HQ
COMPETIÇÃO
Comprovação
da Existência
do Quadrinho Nacional
Na
década de 70, surgiu uma nova editora chamada MINAMI-CUNHA EDITORES SOC. LTDA,
sediada na rua Oliveira Lima, 184, em S. Paulo – SP. Seus diretores eram o
experiente Minami Keizi – desenhista, roteirista e ex-proprietário da saudosa
EDITORA EDREL, a primeira a lançar mangás produzidos no Brasil -, e Carlos da
Cunha, um escritor e publicitário muito talentoso. Assim que as revistas desta
nova casa editorial chegaram às bancas chamaram a atenção dos apreciadores das
boas HQs. As revistas eram no formato 21 X 28 cms – exceto Conan, o bárbaro,
que sai no formato 14 X 21 cms. A distribuição com exclusividade para todo o
país estava a cargo da
Fernando Chinaglia, do Rio de Janeiro.
Fernando Chinaglia, do Rio de Janeiro.
A Múmia - Por Gedeone e Justo |
Ignácio Justo |
O Lobisomem por Gedeone e Nico Rosso |
O
material nacional e importado lançado por esses editores era de boa qualidade e
no que tange aos nacionais essas revistas traziam séries como a MÚMIA e o
LOBISOMEM, escritas pelo polivalente desenhista\escritor Gedeone Malagola , com
desenhos excepcionais de mestres do traço como Nico Rosso e Ignácio Justo.
Gedeone Malagola |
PÁGINAS
DESENHADAS
NO
PADRÃO EUROPEU
Curiosamente,
os originais eram produzidos não em pé, como de costume, mas na horizontal,
seguindo o padrão europeu de publicações como TINTIM e ASTERIX. Antes desses
originais serem enviados para serem fotolitados – antigo processo fotográfico
feito para gravar a chapa de impressão -, eles eram colados, ou seja, anexado
uns aos outros formando assim uma única página.
Com isso, para formar uma página convencional (na vertical) os desenhistas precisavam desenhar duas páginas na horizontal.
Com isso ganhavam mais e se obtinha um
material de maior qualidade.
Com isso, para formar uma página convencional (na vertical) os desenhistas precisavam desenhar duas páginas na horizontal.
Com isso ganhavam mais e se obtinha um
material de maior qualidade.
Anúncio de quarta capa - HQ-COMPETIÇÃO - Minami-Cunha 1973 |
EIS
A OPORTUNIDADE
Aposto
que muitos garotos como eu, que tinha a pretensão de um dia tentar fazer
histórias em quadrinhos, na certa ficou excitado ao ver um anúncio dessa
editora que trazia estampada a seguinte chamada:
“EIS A OPORTUNIDADE para DESENHISTAS e ROTEIRISTAS que queiram participar da HISTÓRIA EM QUADRINHOS do Brasil!”
“EIS A OPORTUNIDADE para DESENHISTAS e ROTEIRISTAS que queiram participar da HISTÓRIA EM QUADRINHOS do Brasil!”
ABAIXO,
transcrevo o texto exato que foi publicado na quarta capa de algumas edições da
MINAMI-CUNHA EDITORES...
“A
secção ÓI EU AQUI! De HQ-COMPETIÇÃO está convocando todos os desenhistas e
roteiristas principiantes, de qualquer parte do Brasil, para participarem da
Revista, dando-lhes oportunidade de lutar em prol da nacionalização da história
em quadrinhos.
Mande-nos
seu roteiro ou desenho (4 ou 5 páginas).
Mande-nos
seu nome, o lugar de nascimento, a idade, a cidade em que vive atualmente, o endereço,
a escola em que cursou... uma pequena auto-biografia.
E
AGUARDE A PUBLICAÇÃO NOS PRÓXIMOS NÚMEROS DE
HQ
COMPETIÇÃO! Comprovação da Existência do Quadrinho Nacional!
MINAMI-CUNHA
EDITORES – CX. POSTAL, 15027 – SÃO PAULO – SP – CEP 01541.”
