quarta-feira, 8 de março de 2017

ENTREVISTA COM FAUSTO KATAOKA, PROPRIETÁRIO DE UM DOS ESTÚDIOS MAIS PRODUTIVOS DO BRASIL!





Saibam todos que foi de suma a importância a
 contribuição dada as HQs brasileiras e ao setor
editorial deste país por gente oriunda de outros
 países e por seus descendentes, como:
italianos, Portugueses, judeus, argentinos, 
 chilenos, bolivianos etc.

Nesta lista se destacam também os
 filhos de imigrantes japoneses e seus 
descendentes, como: Paulo e Roberto e
 Fukue, Cláudio Seto, Paulo Hamasaki, 
Minami Keizi, Kazuíco, Kimil, Lincoln
 Ishida, Neide Harue, João Tanno,
Alexandre Nagado e outros.

Aliás, se não fosse os imigrantes a
própria América não seria o que
 é hoje, mister Donald Trump.
O entrevistado, desta feita, é um fiel 
representante da criatividade exuberante 
dos filhos do País do Sol Nascente.
Na sequência, vamos curtir 
o depoimento de um velho amigo
de guerra...

FAUSTO KATAOKA, 
UM EX-BANCÁRIO QUE
SE TORNOU UM 
DOS MAIORES
PRODUTORES DE
 REVISTAS
 DO BRASIL!




TONY 1: Poder entrevistar um 
velho parceiro do tempo da editora 
Noblet, de grandes happy hours
 regatas a cervejas geladas é sempre 
prazeroso, Kataoka Sam 
(vulgo Faustolito, porque 
fazia fotolitos).Rsss...

FAUSTO: RRSSSS...


TONY 2: Seu nome...verdadeiro é 
mesmo Fausto Kataoka, meu 
brother do Oriente?

FAUSTO: Lógico...nasci na época
 de guerra... os pais não podiam
 colocar nome em japonês nos
 filhos que nasciam no Brasil, 
que era um dos aliados.

TONY 3: É verdade, tinha me esquecido.
 O Japão fazia parte do chamado Eixo...
 perguntei porque lembrei que o nome
 verdadeiro do Hamasaki era
 Yohinobu, se não me engano...
 mesmo tendo nascido aqui. 
O saudoso Hama (vulgo Paulinho e 
Grampolinha, segundo o mestre Salatiel 
de Holanda, que sempre adorou colocar
apelidos no amigos,) nasceu antes 
da guerra, por isso os pais del
puderam dar à ele um nome nipônico. 
Ele era mais velho do que você.
Caiu a ficha... Mas o Hama
 tinha uma cara de garotão, 
era incrível. 
Vamos nessa... Em que dia, mês,
ano e cidade você nasceu?


Hiroshima, Memorial da Paz

FAUSTO: Nasci no dia treze de maio 
de 1945 em Quintana, interior
interior paulista.



TONY 4: Mais um caipira que deu certo em
S. Paulo. Rsss... Os seus pais vieram de que 
parte do Japão e se Instalaram em
 que região do Brasil?

FAUSTO: Os meus pais eram de Hiroshima e 
de principio instalaram na região de Itape-
tininga, depois foram para interior outra
cidade do interior paulistano.


Tragédia nucler em Hiroshima e Nagasaki





Hiroshima, Memorial da Paz



TONY 5: Caramba! Eles deram sorte, porque foi 
em Hiroshima e Nagasaki, nas duas
 cidades, que os bombardeiros  americanos
 detonaram as bombas atômicas, no
 dia 6 de agosto de 1945, quando a 
Segunda Grande Guerra estava
 quase terminando. Aquilo foi puta
sacanagem...
 Putz... se eles não embara-
cam pro Brasil você jamais teria
 nascido... perderíamos um grande amigo
 e um excelente profissional... 
é mole?

Você, como todo bom filho 
de
 oriental, lia muito mangás na infância 
e adolescência, é óbvio...
... Pelo que sei, você trabalhava 
em banco, mas em que setor específico?

FAUSTO: Na infância e adolescência, 

eu lia muitos livros japonês 
“shonenkurabu”...
(infanto-juvenil) e vários mangás.
Era fanático por quadrinhos...tinha 
coleção quase inteira de
 todos os gibis, inclusive os do 
Tarzan....Rsss...  
no  banco eu cuidava de todas 
agências....naquela época chama-se
  secção de agências.






Tarzan era o xodó de Adolfo Aizen teve 700 edições no
Brasil. Foi publicado entre 1951 e 1887


Fausto sempre foi alto, acima da média


TONY 6: Naquela época bancário, apesar
 se ter que trabalhar de terno e gravata,
 ganhava bem. O que fez você aban-
donar uma carreira promissora e segura
para trabalhar numa firma de fotolito
 (acetato - filme - onde eram registradas 
as imagens, que depois seriam 
gravadas nas chapas de impressoras). 
Conta pra "nozes"... digo, pra nós, 
como esta mutação aconteceu... 
fotolitos davam mais dinheiro ou foi
doideira mesmo?

