quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

ENTREVISTA COM LAUDO FERREIRA, DO ESTÚDIO BANDA DESENHADA!



O ano de 2011 terminou com boas novas para o 
quadrinho nacional – apesar de que nas bancas as 
HQs nacionais foram incipientes, pra variar, e as
vendas andaram capengando a cada dia. 
O que salva a classe é que nas bancas ainda reina
absolutamente a gloriosa Turma da Mônica do 
nosso querido, bengala brother e herói, 
Mauricio de Sousa.
Belas surpresas surgiram de produções independentes 
e até uma HQ nacional foi premiada e publicada
 nos States e pela Panini, no Brasil – Day Trypper, 
dos irmãos Fábio Moon e Gabriel Bá-, etc. 



Dentre estas agradáveis surpresas está a consagração
 em vendas de uma dupla genial, que há muito
 tempo está na batalha realizando belas obras 
de HQs e que até já fez por merecer um lugar 
de destaque na galeria nacional dos grandes
 artistas que militam no setor editorial brasileiro. 
Há mais de um ano venho acompanhando e
 observando o blog deles e confesso que já
me tornei fã dessa dupla dinâmica, 
na acepção da palavra.
E o ano de  2012, nós começamos com o pé direito.
Nosso entrevistado, desta feita, é desenhista 
e um roteirista hiper criativo.  Ele também é um 
dos fundadores do Estúdio Banda Desenhada
 e do já bem conhecido blog ...


Curta esse bate papo descontraído, sem viadagem,
 com um dos nossos mais criativos
 profissionais, o incrível...

LAUDO FERREIRA, 

O CRIADOR 

DE AS HISTÓRIAS

DO CLUBE DA ESQUINA, 

UM CAMPEÃO DE VENDA!


Tony 1 – Desde que criei esse blog e este
 nosso talkie show virtual só tenho tido alegrias.
 Me sinto um privilegiado em poder divulgar 
novos talentos, resgatar feras do passado,
 enfim, entrevistar gente que eu admiro. 
Bengala friend, Laudo Ferreira, desde que 
conheci o blog banda mamão e algumas 
edições do estúdio Banda Desenhada passei
 a ser fã de carteirinha de você e do seu sócio
 o grande Omar Viñole. É um prazer entrevistá-lo. 
Posso começar a saraivada de perguntas?
Está preparado?

Laudo: Sim. Sempre.

Tony 2 – Então, vamos em frente que atrás vem gente...
 seu nome completo é Laudo Ferreira Júnior 
e você nasceu no dia 8 de abril de 1964, 
na cidade litorânea de São Vicente,
 estado de São Paulo. Confere?  

Claudo: Correto. Caiçara.

Tony 3 – Você é o primeiro caiçara (nascido no litoral
 paulista) que entrevisto. Interessante...
 Como, quando e por que foi que você
 decidiu vir morar em São Paulo?

São Vicente - São Paulo
Laudo: Vivi em São Vicente até meus 14 anos, depois 
mudei-me para o interior, com meus pais, uma
cidade chamada Jaboticabal.  Lá vivi bons anos
 da adolescência, descobrindo muitas coisas
 primordiais para um jovem. Inclusive a arte.
Morei também, num período, em uma fazenda
de cana-de-açúcar perto de Olímpia, também
 interior de São Paulo, acho que quase três
 anos, onde tive outras experiências de 
aprendizado, aliás, coisas bem diferentes
 para um jovem de 18 anos acostumado com 
cidade. Só fui para São Paulo mesmo no
 início dos anos 90, já com a intenção de
 me profissionalizar como ilustrador. 
Na época já fazia quadrinhos, mas era 
uma outra coisa, muito, muito
 diferente da atual situação.

Vista áerea de Jaboticabal - interior de São Paulo

Tony 4 – São Vicente. Bela cidade e bela praia. 
Já morei no litoral. Jaboticabal eu conheço
 bem, também. Gozado, você saiu de uma cidade
 e foi morar no interior de São Paulo e, pelo
 visto, se adaptou. Eu sai dessa cidade grande 
e fui morar no litoral e confesso que não
 gostei do ritmo de vida das belas e pacatas
 cidades que temos nas praias, onde a
 agitação só acontece aos finais de semana 
e feriado. Acho que estou viciado com 
a correria de São Paulo city.
Mas, prosseguindo...  
Como surgiu esta sua paixão
 por quadrinhos? Dá pra explicar?

Laudo: Acredito que igual a todo mundo que gosta 
de ler, escrever e desenhar hq’s: de criança. 
Meu pai foi a primeira pessoa que me trouxe
os quadrinhos. Uma recordação muito boa,
 muito feliz que tenho, era de meu pai 
me levando a uma banca de jornal para
 comprar gibis. Lia muito Flash Gordon, 
Mandrake, Príncipe Valente, Recruta Zero, 
tinha uns gibis nacionais de aventuras e
 de guerra feitos pelo Rodolfo Zalla e Colonesse. 
Muita coisa. O curioso é que nunca li Disney.
 Nada. Não curtia mesmo. 
Até hoje em dia, não me interesso. 
Cheguei a ver algo do Carl Barks
 mais pelo interesse na obra do cara dentro
 dos personagens da Disney do que propriamente
 os personagens e universo deles em si.
            É difícil explicar o por que da paixão pelos
 quadrinhos. Não tenho essa didática. 
Essa interpretação. Nunca me interessei 
mesmo em saber. Gosto e me divirto.
 Adoro uma quantidade enorme de desenhistas,
 personagens e tudo. Embora o que realmente
 mexa com meu espírito seja a música. 
O desenho vai por outro caminho.

Tony 5 – Interessante esta sua postura... Sua carreira
 oficial profissional teve início em 1983, correto? 
Qual foi o seu primeiro trabalho que
 saiu impresso e por qual editora?

Laudo: Exato. Foi na Press Editorial através do 
senhor Franco De Rosa. Como costumo
 brincar, “meu primeiro homem nos quadrinhos”.
 Aprendi muito com ele, muito. Foi o primeiro 
profissional da área que viu
 meu material e me incentivou.

Tony 6 - O bengala brother, Franco de Rosa? 
Caramba! Quem poderia imaginar? 
Taí um cara guerreiro, empreendedor, 
um grande amigo, que sempre admirei.

Franco de Rosa e Kendi

Laudo: O primeiro trabalho foi uma hq feita 
sobre roteiro do Júlio Emílio Braz, 
uma hq erótica. Imagine, estrear numa revista 
profissional com um roteirista desse gabarito 
como é o Júlio Emílio. Claro que esse primeiro 
trabalho ficou extremamente sofrível,
 ruim mesmo. Mas enfim, foi um começo.

Tony 7 – Foi um começo e tanto, bengala Laudo! 
Começar com o Franco e Júlio Emílio Braz,
 isto é uma honra pra qualquer um. 
O Júlio é um dos melhores argumentistas 
de HQs que já conheci e é uma simpatia. 
Escreveu milhares de pockets books para 
a tecnoprint, dos mais variados gêneros, 
assim como o Tony Carson (outro fera)-, 
 assinando pseudônimos gringos e pouca
 gente sabe disso. Esses dois broterzões
 cariocas andam sumido... foi ótimo você 
citar o Júlio. Tenho ótimas lembranças dele... 
mas, prossiga...

Laudo: Não me recordo o nome da hq. 
Fui conhecer o Júlio Emílio pessoalmente, 
muitos, muitos anos depois quando ele já 
não estava mais trabalhando como roteirista
 de quadrinhos e sim como escritor de livros
 e eu já tinha aprendido 
um pouco do desenho.

