdio para uma bela casa 
no bairro do Jaçanã, se não me engano... 
foi boa esta parceria com a Sandrinha?
Muitas finidades? Ou seja, ao meu ver, essa 
união só veio a incrementar 
ainda mais o estúdio, certo?
Qual era o nome desse novo estúdio, 
José Roberto de Carvalho?

Jotah – O nome do estúdio era JotaSan. 

Jota de José (meu primeiro nome) e
 San de Sandra. Quando falava-se em 
JotaSan, algumas pessoas pensavam 
se tratar de algum profissional de origem
 japonesa (rsrsrs). 
A Sandra sempre foi uma grande 
profissional e muito dedicada. 
É mais ou menos assim: Eu saio voando 
com as idéias e ela me põe no chão
 de novo. Eu sou o maluco que vai 
desbravando enquanto ela vai organizando
 as tralhas que envolvem a profissão. 
Como ela teve uma boa experiência como
 cenarista de desenhos animados, ela, 
além da parte administrativa do estúdio, 
também é responsável por manter
 um padrão de pintura nas ilustrações.

Tony 15 – Isto é que eu chamo de um 
casal perfeito. Parabéns. 
Elas sempre se saem melhor 
do que nós na administração. 
Você sempre foi um bom escriba... 
nos tempos da ETF 
era eu e você que escrevíamos praticamente
 a maioria dos textos das edições. 
Esporadicamente o Beto desenvolvia 
um ou outro. Naquela época você se 
especializou em desenhos infantis, 
nem quis saber de anatomia, etc.
Pergunto: Saber escrever bons textos infantis 
e ter um desenho dinâmico, nesse segmento, 
isto facilitou sua vida, quando enveredou
 pelo mercado de livros didáticos?
 Ou você encontrou alguma 
barreira inicialmente?
 
Jotah - O mercado é carente 
de profissionais
 que saibam interpretar um texto e de
 profissionais que saibam escrever. 
Penso que de cada dez profissionais 
da nossa área, sete desenham
 e três escrevem. 
Há muito mais desenhistas 
do que escritores.
 Não me vejo nem como
 um bom escritor
 nem como um bom desenhista. 
O mercado literário envolve muitas 
outras atividades, como:
 produção gráfica,
 conhecimento das exigências do
 MEC, mecanismo de produção,
conhecimento do que se passa com o
 mercado e qual é a necessidade do
 seu cliente e por aí vai. Penso que 
a necessidade me levou a ser um 
pouquinho escritor, um pouquinho 
desenhista, um pouquinho diretor de
 arte, um pouquinho vendedor.... 
mas acho que, acima de tudo, um
 sonhador que aprendeu a 
realizar os seus sonhos.
Muita gente sonha, mas 
não sabe como realizar 
os seus sonhos. 
Para desenvolver um mundo lúdico para
 as crianças precisa sonhar 
como uma criança. 
Sei que neste momento muitos
profissionais devem estar lendo isso
e achando pieguice da minha parte, 
mas a verdade é que
se você não manter a sua 
criança viva dentro de você, 
você vira um adulto chato.
 Vira um cara que só pensa em dinheiro, 
em sistemas e mecanismos. 
Tudo isso é necessário, mas não 
podemos nunca esquecer que nós 
produzimos sonhos. 
Se abandonarmos os sonhos, estamos
 abandonando a nossa carreira. 
Digo isso até mesmo dos desenhos 
para livros didáticos. Quem é um pouco
 mais velho deve se lembrar muito
 bem das figuras da velha e boa cartilha 
"Caminho Suave", da Branca Alves de 
Lima, a qual tive a honra de 
conhecê-la alguns meses 
antes de seu falecimento...

