domingo, 8 de fevereiro de 2015

ENTREVISTA COM ED FERRARA, QUE TRABALHA PARA O EXTERIOR!



Devido a falta de oportunidade de trabalho no mercado
editorial nacional, que é quase nulo, muitos desenhistas 
brasileiros talentosos acabam descobrindo através da
Internet, ou através de outros meios, uma forma de 
realizar seus sonhos: fazer histórias em quadrinhos.
Assim muitos profissionais até então desconhecidos
em seu próprio país estão colaborando, cada vez mais,
com as editoras americanas e europeias. Desta feita 
nossas luzes estão focando um jovem talentoso que 
acabou de realizar um belo trabalho para uma das
grandes majors dos comics na terra do Tio Sam e 
que acabou de chegar da Feira de Quadrinhos de 
Nova Iorque. A seguir, vamos conhecer o trabalho
deste grande artista, o que pensa ele sobre o 
mercado nacional, e suas impressões sobre o
famoso evento que é realizado anualmente 
nos Estados Unidos. 
                           Curta e deguste mais este bate
                                       papo virtual com...
EDUARDO FERRARA
(ED FERRARA), UM ARTISTA
QUE TEM UM ESTILO
MARCANTE


Tony 1: Salve, grande  Edu! Bem vindo a este
blog que visa, antes de tudo, divulgar e promover grandes
talentos do passado e registrar uma gama de 
brasileiros talentosos que estão fazendo um trabalho
relevante em outros países, como Joe Bennet, Mike 
Deodato, Ivan Rodrigues Reis, Georgio Capelli Jr, 
Silvio Spotti, outros, e você. Está pronto para responder
as questões? Afinal, todos queremos saber mais 
sobre sua incrível trajetória profissional...

ED FERRARA:
Opa, é um prazer! Vamos lá!

Tony 2: Você nasceu em que dia, mês, ano, estado e cidade?

ED FERRARA:
Nasci em 29 de maio de 1968 em São Paulo, Capital.

Tony 3: Trabalhar para uma editora americana 
sempre foi um sonho? Antes de fazer HQs,
qual era sua profissão?

ED FERRARA:

Na verdade, trabalhar com HQ basicamente sempre 
foi meu sonho, não importando para quem fosse. Bem, progressivamente, como muitos da área fui sendo seduzido
e encantado pelo mercado americano, que sem dúvida,
é mais glamoroso do que qualquer um. Antes de ser um ilustrador profissional eu já havia trabalhado em pizzaria
onde eu fazia de tudo menos pizza, gerência de posto de gasolina e caixa de banco. Com certeza, não tenho 
a menor saudade desse tempo. Aprendi muita coisa, claro, principalmente a lidar com público, 
mas isso fica no passado.
   
Tony 4: Essas experiências de vida são ótimas, Ed.
E não são demérito algum. Antes de me tornar um
profissional da área também já fiz de tudo - engraxate,
vendedor de sorvete, vendedor de gibis na feira – 
onde também fazia carretos-, trabalhei numa de fábrica 
brinquedos, fui pedreiro, encanador, Office-boy, bancário etc.
E sempre agradeço a Deus que me deu coragem de
enfrentar as agruras da vida para criar minhas filhas. 
Ralei um bocado até conseguir entrar no ramo.
Mas, valeu! Aliás, tá valendo... Há quem diga, com 
propriedade, que a vida é uma escola. Mas tem 
gente que morre sem tirar o diploma, sem vivê-la 
em toda sua plenitude. Prosseguindo... 
Como você fez contato com os gringos? Foi via WEB?
ED FERRARA:
Não, não. Eu sempre procurei por meios físicos. Comecei a tentar uma vaga no mercado a partir de 1995, inicialmente através do então Estúdio Artcomics...





Tony 5: É o melhor caminho. Artcomics, do querido 
bengala brother Hélcio de Carvalho. Ele abriu a
Artcomics quando saiu da Abril... ao meu ver é 
um herói. Um dos primeiros a vender o trabalho
dos tupiniquins para o mercado externo, na
década de 90. Grande cara,
o Hélcio, um dos fundadores da Mythos editora... 