Tony 6 – OK... Foi fácil entrar para o mercado editorial?

Laudo: No início, em 1983 só existia a 
Press Editorial para publicar quadrinhos,
 então foi uma boa chance. 
Durante muito tempo a coisa se limitou só 
na parte de ilustração. Não fico muito preso 
a coisas que já se foram. Sou completamente 
desapegado. As coisas, óbvio, sempre foram
 difíceis, mas no final das contas, sempre
 deram certo, então isso é o que vale. 
Veja, só com a Editora Rickdan, que
 publica a revista “Sexy” trabalhei dez
 anos quase, produzindo a série em
 quadrinhos da personagem Tianinha, 
além de fazer esporadicamente ilustrações,
 quer dizer, não posso me queixar não, 
por mais que, um momento ou outro, eu 
o tenha feito. O primordial, mestre Tony, 
é perseverança, acreditar muito no que você
 faz, na qualidade daquilo que você pode
 fazer e não importa mesmo se para
 muitos isso não tenha validade, o seu
 espaço de um modo ou de outro sempre 
acaba acontecendo. Falo isso com plena 
credibilidade, é o meu modo de vida, então 
não se trata de demagogismos 
baratos e brega.

As Melhores Aventuras de Tianinha
Tony 7 – Maciota e Press eram as editoras do PP 
(Paulo Paiva) e do Franco. Cheguei a visitá-los 
na época... Tianinha, agora me lembrei dela... 
era um trabalho legal, mas confesso que não 
sabia que aquelas HQs eram de voces. 
Foi uma grande sacada aproveitando o 
sucesso de Tiazinha – personagem sensual 
criada por Luciano Huck -, na TV, na época. 
Sabe, sempre acreditei que se Deus nos deu 
o dom da arte o espaço sempre acaba surgindo,
 basta correr atrás... Além da editora Globo,
 você também fez alguns trabalhos para a 
editora Escala, Abril e Peixes... que tipo de
 trabalho você fez para cada uma dessas 
famosas empresas editoriais nacionais?

 Laudo: Quadrinhos, ilustrações, cartuns/charges, 
coisas assim e para ser franco, não me recordo. 
Para Escala fiz três livros em quadrinhos, 
“A Revolução Russa”, “Inconfidência Mineira”
 e “Elogio da Loucura”, dentro de uma série 
de livros em quadrinhos educacionais. 
Mas fiz mais coisas no passado para essa
 editora, mas esses três, em especial, 
tenho um grande carinho.

A Revolução Russa

Tony 8 – Você tem uma bela bagagem profissional, 
coisa rara hoje em dia... Você escreve, desenha e
 o seu sócio faz a parte de cor. Ao meu ver, 
voces formaram uma dupla de criação perfeita. 
Como e quando foi que você conheceu o Omar 
Viñole – que pelo sobrenome deve
 ser descendente de espanhol?

Laudo e Omar Viñole
Laudo: Conheci o Omar em 1995 através de um 
amigo em comum, o Marcos Pereira, mais
 conhecido como Dark Marcos, roteirista de
 quadrinhos com quem fiz entre outras coisas,
 a série da Tianinha, além de um excelente
 pesquisador de hq’s. Ele nos apresentou e 
na ocasião começava a trabalhar no segundo 
álbum com adaptação de filme do Zé do 
Caixão (o primeiro saíra pela Nova Sampa 
no mesmo ano) e estava à procura de um
 arte-finalista para que o trabalho tivesse
 um melhor ritmo. Na época a arte-final do
 Omar já era muito boa e a afinidade foi
instantânea e após alguns testes com hq’s
 pornôs e de terror que vinha fazendo
 para a Editora Hamasaki (na época o 
Paulo Hamasaki tinha inúmeros projetos
 de publicação que infelizmente não vingaram), 
começamos à trabalhar juntos.

O Coelho Nero é uma criação de Omar Viñole



Tony 9 – Nova Sampa (editora do bengala brother
 Carlos Cazzamatta), Hamasaki... todos são
 grandes e velhos amigos... desculpe-me
 interompê-lo estupidamente, continue, 
grande mestre bengala Laudo...

           Laudo: O Omar é nascido em Portugal e 
tem ascendência sueca e italiana. 
Uma misturada.

Tony 10 – Então o bengala friend Omar Viñole é,
 digamos, um legítimo carcamano lisboeta (Rsss...). 
Legal... é brincaeirinha, Omar... relaxa... 
Quando e por que, vocês decidiram abrir o 
estúdio chamado Banda Desenhada? 
Qual era o principal objetivo? 
E qual era o endereço dele?

Omar e Laudo, uma dupla da pesada

Laudo: Em 1997. Quem deu esse nome fui eu:
na época em que abri empresa precisava de um
 nome e geralmente sou péssimo para 
batizar projetos e coisas assim. Estava com 
papelada pronta e só faltando o principal, 
o nome. Aí veio de uma hora para outra.
 Lembrei-me da ascendência do Omar, 
portuguesa e na época, minha esposa, que 
é atriz , estava em turnê em Portugal com 
um espetáculo de teatro e, de um autor de
 lá, clássico, o Gil Vicente. Não deu outra, 
de imediato pensei em Banda Desenhada,
 por ser o nome que se dá aos quadrinhos
 por lá e no geral, com exceção, claro, das
 pessoas ligadas a essa arte, muita 
gente desconhece, o que então soa um pouco 
diferente. No geral as pessoas associam à
 banda de música então fica algo como
 uma “banda desenhada” e pegou.

Omar Viñole, o mestre das cores, em ação
Tony 11 – Achei o nome ótimo, é marcante e, 
de fato, dá pra associar o nome do estúdio
 a banda musical e desenho, 
duas artes nobres...

           Laudo - O objetivo do estúdio é trabalhar 
com tudo ligado a desenho. Tudo claro, dentro
 de nossas possibilidades. Ilustrações, quadrinhos,
 etc., fazemos muitas ações em eventos corporativos 
fazendo caricaturas ao vivo, e por aí vai. 
Não há limite, desde que esteja dentro de 
nossas possibilidades, como disse, ou que 
julgamos dar conta do recado.

Tony 12 – Voces estão fazendo a coisa certa, também
 trilhei por esses caminhos, afinal, é impossível
 manter um estúdio (uma empresa) só com 
HQs no país... Durante o processo de criação
 de uma nova série – para elaborar o texto 
ou desenvolver personagens -, você e o 
Omar trocam ideias ou a coisa de
 criar é algo mais pessoal?

Tiras do blog Banda Mamão 



Laudo: No geral é pessoal. 
Sou ariano e meio centralizador. 
Geralmente as ideias partem de mim e vou conduzindo
o roteiro. Porém, óbvio que troco muita, muita ideia
 com o Omar. Quando fazíamos a série da Tianinha,
 por exemplo, muitas hq’s, situações vividas pela
 loira safada foi criada pelo Omar e depois 
convertida para roteiro pelo Dark Marcos ou 
mesmo por mim. O personagem Sr. Caramelo, 
mesmo sendo uma criação muito antiga e com 
conceito definido, quem batizou
 com esse nome foi ele.

Tony 13 – Legal, essa forma de trabalho. 
Fica bem democrático e todos acabam
participando de uma forma ou outra...
 a sinergia, entre voces, está perfeita...