FAUSTO: É que na época conheci um

 alemão chamado Klaus Rudiger que
 sempre ia na agência e ele  acabou 
me convencendo a ir trabalhar na 
firma dele,oferecendo-me o dobro 
do salário que eu ganhava.
Trabalhei com ele uns 4 anos.
 A firma chamava-se Jaraguá 
Artes Gráficas ...era naquela época 
uma das firmas que tinham o primeiro 
Leaser scanner no país, para fazer 
a confecção de fotolitos a cores.
 Por isso acabei conhecendo
 muitas pessoas ligadas 
às agência de publicidade e 
também gente ligada ao
 ramo editorial.

TONY 7: etor editorial, um ramo tipicamente
 de hebraícos... eles dominam os meio
de comunicação por todo o planeta,
 para variar,,, Rssss.
 Então você, bengala brother, saiu do 
banco para trabalhar com o tal alemão
 e depois acabou abrindo sua 
própria empresa de fotolito? 
Que editoras e agências 
você tinha como cliente?

FAUSTO: Depois que a firma do Klaus, a 

Jaraguá, fechou ele me passou quase 
todos os equipamentos, menos a 
scanner que foi vendida para a
 editora Abril... então eu, como não 
tinha outra alternativa, mas tinha 
clientes, comecei a fazer fotolitos.


TONY 8: Interreante isto... Qual era o nome

 de seu primeiro cliente que produzia HQs? 
Os preços compensavam?
 o serviço era contínuo?

FAUSTO: Ah. eu nâo me lembro....eu
 só sei que todos  os editores de pequeno
 porte daquela época estavam  comigo, 
como a turma da editora SABER...
TAIKA...BENTIVEGNA...LA SELVA.
 Depois veio o Minami, o Penteado,o
Noblet... e muitas editoras de livros. 
O serviço era constante.












TONY 9: Curiosamente, nós nos conhecemos 
nos anos 70 na editora Saber, sediada no
 Brás – tradicional bairro italiano da cidade, 
reduto de editores  - que na época, lançava no 
formato pocket book diversos clássicos da
 King Features, como: Fantasma, Mandrake, 
Zero, O Soldado Raso (Recruta Zero), Brick 
Bradford, Ferdinando e outros títulos.

Eu estava começando a trabalhar no 
metiê. Eles encomendaram para mim 
 uma revista, que era, na real, um 
almanaque com uma porrada de págs.
 Minha filha mais velha, Cristiane, tinha
acabado de nascer, eu precisava de
 dinheiro, daí pedi 50% adiantado pra
 fazer o trabalho.
Eles liberaram. Durante uma 
semana trabalhei sozinho, feito doido,
 atravessando madrugadas,
para entregar o material,
mas quando cheguei na editora,
 um dos editores me disse:

"Garoto, desculpe-nos, mas decidimos

 nãopublicar mais o material que
 encomendamos. Aliás, dá pra
 devolver o dinheiro?

Nem fodendo, pensei. 
Fiquei puto. Cancelaram a edição e
ainda por cima queriam a grana de
volta. Aí disse pra ele que aquilo era
sacanagem e que eu tinha trabalhado
pra cacete, pra entregar o material
no prazo estipulado.
O homem disse que não tinha nada com
isso, queria o dinheiro. De repente, o
ujeito levantou-e arregaçando a
manga da camisa, como se fosse
 me agredir. Berrei: Se tentar me bater
vai tomar porradas, meu chapa!
Ele retrucou e disse que não
queria saber.
   
Eu estava tendo uma discussão 
acalorada com aquele sócio da
 editora. O clima esquentou quando 
ele chamou pelo irmão, que
 estava na outra sala.
  
Foi naquele momento de tensão 
que entrou em cena um anjo
  do Oriente para me salvar:
Kataoka Sam. Que na época
 parecia o Bruce Lee. Rsss...
 Os ânimos se acalmaram,
quando ele viu você, japa.
Aproveitei, peguei os meus 
originais e dei o fora dali,
 e disse: Agora você vai 
ficar sem a grana e sem
o originai, idiota!

Brother Faustônico, devo

 agradecer a você por ter salvado 
a minha pele naquele dia. 
Tá lembrado disso, brother?
Você, o que foi fazer lá,
 também fazia fotolitos para 
aquele pícaros?