Jotah também é excelente escritor

Tony 16 – Você tá querendo dizer que ela 
tornou o sonho dela uma grande e 
maravilhosa realidade, sem perder o lado
 infantil,  sonhador? Concordo... 
e assino embaixo de tudo o que você falou.
 Não basta apenas ser um desenhista ou escritor.
 É preciso, antes de tudo, conhecer 
o mercado em que você atua ou vai atuar.
E, de fato, faltam bons escritores. 
Do que vale um bom desenho, sem um bom texto?
 Nada. Vivo apregoando isto... “Caminho Suave”,
 quem não conheceu? Dizem que a autora
 foi uma professora que ficou rica 
e que acabou montando sua 
própria editora e gráfica. 
Não tive a honra de conhecer 
esta mulher genial.
Seguindo em frente...
 Hoje, você é um ilustrador e autor reconhecido
 no meio editorial literário destinado parta crianças. 
Você sabe dizer, quantos livros já ilustrou? 
Quantos já escreve
 e quais os prêmios que ganhou?



Jotah - Entre didáticos, paradidáticos e de 
literatura são mais de trezentas obras
 ilustradas de grandes autores nacionais 
e internacionais. Publiquei uns quatorze
 livros, sendo o último ZECA CATATRECOS
 um sucesso para 
os moldes brasileiros. 
Este livro já está indo para a sétima edição 
num período de  pouco mais de dois anos.
Por causa dele, fui convidado a participar do
 maior evento literário do Brasil, uma 
jornada literária que acontece lá em
 Passo Fundo no Rio Grande do Sul. 
Conversei com muitas crianças.
O evento reuniu mais de oito mil 
crianças e estive ao lado de autores e
 ilustradores maravilhosos como 
Ignácio de Loyola, Pedro Bandeira 
e tantos outros. Lá recebi o troféu Vasco 
Prado, pelo Castelo Ra-Tim- Bum
 (TV 2 Cultura), recebemos também 
a Medalha de Ouro de New York, 
prêmio Shell e tantos outros.
 Vários livros que assino a direção das
 ilustrações ganharam o selo PNLD, 
já fomos indicados ao Jabuti e por aí vai. 
Mas eu não me preocupo com isso.
A única coisa que muitas pessoas me 
perguntam é sobre o gibi que publiquei
 na Abril - A Turma do Barulho, que foi 
uma revolução na época e até hoje
 nunca foi lembrada pelos colegas 
responsáveis pelas homenagens no 
mercado de quadrinhos. 
Falo isso não por mim, mas pelo
 trabalho apresentado ao público naquele
 período e pelos grandes profissionais 
que tornaram possíveis a realização
 de um ano de publicação.

Brinquedoteca Jotah, foi uma homenagem feita ao autor
Tony 17 – Parabéns por estas belas conquistas. 
Fiquei super feliz, por voces, pode acreditar. 
Saber que você batalhou muito 
e hoje taí, firme, é uma grande satisfação, bengala friend. 
Quanto a Turma do Barulho, de fato, foi um ato
 heróico publicá-la durante um bom tempo pela 
Abril e uma puta sacanagem esta sua obra 
não ser citada ou homenageada. 
Merece um Bigorna, um Angelo Agostini e por aí afora...
 vamos falar, na sequência sobre a Turma do Barulho...
 Quero saber uma coisa... antigam
ente você assinava seus trabalhos como "Jotacê", 
tempos depois começou a assinar Jotah e Sany, OK?
 Esse "Jotah" diferente, tem algo a ver 
com supertição ou numerologia?   

Jotah - Como vê, eu não dou muita atenção 

nesse negócio de manter
 uma única assinatura.
 Até “Família Jóta” eu já assinei . 
Esse "H" aí no final começou com uma
 brincadeira com uns amigos de profissão. 
Estávamos com um livro que tratava de
 numerologia e começamos a brincar. 
Nenhum de nós levávamos 
a sério o conteúdo.
 Mas, resolvemos fazer a numerologia
 de cada um pra ver se batia alguma coisa.
 Então fiz a numerologia do pseudônimo 
Jota ( sem o "H") e deu que eu deveria
 acrescentar um "H". Como eu nunca 
me importei com esse negócio de ir
 mantendo a mesma assinatura, 
coloquei o tal do "H" no final do apelido. 
Resultado: Começou a chover serviço. 
Se o "H" tem alguma coisa a ver com isso?
 Não sei e nem penso nisso.
 Se temos muito trabalho é por que nosso 
trabalho não é tão ruim assim, é por que
 temos credibilidade, dedicação
 e zêlo pelo que fazemos.