Cartaz: Empolgações Culturais - Em
destaque: Café espacial e Yeshuah
 

Laudo: Há casos como o Yeshuah em que é 100% meu, 
pois esse trabalho está enraizado em experiências 
e concepções muito pessoais, porém, mesmo
 aí, há situações como, no primeiro volume, 
“Assim em cima, assim embaixo”, a participação
 dos magos foi proposta por ele. 
Inicialmente eu relutei, pois julgava que ficaria
 muito coisa de presépio, mas um pouco 
depois vislumbrei possibilidades interessantes
 e acabei criando toda uma seqüência para 
eles e que, ao meu ver, acabou se tornando 
um dos grandes pontos do primeiro volume. 
A participação deles na hq fez a diferença.

Tony 14 – Sem dúvida, li o primeiro volume e adorei. 
Já há alguns anos nasceu o novo quadrinho 
brasileiro, com vocês, essa nova geração de
 artista, que criam temas comuns – com 
personagens mais humanos como fazem 
os europeus. Essas novas séries são bem
 diferenciadas daquelas que eram produzidas 
pelo pessoal da minha geração que se limitava 
a criar super-heróis, HQs de terror ou 
ficção-científica, na cola dos quadrinhos 
feitos na América. 
Isto é ótimo, é inovador.



 Laudo: Vale ressaltar que mesmo sendo 
Yeshuah, uma obra muito pessoal, a parceria do 
Omar nesse trabalho, sua arte-final, 
uma parte técnica, é impregnada de uma
 qualidade estupenda e que não consigo 
imaginá-la de outro jeito. Mesmo eu 
também arte-finalizando meus quadrinhos, 
Yeshuah  no caso, sem o nanquim dele,
 perderia muito na qualidade. O trabalho 
primoroso dele com pincel, bico de pena
 e canetas é algo digno de ser estudado
 pelos futuros arte-finalistas de plantão, 
pois vale dizer que mesmo meu desenho 
sendo extremamente detalhado e super
 dermarcado, não deixando muita liberdade,
 faço-o muitas vezes sem pensar que há um
 arte-finalista e o Omar segue tudo 
isso com um talento inigualável.

Tony 15 – Também aprecio muito a qualidade das
 artes finais dele, o homem é fera, sabe o
 que faz, nasceu para o ramo, com certeza...

Laudo: É um grande honra tê-lo como parceiro 
nesse trabalho em especial.


Página de Yeshua




Tony 16 – Fizeram um “bando de dois”, genial (Rsss...).
 Digo, vocês têm muitas afinidades artísticas, 
estão em perfeita sintonia e é por isso
 que o trabalho flui numa boa... 
 O sócio também escreve ou fica
 só dando palpites (Rsss...)?

Laudo - Só nos palpites. 
Mas conversamos muito sobre
 o caminhar de um roteiro meu, trocamos
 ideias sobre possibilidades, conceitos usados
 e outras coisas. Muitas vezes o Omar
 vem com questionamentos e sugestões 
que agregam muita coisa.

Tony 17 – Na certa ele sabe analisar a coisa
 com olho clínico, Laudo. Isto é sensacional.
 O duro é quando a gente tem um sócio que
 só dá palpites inúteis, já tive alguns assim...
 prosseguindo... Invertendo as bolas... quando 
seu sócio está pintando, você também dá 
palpites nas cores ou fica 
calado para ver no que dá?

Laudo: Em alguns casos especiais, sim. 
Quando tenho
 uma concepção da tonalidade de uma hq 
ou algo assim. Por exemplo, quando produzimos
“Revolução Russa”, tive uma ideia para 
colorização dessa hq que remetesse aos antigos
 cartazes russos da época da revolução
 onde todos eram propositalmente avermelhados.
 Fiz um levantamento dessas artes e estudei
 isso com o Omar e aí ele aplicou na colorização. 
O Omar tem um profundo conhecimento de
 cores, portanto não discuto ou mesmo imponho
 algo, pois ele sabe perfeitamente o que e 
como fazer. Eu só dou meus pitacos para
 encrementar. Mas casos como o recente 
“Histórias do Clube da Esquina” não dei 
um palpite para cor, deixei tudo nas mãos dele.


Capa Histórias do Clube da Esquina

Página: Histórias do Clube da Esquina

Tony 18 - As cores de Clube da Esquina ficaram show, 
pelo que pude ver... Quantas pessoas
 trabalham no estúdio de vocês atualmente?

Laudo: O Estúdio Banda Desenhada é eu e o Omar. 
Eventualmente contamos com ajuda de terceiros,
 amigos profissionais que vêem colaborar 
com esse ou outro trabalho.

Tony 19 – Hmmm... na verdade vocês são uma
 “banda de dois” (Rsss...)... isso requer 
profissionais ecléticos, que vocês, na 
verdade, são... Você tem uma bela bagagem 
profissional, foi ilustrador de agências de 
publicidade onde desenhava storyboards, etc. 
Para quais agências você trabalhou, 
bengala friend?

Laudo - Beckerman, TemArt, Plano 1, DM9, Agnelo 
Pacheco, são algumas agências que trabalhei 
e trabalho ainda, além de clientes bacanas 
que tenho há anos, uma fidelidade mútua
como o banco Bradesco, Trend Operadora,
 entre alguns. Trabalho bastante, graças a Deus.

Tony 20 – Só gente da pesada, isto prova o quão
 profissionais você e o Osmar são. Maravilha... 
Figurinos e cenários para eventos, também
fazem parte do seu curriculum... explica pra
 gente, o que você fazia exatamente 
em cada uma dessas atividades?

Laudo no HQMix
Laudo: Sou uma pessoa que sempre me interessei 
por atividades artísticas fora o desenho em 
si, então, por exemplo, moda é algo que 
sempre me atraiu, embora não seja conhecedor 
de grifes, estilistas e tudo mais, mas o
 charme do vestir, tanto feminino quanto
 masculino é algo que ainda hoje me 
interesso e daí para se meter vez ou 
outra a desenhar figurinos para teatro, é
 um pulo, mesmo porque o fato de ser casado
 com uma atriz ajuda muito então, vez ou 
outra me vejo enfiado em alguma produção
 de espetáculo. O mesmo se aplica nos meus 
quadrinhos. Por exemplo, quem for ler minha
 versão para os quadrinhos de “Auto da Barca 
do Inferno” do Gil Vicente, irá ver que tive
 uma preocupação a mais com o figurino 
de cada personagem e que esse quesito 
inclusive é fundamental para 
a definição de cada um.


Auto da Barca do Inferno - Um livro de Gil
Vicente, que virou quadrinhos
Ilustração de Laudo para o zine Sonoridades Multiplas
Tony 21 – Acho que o vestuário dos personagens 
é um elemento muito importante para 
recompor uma época ou mostrar o status 
social, mas pouca gente (desenhistas) no 
Brasil se preocupa com isso. Na Europa os 
caras fazem tremendas pesquisas sobre 
vestuários para ambos os sexos. Levam a
 coisa a sério. Agora, ser casado com uma 
atriz deve ser muito legal, afinal, ambos
 falam a mesma linguagem. Pelo visto, 
vocês formam um casal interessante, 
com muitas afinidades...

 Laudo: Os cenários caminham por esse lado,
 porém pouco fiz. Acho que três ou quatro
 peças e alguns eventos. Mas a coisa do
 figurino não, fiz bastante, inclusive um 
período trabalhei junto a uma escola de 
samba de Diadema/SP, acho que foram uns
 quatro carnavais e foi antes de tudo um 
aprendizado, entender a coisa de como 
se cria desenhos para alas, como procede, o 
que é viável para ser feito o que não é.
Isso só acrescenta, só acrescenta.