ED FERRARA:
 
Na Artcomics eu era uma espécie de estagiário, 
ficava fazendo páginas e mais páginas de teste 
sob a supervisão dos diretores do estúdio, passando 
até noites em claro por lá, como tantos outros
desenhistas contemporâneos meus que também
passaram por lá.

Tony 6: Noite e noites em claro... Cacilda! A coisa 
era um intensivão mesmo... Rsss...

ED FERRARA:
 
Após vários anos e contatos com outros estúdios 
agenciadores em 2007 tive finalmente uma 
oportunidade com um que me passou uma 
revista one shot de personagens infanto juvenis
para o Canadá. Tinha que fazer desenho
e arte final num prazo apertadíssimo.   
Felizmente dei conta e a coisa começou.

Tony 7:  É interessante... o Hélcio deu a largada inicial
e isso motivou a surgir outros agenciadores de artistas...
você teve que fazer um trabalho na “pauleira” para 
uma casa editorial Canadense... é isso aí, quem quer 
chegar lá tem que ralar. Nada é fácil. Diga-me, você
teve que fazer muitos testes para ter 
desenhos aprovados?

ED FERRARA:
Ah sim. Toneladas eu diria. O traço é algo que
evolui e adquire personalidade apenas com 
muito tempo de treino. É normal fazer muitas
páginas de teste e amostra até que alguém 
se volte para o seu trabalho e ache que você pode corresponder como profissional.

Tony 8: Haja paciência, né? Antes de realizar seu 
primeiro trabalho para os canadenses, você já havia
tentado o mercado interno? Teve experiências
profissionais por aqui?

ED FERRARA:
Ah, sim, naturalmente. É importante ressaltar
que mesmo antes de eu conseguir entrar no
mercado exterior, em 2007, 
eu já trabalhava na área desde 1989, como ilustrador e professor de desenho. Ou seja, já estava ralando
fazendo quadrinhos e ilustração pra editoras, 
agências de propaganda, jornais e 
aulas nas escolas aqui no Brasil a um bom tempo.
Acho uma incoerência achar que o foco de 
profissional se restrinja somente ao mercado exterior.

É preciso adquirir antes a experiência e 
maturidade profissional acima de tudo... isso 
compreende em lidar com a própria sobrevivência
poder  pagar contas etc. Trabalhar para os gringos, 
como eu disse antes, é bacana glamoroso, mas 
não é tudo. Eles são clientes como qualquer um
que vai pagar pelos seus serviços, não são 
ou piores. E é preciso saber lidar com o dia a dia
encarando não somente a parte artística, mas 
também a parte negociadora, saber vender o 
peixe e administrá-lo. Trabalhar com o exterior
é apenas uma parte do universo de desenhar.




HQs QUE APRECIAVA

 
Tony 9: Gostei da sua maturidade profissional... o que você
lia ou ainda lê em termos de quadrinhos

ED FERRARA:
Quando criança curtia o universo Disney, mais
propriamente as histórias produzidas 
pelos estúdios italianos.

Tony 10: Também adoro o traço da italianada. 
Para mim são melhores do que os americanos. 
Os desenhos são dinâmicos, sem desmerecer 
Barks e outros mestres...




ED FERRARA: 
Depois, na adolescência, consumia super- heróis
e quadrinhos europeus avidamente. Atualmente
ando mais chato pra consumir quadrinhos, não
coleciono mais títulos, procuro especificamente
por histórias com bons roteiros e artistas com 
os quais eu me identifique, independente da 
origem ou gênero do quadrinho.





Tony 11: Maturidade profissional. Tornou-se criterioso, 
isto é ótimo... Fez algum curso superior 
de arte ou é autodidata?

ED FERRARA:

Não tenho curso superior. Sou da geração 
que não existiam cursos acadêmicos que abrigassem 
arte sequência ou ilustração editorial. Fiz um curso 
de desenho técnico onde me aprofundei na área 
e acho que essa é que foi minha faculdade: fiquei
quase 4 anos lá. E ser autodidata também me 
embasou nesse caminho. É engraçado lembrar 
dos perrengues que eu e os outros profissionais contemporâneos passamos atrás de informação
e referências de quadrinhos naqueles tempos 
sem internet. Mas teve sua parte divertida também.