Ah, agora me lembrei, me encomen-

daram o tal almanaque porque o Edú, 
que desenhava o Praça Atrapalhado, 
parou de trabalhar para eles.
Deve ter tido bons motivos.
 E, como a serie vendia
bem queriam que eu fizesse algo
na mesma linha, ou seja, uma sátira
militar brasileira. Criei O Incrível
Campo Grude, que só foi publicado
anos depois numa das revistas da
editora Noblet.

FAUSTO: Sim, me lembro de tudo.
Foi na década de 70. Você estava só.
 Rssss. Vira e mexe eu ia na editora,
 porque quase toda a produção de
 fotolitos dela, os gibis, caíam
em minhas mãos. 

TONY 10: Algum tempo depois, soube 
que você tinha uma firma que produzia 
fotolitos para as gráficas e editoras. 
Então, decidi  visitá-lo. 
Acho que foi na rua Tamandaré... 

FAUSTO: Não... eu abri a firma na rua
 Espirito Santo... depois fui para a rua 
Lavapés, no bairro doCambuci...








TONY 11: Tens razão. Naquela época, 
ao entrar na sua firma dei de cara com um
 japa baixinho, que usava óculos e estava 
varrendo o chão. De imediato eu o
 reconheci, porque já tinha visto ele na casa
 do Ignácio Justo: era  Paulo Hamasaki. 
O Hama trabalhava para você?

FAUSTO: Ah, sim. Trabalhava... 

Isto é, o Paulo estava meio perdido
 profissionalmente naquela época. 
Tinha saído do Maurício,
estava trabalhado para algumas
 editoras pequenas e até tinha feito uma
HQ romântica para uma revista da Abril.
Pediu ajuda e por isso fiquei um tempo
 com ele. Mas, jamais pedi pra
ele varrer o chão.


No fundão: Fausto, Gil Firmino, Toninho Duarte, W. Felipe.
Na frente: Luís Sátiro, Hamasaki e Wilson Fernandes



TONY 12: Ficamos uma data sem nos

 vermos. Anos depois, ao comprar duas 
revistas da Noblet, Akim e Espoleta, 
esta última desenhada pelo Avalone.
Algum tempo depois a revista que
era do Avalone mudou o nome para 
Miudo, sei lá. Só sei que a revista
mudou de personagem e trazia
a assinatura do Hamasaki -
um grande intelectual que
encontrei no ramo...
.
 Li o expediente e fui bater na 
porta da editora com meu portfólio.
 Eu não tinha saída ou nada à perder.
Era músico e desenhita. Tinha duas 
profissões complicadas pra ganhar
 dinheiro, segundo dizia meu velho pai,
 que tinha falecido a pouco tempo.
Com mulher e uma filha para criar, ou 
me dava bem no ramo ou mudava de 
profissão. Rsss. Eu estava numa
 pindaíba, precisando trabalhar.






A Noblet ficava numa rua atrás da Praça da 
República (Marquês de Itú), no centro 
velho da cidade. E foi assim que acabei
 fazendo meus primeiros trabalhos,
 como freelancer, para enxertar as páginas
 da revista Akim, graças ao Hama, que
me deu oportunidade. Ele adorava os
  meus textos de  HQs de humor.

Inicialmente comecei a fazer passatem-
pos e as primeiras HQs que fiz para a 
Noblet foram Capitão Savana em Safari
 da Pesada (que virou serie durante 
5 anos, na revita Akim). Depois, fiz
 duas sátiras chamadas
 Seção Terrir, com O Lobilomem 
(que depois virou serie na revista 
Carabina Slim) e Kharis, A Múmis.
 ambas saíram na revista Jogos 
e Diversões - que eu e o Wanderlei
Felipe (Vanderfel) fazíamos-, no final
da década de 70, para a Noblet.

A Noblet cresceu, montou parque
 gráfico e acabei sendo contratado
 como assitente de arte do Hama.
 Certo dia, você, de repente, 
apareceu por lá... Aonde você esteve
 durante anos, visto que 
ninguém sabia o seu paradeiro?
Teria surfado em Miami, durante
aquele período, ou estava treinando 
artes marciais com um monge
no Tibet? Rssss...
Tcham-tcham-tcham...

FAUSTO: Fiquei um tempo no bairro

 da Lapa fazendo apostilas...depois fui
 para a rua Tamandaré fazer as
 confecção de apostilas do curso 
Anglo Latino e da Editora Nacional.
Depois, como conhecia o Sr. José, 
da Noblet, ele me convidou para tomar
 conta da gráfica. Achei boa a proposta,
mas decidi pensar melhor
no assunto.

TONY 13: Perfeito, grande guru do Oriente...
 Você levou para a editora um pacote 
imenso de trabalho de impressão, de
 apostilas do Colégio Anglo Latino.
O editor, de imediato, adorou aquilo
 e obviamente começou a sonhar
 com a grana que poderia embolsar 
ao rodar as tais apostilas. 