Tony 22 – Sem dúvida, esta deve ter sido uma 
experiência e tanto.

Laudo: Conheço muita gente e de seguimentos mais
 variados possíveis, então, vez ou outra alguém
 bate o telefone para mim perguntando se me
interessaria em trabalhar para tal coisa, 
muitas vezes o dinheiro nem é tanto ou que 
cubra a trabalheira toda, mas o prazer de
 fazer vai junto, então tá tudo bem.

Tony 23 – Taí uma coisa que nos fascina: o prazer
 de realizar as coisas... também, as vezes, 
me apego a isso e depois me pergunto:
 “Como um sujeito assim, como eu, consegue 
viver num mundo onde o capitalismo é
 selvagem?” Mas, a grande verdade é que
 todos que mexem com arte fazem a coisa
 mais pelo prazer de fazer do que pelo
 dinheiro em si, é óbvio. Sofremos, todos, 
do mesmo mal, bengala friend... O mestre
 Omar Viñole também teve outras experiências 
profissionais antes de voces se associarem?

Charge de Laudo - Criança Esperança
Laudo: O Omar trabalhou mais ligado a seu
 campo de arte-finalista e colorista. Algumas
 agências que não me recordo o nome, alguns
 ilustradores que deram muita bagagem a ele.
 O Omar trabalhou um período também
 com a personagem Xuxinha, nesse período
 já tínhamos o estúdio armado e nossa parceria,
além de eventuais trabalhos que ele faz 
com outros desenhistas, como o recente
 “Orixás” lançado pela editora Nobel, 
onde ele trabalhou com o Caio Majado,
 desenhista e o roteirista Alex Mir.
 Apesar de nossa fiel parceria, temos um
 “casamento aberto”, senão 
a coisa fica chata...rs...

Tony 17 – Perfeito... C’est La vie, como diriam os
 franceses. O lema é viver e deixar viver... (Rsss...). 
 Voces, hoje, têm diversos trabalhos publicados 
e bem conhecidos do público-leitor. Esses projetos
 que vocês criaram e desenvolveram foram 
lançados por iniciativa própria, ou seja, de 
forma independente, ou vocês tiveram que 
ralar oferecendo essas criações batendo 
de porta em porta das editoras?

Laudo: Depende. No caso do Yeshuah, ralei muito, 
bati em muita, muita, muita porta. Escutei em 
algumas vezes, bobagens, coisas estúpidas do 
tamanho do edifício Copam, até que a coisa se 
resolveu quando a Devir se interessou em publicar.

Tony 18 – O pessoal da Devir tem a cabeça aberta à
 novos produtos editoriais... mas, infelizmente,
 ainda há muito editores com uma cabeça de
 merda e que só acreditam no que vem de  fora,
 lamentavelmente... 
Yeshuah é um projeto arrojado, diferenciado, 
por isso é que gostei. Estamos fartos da mesmice...

Páginas de Histórias do Clube da Esquina



Laudo: No geral, hoje em dia, são projetos 
desenvolvidos que corro atrás das possibilidades, 
com o “Histórias do Clube da Esquina” foi assim,
 com o “Auto da Barca do Inferno”, enfim, foram 
ideias que gostaria de fazer em hq’s e que 
editoras abraçaram e no caso do Clube da 
Esquina ainda tive a sorte de ter o projeto
 aprovado pelo ProAC. Mas já fiz independente,
 a mini-série “Depois da Meia-Noite”, nem 
cogitei apresentá-la para alguma editora, embora 
em sua concepção original, nos anos 90 tivesse
 algo para uma editora, mas tá longe, então
 deixa lá ou “Os Prazeres de Belinda”, 
lançada em 2005, senão me engano, que mesmo
 sendo uma publicação independente, 
consegui colocá-la em algumas bancas do 
interior e em outros estados e
 teve um ótima venda.

Tony 19 – Estamos vivendo uma era de 
novos empreendedores... 
em parte isto é ótimo, atualmente não dependemos 
mais das máfias editoriais, assim como os músicos 
em geral não dependem mais das majors do setor...
 esta é a era dos independentes. Mas, poucos 
obtém sucesso por esta estrada sinuosa, hoje 
em dia... mas acredito que a coisa tende a
 melhorar, com o tempo... (que os deuses 
me ouçam ...Rsss...). Diga-me, qual é sua
 opinião pessoal sobre os preços que os
 editores nacionais pagam, em geral? 
Bom? Razoável? Uma merda?

Cartaz do PROAC na Fnac

Laudo: Razoável. Porém, aquela 
pergunta de sempre:
”Dá para viver de quadrinhos ?”  Claro que no
 Brasil, ainda não. Porém, há um fator 
importante a se dizer, a se pensar, fazer 
histórias em quadrinhos dá muito trabalho, 
consome muito tempo, meses, dependendo 
da quantidade de páginas que o trabalho terá, 
então, em alguns casos, o preço que se paga
 é bacana, porém, não cobre o tempo que você
 irá dispensar para produção, daí, óbvio, o
desenhista precisará dispor 
de outras atividades
 dentro ou mesmo fora de sua área. 
Se em algum momento futuro, acontecer 
um verdadeiro, um real aquecimento de 
mercado, quem sabe as condições mudem,
principalmente a financeira, possibilitando 
que o artista possa única e exclusivamente 
se dedicar à produção de uma 
história em quadrinhos.

Tony 20 – Houve um tempo em que até dava
 para sobreviver de HQs, mas tínhamos que 
produzir aos quilos, para compensar a baixa 
remuneração de cada edição, daí a baixa 
qualidade do material que produzíamos. 
Sempre precisamos de uma remuneração
 melhor para manter um bom pique de
 qualidade e produção, mas ultimamente
 a coisa anda pior, pode acreditar... manter 
uma boa equipe, hoje em dia, com os preços
 vigentes, é praticamente impossível, se 
falando em HQs... O estúdio Banda Desenhada
 só produz HQs ou tem outras atividades?

Laudo: Não, trabalhos com todo seguimento de
 desenho, publicitário e editorial, inclusive 
eventos, onde, tanto eu como o Omar atuamos
 fazendo caricaturas ao vivo. Aliás, um 
seguimento bacana, que trouxe muito
 aprendizado, inclusive na
 postura profissional.


Yeshuah - Volume 2

21 – Já fiz muito isso também e tai um ótimo 
negócio rentável e legal de se fazer... 
Comprei a edição # 1 de Yeshuah e achei o 
trabalho genial. Seu estilo é marcante. Você 
fez uma nova versão pessoal da história de
 Jesus e ficou super interessante... Como e
 por que surgiu essa ideia de criar essa
 fantástica trilogia? Me fez lembar Cavalo de 
Tróia, um clássico de J.J.Benitez,
 apesar de não ter nada a ver.

Laudo: Primeiro, querido Tony, meu 
agradecimento 
pelas palavras a respeito do Yeshuah. 
Li há muitos anos atrás o 
“Operação Cavalo de Tróia”, mas 
não há influência, pela menos 
direta, desse trabalho.
 O que acontece que esse assunto sempre me 
foi pertinente e então em 2000 resolvi arregaçar
 as mangas e começar a trabalhar nesse projeto. 
A intenção desde o início foi contar a história 
de Jesus, primeiramente de um modo linear,
 de uma maneira que o leitor se embale na 
narrativa, pois geralmente as histórias em 
quadrinhos de Jesus são sempre blocadas, 
em pedaços, como são os próprios 
evangelhos canônicos.