Tony 12: O que vale é o talento. Canudo, nessa
profissão não quer dizer nada. Tem muito nego 
com canudo que faz um trabalho de merda, essa 
é que é a verdade... Muitos artistas da área publicitária,
como Pedro Mauro Moreno, Salatiel, Beto e outras
feras que começaram nas HQs, acabaram migrando
para as agências onde militaram por vários anos. 
O Pedruka, inclusive, morou nos Estados Unidos e
agora está de volta ao Brasil e a ao mundo das HQs.
Atualmente o Pedruka está desenvolvendo uma HQ, 
de uma nova serie, para a Bonelli Comics, famosa 
editora italiana que há anos tem como carro-chefe 
o personagem Tex Willer, o último dos cowboys,
que sobrevive firme nas bancas há uma eternidade.
Pergunto: Você, que também vem de experiências 
anteriores com agências, optou mesmo pelos
quadrinhos, por quê?   

ED FERRARA:
Sim, tive experiência com as agências sim.
Fiz ilustras para campanhas e toneladas de 
story boards. Sempre foi na base do “é pra ontem!”. 
Passei noites e mais noites em claro.
Sempre adorei HQs.

Tony 14: Agência sempre foi pauleira... tudo é pra
ontem, mas os preços acabam compensando a corerria, 
apesar de ser um ritmo desgastante... a proposta financeira 
das majors americanas  da indústria dos quadrinhos 
deve ser animadora. Dá para dizer, quanto elas, em 
média, pagam por uma página bem elaborada, a lápis?

ED FERRARA:
Nem sempre pagam bem, Tony. Isso é muito relativo. 
Quando se é iniciante ou sem um nome consolidado 
se recebe propostas bem modestas, mesmo vindo
de grandes editoras. Algo em torno de 70 a US$ 100
por página desenhada. Algumas ainda oferecem isso 
pedindo também a arte final. Valores mais 
expressivos giram em torno de US$ 300.





 Tony 15: De fato, 100 dólares, pagos pelas grandes 
da América não é assim tanto dinheiro, para um
desenhista daquele país. Porém, para um artista
brasileiro é uma grana razoável, se compararmos 
os preços que alguns pagam por aqui (editores de
menor porte pagam R$ 60, 00 por página, “uma merreca”)... 
Ed, pelo que sei – segundo meus 
espiões camuflados, Rsss...
- você acabou de enviar seus originais para uma 
editora americana. Por qual editora vai sair este 
seu trabalho e qual é o título da série?
Ou será que estou equivocado?

ED FERRARA:
Totalmente mal informado, Tony, Seus espiões
não estão com nada... Rsss...

Tony 16: Acho que vou ter que despedir esses incompetentes... 
rsss... então, não aconteceu nada disso?
Conta pra gente a real...

ED FERRARA: 
Na verdade, fui na ComicCon de Nova Iorque,
em outubro. Fiz contatos com alguns editores 
onde deixei para cada um deles um impresso
encadernado com artes recentes. 
Não deixo mais originais com eles, mesmo
por que, no passado, não me devolviam essas
artes e eu ficava puto da vida. E infelizmente, 
no momento, ainda procuro manter contato
com eles por e-mail e continuo a enviar material, 
a ideia é vencê-los pelo cansaço. Entendeu?

Tony 17: Perfeitamente, meu querido Ed. Esses meus 
espiões camuflados de merda, são uns bundões... 
não dão uma dentro e me metem em cada fria... Rsss. 
Mas, a vida é assim mesmo. Há quem diga que as 
editoras gringas buscam mão de obra barata, pelo 
mundo afora. E, que os artistas americanos preferem
 trabalhar com animação, que é um trabalho bem mais 
remunerado do que as HQs.