O que eu e o Hama nunca entendemos,

 é que, de repente, você passou a ir diaria-
mente para a editora, como se fosse funcio-
nário, e pouco tempo depois estava
 consertando máquinas gráficas, montando 
astralões - Grande folha de acetato onde
eram montados os fotolitos antes de
serem gravados na chapa -,
examinando fotolitos, selecionando
cromos, gravando chapas e até cuidando 
do acabamento das edições... Você 
também  auxiliava o nosso querido
amigo Davi, que era o impressor
 oficial da casa.






 Dá para explicar o que aconteceu? 

O seu Joseph, (vulgo Miter No) o
 contratou por zilhões de dólares?
 Rsss, dúvido... ele era gente boa, 
mas o sangue judaíco falava mais 
alto... Fora da empresa ele era um
 gentleman - sempre nos
 levava para bons restaurantes
 e sempre pagava a conta.
Não tinha miséria. Mas...
 dentro da firma fazia um
escarcéu por causa de centavos.
Rssss... Era uma choradeira
danada. Era um sarro...
 Apesar disso, gostávamos do
 chefe... Mas, diga aí, como e por
quanto ele comprou seu passe?

FAUSTO: É simples... Bem antes
 disso ele tinha me oferecido emprego,
comocitei anteriormente... eu não estava
  querendo, mas depois de refletir
 muito acabei cedendo. Afinal
a proposta financeira que recebi 
não era tão ruim - apesar de
não ser zilhões de dólares, 
Tony. Rss,,, E era...




TONY 14: O legal era que recebíamos 
toda sexta-feira... Em fim, eu você e o 
Hama convivemos juntos 
por cinco longos anos na Noblet, 
dando belas gargalhadas - e às vezes até
maldizendo o chefe. Porém, éramos felizes.
Fazíamos aquilo que sempre adoramos:
trabalhávamos com revistas, veículos
 de comunicação, Também 
conhecemos e convivemos com
gente importante do meio, enquanto
 cuidávamos de uma porrada 
de publicações mensais.

A semana era pauleira...
Para relaxar, toda sexta-feira, depois
 do expediente, fazíamos nosso
 happy hour. Uma verdadeira via 
sacra pelos botecos até o centro
 da cidade - a Noblet era no
bairro do Cambuci, na divisa coom
a Aclimação. Aquilo era um puta
"sofrimento", regado por
 cervejas geladas, cachaça coquinho
 e petiscos variados... Rssss.
 Deu até água na boca...
Aquelas baladas, muitas vezes rasgavam
 a madrugada, o que provocava certa
revolta da nossas esposas, que não
aprovavam a gandaia semanal...
  Bons tempos aqueles...Rsss. 

Eu e o Hama cuidávamos do estúdio,

 preparando, retocando, produzindo,
 revisando os originais e atendendo
 os freelas, enquanto você cuidava 
de toda a produção gráfica. 
Dá para explicar uma coisa,
desculpe-me pela insistência:
Você deixou de faturar 10% do
 valor das impressões das
 apostilas do Anglo, por um
 salário semanal, fixo, foi isto ?
 Na época pensei, japa
 é maluco...

FAUSTO: Não... Passei a receber
 um fixo mais uma porcentagem dos 
lucros...  pelo menos esta era a
 proposta dele, mas eu nunca 
recebi um tostão... Rssss...

TONY 15: Não rescebeu nenhuma
porra nenhuma? Caramba, o Old Fox -
 eu e o Hama apelidamos o chefão assim- 
não era fraco, não... Rssss.
Ok, depois dessa, só nos resta
 prosseguir... Cinco anos depois deixei 
a Noblet para montar  meu primeiro 
estúdio, minha primeira empresa
 (E.T.F Comunicação), que
 acabou virando uma editora,
 por estar cansado de levar
 “canseira” para receber de certos
 editores que eram mais duros do que
 eu. Mais quebrados do que arroz de 
terceira... Um dia pensei:
 “Se esses “durangos” podem editar, 
eu também posso.”

Fui ao JB (Jornal do Brasil), no Rio 
de Janeiro, graças ao Almir, que era
 vendedor gráfico na época. 
Eu o conheci aqui em São Paulo.
Em suma, fui ao Rio para rodar
meus primeiros produtos editoriais.

Meses depois, fiquei sabendo que você
 o Hama também tinham saido
 da Noblet e estavam juntos
E, que o Hama tinha aberto a editora
deleQuantos anos você trabalhou 
para a Noblet?

FAUSTO: Seis anos...