JOVENS
EMPOLGADOS
Wanderley Felipe (Wanderfel - 1973) |
Foi
após ver este anúncio que decidi dar a boa nova ao amigo Wanderley Felipe
(Vanderfel), que também era tarado para fazer quadrinhos, fizemos uma HQ de
terror cada um e fomos bater
na porta dos editores, com a cara e a coragem.
Afinal, sempre pensei, é preciso tentar, e insistir
se se deseja alguma coisa.
na porta dos editores, com a cara e a coragem.
Afinal, sempre pensei, é preciso tentar, e insistir
se se deseja alguma coisa.
OS
DESENHOS TOSCOS
PRECISAVAM
EVOLUIR
Fomos
na referida editora por três vezes e sempre ouvíamos:
“Vocês são esforçados, levam jeito... mas ainda não estão bons!”
Foi na última visita que o MINAMI e o CUNHA, talvez querendo se livrar daqueles garotos pentelhos, disseram: “Vocês conhecem o Ignácio Justo? Vamos mandá-los estagiar com ele! O homem é expert em anatomia e luta em prol das HQs nacionais!”
“Vocês são esforçados, levam jeito... mas ainda não estão bons!”
Foi na última visita que o MINAMI e o CUNHA, talvez querendo se livrar daqueles garotos pentelhos, disseram: “Vocês conhecem o Ignácio Justo? Vamos mandá-los estagiar com ele! O homem é expert em anatomia e luta em prol das HQs nacionais!”
Mal
pudemos acreditar naquilo que acabávamos de ouvir. Nos passaram o endereço, que
ficava no bairro da Liberdade – tradicional reduto nipônico da cidade. De
imediato, fomos bater na porta do mestre e um dos nossos ídolos das HQs de
Combate. Fomos recebidos de braços abertos. Lá, encontramos outros garotos que
também estudavam anatomia com o Justo. E assim, passamos a fazer parte da
chamada “Turma do Barraco do Justo”.
TREINAMENTO
INTENSIVO
Todos
os dias a galera chegava pontualmente para receber as instruções daquele que
passamos a chamar, a boca pequena, de SARGENTÃO, devido a severidade como ele
conduzia seus discípulos. E ai daquele que chegasse fora de hora. O homem quase
subia na mesa e lascava um discurso eloqüente dizendo que deveríamos ser
pontuais, ter maior responsabilidade.
Mas,
jovens são inconseqüentes, desleixados, e não levam muito a sério os conselhos
dos mais velhos. Portanto, vira e mexe algum discurso inflamado era ouvido
pelos membros da
“Turma do Barraco”.
“Turma do Barraco”.
Algum
tempos depois, nossos traços foram melhorando e a linguagem do desenho
sequencial começou a surgir em nossos originais. Inicialmente, criávamos a
histórias e só fazíamos
desenhos a lápis, sob a orientação do mestre. Na medida em que esses desenhos a grafite iam evoluindo o SARGENTÃO começou
a artefinalizar nossos trabalhos.
desenhos a lápis, sob a orientação do mestre. Na medida em que esses desenhos a grafite iam evoluindo o SARGENTÃO começou
a artefinalizar nossos trabalhos.
A
PRIMEIRA HQ QUE FIZEMOS
Quando
vimos nosso primeiro trabalho artefinalizado pelo mestre ficamos entusiasmados.
A história foi escrita por mim e desenhada pelo Felipe e eu. Chamava-se A
TORMENTA.
A
segunda HQ foi feita, se não me engano, pelo Justo (artefinal) e pelo Felipe,
chamada PESADELO. Ambas foram apresentadas ao Minami e Cunha, que as aprovaram
e passaram os originais para o Marcos Maldonado letreirá-las.
NOSSA
PRIMEIRA REVISTA
Apesar
das duas primeiras HQs terem sido aprovadas e letreiradas elas tinham que
entrar na programação da editora e, portanto, demoraram alguns meses para serem
publicadas.
Enquanto
isso, como eu sempre fui fã de Asterix e das HQs de humor produzidas na Europa,
comecei a produzir paralelamente um personagem chamado SARGENTO BRONCA –
obviamente inspirado na forte personalidade no nosso instrutor de arte, que
vivia bronqueando com a gente.