Obviamente, que para um artista nacional o preço
pago por eles deve ser bem superior
a de qualquer editora tupiniquim de pequeno e médio
porte, correto? Mas, segundo alguns, a continuidade 
de trabalho para esses colaboradores de outros 
países  é incerta, pois depende muito do sucesso
alcançado que o título feito por eles venha a ter.
Ou seja, o sucesso de venda. Você tem alguma 
informação se isto tem, de fato, procedência?

ED FERRARA:
Quanto a artistas americanos migrarem para 
animação, sim, tenho conhecimento que alguns
vão trabalhar com story boards. Pagam bem,
sim, os animadores, pois animação é muito cara
mesmo. Mas já tive clientes nacionais que me
pagavam bem melhor... bem superior a 
determinadas editoras americanas.
Tudo é relativo, depende sempre com
quem você negocia.





Tony 18: Muitos desenhos animados deles foram e ainda são produzidos em outros países, você sabe sai mais barato... 
Você assinou um contrato por determinado tempo, 
para fazer uma serie especifica?

ED FERRARA:
Até o momento não peguei series, apenas edições com histórias fechadas. Mas, sim, geralmente, eu assino 
um contrato por job.

Tony 19: O material que você acabou de enviar ou 
levar para os Estados Unidos, qual era o 
formato dos originais?

ED FERRARA:
Quando eu envio o material é sempre proporcional 
ao formato gibi americano mesmo, usando a folha
física ou o template digital de 27 x 40 cm.

Tony 20: Ok. Uma edição elaborada e desenvolvida
por você, em geral,tem quantas páginas?

ED FERRARA:
 
Quando pego uma edição varia muito a 
quantidade de páginas, pois vai de acordo
com o roteiro que me passam. Já tive 
histórias de apenas uma página, 
ou de 22 e até 76 páginas.

Tony 21: Uma  página? Quem é o autor do roteiro?

ED FERRARA:
Quando são histórias de uma edição e de várias
editoras acaba sendo inúmeros autores. 
Infelizmente não conheço nenhum desses
escritores de HQs pessoalmente.

Tony 22: Em média, qual é o prazo que
lhe dão para executar um trabalho, Ed?

ED FERRARA:
Ahahaha...Essa é a parte mais hilária. Querem,
também, pra ontem... Mas tudo bem, a maioria 
é coerente e geralmente dão um prazo mais 
humano. Geralmente numa revista de 
22 páginas, onde desenho e artefinalizo dão
cerca de 45 dias, de prazo de entrega.






ED FERRARA:
Não tenho curso superior. Sou da geração 
que não existiam cursos acadêmicos que 
abrigassem arte sequência ou ilustração editorial.
Fiz um curso de desenho técnico onde me 
aprofundei na área e acho que essa é que foi 
minha faculdade: fiquei quase 4 anos lá. 
E ser autodidata também me embasou nesse caminho.
É engraçado lembrar dos perrengues que eu e os outros profissionais contemporâneos passamos atrás
de informação e referências de quadrinhos
naqueles tempos sem internet. Mas teve
sua parte divertida também.

Tony 23: O que vale é o talento, a criatividade.
Canudo, nessa profissão não quer dizer nada
Tem muito nego com canudo que faz um trabalho
de merda, essa é que é a verdade... 
Muitos artistas da área publicitária,
como Pedro Mauro Moreno, Salatiel, Beto, Getúlio
Delphim, Fernando Ikoma e outras
feras que começaram nas HQs, acabaram migrando
para as agências onde militaram por vários anos.
O Pedruka, inclusive, morou nos Estados Unidos 
e agora está de volta ao Brasil e a ao mundo das HQs.

Atualmente o Pedruka está desenvolvendo uma HQ, 
de uma nova serie, para a Bonelli Comics (2014), famosa 
editora italiana que há anos tem como carro-chefe
o personagem Tex Willer, o último dos cowboys,
que sobrevive firme nas bancas há uma eternidade.
Pergunto: Você, que também vem de
experiências anteriores com agências, 
optou mesmo pelos quadrinhos, por quê?   