 Tony 18 – Genial... deu certo... (Rsss...). 
Quer dizer que, por acaso, a coisa funcionou...
 eu sabia que tinha algo a ver com numerologia,
 apesar de não acreditarmos muito nessas coisas...
 De todo pessoal que passou pelo meu 
estúdio você foi um dos mais prolíficos na área
 editorial e conseguiu um milagre: fechar um 
contrato com a editora Abril para fazer um gibi da 
Turma da Nani - personagem que também 
editei nos tempos da minha editora (Phenix), 
em forma de revistas de atividades. 
Como e quando começou esta negociação?
 Quanto tempo demorou para fechar o negócio,
com a poderosa editora Abril?

Jotah - Bem...Realmente você está correto 
quando fala da Turma do Barulho como T
urma da Nani, que são a versão 
bem infantil dos meus personagens 
que publiquei através da sua editora. 
Mas depois, os personagens (que são
 os mesmos) ganharam uma maquiagem
 nova, ficaram mais irreverentes, 
menos infantis e mais malucos.
Levei quatro anos antes de fechar o 

contrato com a Abril. Meu primeiro 
contato foi pelas vias "normais" e 
entreguei o projeto para um velho "amigo "
nosso, na época, diretor de arte de lá. 
Este velho "amigo" lavou às mãos 
entregando para uma 
senhora responsável
 pelos novos projetos para ela fazer
 uma avaliação. Quando fui buscar 
a resposta, encontrei a mesma no 
elevador que sorriu pra mim, me 
abraçou e empolgadamente me 
desejou boa sorte e disse 
que tudo ia dar certo. 
Quando cheguei à mesa do nosso "amigo" 
(mais uma vez, prefiro não dizer o nome, 
senão o capeta vem) fui muito bem tratado, 
com sorrisos, cafézinho e tudo mais.
 Foi quando alguém o chamou em outra 
sala e ele saiu. Então, vi um memorando 
sobre a mesa dele falando a respeito 
do meu projeto. Só pra você ter uma
 idéia até onde vai a falsidade... 
aquela mesma senhora que sorriu
 no elevador e me desejou boa sorte
 havia colocado as suas considerações 
naquele memorando que estava 
sobre a mesa e eu li. 
Ela metia o pau no trabalho, dizia que
era neurótico, que não servia pra nada.
 É claro que lá naquele memorando 
também estavam as considerações
 do nosso "amigo" que acabara de sair 
da sala, que diziam: 
" Concordo com tudo isso.
 Este trabalho é impublicável!" - 
É isso aí, Tony... é meus 
amigos, web-leitores...
Com "amigos" como este, 
ninguém precisa de inimigos.
   Então, tive a idéia de enviar o material
 direto para a presidência da Abril, 
que estava sobre os 
cuidados do Sr. Ike Zarmate. 
Ele olhou e se interessou. 
Pediu que a Sra. Elizabeth Del Fiore,
 editora chefe, avaliasse o material, que
 também gostou. 
Como o projeto voltou a ser apresentado 
de cima para baixo, o nosso "amigo" 
e a nossa "amiga" tiveram que engolir.
 Mesmo assim, detonaram com a 
capa da ed. # 1.
 Modificaram palavras de efeitos junto 
aos leitores enfraquecendo nossos roteiros.
 Por exemplo, sugeriram: “Não use o
 termo BABACA pois é um palavrão.”
 E por fim, publicaram os quadrinhos da
 Turma do Barulho num papel que não
 estava no contrato, deixando as cores,
 inclusive da pele, super escuras. 
Acabaram com o produto. Quando vi o gibi,
 disseram (a  turma do baixo escalão) : 
"- Puxa! Você viu o que aconteceu?
 Desculpe-nos!"  - 
 Eles deviam é ter sido 
processados, isso sim.