TONY 16:Você bebeu? Se eu fiquei 
5 anos e saí antes de vocês, como
 pode ter ficado lá cinco anos? Não
 tem lógica, panacon... Pra mim, você e
 o Hama ficaram lá uns
10 anos... Seguindo avante...
Nos dávamos bem com o Hamasaki, 
o cara era um grande artista, mas
 jamais levou jeito para o comércio -
como a grande maioria dos artitas,
 infelizmente. O Hamaski era seletivo
   e pouco comunicativo com estranhos.
Segundo o chefe dos meus espiões,
 você era quem fazia as nego-
ciatas para a editora Hamasaki...
 gráficas, segurava as "buchas" etc.
Isto é certo?

FAUSTO: A principio sim....mas depois 
larguei mão... era estressante. Rssss...

TONY 17: Vocês trabalharam juntos 
um bom tempo. Pelo que me lembro, a
 editora do Hama surgiu no final
dos anos... anos... 80Algum tempo 
depois você passou a tra-
balhar com a Nova Sampa Diretriz. 
Como foi que você conheceu o
 Carlos Alberto Cazzamatta 
(vulgo Turquinho e Pícaro), 
dono da editora? Rsss.

Toda vez que eu chamava ele de
 Turquinho, ele me xingava. Rssss. 
Mas, o cara é legal, é batalhador e no
 ano passado, quando precisei de 
algumas edições da Sampa ele me 
mandou uma porrada,
gratuitamente. Naquele dia até
choveu... Rssss. Tô brincando, Cazza.
O cara é brother, apesar da opinião
não ser unânime... 
Mas, ninguém é perfeito...

FAUSTO: Conheci o Carlos quando eu 
estava na Noblet... eu que ensinei pra ele
 os formatos dos papéis e também
 como calcular os pesos deles e os
 formatos das revistas.

TONY 19: O cara era leigo em matéria 
de editora e de produção gráfica. 
Um zero à esquerda.
 Para quem não entendia
 bulhufas, até que ele se deu bem.
 Bem de mais... soube como
faturar e soube aplicar os
trocos... O Turquinho não
"bobeia", Fausto Sam...

 Lembro-me que na época o Franco 
de Rosa comandava o pessoal
 da produção das edilções,
 para a Sampa e você, acho
 que cuidava dos fotolitos e da
 produção gráfica, se não me
 engano... Era isto mesmo?

FAUSTO: Sim, eu e o Franco estávamos 
juntos ... naquela época o Cazza
 alugou uma casa para gente
  produzir. Apesar de repartirmos o
 mesmo ambiente, cada um
 de nós era independente. 
O Franco e eu produzíamos 
diversas edições para a Sampa.
Eu com os meus colaboradores e
o Franco com os dele...


Cazzamatta (vulgo Turquinho)
TONY 20: Entendido, câmbio... 
Rsss. Na década de 90, depois 
que a Phenix Editorial - mi nha
editora - foi pro brejo, fiquei vários 
anos fazendo freelas, em casa, onde
 montei um estúdio. Um dos meus
 principais clientes - fazia uma
 pancada de revistas. Eu fornecia
mensalmente diveras edições para
a ERT, editora do saudoso Ruy
 Takahashi, que era irmão de um
 grande amigo nosso, Jorge, também
 falecido.

Na época o mercado estava ruim
pra HQs... mas, de repente, o Hercílio, 
ex-gerente da gráfica Brasiliana, que
 atendia a Sampa, a Phenix. a Vidente 
e outras editoras, surgiu com a Escala.
 E, você e seus filhos comandavam
 o lendário estúdio Mid West, que 
trabalhava  com exclusividade
 para a Escala. Em que ano vocês
 abriram a Mid?







FAUSTO: Foi nos anos 90. mas não me lembro

exatamente o ano... acho que 95, 96...
sei lá...

TONY 21: De súbito, aquele ex-bancário, 
brincalhão e bonachão, adorador de cervejas
e de bons bate papos, que tinha trocado 
a estabilidade de uma sóloda instituição
  financeira para se aventurar no mundo
 gráfico, para fazer fotolitos, ao lado de
 seus filhos, tinha se transformado no
 maior produtor de revistas, de diversos
 gêneros, do país. Vocês fizeram inúmeros
produtos editoriasi,  exceto HQs.

Nas instalações do estúdio da família
 Kataoka havia  um monte de jovens que
 produziam com seus computadores
 uma porrada de revistas, como se 
fossem pastéis. De quem foi a ideia 
de indusrializar e modernizar
a produção, Faustão?
Eu só tinha visto algo como aquilo -
 uma infraestrutura grande e arrojada 
com tecnologia de ponta-, na
 editora Abril.