Tony 22 – Com certeza. E tem um agravante, 
cada um dos apóstolos que escreveu a Bíblia 
tem uma concepção própria sobre a vida do 
suposto filho do Criador Supremo. 
Pra dizer a verdade, sempre achei que os 
evangelhos se perdem um pouco para 
narrar a fantástica história e que há 
discrepâncias entre estes, apesar da boa 
mensagem e os bons preceitos de vida. 
Mas, o tema é apaixonante, se tirarmos 
o lado religioso da coisa.

Laudo: A outra questão é que 
sou uma pessoa muito 
espiritualizada, com práticas e raciocínios
 dentro de vários seguimentos entre eles,
 o budismo, o hinduismo, a alquimia, teosofia, 
muito inclusive, o espiritismo e o xamanismo 
e, tudo, na verdade, converge para uma única 
coisa dentro da fé, do amor e da ação
 pessoal dentro desse plano. Daí a ideia
 é transformar tudo isso, afunilar, dentro
da história de Jesus, pois sua mensagem
 é ampla, universal e extrapola os dogmas
 católicos, a igreja e tudo que se aglutina aí.

Modern Sex - Por Laudo 



23 - Concordo plenamente. O que vale, de fato, é 
a mensagem de paz e amor, que também foram
 proferidas por outros sábios do passado...
 talvez este mundo utópico jamais poderá 
existir neste planeta – afinal, a paz não interessa 
aos poderosos-, mas este seria o caminho
 perfeito para que a humanidade prosseguisse 
numa trilha evolutiva e, não, destrutiva como 
podemos observar no presente. 
De que vale toda esta evolução tecnológica, 
se estamos agindo cada vez mais de forma
 selvagem e desumana? 
Somente freqüentar seitas e religiões não basta 
é preciso praticar o bem em nosso dia a dia.

 Laudo: Na verdade trata-se de 
uma história espiritual,
 uma saga espiritualista, mais do que uma 
versão humanizada da história de Jesus, 
como muito se comentou. Não nego isso,
 de jeito algum, porém a questão principal,
 quando se mostra um Jesus “mais humano” 
é justamente para mostrar que tudo que
 ele trouxe dentro dessa sua “versão” em 
carne e osso é intrinsicamente nosso e nada
 do que ele mostrou e disse não deve ser 
encarado como reverência e sim como uma 
possibilidade, uma atitude
 que é nossa também, pois faz parte, 
como todos nós da lei universal.
 Yeshuah, ao contrário do se que pensou 
quando lançado em 2009, não quer criar 
polêmica, quer simplesmente e aí já muita 
pretensão minha, juntar as mãos de todos 
os seguimentos religiosos que citam 
e mesmo até, não citam Jesus, pois mais
 importante que a figura de Jesus em si é o
 ato de amor que ele trouxe. Então é bobo, 
tolo, pensar se ele era assim ou assado, 
se ele foi casado com Maria Madalena, se 
existiu ou não. Não importa. Não importa 
discutir se Deus existe, se é um velho
 barbudo, se é uma energia criadora, o que
 realmente importa é a pureza, justiça e 
amor no coração de todos. O resto é conversa 
fiada para a gente se debater por aí, para 
alimentarmos nossa raiva primal. 
Enfim, Yeshuah caminha dentro dessas 
perspectivas e nela caminho
 para sua finalização agora.

Tony 24 – Temos o mesmo ponto de vista. 
Adorei sua explanação, bengala brother... 
sua lucidez é total. Vou aguardar ansiosamente 
a conclusão dessa série, com certeza (Rsss...).
Tony 25 – A trilogia de Yeshuah, os
 três tomos já foram lançados?


Miauzinho - Por Laudo

Yeshuah - Volume 2
Laudo: Não. No momento trabalho no último 
volume que irei lançar no 
segundo semestre de 2012.

 Tony 22 – Aposto que vai valer a pena esperar... 
Que outros títulos de HQs, voces já publicaram? 
Fale-me a respeito deles...

Laudo: Tem bastante coisa ao longo do meu 
tempo nos quadrinhos e de minha parceria 
com o Omar. Há alguns trabalhos em
 especial que gosto bastante. 
 “Depois da Meia-Noite”, uma mini-série 
lançada de forma independente em 2007,
 que teve um bom retorno de vendas, de
 crítica, chegando inclusive a ganhar um 
HQ Mix. A série da personagem Tianinha
 para uma publicação derivada da revista
 “Sexy”, foram nove anos todos os meses
 com uma grande quantidade de fãs.
 Algumas edições especiais que lançamos
 em 2005, por exemplo, venderam muito,
 muito, muito, além da Tianinha em si ter 
virado um ícone. Eu aprendi muito com a 
produção desta série ao longo dos nove 
anos que ela existiu. “Subversivos:
 Companheiro Germano” que fiz em parceria
 com o roteirista André Diniz e lançado
 pela Editora Nona Arte em 2000, foi um 
embrião para uma linha de desenho que 
faço até hoje e abriu minha cabeça para 
essa questão do traço. “Revolução Russa” 
e “Elogio da Loucura” feitas para Escala 
Educacional, trabalhos encomendados que
trabalhei com a vitalidade e o tesão como 
se fosse algo autoral. Recentemente, 
a adaptação de “Auto da Barca do Inferno”.

Tony 23 – Esse tesão, que você citou é importante, 
ele faz a coisa fluir normalmente, com força,
 com garra... ele só brota em quem, de
 fato, adora aquilo que está fazendo.

Laudo: Muita coisa fiz e em cada uma, na 
realidade, há um período de descobertas,
aprendizado e diversão.

Tony 23 – Somos, todos, eternos aprendizes, 
até a morte, esta é que é a verdade (Rsss...),
 e acredito piamente que esta sabedoria 
adquirida nesta orbe deve ter aproveitamento 
num plano superior. Ela não pode ser em vão... 
 Histórias do Clube da Esquina, o mais recente
 lançamento da dupla, pela Devir, este ano,
 foi apontado pela Livraria da Folha como a
 obra mais vendida do ano. O trabalho de
 voces desbancou o quadrinista inglês Neil 
Gaiman – Sandman Edição Definitiva
 (da Panini Books)-, que até então era 
o campeão de venda. 
Isto foi motivo de orgulho para todos nós
 produtores brasileiros. Meus parabéns.
 Para vocês, criativos bengalas friends, isto 
também foi uma surpresa? Na sua opinião, 
o que isto representa? 
O perfil do leitor nacional está mudando?

Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel

Laudo: Quando a Livraria da Folha levou isso 
a público, foi uma surpresa geral, e para mim
 também, embora já soubesse que havia sido
 o livro da editora que mais havia vendido.
 Já tinha tido uma premissa quando estive
 participando do FIQ em Belo Horizonte,
 pois no sábado quando cheguei lá para fazer
 uma sessão de autógrafos no domingo, já
 não existia mais exemplares para venda 
nas livrarias que lá tinham stand.

Tony 24 – Não sabia disso, mas isso foi um bom sinal...

 Laudo: Tirando a questão pessoal, a alegria pelo 
sucesso do trabalho, acho que isso veio coroar 
uma ano em que o Quadrinho Nacional
deu seu salto, mostrando que há possibilidades, 
que há público para isso e o principal, público
 diferente daquele habitual “leitor de quadrinhos”. 
A prova disso inclusive está nos compradores 
do “Histórias do Clube da Esquina”, que
 provavelmente uma boa parte não deve 
ser leitores habituais. Mas isso já vem 
ocorrendo também com muitos outros 
trabalhos como “Bando de Dois” do Danilo 
Beyruth, por exemplo, que chegou à sua 3ª edição.