À direita - Estudos feitos para a revista Turma do Barulho

Tony 19 – Grande “amigo da onça” foi 
esse nosso “amigo”, hein? Tô fora 
desse tipo de amizade. 
Prefiro os inimigos... (Rsss...).
 Na verdade, a maioria desses diretoreszinhos 
de merda da Abril tinham inveja de
 quem chegava de fora com um bom projeto. 
Conheci muita gente que tava lá, 
num bom emprego, num grande 
cargo, mas frustrado.
 Porque não conseguia publicar seus
 próprios personagens na Abril.
 A verdade é uma só:
 muita gente que desenhava bateu 
na porta da Abril, arrumou emprego,
 na esperança de conseguir publicar 
um dia os seus personagens.
 E muitos morreram frustrados fazendo 
Disney.O próprio Igayara disse isso para
 mim e o Gedeone, diversas vezes. 
O Iga, como outros, era um desenhista.
 Todos, eram doidos para publicar seus
 personagens. Viraram poderosos 
chefões, altos salários, etc.
 Mas, estavam, no fundo, frustrados. 
Muitos desses chefes odiavam o Mauricio. 
Tenho certeza pois, ele, que vinha 
de fora conseguia publicar lá e os 
bambambans lá de dentro - feras no traço -,
 apesar do elevado cargo -, só conseguiam
 fazer capas pras edições Disneys.
Um dos poucos que conseguiu publicar
 por lá foi o Primaggio (Sacarolha), 
que também depois foi pro saco, não 
sei porque. Daí o Primaggio também foi 
promovido a chefe, por sua competência
 e larga experiência no ramo, é claro. 
Por fim, ele também virou chefe e nunca 
mais editou seu simpático
 personagem pela Abril. 
Uma hora preciso entrevistá-lo... 
esse bengala friend italiano deve ter 
muitas boas histórias para contar... (Rsss...). 
Mas, falando, outra vez,  dos diretores\Abril...
 eles também tinham (ou têm) é um 
puta cagaço de perder o “empreguinho”.
 Você tem idéia de qual foi a tiragem 
feita pela Abril, da Turma do Barulho?
 
Jotah - Sei lá... acho que 20 mil. 
Quando interromperam o contrato 
alegando baixas vendas (só foram 
descobrir isso depois da quinta edição),
 pedi que um advogado levantasse 
a quantidade de encalhe. Afinal, se não
 vendeu, as revistas tinham que estar 
lá no depósito, no controle de encalhe
 para ir pras aparas de papel. 
O advogado foi e voltou dizendo: 
"Desculpe-me, mas não posso 
pegar o seu caso!"

Tony 20 – Talvez você não saiba, mas o 
fechamento da edição 1 só ocorre
 depois de 120 d\data de lançamento.
 Portanto, só na quinta edição se tem 
notícia do investimento que 
foi feito às escuras. 
Não te enrolaram, não. Mas,  no mínimo,
 compraram seu advogado... é o poder 
do capitalismo, meu caro bengala brother. 
Porém, de qualquer forma, 
você foi um herói... fechar 
com eles não é fácil, sei disso... 
Uma vez deixei o Buana 
Savana lá para avaliarem o produto. 
Um ano depois, me chamaram 
e disseram que o gibi era 
ótimo, maravilhoso, mas que estavam 
investindo num novo produto.
Uma espécie de edição do Veja para 
crianças... (Rsss...). Que já deve ter fechado
 há tempos.  Sempre arrumam uma desculpa.
 Não era melhor dizerem: "Cara não gostamos!"
 A verdade é que ninguém quer aprovar 
algo duvidoso e por seu emprego em risco.
 Acha que vão confessar isso? (Rsss...). 
Pergunto... Quantas edições foram
 lançadas desses seus personagens,
 pela Abril? Por que parou?
 
Jotah - Pela Abril foi até a edição # 5, 
parou porque alegaram 
baixas vendas, como já disse. 

Tony 21 - É mesmo... tô aqui "moscando"...
 desculpe-me... algo À acrescentar 
sobre o caso Abril? "O caso Abril"...
 Isto dá um bom título de história policia...(Rsss...).