FAUSTO: Ahhh... Lembrei, a Midi

West foi aberta em 2001. À princípio
 estávamos produzindo em pequena
 escala numa modesta instalação, 
você sabe... depois graças a editora Escala
 fomos obrigados a mudar para um lugar mais
amplo e produzir em massa. O estúdio
ficou sob o comando do meu filho
 Fabio Kataoka... que entendia bem
 de computador. 
Dai deslanchamos...





Fábio Kataoka, PP e Nilson Fiesta (editora\DicoveryMinuano)
TONY 23: Grande Fabinho...
Títulos como Ultra Jovem fizeram muito 
sucesso e marcaram uma geração, 
na virada do século... 
Quem foi o criador da Ultra Jovem?

FAUSTO: Acho que foi Fabio que teve 
a ideia de começar a produzir uma 
revista que falava de mangás, games.
 Daí ele contratou o Balbino, que era
 fanático por games e mangás.

TONY: Grande, Balbino. Foi o homem 
certo, no lugar e na hora certa...
Do dia para a noite a Escala, que montou
parque gráfico, começou a ocupar quase 
todos os espaços nas bancas, oferecendo
inúmeros títulos a preços módicosç 
Aquilo começou  a preocupar os 
pequenos e até os grandes
concorrentes. 

Na sede da Kataoka Corporation
 (esta foi boa! Rss...) as churrascadas 
eram constantes nos finais de semana,
 regadas a muitas cervejas, churrascos e até
 música ao vivo. Você tem ideia de quan-
tas pessoas trabalhavam ou colabo-
ravam com vocês naquela época
 de “vacas gordas”?






FAUSTO: Sei lá quantos trabalhavam 
com a gente... Mas, eram todos 
Freelancers, meu amigo... 
cada um produzia um titulo. 
Pensando bem...acho que tinha 
umas 16 pessoas ao todo.
Todos eram produtores
independentes.

TONY 24: Para administrar o gordo
faturamento do estúdio foi contratado
 um financeiro, chamado Agnaldo.
 Você, na época, tinha noção do quanto
 estavam faturando mensalmente, 
apesar da imensa folha de pagamento
 e das despesas fixas mensais?
 Você estavam bem
instalados e bem equipados.

FAUSTO: Ah... não sei ao certo. 

O pagamento era semanal... nós, 
nós girávamos muita grana, mas
 a despesa era grande, como 
mencionou. Outro problema é que
 nem sempre nossos freelas faziam
 uma edição sozinho e assim tinha
que dividir o lucros. Muitas vezes
eles não faturavam tão bem,
por causa disso.
 Por exemplo: Os meus projetos,
por eu não entender muito de 
informática, eu preciava de
diversos colaboradores: digitador,
articulista, revisor etc. Aconteceu
de eu receber o dinheiro, pagar o
pessoal e ficar com pouca grana.
Por isso, alguns produtores não
 recebiam quase nada...
outros ganhavam bem, porque
 desenvolviam o projeto sózinhos.

Eu e meus filhos, após pagar as
 despesas, muitas vezes ficávamos 
quase sem nada, também. 
Você sabe, o ramo tem altos
e baixos... Masn nada tenho
a reclamar. Foi uma boa época. 
As festas, as farras eram 
para motivar a equipe... 

TONY 25: Motivar ou turbinar
 Esqueça, pensei alto. Rsss. 
Mesmo faturando alto, você sempre
 foi aquele sujeito simples e
 brincalhão, que andava de ônibus,
 metro e não tá nem aí com carros
 importados. Você é o oposto
dos seus filhos...

 Quem dirigia o mega estúdio, como já
foi dito, era um de seus filhos, Fábio
 Kataoka (vulgo Nezinho). Porém,
além da sua prole, há um, cara gente
 fina, um fiel escudeiro que
acompanha a família Kataoka até 
hoje: Mister Gola. 
Faustônico, o Gola faz parte da
 família? Como você o conheceu?

FAUSTO: Gola, desde quando ele nasceu 
sempre esteve em nossa casa.
Éramos vizinhos na zona norte.
 Ele é como se fosse da família.

TONY 26: Beleza, entendido... 
Você sempre foi um cara muito
 bem relacionado e respeitado com
 os editores, artistas e gráficos...
a que você deve esta singular
 popularidade.?

FAUSTO: Ah... eu  sempre fui simples...
sempre gostei de arte e sempre apoiei 
os desenhista, donos de gráficas 
 e editores.

TONY 27: Qual a publicação que vocês 
fizeram para a Escala que mais
 vendeu, sabe dizer?

FAUSTO: Acho que foi a Ultra Jovem, que
 naquela época estourou em vendas.



TONY 28: Faustônico, vocês, apesar de 
terem produzido os mais variados
 gêneros para a Escala, jamais produ-
ziram HQs, por quê não acreditavam
 neste tipo de publicação?