Tony 24: Muitos desenhos animados deles foram e ainda são produzidos em outros países, você sabe sai mais barato... Você assinou um contrato por determinado tempo, para fazer uma serie especifica?

ED FERRARA:

Quanto a artistas americanos migrarem para 
animação, sim, tenho conhecimento que alguns 
vão trabalhar com story boards. Pagam bem, sim, 
os animadores, pois animação é
muito cara mesmo. Mas já tive clientes nacionais 
que me pagavam bem melhor... bem superior a
determinadas editoras americanas. 
Tudo é relativo, depende sempre
com quem você negocia.





ED FERRARA:
Quando são histórias de uma edição e de várias 
editoras acaba sendo inúmeros autores. Infelizmente não conheço nenhum desses escritores de HQs pessoalmente.



FASE BAIXO ASTRAL ACABOU
SENDO BENÉFICA

ED FERRARA:
Em relação a trabalhos estou meio parado por 
auto- imposição: passei um enorme período só
 fazendo projetos alheios, por isso decidi fazer os meus  próprios e em conjunto com mina esposa. 
Resolvi fazer isso após discordar da forma 
como meu agente estava lidando com a minha 
carreira. Foi uma fase muito delicada na minha 
vida, passei por conflitos pessoais e 
tive começo de depressão.

Tony: Há agenciadores que na ânsia de faturar alto acabam escravizando artistas, fechando contratos estressantes e 
com preços aviltantes, pelo que sei... é preciso “puxar o 
freio de mão”, nesses casos.

ED FERRARA: 
No meu caso, o resultado disso foi positivo: 
comecei a olhar para o meu trabalho de forma 
diferente e isso até levou a uma mudança no meu traço artístico.

Tony 21: Maravilha. Usou de bom senso. Trabalhar é ótimo, principalmente, quando se faz aquilo que gostamos. Porém, 
trabalhar de mais e aceitar qualquer proposta é lamentável...
muitos entram nessa dança e até acabam enfartando... tô fora... Rsss. Você recebe o roteiro vertido para o português, 
ou te, que se virar para traduzí-lo?

ED FERRARA:
A maioria das vezes é em inglês mesmo.


ENTREVISTADOR ATRAPALHADO

Tony 22: A Feira de Quadrinhos de San Diego é uma 
grande vitrine mundial onde são expostos trabalhos de
profissionais e anunciantes. Muitos brasileiros como Klébs 
Jr, e outras feras do traço, costumam participar dela e, 
pelo visto, fazem bons contatos que acabam gerando trabalho. 
Você acabou de participar dela, correto? 
Você foi para lá com a intenção
de fazer novos contatos? Exibir seu portfólio? 


ED FERRARA:
Errado, Tony... Feira de San Diego? Bebeu? Rsss... 
Participei da Comic Con de Nova Iorque em outubro
passado apenas como visitante, não tive um esquema
de ter uma mesa, mesmo porque foi minha primeira vez lá.
Fiz alguns contatos, deixei portfólios impressos, 
distribuí dezenas de cartões, mas isso 
não basta é preciso manter um contato 
mais direto e constante.
 O e-mail ajuda nesse caso.

Tony 23: Caraca! Perdoe-me, “pisei na bola”... Rssss.
Como foi participar de um evento tão importante sobre 
histórias em quadrinhos, quanto o de San Diego? Digo, 
Nova Iorque?  Foi lá pela primeira vez...

 
Eu nunca tive a oportunidade de estar na Comic 
Com de San Diego ou Nova Iorque , mas imagino que 
na Big Apple, devem aparecer desenhista do 
mundo todo, não é? Nesta sua jornada por lá, 
você teve oportunidade de contactar desenhistas
de outros países?

ED FERRARA:
Sim, deu sim. Conversei com vários, inclusive,
 até do Brasil, caramba!  Ahahahah...







Tony 25: Muitos autores tupiniquins já há algum tempo
 frequentam esses eventos na esperança de vender 
seu “peixe”... Deu para trocar ideias com gente famosa
como Jim, o japa, e Stan Lee, 
e outros grandes ícones da indústria 
americana dos comics?