Espeto fez parte da revista Sargento Bronca |
Porém, só comecei a desenvolver a HQ deste
personagem, após eu e o W. Felipe ter ido visitar, no bairro do Brás, a
EDITORA SABER, que lançava uma série de
pockets books de clássicos da King Features, como: Fantasma, Mandrake, Flash
Gordon, Recruta Zero, e outros títulos. Dentre eles também havia um nacional
chamado Praça Atrapalhado, criado pelo desenhista Edú, que fazia muito sucesso.
SARGENTO
BRONCA E ESPETO
O
Felipe também sempre teve queda por HQs cômicas e criou também seu próprio
personagem, ESPETO. Na visita que fizemos aos editores - os irmãos FITIPALDI -,
levamos algumas páginas de nossas criações – ESPETO e SARGENTO BRONCA.
Os
editores examinaram aqueles trabalhos, ainda toscos, e disseram: “Não dá pra
gente editar uma revista com meia dúzia de páginas, garotos! Mas se vocês
fizerem uma revista completa de 64 páginas de miolo, mais capas, podemos pensar
na possibilidade! Vocês topam?”
O
editor nos deu um prazo para apresentarmos o trabalho – 30 dias -
e aquilo nos preocupou, pois produzíamos muito pouco.
e aquilo nos preocupou, pois produzíamos muito pouco.
Porém,
aquilo era como oferecer queijo pra rato.
Não podíamos perder aquela oportunidade. De imediato,
aceitamos o desafio e saímos saltitantes daquela casa editorial.
Não podíamos perder aquela oportunidade. De imediato,
aceitamos o desafio e saímos saltitantes daquela casa editorial.
Na
rua, paramos num boteco para tomar um refrigerante e comentamos: “Fodeu tudo!
Agora vamos ter que encarar e fazer a coisa, já que os editores encomendaram!
Falei:
Vamos fazer assim, você faz metade, com o seu personagem,
e eu faço a outra parte, Wanderley!”
e eu faço a outra parte, Wanderley!”
“Legal!
Vamos nessa!” – retrucou o outro porralouca.
Voltamos
para casa radiantes de alegria e no dia seguinte fomos dar
a boa nova ao mestre Ignácio Justo, que nos cumprimentou pelo feito.
a boa nova ao mestre Ignácio Justo, que nos cumprimentou pelo feito.
Começamos
a produzir a revista, cujo título era SARGENTO BRONCA, com os dois personagens
no final de 1972.
Obviamente,
aquilo nos empolgou, principalmente quando vimos nossa revista no formato 14 X
21 cms, com lombada quadrada
e capa plastificada, à venda nas bancas, no início de 1973.
Nosso sonho começava a virar realidade.
e capa plastificada, à venda nas bancas, no início de 1973.
Nosso sonho começava a virar realidade.
MAIS
HQs PUBLICADAS
A Caçada |
Na
sequência, anida em 1973, fizemos duas HQs especialmente
para a revista HQ –COMPETIÇÃO. Na edição # 2 deste título foi publicada uma HQ feita por mim, A CAÇADA – de 2 páginas
e meia, com tema policial. Como era de hábito nesta publicação,
um mestre refazia algumas páginas do aspirante a desenhista
e tecia alguns comentários sobre o trabalho do novato.
Tive a honra de ter como crítico e instrutor o mestre Nico Rosso,
que também ministrava aulas na Escola Panamericana de Arte.
para a revista HQ –COMPETIÇÃO. Na edição # 2 deste título foi publicada uma HQ feita por mim, A CAÇADA – de 2 páginas
e meia, com tema policial. Como era de hábito nesta publicação,
um mestre refazia algumas páginas do aspirante a desenhista
e tecia alguns comentários sobre o trabalho do novato.
Tive a honra de ter como crítico e instrutor o mestre Nico Rosso,
que também ministrava aulas na Escola Panamericana de Arte.
Até
mesmo os desenhistas profissionais, que publicavam em HQ-COMPETIÇÃO, tinham
suas obras analisadas por gente tarimbada
na arte seqüencial, como: Fábio Santoro e Shieh Shueh Yan Fan.
na arte seqüencial, como: Fábio Santoro e Shieh Shueh Yan Fan.