Texto: "Não precisamos falar a mesma
 língua para sermos iguais."


Tony 25: Pelo visto, as livrarias estão 
formando um novo público...

 Laudo: O quadrinho nacional hoje tem seu 
habitat nas livrarias. O público mudou e está 
mudando. Particularmente, sempre acreditei 
que esse era o caminho para o autor brasileiro, 
claro, sem algo radical, mas o possível
 admirador/leitor do produto brasileiro
 eu sempre enxerguei com maiores possibilidades 
de se encontrar numa livraria do que em
 uma banca de jornal. Digo isso sem querer 
elitizar, nada disso. 
Algo que já era comum fora do Brasil.



Tony 24 – Sim, na verdade, na Europa a coisa
 seguiu esta linha... ou seja, na contra-mão
 do setor editorial americano, que ao tentar
 seguir por este caminho se deu mal... 
Eu ainda não li Clube da Esquina, mas um
 amigo leu e me disse que tem um certo
 ar de documentário, num sensacional resgate 
histórico desse importante movimento 
musical mineiro do qual também participaram t
alentosos músicos e compositores, como:
 Milton Nascimento, Lô Borges, Toninho
 Horta, Beto Guedes e outros bambas da
 Música Popular Brasileira. Pergunto: 
Como foi que surgiu a ideia de quadrinizar 
este importante período da nossa música?

O estilo marcante de Laudo e a ótima arte final de Viñole

Laudo: Inicialmente a ideia seria contar quatro 
momentos importantes para história
 da música brasileira:
 Secos e Molhados, o show “Falso Brilhante” 
da Elis Regina que foi um divisor de águas 
na época para carreira dela e para a própria 
música brasileira, o rock nacional dos anos 
70 e o Clube da Esquina. O projeto já tinha 
tido uma conversa inicial com uma editora
 que trabalha com uma revista de 
entretenimento e celebridades e esses
 quatro momentos viriam como brindes 
em quatro edições. Mas um amigo meu 
que trabalha com captação de recursos 
e produção de teatro jogou um balde de 
água fria me dizendo do tremendo trabalho 
que seria para lidar com várias questões 
envolvendo direitos autorais, uso
 de imagens e tudo mais. 
O que ele estava absolutamente correto.
 A própria editora na época não se manifestou
 com entusiasmo para lidar com essas
 questões. Porém mantive o Clube da 
Esquina dentro desta perspectiva de criar 
uma hq, para fazer uma homenagem à esses
 caras, Milton, Lô, Beto Guedes, Toninho 
Horta, Wagner Tiso, enfim, todos esses caras 
que foram muito importantes para uma
 geração do qual eu faço parte. 
Mantive o projeto meio engavetado, porém,
 nessas situações que o universo conspiram
 a favor acabei conhecendo o fotógrafo
 Juvenal Pereira, vizinho meu aqui do
 bairro Pompéia/SP onde moro. 
 O Juvenal é amigo pessoal do Milton e 
de toda a turma e participou do
 antológico disco “Clube da Esquina” de 
1972 fotografando o pessoal que aparece no
 encarte do disco. Na ocasião, comentei sobre
 esse meu projeto e ele afirmou que o
 pessoal iria curtir essa ideia, pois além 
da questão da homenagem, todos 
curtiam quadrinhos. Daí pra frente ele me 
apresentou ao Marcio Borges, irmão do Lô e 
parceiro do Milton e presidente do Museu 
Clube da Esquina que abraçou com 
tremendo carinho a proposta, dando total 
liberdade para eu produzir o material.

Tony 25 – Sempre acreditei que o destino,
 as vezes, conspira a nosso favor, principalmente, 
quando a gente põe na cabeça que os nossos 
sonhos vão virar realidade. Certa feita li um 
escritor americano que dizia algo mais ou
 menos assim: “Os grandes realizadores
 são aqueles que sonham acordado”. 
 Nada pode nos deter quando desejamos 
algo ardentemente. Creio que isso é um 
poder mental que temos, latente, e que 
muitos não sabem utilizá-lo 
a seu favor.  Continue...    

Vale quanto?
Laudo: Inicialmente em 2007, se não me engano, 
produzi 15 páginas para o site do Museu 
Clube da Esquina. Essas primeiras hq’s tiveram
 um grande sucesso de público, tanto fãs de
 música e do Clube da Esquina, quanto do
 pessoal de quadrinhos. Depois disso entrei 
em outros projetos, entre eles a trilogia
Yeshuah e depois em 2009 durante
 uma amostra sobre o Clube da Esquina que 
ocorreu aqui no Sesc Pinheiros em São Paulo
é que fui procurar o pessoal do Museu, a 
Claudia Brandão, esposa do Marcio Borges 
e o próprio para lhes propor a ideia de se
 produzir um livro compilando esse 
material feito para o site e material inédito. 
De novo, eles abraçaram a ideia, dando
 total liberdade na produção do mesmo.
 É importante dizer que todo o pessoal 
ligado ao Museu Clube da Esquina e
 principalmente o Márcio Borges, deram 
total, absoluta liberdade para produção 
deste trabalho. Não houve um item sequer que
 eles pediram para alterar e isso, claro, foi 
algo fantástico, se pensar que eu estava lidando
 com figuras com seus nomes escritos 
no livro da cultura nacional.

 Tony 26 – Essa galera é cabeça e a reação deles, 
obviamente, não poderia ser outra... Você, pelo 
que me informaram, inscreveu Clube da 
Esquina no PROAC (Programa de Ação 
Cultural da Secretaria de Cultura do 
Estado de São Paulo), isto é certo? 
Quando ele foi aprovado? 
Qual foi a verba que eles liberaram 
pra vocês e qual foi a tiragem?

Laudo: Exato. O “Histórias do Clube da Esquina”
foi inscrito e aprovado no ProAC de 2010 com 
a verba de 25 mil reais o qual eles vem 
pagando desde o primeiro de 2008 
para os aprovados.
 O livro saiu com uma tiragem de 3 mil 
exemplares, que pelo que parece 
está quase esgotada.

Tony 27 – Beleza pura... Eu curti muito e ainda
 curto as músicas desses caras. 
Você também já os admirava? Era fã deles?

Laudo: Como disse, eles marcaram muito minha 
adolescência, de uma maneira muito forte. 
Começou com a música do Milton e depois 
estendeu para o resto da turma.



Tony 27 – Exato. Atualmente, o mercado editorial
 brasileiro deu uma virada de 180 graus.
 Apesar de nos últimos anos terem surgido
 inúmeras publicações de HQs independentes, 
quase nada se vende nas bancas e a distribuição –
 que sempre foi caótica -, esta cada vez 
pior, apesar da nossa economia estar bombando. 
Você sabe... recentemente a DC reformulou
 seus personagens e lançou Liga da Justiça 
que alcançou uma venda mirabolante por lá, 
apesar da América estar em crise. 
Na sua opinião, o que está acontecendo 
com o mercado brasileiro?

Laudo: Vamos lá... primeiramente não me julgo a
pessoa mais certa para dar uma panorama
 do mercado editorial brasileiro, assim
 como do momento das Histórias em 
Quadrinhos nacionais, mas vou tentar 
dar meu parecer.  
Na verdade, 2011 foi um parto de algo 
que vinha se formatando há uns
 três anos aproximadamente.