Belo tarço, ótimos personagens.
Jotah- Sim... para esclarecer... 
Na época tínhamos um contrato com
 uma importante agência de licenciamento. 
Na reunião a dona disse:-" Temos que interromper
 o seu contrato, mas não posso lhe
dizer porque. Quero que saiba
 que o seu trabalho é muito bom 
e está incomodando muita gente grande. 
É só o que eu posso te falar.”

Tony 22 – "Incomodando muita gente grande?" 
Hmmm... Agência grande? Character, por acaso? 
Já trabalhei com eles... faziam licenciamento
 dos personagens da DC para 
merchandising, aqui no país... 
Helen Fakur, se não me engano... 
ela  virou a “chefa” quando o marido faleceu
 e foi fazer licenciamento para Abril. 
Aposto que era ela... (Rsss...). 
Já "rodei" muito por aí... 
conheço muita gente... boa e ruim... 
Nada contra a dona Helen. 
Quer dizer que o trabalho era 
bom, mas por estar incomodando “muita gente”
 cancelaram o contrato... eu sabia que 
tinha o “dedinho de alguém” por trás 
de toda esta história. Mas, de qualquer jeito,
 foi um grande feito seu. Parabéns. 
Vibrei com esta sua conquista.
Naquela época, a Abril tinha perdido a 
Turma da Mônica, para a editora Globo.
 Esses gibis eram os "carros chefes" da
 divisão Infanto-Juvenil da poderosa editora.
 Mauricio vendia mais do que Disney.
Com a saída do Maurício, a Abril teve um
rombo em seu faturamento (de 40%, 
afirmam alguns), buscava incessantemente 
alguém que pudesse substituí-lo, principalmente, 
que pudesse lançar produtos que obtivessem
 boas vendas. Mera utopia... (Rsss...). 
Pelés e Ronaldos não nascem a toda hora... 
Quando a sua revista parou, eles alegaram só 
o que você mencionou anteriormente? 
Quer dizer, não ouve uma 
outra explicação plausível?

Jotah - Como disse, apesar da Turma do
 Barulho ter sido um acontecimento
 naquele ano (década de 90), e até hoje
 ser lembrada, alegaram vendas
 baixas, o que eu não pude comprovar
 nem mesmo colocando um advogado 
para verificar os dados apresentados,
 como te disse. 
Dizem as más-línguas
 que alguém, não se sabe quem, andou
 usando a sua influência para interromper
 as publicações. Mas, para mim, tudo isso
 é lenda que faz parte do universo 
dos quadrinhos. O fato é que a 
Turma do Barulho trouxe para o 
mercado uma nova forma de fazer
 quadrinhos para crianças. Roteiros, 
diagramação, desenhos e cores 
super modernas. 
Só muitos anos depois, a Cartoon 
Network foi passar algo semelhante
 na televisão. 
Até hoje, a Turma do Barulho é 
super atual e não 
deve nada para os enlatados.

Tony 23 – Também acho que a linguagem usada
 por você era diferente daquilo que existia 
no mercado... A Turma do barulho também era 
uma nova e boa opção para a garotada. 
Além dos seus personagens, bem antes, a 
editora Abril já havia lançado outros autores, 
que não passavam da ed. # 1 ou 3. 
Você foi o único que deu certo, ao
 menos por um período maior.
A que você atribui esse relativo sucesso?

Ilustrações para livros infantis
Jotah - Falar com o público-leitor de
 igual para igual, eu acho. 
A criança não suportava mais as 
palavras em diminutivos, tipo: 
"inho", "inha" e por aí vai. Nem aguentavam
 mais aqueles jargões americanos
 do tipo "Com mil trovões!"
As crianças começavam a andar de tênis,
tinham suas gírias, usavam camisetas 
e andavam de skate e não mais de
 carrinho de rolemã. 
Os personagens da Turma do Barulho
 foram os primeiros a pintar os cabelos,
 a usar moikano e bagunçavam na escola.
 Eles não eram politicamente corretos, 
muito embora não fossem marginais.
 Eles refletiam as mudanças que
estavam acontecendo com a garotada
 e que hoje se consumou o que vínhamos
 apresentando há anos.
 É só olhar em volta e ver que a garotada 
de hoje parecem personagens da
 Turma do Barulho, no vestir  e no 
comportamento. 
E eu, não me orgulho nenhum
 um pouco disso. 
Preferia que comportamentos como os
 da Turma do Barulho ficassem apenas no gibi.