FAUSTO: Os quadrinhos brasileiros, como 

dizia o HAMA... não tem consumidores...
mal  pagam o papel, a impresão
e o artista...

TONY 29: O Hama disse isso? 

Com todo respeito ao falecido, mas 
ele devia estar bêbado... Não posso 
acreditar. Taí Mauricio para desmentí-lo.
 E ele começou com o homem. 
Acho que ele falou sem pensar,
porque HQs de qualidade são viáveis
comercialmente, desde que tenham
 bons  desenhos e argumentos, preços
 acessíveis, boa tiragens, distribuição
bem feita e divulgação.

Mas, deixa pra lá... Diz o ditado que
 tudo que sobe um dia tem que descer...
  Os anos de ouro da Escala findaram e
 atualmente ela já não detém boa fatia 
do mercado como outrora.

 Depois que o sonho com a Escala
 acabou, você e seus filhos: Fábio
 (vulgo Nezinho), Flávio (vulgo Nezão), 
Hugo (vulgo Bó) e Carlos 
(vulgo Gordo) abriram diversas 
casas editoriais, eu acho, que
não obtiveram o mesmo êxito que
tiveram com a Ecala. Isto é normal
num mercado instável como o
 nosso, ainda mais com a tal crise
política e monetária pelas quais
passa o país, repleto de políticos
que só sabem roubar o dinheiro
público. Espero que a Lava Jato
 de um fim nessa corja...
De volta ao asunto... Além da Geek, que outras razões 
sociais vocês criaram?

FAUSTO: Tinha a Discovery... mas, 
atualmente só temos a Geek...






TONY 30: Algum tempo depois,
 a família descendente de japoneses 
voltou a atacar produzindo para
 a editora Minuano, mas não tinha
 o mesmo ímpeto de criatividade
 dos tempos da Escala. 
Nesta fase a maioria das edições
 eram produzidas pela própria família.
Poucos colaboradores, 
como Freddy Galan, Rivaldo
 Chinem e outros trabalhavam com
 vocês. Daí deduzi que, talvez,
a verba que vocês ontinham para
cada edição era menor
do que a do tempo da Escala,
resultando num "enxugamento"
de colaboradores.
Pergunto: Os preços pagos pela 
Minuano eram tão bons quanto 
os que a Escala?

FAUSTO: A Minuano  pagava de acordo 
com o mercado, você sabe como
a coisa funciona, Tony.






TONY 31: Há alguns anos atrás era Fábio 

Kataoka quem comandava a Escala
 Educacional. Depois disso, ele
 associou-se a Nilson Fiesta - 
dono da Minuano e ex-funcionário 
da Escala. Juntos fundaram a editora
 Discovery, especializada em livros 
culturais. Parece que seu filho,
 decidiu “voar sozinho”, porque 
vendeu as ações dele para o
 Nilson e decidiu lançar 
as edições pela Geek, correto?

FAUSTO: Realmente, ele vendeu a parte

dele da Dicovery para não ter discórdia.

TONY 32: Apesar de tudo, a família 

Kataoka pode se vangloriar por ter 
conseguido montar a maior infra-
estrutura para atender um editor de
 porte médio, para produzir revistas
 neste país... Parabéns.
 Quero saber: alguma frustração 
profissional?

FAUSTO: Não ter conseguido lançar 

um livro de peso pelo selo Dicovery...

TONY 33: Um sonho...

FAUSTO: Um dia fazer  um local só para
 juntar os bebuns que fazem quadrinhos.
 Rssss... adoro a turma.

Fausto, Nilson Fiesta (Minuano) e Carlos Mann

TONY 34: Time do coração...

FAUSTO: verdão!


TONY 35: Argh! Só da porco no pedaço...
Ah, ia me esquecendo, como,
 quando e por quê conheceu 
Paulo Paiva?

FAUSTO: Conheci o PP quando ele abriu 
a editora dele, Maciota... até hoje somos 
inseparáveis. Grande PP...




Com Waldir Amaral e Paiva - Memorial da América Latina
TONY 36: Também adoro o cara... 
E o nosso saudoso Toninho Duarte, 
como conheceu o Rei das Revistas 
de Atividades Infantis– criador
 também das revistas masculinas
 Hot Girls e Contos Excitantes, 
lançadas durante anos pela Noblet
 e que acabei assumindo por 
ser funcionário da casa...

FAUSTO: Conheci o saudoso Toninho na 
editora do Salvador Bentivengna, onde
 ele desenhava várias revistas infantis
 e também fazia figurinhas e embala-
gens etc... ele era pau para toda obra...
convivi com ele até a sua partida.