Tony 28 – Com certeza...

Laudo: Eu, sempre julguei que o caminho para
 o quadrinho brasileiro estava nas livrarias, 
como disse anteriormente. Não por questões
 de elitizar os quadrinhos nacionais, pelo
 contrário, não é assim que penso, mas
 porque enxergava e o tempo parece estar 
mostrando, que o provável público que se
 interessaria pela criação brasileira estaria
 nas livrarias, primeiramente por serem
 mais abertos às novidades, a novas
 possibilidades de leitura, segundo porque 
não possuem o terrível velho hábito de leitura
 de quadrinhos americanos, de super-heróis,
 coisa que muita gente aí, leitor de banca
 tem e esse hábito gera comparações e 
geralmente negativas aos nossos quadrinhos.

Tony 29 – Não há como discordar desta 
sua análise ela foi perfeita.

 Laudo: É óbvio que não existe parâmetro 
para se comparar a linha de super-heróis com 
o nosso pensar de produzir quadrinhos.
 Trata-se de outro tempo, outra perspectiva,
 enfim, outra forma de se fazer hq’s.

Tony 30 – Tenho acompanhado isso.

 Laudo: O que está se publicando de material 
nacional nos últimos cinco anos vem
 mostrando isso. 
Então, o público da livraria está mais
 aberto a isso e aceita sem preconceito, 
sem achar menor o material nacional. 
Mesmo o material alternativo mudou sua 
forma de produção e distribuição, vem se 
estruturando, solidificando e principalmente
 se fazendo presente. Atitudes como do
 coletivo 4º Mundo foi o pontapé inicial 
para muita coisa que hoje 
está se formatando.



Tony 31 – Também acho que o movimento chamado
 Quarto Mundo foi e esta sendo ainda de 
vital importância para a implantação 
dessa nova linha de HQs.

     Laudo: Claro que isso não quer dizer que já
tenhamos chegado lá. De modo algum. 
Há muita coisa pela frente, porém o que 
já despontou aí, parece não ter retrocesso.

Tony 32 - E isto é ótimo!

 Laudo: Veja, em 2005 quando uma edição 
especial da Tianinha vendeu algo em torno
 de 25 mil exemplares e no ano seguinte, 
mais duas edições venderam 13 mil cada,
 posteriormente, em 2009, quando “7 Vidas” 
do André Diniz em dois meses teve sua
 segunda reedição, isso por si, já vinha 
mostrando que algo estava se esboçando
 e que em 2011 começou a se consolidar.
 De repente o público leitor descobriu o
 quanto legal é a produção nacional e 
seus autores. Obras como “Day Tripper” 
dos gêmeos, “Bando de Dois” do Danilo
Beyruth, “Um Sábado Qualquer” do 
Carlos Ruas, sucesso na Internet e sucesso
 de vendas em sua versão impressa, fora
 muitos outros casos que, se não venderam 
aquilo tanto para se ter mais reedições, 
tiveram um considerável número de 
vendas e por fim, “Histórias do Clube 
da Esquina” que sinceramente 
falando surpreendeu até a mim.

Tony 33 – Sem dúvida, voces, digamos, formaram 
ou descobriram um novo nicho de leitores, 
gente avêsso aos super-heróis ou ao quadrinho
convencional e disposta a ler novas propostas 
e não as mesmices impostas pelo material 
Made in América. Isto é salutar... 



 Laudo: Há que se dar um crédito para este
 momento que estamos vivendo, julgo injusto 
apontar esse ou aquele problema, como se
 aquilo fosse fazer ruir a coisa toda. Essa nova
 geração de autores que apareceram nos 
últimos tempos, como o Danilo Beyruth, 
Rafael Coutinho, Grampá, Eduardo Medeiros, 
Lu e Vitor Gaffagi entre tantos, além do 
talento indiscutível, possuem algo extremamente
 importante e talvez o principal: não lastimam
 o quadrinho nacional, simplesmente produzem,
 fazem e o fazem muitíssimo bem. 
Eu mesmo, tive contemporâneos que ainda
 hoje choram, choram, reclamam e isso 
se na nossa vida pessoal, não leva à 
caminho algum, na criação e produção de
 quadrinhos menos ainda. Posso até estar 
com uma postura positiva demais, pode até 
ser, mas, se eu não der crédito e confiar, 
para que continuar a fazer?
 Só para reclamar?

Tony 28 – Concordo contigo: Só reclamar, se 
lamentar, não adianta é  preciso agir, fazer
 alguma coisa. E também acho que os dois
 tipos de mídia podem viver numa
 boa paralelamente.
 Quando você cita esses “contemporâneos 
que choram”, até dá para entender porque 
essas criaturas choram. Veja, o meu caso,
eu venho de uma época em que as HQs 
vendiam muito nas bancas. Alguns produtos 
chegavam a vender até 70% de uma boa tiragem. 
Hoje, você coloca 10 ou 20 mil exemplares –
 isso quando o distribuidor permite -, para 
vender 10 a 15%. Isto não paga 
nem o custo gráfico.
 Fica inviável manter um produto editorial 
ou pagar descentemente um profissional. 
A verdade é que o mundo mudou, após a 
era da informática, da cibernética. Enfim, 
éramos felizes e não sabíamos. Ao meu
 ver, o mercado hoje se tornou incipiente, 
apesar desses novos lançamentos nas livrarias
 dessa nova geração, que conquistou novos
 leitores. Isto foi ótimo, mas, veja, é 
impossível, nós editores, criarmos condições
 descentes para os profissionais do ramo, 
que sonham em viver de sua arte. 
Daí as lamentações, é óbvio. Mas, para 
quem não viveu o que a minha geração viveu e 
presenciou nem tem noção de como era
 maravilhoso este mercado. Houve um tempo
 em que vivíamos de HQs no Brasil. Estamos,
 na verdade, enveredando pela mesma trilha
 dos quadrinhos belgas onde a maioria das
 pequenas tiragens, a preços elevados 
(álbuns de luxo) sempre foram destinadas às
 livrarias, a pequenos nichos de leitores. 
Casos excepcionais, como: Tintim, Asterix,
 etc, se sobressaíram de milhares de títulos
 lançados por eles e chegaram a vender 
milhares de exemplares. Eu até acredito 
que alguns desses novos títulos nacionais 
lançados nas livrarias, por vocês, possam 
se sobressair como aconteceu com Asterix.
 Tomara. Mas, creio que isso ainda vai levar
 um bom tempo, afinal, ao meu ver, vocês
 deram o pontapé inicial, que foi válido.
 Tudo vai depender do que acontecerá
 na sequência. Só me resta torcer por vocês,
 novos e intrépidos guerreiros. Agora, é
 inegável que esse novo quadrinho nacional 
se tornou elitista, visto que o povo jamais 
vai poder ter acesso a eles, pois nem sequer
 frequentam livrarias, infelizmente. 
Mas, não sou contra o que vocês estão
 conquistando, só acho que o produto
 popular não deve morrer e que é somente
 através dele que podemos consolidar e 
ter um campo de trabalho sólido, decente. 
Na Europa, enquanto a maioria dos 
editores se dedicavam aos álbuns luxuosos
 elitistas os Bonellis correram contra a maré
 lançando gibis populares, como Tex, 
e se deram bem. O próprio Hugo Pratt, que
 trabalhava com os editores elitistas, certa 
feita declarou que o Bonelli seguia a linha
 correta: a popular. Hoje, a Bonelli 
Comics é uma potência e mantém um staff
 de profissionais muito bem pagos,
 apesar das vendas terem diminuído 
consideravelmente por todo o mundo.
 Acredito que as duas linhas editoriais
 (sofisticada e popular) são viáveis paralelamente. 
Prosseguindo... Webcomics, hoje, é uma
 realidade mundo afora. Essa nova geração 
está curtindo cada vez mais HQs pelos 
seus tablets e IPads. As webcomics, 
elas ameaçam as publicações impressas?