Tony 24 – De fato, o mundo mudou, as crianças
 não são como nós éramos antigamente:
 babacas... (rsss...). A série criada por você
 registrou a mudança de comportamento 
que a garotada estava passando... 
mostrava o lado real do mundo infantil...
 antevia o que hoje está por aí. O gibi era 
de vanguarda, eu acho... (Rsss...). 
Me lembro bem, que quando a Abril parou 
de lançar a Turma do Barulho você 
fechou com outra editora, que decidiu continuar
 lançando o produto.
 Qual era o nome dessa editora 
e qual foi a proposta deles?

Jotah - Voltamos a publicar, imediatamente,

 pela Press Editorial. Publicamos mais 
seis números com eles
 Mas, como sabe, na época, quem 
mandava eram as grandes...

Tony 25 - Nada mudou... continuam 
ditando as normas...

Jotah - ...e eu tinha acabado de 
sair de uma delas. 
Já estava “escrito nas estrelas” 
que não iríamos muito longe. 
De qualquer maneira, entre uma 
editora e outra, a Turma do Barulho 
acabou ficando um ano no mercado e,
 até onde sei, marcou 
época e deixou saudades.

Tony 26 – Com certeza... se não me 
engano devo
 ter guardado até hoje um exemplar... 
acho que A Turma do Barulho e o Pequeno
 Ninja (criado por mim e o Felipe), foram, de
 fato, os únicos produtos de HQs infantis 
que mais duraram nas bancas, nos últimos anos, 
depois das revistas do "chefe" (Mauricio e a
 Turma da Mônica).Você não acha que falta
 novidade, atualmente, nesse segmento? 
Houve algumas tentativas,
 que não deram certo...
 
Jotah – Novidade... esta é a palavra 
que deve 
estar na cabeça de quem cria. 
Mas o quadrinho nacional 
não esbarra
 no problema da criação. 
Os quadrinhos esbarram no 
velho problema da distribuição.

Tony 27 – Concordo que a má distribuição é 
um problema grave. Mas, isto também 
acontece devido as chamadas "tiragens 
neutras" dos pequenos e médios editores.
 (tiragens abaixo de 50 mil exemplares). 
Também acho que o maior, de todos os 
problemas, é a cabeça da maioria dos 
editores, que relutam em lançar algo novo, 
diferente. A maioria se limita a publicar 
o que aparece na TV ou em copiar  que o 
concorrente fez e que deu certo.
 Responda-me, com sinceridade...
Você se decepcionou com as HQs, ou um 
dia pretende a voltar a lançar 
seus carismáticos personagens?
 
Jotah -  O mercado de quadrinhos decepciona 
qualquer um. Quem, menos ganha 
dinheiro com quadrinhos, é justamente 
quem faz. 
O artista é o mais mal pago em todo 
o processo, mesmo aqueles que 
trabalham pra grandes editores 
gringos ou nacionais. Se um dia 
voltar a fazer quadrinhos,
penso no formato álbum.
Já tenho um projeto em mente. 
Mas não tenho 
pressa nenhuma em publicá-lo.

Tony 28 – Na verdade, você está certo... 
somos aqueles que menos ganham em 
todo o processo... e o gozado, sem nós, 
que criamos a matéria prima, ninguém 
ganharia porra nenhuma...
 a maioria dos autores
 não imagina o batalhão de gente que ganha 
por trás de um novo lançamento... 
papeleiros, gráficas, transportadoras, 
distribuidores regionais, jornaleiros, etc... 
esta indústria movimenta milhões. 
Mas, isto é uma outra história 
que fica pra uma outra vez... 
Geração 2000 - Este era o título de uma 
publicação lançada pela LBV (Legião da
 Boa Vontade),  imprimi muitas revistas 
na gráfica deles no tempo da Phenix. 
Geração 200 era destinada às crianças -, 
no qual saia também seus personagens. 
Foi você que criou este título? 
Como e quando você conseguiu começar 
a publicar este título bastante 
conhecido? Dá pra lembrar?