ED FERRARA:


No meu caso, não. As filas para acesso a esses artistas estelares eram muito grandes e minha paciÊncia era proporcionalmente menor. Porém, me foquei em 
outros que apesar da majestade me deram grande
atenção, como Kevin Maguire, Michael Golden 
e Ben Caldwell.


Tony 26: Caras bacanas... Para voar até San Diego, segundo 
um amigo que esteve na por lá, ele teve que ir até Nova Iorque 
e pegar outro jato até a cidade onde acontece o evento. 
Haja bunda... Rssss. A América é enorme...  
Quantas horas de vôo teve que encarar até 
Nova Iorque?


ED FERRARA:

Tony:  A viagem, translados e acomodações 
foram por sua conta, ou por conta de algum editor? 
Quanto custa uma viagem dessa?


ED FERRARA:

Tudo foi pago pela poupança particular mesmo, 
nada de editor facilitando a vida. Acho que deu 
mais de 5 mil dólares.


Tony 27: Investiu bem em sua carreira... Pretendo ir a Big 
Apple o ano que vem, quando pretendo me aposentar.
Chega de HQs, publicidade, compromissos, encargos
sociais, dores de cabeça, blogs etc. 
Tudo isso é estressante e já trabalhei de mais. 
Prendo dar um “role” pelo mundo afora, para curtir. 
Já fiz a minha parte... além do mais, não posso morrer 
sem conhecer a ilha de Manhathan... Valeu a pena?
Deu para fazer bons contatos?


ED FERRARA:
Valeu muito, mas não por uma questão da Comic 
Con e sim pela experiência geral de conhecer
o planeta chamado Nova Iorque. Viajar abre
 imensamente os horizontes internos, 
voltei com muitas ideias.

Tony 28: Viajar é sempre bom. Conhecer outras culturas e
costumes é um ótimo aprendizado e de fato faz a gente 
“abrir a mente”...  Planos para o futuro?

ED FERRARA:
Lançar meu universo pessoal que já está em 
desenvolvimento a mais de 20 anos e outros
projetos com minha esposa que é escritora.


Tony 29: Demorou... Escritora? Sua esposa?  
 Que sensacional. Formam um par perfeito...
 parabéns. Um sonho, grande Ed?






ED FERRARA:

Que as pessoas gostem desses projetos
que estamos preparando. 


Tony 30: Aposto que todos já ficaram curiosos e, 
na certa, vão adorar. Seu estilo é marcante e maravilhoso.
Já vireis eu fã. Na certa será um grande projeto, aposto. 
Alguma frustração? Algum personagem famoso, 
em especial, que você um dia almeja poder desenhar?

ED FERRARA:
Frustração? Acho que não. Já fiquei muito 
chateado em não poder ter títulos famosos para
desenhar, mas sinto que minha verdadeira busca é o desenvolvimento próprio, poder controlar cada vez
mais meu traço e com isso expressar  todo
potencial que ainda quero compartilhar com todos. Independentemente se for desenhar um 
personagem famoso ou não. 

Tony 31: É isso aí. O importante é tornar palpável 
nossos sonhos e ideais... o resto é bobagem. 
Não dá pra levar as riquezas pro outro lado da vida.
 Caixão não tem gaveta. Digo sempre: 
É melhor morrer tentando realizar as coisas do que
 jamais ter tentado e acabar morrendo frustrado.  
Na verdade, o mundo é dos “doidos” - no bom sentido.
 Muita gente trabalha, por uma questão de sobrevivência, 
com aquilo que não gosta. Nesse mundo de capitalismo 
selvagem, onde o dinheiro é o deus, fala mais alto,
 tem muita gente que faz tudo pelo vil metal e 
acaba morrendo na frustração. Dinheiro é ótimo,
 mas tornar os sonhos realidades, para mim é primordial...

FERRARA:
Também acredito nisso.


Tony 32: Sabemos, todos, que as vendas do 
setor editorial mundial não são mais as mesmas 
depois das diversas opções de entreterimento
que a indústria tecnológica oferece. O estranho
é que eventos sobre HQs acontecem cada vez
mais por todo o planeta. Questiono:
As HQs impressas, na sua opinião, jamais 
deixarão de existir? Ou, em breve, existirão
apenas as edições virtuais?