TONY 37: O mestre Antonio 
(Toninho) Duarte faleceu quando 
foi vítima de um assalto,
 que sofreu nas imediações de 
sua residência. Ao reagir, caiu e
bateu com cabeça na guia, 
pelo que ouvi.
 infelizmente perdemos um 
grande amigo e um profissional
de primeira. Vamos em frente,
grande guru do Oriente...

DeFarias, um dos grandes desenhistas
e artefinalistas da Disney, no Brasil,
 como e quando conheceu
 o personagem?
O cara é divertido a beça...

FAUSTO: Um dia fui visitar o PP e o Farias 
estava hospedado na casa dele. Foi lá que
 fui apresentado ao grande mestre. Rsss.

TONY 38: O cara desenha muito... 

 Você e seus filhos são exemplos vivo
de que é possível viver produzindo
revistas no Brasil... viveram bons e 
inesquecíveis momentos
no mercado editorial desse país.
Fizeram história. 
É interessante frisar que a Escala 
surgiu cresceu num período de crise
da econômia brasileira - pra variar -,
 nos anos 90. Isto prova que é nos 
momentos de crise é que precisamos
usar toda a nossa imaginação,
não ter medo e ser criativo.

Atualmente, esse mercado que
 sempre foi instável anda capengando
 ainda mais, salvo raras excessões (títulos).
Vocês foram e são vencedores, 
provaram que criatividade
em tempo de crise é a solução.
Parabéns pra você e toda a sua
família. Sou fã dessa garotada...

Grande guru do Oriente, existe 
alguma fórmula para alcançar o
 sucesso fazendo revistas no mundo
 atual, onde a alta tecnologia de ponta 
parece ameaçar a cada dia 
as publicações físicas?


Fausto, Paiva (PP) e DeFarias
FAUSTO: Acho que sim.... é preciso verificar 
bem o mercado editorial e atirar somente 
no que está dando resultado.

TONY 39: Como se diz por aí: 
Dinheiro é bom, mas
“Caixão não tem gaveta” e por isso
não levamos nada desse mundo.
O que importa é viver dignamente
e saber curtir o bons momentos
da vida. Portanto, a briga continua. 
 Eu e você, nós estamos em final
 de carreira. Já demos nossa
reles contribuição pro setor 
editorial tupiniquim
O resto, agora, é com a nova 
geração. Esperamos
que eles façam a parte deles e
não deixem a peteca cair.
As HQs jamais devem parar. 

 A satisfação que tivemos por trabalhar
com aquilo que adoramos e o prazer
 de estar ao lado dos amigos e outros
 entes queridos, não tem preço. 
Se você tivesse que recomeçar 
a vida, hoje, faria tudo outra vez?

FAUSTO: Ah, logicamente... 
não há preço que pague a vida
 que tive ou que tivemos. 
Realizamos tanta coisa...
 Encontrei amigos espetaculares.
 a melhor coisa na vida são as
 amizades... no final da carreira,
o que seria de você ou
 de mim se não tivéssemos
 boas e duradouras amizades?

TONY 40: Não há dívidas. Bons tempos

 aqueles da Noblet, que não voltam
mais.  Tivemos o prazer de conviver com: 
Militelo, Cortez, Ramirez, Reinaldo de
 Oliveira, Salvador Bentivegna, Wilson
 Hisamoto,  Wanderley Felipe, 
Pereira, Gilberto Firmino, Béri, 
Josete, Dona Janinie,
 Toni Duarte, Hamasaki, Davi,
 Jonas, Fukue, Eugênia 
Cecília Brasiliense, Dafne, Paula, 
Jorge e Ruy Takahashi, Ramirez, 
Shima, Robertinho, Frida,
 Hélio Porto, Aroldão (Dr. Morasa),
Roberto Kussumoto, Ataíde Braz.
Marcos Maldonado, Adelaide
Carraro, Primaggio, Alvaro
Niltin, Isaac Hunt,  e um monte
 de gente bacana e importante 
que aparecia por lá.
Nossa recepcionista predileta
era a Mary Help 
(Maria do Socorro).


Dr. Morasa (vulgo Dugui-Dugui), o japa, Farias e um amigo e eu
FAUSTO: em dúvida, quanta gente boa...

 TONY 41: Falou e disse tudo, 

my brother Fausto Sam. Obrigado, por 
seu depoimento, japa. Acabamos de 
registrar aqui mais um importante
 momento sobre a história das 
publicações no país 
e a incrível atuação que a
 família Kataoka teve
 ao longo dos anos.
 Que "O CHEFE", lá em cima, 
ilumine sempre seus caminhos, 
nobre amigo. E que Ele mantenha
 sempre este seu espírito brincalhão, 
apesar das agruras da vida
. Até a próxima.
A Batalha continua, Fausto Sam!
FUIIIII!!!!


Chinem, ex-editor e jornalita, o cartunista Mauricio Pestana e Faustolito


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