Jotah -  Puxa, cara.... faz tempo.

A Geração 2000, Os Defensores da Paz,
 foi publicada durante cinco anos, o
 que não é pouco para uma revista nacional. 
As histórias trabalhavam temas 
educativos de forma 
bem alegre e divertida. Falávamos sobre 
meio ambiente, relacionamentos 
familiares, etc. 
Ela parou por que a empresa queria
 os direitos autorais, tentamos negociar, 
mas não chegamos a um consenso.

Tony 29 - Quantos exemplares você, ou
 você e sua equipe, chegaram a fazer
 da Geração 2000? Tem idéia da tiragem
 desse produto, desta famosa entidade filantrópica,
comandada pelo Paiva Neto?
   

Jotah - Acho que eram 5.000 exemplares... 
não tenho certeza.

Tony 30 - A LBV sempre teve uma
 grande infraestrutura, 
como: gráfica, fotolito, editora, estúdio de 
gravação e até uma emissora de rádio e TV. 
Você chegou a usufluir disso,
pra divulgar seus personagens?

Jotah - Sim. Os espaços na mídia

 eram concorridos
pelos vários setores que integravam
 o instituto, mas sempre tivemos as
 portas abertas, na medida do possível, 
para fazer a divulgação da revista.

Tony 31 - Qual era exatamente o conteúdo 
da revista Geração 2000?
 
Jotah – Já disse... variedades de
 cunho educativo, 
incluindo os quadrinhos.

Tony 32 – Com certeza, “viagei na maionese”, 
outra vez. Desculpe-me... é a idade (Rsss...). 
Mas, você não 
tinha falado nada sobre quadrinhos.
 Então, ela valeu. 
Atualmente, o que voces andam 
produzindo no seu estúdio?

Jotah - Ilustrações infantis 

para livros didáticos,
paradidáticos e literatura infantil. 
De vez em quando acabo escrevendo
 e publico algum livro. 
Neste sentido estou com 
dois contratos assinados, 
mas ainda não tive tempo de começar
a ilustrar os textos. 
Estamos cuidando mesmo é da produção 
junto as grandes editoras.

Tony 33 - Quantos colaboradores
 trabalham com você e 
a Sandrinha?
 
Jotah - Quatro. A Lilia, o Otávio, O Peterson, 
o Jonas e o Pedro. 
Mais do que colaboradores, 
para mim, são amigos.
Pelo menos acho que são... (rsrsrs)...

Tony 34 - Tem um filho seu que também
 trabalhou no Maurício, certo? Ele também
 desenha, puxou pro pai? Ainda está por lá?
 
Jotah - É o Diego. Ele não desenha nada, 
mas é muito bom de vendas.
 Já participou de várias reuniões comigo, 
já abriu vendas e eventos nas escolas.
 Atualmente está trabalhando na editora 
FTD, no atendimento aos professores. 
E tem a Roberta, minha filha. 
Ela é ilustradora, com 10 livros publicados. 
Ela também não desenha. 
Suas ilustrações são todas
feitas em papel cartão 
recortado com a tesoura que 
vai dando forma as figuras.

Tony 35 – Esse tipo de arte que sua faz
  vem lá do Oriente e tem um nome que 
não me recordo agora... vejamos... lembrei! 
Origami, ou algo parecido... Genial. filhos 
de peixes, peixinhos são... (Rsss...). 
Você além de ser um grande desenhista 
sempre foi um bom vendedor. Bacana
 saber disso, que a sua garotada taí, 
hoje, firme, no metiê... quando nos
 conhecemos você ainda era solteiro... 
cara, tamos ficando velhos... minha filha mais
 velha já passou dos 30... (Rsss...).
 Bem vindo a nossa milenar confraria 
dos Bengalas Boys, Jotah... 
você também já é jurássico... (Rsss...). 
Projetos para o futuro?