ED FERRARA:
 Acredito que sempre haverá espaço para todos,
 como no caso do rádio que perdeu terreno pra 
TV e continua firme no espaço dele. É tudo uma 
questão de adaptação com as novas linguagens 
visuais que se apresentam para o futuro. E, sim, 
com certeza as edições virtuais já estão aí, as 
novas gerações de leitores estarão cada vez 
mais imersas na Internet. A coisa se popularizará 
cada vez mais nos próximos séculos.

Tony 33:  Dá para dar uma dica para a galera que 
sonha um dia poder colaborar com as casas 
editoriais da América? Você, pelo visto, 
tem know-how para isso, Ed...

ED FERRARA:
Almeje desenhar bem acima de tudo, antes 
de querer ser uma estrela no mercado exterior. 
Já vi muitos casos de artistas que só pensavam 
em mercado exterior e que produziam materiais “vazios”, cheios de pose e sem expressividade apenas pra
ficar parecido com o artista X ou Y... Isso é ilusão.
Isso não faz durar no mercado, não ganha carisma.
É preciso sinceridade consigo mesmo e querer 
fazer o melhor, um bom trabalho tem que transmitir
algo ao consumidor.  É preciso criar um vínculo 
com o leitor. Ah, sim, e treinar todo dia embasando-se profundamente em ARTE. Isso faz um artista abrir 
os olhos e ajuda a criar inúmeras possibilidades.

Tony 34: Gostei do que disse... Meu caro e 
querido bengala brother, grato por seu
depoimento esclarecedor. Desejo a 
você e sua esposa, 
de coração, muito sucesso. 
Algum e-mail, site ou fone para contato? 
A casa é sua, fique a vontade.


ED FERRARA:
Eu é que agradeço o espaço e poder falar um pouquinho
do meu trabalho, Tony!  Quem quiser me achar, pode
começar pelo meu site: 
 www.edferrara.com.br
Meu e-mail é:
edferrara@edferrara.com.br
E pelo Facebook, onde me encontra por Eduardo Ferrara. 
Ah, e se quiser adquirir meu Art Book é só me mandar 
um e-mail e passo os dados para a compra.


Tony 35: Devo confessar que adorei o seu traço, o 
seu trabalho é estiloso. Quem o vê jamais esquece.
Parabéns, mais uma vez.  Já sabe quem 
vai artefinalizá-lo?


ED FERRARA:

Muito obrigado, Tony. Gosto de artefinalizar 
meu próprio traço. Assim posso imprimir 
mais personalidade no produto final.


Tony 36: Você é mais um exemplo de luta e 
perseverança a ser seguido. Muita sorte, 
muito trabalho e dólares mis 
no bolso e até a próxima oportunidade, ..... 
Valeu, Ed!


ED FERRARA:

Mais uma vez eu é que agradeço, Tony! Sucesso 
pra ti, sempre acompanhei seu trabalho desde 
o legendário Fantastic Man. Curtia muito mesmo. 
abraço a você e todo mundo.

- Vamo Rabiscá!



Tony 37: Fantastic Man, meu velho super-herói... 
é incrível como até hoje a galera lembra dele...
publiquei poucas HQs dele... mas as aventuras
do homem do planeta Vulcano e sua parceira 
caíram no agrado da turma. Sou grato a
todos os amigos editores e artistas que 
colaboraram para que esse personagem 
fosse publicado. E, especialmente, a Deus, 
pela inspiração e aos leitores, é óbvio. 
Rabiscar é preciso, viver não é preciso... 



Grato, por se lembrar dele, Ed. 
E, muito sucesso.
Essa nova geração promete... nossas 
HQs ainda vão acontecer por aqui. Um dia...
nada é impossível. É preciso insistir. 
O lema de Walt Disney era: “Continuem! 
Não parem!” O homem estava certo, a 
coisa só pega na base da insistência, Ed.  
See you later, cowboy. Be well.





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