Laudo: De maneira nenhuma. 
Eu acredito serem apenas
 mídias diferentes com seus 
encantos próprios.

Tony 29 – Um sonho?

Laudo: Não fico alimentando coisas. 
Procuro viver um dia após o outro.
 Mas, viver, como já vivo, de minha arte, 
cada vez mais com minha criação nos 
quadrinhos do que apenas como ilustrador.

Tony 30 – É uma vitória, não há dúvida. 
Somos privilegiados... Alguma frustração?

Laudo: Devo ter tido muitas, mas não alimento
 coisas passadas. Excesso de mágoa gera doença.

Tony 31 – Todos nós, com certeza (Rsss...). 
Mas a sabedoria é saber superá-las, esquecê-las
 ou tomar elas como lição...
 Projetos para o futuro?

Laudo: No momento a única e exclusivamente 
 é a terceira e última parte do Yeshuah. 
Obviamente existem outras coisas meio armadas,
 porém vamos no que já está aí.



David Escarlate - Mais uma criação da dupla
Tony 32 – Ficaremos no aguardo do fechamento
 dessa fascinante trilogia, bengala friend... 
Super-heróis, vamos falar sobre esse gênero
 tão popular. Voces já pensaram alguma
vez em produzir eles para 
as majors americanas?

Laudo: Nunca. Não é a minha cara e nem meu
 traço, além de gosto pessoal. Nada contra,
 porém nada a favor em fazer. O Omar
andou tentando um período dentro das 
possibilidades como arte-finalista e chegou
 até a produzir algo, mas desistiu com o tempo 
e sacou que sua história é outra também.

Tony 33 – Mangás... o que acha deles?

 Laudo: Admiro, porém leio pouco, muito
pouco mesmo. No momento estou lendo “Gen – 
Pés Descalços” que é arrebatador.

Tony 34 – Deus e religiões?



Laudo: Minha religião é a vida e Deus está 
dentro de mim. Sou muito espiritualizado, muito.
 Faço meus trabalhos para melhorar a 
cada dia, por fora e por dentro, é o fundamental. 
Pratico isso a cada minuto de minha vida. 
Praticar o bem, estar de bem e
 pensar o bem, não há outro caminho.

Tony 35 – Com certeza... Cite alguns bons títulos
 de livros, que você possa recomendar...

 Laudo: "Psicomagia” e “A dança da Realidade”
 do Alejandro Jodorowsky; algumas obras do
 Osho, mas livros mais antigos como “Semente 
de Mostarda” ou “O Rebelde”; “Maria Erótica
 e o Clamor do Sexo” do Gonçalo Junior,
 obra imprescindível para os fãs dos
 quadrinhos nacionais. Clássicos: Dostoyévski,
 Julio Verne e Conan Doyle. Um leque 
de gêneros variados e isso é bom.

Tony 36 – Belas dicas. Já li muito Osho, tai um
 cara polêmico, que chutava o pau da
 barraca das infundadas teses
 religiosas. Músicas?



 Laudo: Meu gosto é bem diversificado, embora, 
confesse que muito do que se tem por 
aí hoje em dia, tanto em música brasileira 
quanto estrangeira não me agrade. 
Mas os clássicos da MPB, do rock e do jazz
 são sempre bem-vindos. 
E há coisas como Krishna Das, Jai Uttal
 que ouço constantemente e me
 inspiram tremendamente.



Tony 37 – Também acho que poucos trabalhos
 musicais se salvam hoje em dia... Futebol, 
qual é o seu time do coração? 
Qual é o time do sócio?

 Laudo: Não tenho nenhum e acredito que o Omar 
também não. Nunca discutimos futebol e
consequentemente não me recordo de ter visto
 o Omar conversar sobre isso com alguém. 
Eu muito menos ainda.

Tony 38 –  Coisa rara, isso, num país em que
o futebol é quase uma religião (Rss...)...
Tipo de mulher ideal?

 Laudo: A amiga, a companheira, a amante
 perfeita na cama. Pode parecer chavão, 
antiga música do Juca Chaves, mas é isso.

Tony 39 – Um sonho de consumo?

Laudo: Não tenho. Pelo menos que me lembre.
 Sou desapegado de coisas assim. Procuro ter 
coisas úteis para minha vida e para meu 
trabalho, porém isso não me faz a
 cabeça, não me escraviza.


 Tony 40 – Isto denota equilíbrio psíquico e
 emocional, grande bengala friend. Dá pra citar
 assim, ma bucha, o maior e melhor
 desenhista de todos os tempos?

 Laudo: Impossível. Há centenas. Todos maravilhosos
 em cada momento que vi pela primeira vez e
 me apaixonei pelo trabalho do cara. Não há.

Tony 41 - A melhor HQ?

Laudo: O mesmo da resposta anterior. 
Cada uma tem sua significância dentro do
 período que aconteceu e que foi lida e lá 
estão na estante das coisas importantes. 
Focar em uma, seria injustiça com outras 
obras que tiveram sua relevância em 
outro momento e em outra situação.



Tony 42 - Bem, só me resta agradecer à você 
pela paciência que teve para responder esta 
saraivada de perguntas. 
Mas, o objetivo aqui é fazer que seus 
admiradores conheçam um pouco mais 
sobre seus ídolos, inclusive eu (Rsss...).
 Mais uma vez, parabéns pelas fantásticas 
realizações de vocês e por terem conquistado 
o primeiro lugar no ranking da Folha. 
Se quiser, deixe aí o e-mail de voces, site, 
blog, e uma dica de como e onde o pessoal 
pode adquirir Histórias do Clube da Esquina
 ou Yeshuah – dois clássicos-... afinal, a 
propaganda é a alma do negócio. 
Muito sucesso pra vocês! 
E que esse espírito maravilhoso 
e empreendedor
 seja conservado em vocês! 
VIDA LONGA E PRÓSPERA AO 
NOVO QUADRINHO NACIONAL!



Laudo: u é que agradeço, Tony, pelo carinho de
 sempre e força na divulgação do trabalho da gente. 
Trabalhos meus como “Histórias do Clube 
da Esquina” e os “Yeshuah” estão à 
venda nas livrarias, Comic Shops.
          Material meu virtual, podem
acessar o meu blog de desenhos 
e há um blog de tirinhas, onde posto de
 duas a três vezes por semana
e para entrar em contato, tem o e-mail 

Tony 43 – Até breve, Laudo! Que Deus continue
 inspirando vocês para nos proporcionar ótimos 
produtos editoriais, nobres guerreiros!
 Um Feliz 2012! Repleto de sucessos!

Laudo: Um 2012 de muita alegria, prosperidade,
 saúde e luz!  E vamos sempre adiante. Abração.

Tony 44 – Tá valendo! E fiquem plugados, 
webleitores, vem aí outras entrevistas 
bombásticas! Aguardem!

CURTA A ENTREVISTA COM
GILBERTO FIRMINO, DESENHISTA E

EX-EDITOR DA FAMOSA REVISTA
PORRADA, EM...


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