Jotah - Eu sempre digo: Se você não 

tem trabalho, inventa!
Na questão profissional, 

desenvolver projetos,
é mais do que uma prática, 
é uma necessidade. 
Agora, quanto a vida de 
uma forma em geral... não sei. 
Vamos vivendo o presente da
 melhor forma possível e quem sabe, 
o futuro nos reserve bons momentos.

Tony 36 - Sei que você também trabalha junto 
às escolas pra divulgar seus livros...
 Como isto funciona?
Outra coisa: dá pra se viver de direitos

autorais de livros no Brasil?
 
Jotah - Sim, fazemos a divulgação de 
nossas obras junto as escolas,
 com o apoio das editoras, é óbvio.
Sim, dá pra se viver de direitos autorais. 
Veja o Caso da Ruth Rocha, da Ana Maria
 Machado, da Tatiana Belinky, do
 Pedro Bandeira e tantos outros.
Só não é o meu caso. 
Talvez tenha muito a aprender, ainda.

Tony 37–  Esta gente vende muito,
são consagrados...
 talvez o que falta para você viver de direitos
 autorais seja melhores vendas...
 mas, aos poucos, 
você chega lá, guerreiro... 
seu trabalho é muito bom.
 Autores de livros ou de HQs sós e consagram
 através da venda, é óbvio. 
José Roberto de Carvalho (Jotah),
por José Roberto de Carvalho?
 
Jotah - Um cara só, vivendo 
num mundo cheio de gente.
 Um eterno aprendiz...
        
  Tony 38 - Ah, ia me esquecendo... em que dia, 
mês e ano, você nasceu, paulistano do Jaçanã?

Jotah - Como dizia o bom e velho Raul... 

eu nasci há dez mil anos atrás. 
O artista não tem idade e o universo 
é a sua casa. 
Ele não nasce, por que sempre existiu. 
Por ser mais criação do que criatura,
 não morre jamais. 
Uma pequena parte do artista fica sob 
a terra, mas sua essência se
 mistura com a vida imaterial.
 Sua aparente morte é mentira, pois 
continuará vivo, eternamente, 
através de suas obras.

Tony 39 – Muito bom isso... baixou o santo? 
Mas, quando um cara começa a enrolar 
pra dizer a idade é sinal de 
que tá ficando velho... (Rsss...).
 As aparências enganam... 
Você também é um guerreiro que batalhou muito 
em prol das HQs nacionais e merece tudo o 
que vem conquistando até hoje. 
Foi um imenso prazer entrevistar uma pessoa 
que começou comigo há muito tempo atrás e 
que encontrou seu próprio caminho. Parabéns.
 Gostaria que, pra encerrarmos este nosso
 fantástico bate-papo, você deixasse aí uma 
mensagem para seus fãs e admiradores de
 sua obra, que pretendem, um dia, entrar 
nesse ramo de “malucos”, 
no bom sentido, é claro...
 
Jotah - O mercado hoje é muito melhor 
do que um dia foi e está se abrindo 
cada vez mais. 
Desenvolvam a capacidade criativa, lendo
 e escrevendo muito.
 Treinem bastante, acreditem no potencial 
que existe dentro de vocês e
 façam história, não apenas no papel 
ou no computador. 
Não é dessa história que falo.
 Falo da história das suas vidas, onde 
cada dia é uma linha escrita, cada mês
 uma página, cada ano um capítulo e 
ao final, o livro da sua vida estará
 pronto e muitos irão ler a sua história.
 A questão é... que história você 
está escrevendo da sua própria vida?
Eu torço para que seja uma boa história, 
ainda que seja em quadrinhos 
ou numa obra de literatura.

Tony 40 – Boa mensagem... grande, Jotah, e
 jurássico bengala friend, só me resta 
agradecer, pela sua atenção, e desejar que
 seu sucesso perdure. 
Se quiser deixar um e-mail ou site para 
contato é só falar, OK? 
Valeu, Jotão! Até a próxima e olha, tô esperando 
aquele churrasco regado
 a brejas geladas, hein?

    Jotah - Eu é que agradeço pela
 oportunidade
 e que esse churrasco possa sair do
 mundo das idéias e se transformar
 em realidade. Um abraço!

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