Na
edição em que minha HQ, A CAÇADA, foi publicada, o mestre
Nico Rosso publicou uma hsitória escrita pelo grande escriba Gedeone Malagola, da série O LOBISOMEM, intitulada
O MOSNTRO DO CASTELO PÂNTANO, e
teve a análise de Fábio Santoro.
Nico Rosso publicou uma hsitória escrita pelo grande escriba Gedeone Malagola, da série O LOBISOMEM, intitulada
O MOSNTRO DO CASTELO PÂNTANO, e
teve a análise de Fábio Santoro.
Nesta
edição também constava uma minibiografia dos autores
e dos letristas Dolores eMarcos Maldonado, o chamado
“Casal 20 das Histórias em Quadrinhos”, que até hoje estão na ativa letreirando Tex e outros títulos da MYTHOS EDITORA.
e dos letristas Dolores eMarcos Maldonado, o chamado
“Casal 20 das Histórias em Quadrinhos”, que até hoje estão na ativa letreirando Tex e outros títulos da MYTHOS EDITORA.
CLEÓFAS
Também
tive o prazer de ver outra HQ minha publicada na seção
ÓI EU AQUI de HQ-COMPETIÇÃO chamada CLEÓFAS – uma
heroína de ficção científica -, que foi redesenhada pelo mestre Justo.
ÓI EU AQUI de HQ-COMPETIÇÃO chamada CLEÓFAS – uma
heroína de ficção científica -, que foi redesenhada pelo mestre Justo.
Nos
meses seguintes foram publicadas, por
MINAMI-CUNHA, as HQs artefinalizadas pelo Justo – A TORMENTA e PESADELO.
Tomamos gosto pela coisa – eu e o Felipe - e de lá para cá nunca mais paramos,
até hoje. Decidimos entrar de corpo e alma no negócio. E, graças ao bom Deus,
que colocou muita gente boa em nossos caminhos,
pois sozinho ninguém faz porra nenhuma, estamos em
pleno século XXI ainda na ativa.
pois sozinho ninguém faz porra nenhuma, estamos em
pleno século XXI ainda na ativa.
A Tormenta - Primeira HQ |
tudo o que aconteceu e a carreira que fizemos no setor editorial brasileiro só nos resta agradecer incessantemente ao CRIADOR
de todas as coisas, afinal, ao rever aqueles desenhos toscos
iniciais que fazíamos me pergunto: “ Como eles, todos, puderam
dar espaço para dois moleques que desenhavam mal pra cacete?”
Só pode ser coisa divina.
Pesadelo - Lápis: W.Felipe - Arte Final: Justo |
A
seguir, transcrevo exatamente o texto que provavelmente
foi escrito por Carlos da Cunha, sobre o casal Maldonado.
Texto publicado também na edição # 2 da revista HQ-COMPETIÇÃO.
foi escrito por Carlos da Cunha, sobre o casal Maldonado.
Texto publicado também na edição # 2 da revista HQ-COMPETIÇÃO.
Você vai saber literalmente o que escreveram os editores sobre
o ousado garoto, eu, Antonio Fernandes Filho (Tony Fernandes), quando publicaram minha primeira HQ pela MINAMI-CUNHA,
chamada A CAÇADA...
o ousado garoto, eu, Antonio Fernandes Filho (Tony Fernandes), quando publicaram minha primeira HQ pela MINAMI-CUNHA,
chamada A CAÇADA...
Arte refeita por Nico Rosso da HQ a Caçada, mais comentários |
FERNANDES
FILHO - ÓI EU AQUI
Confiante,
excessivamente confiante, apareceu um dia em nossa editora sobraçando vinte ou
trinta páginas de histórias desenhadas. Entrou e foi logo dizendo com toda
segurança: “Vi um anúncio ÓI EU AQUI! Publicado por vocês numa revista e vim
com alguns trabalhos... O senhor poderia ver?”
Vimos
todos, desenhos sérios e caricatos. Não estavam bons.
Estava no caminho certo, de gente que sabe, mas não atingia ainda
o objetivo. Não estava ainda “no ponto” que sonhava:
vendê-los à uma editora.
Estava no caminho certo, de gente que sabe, mas não atingia ainda
o objetivo. Não estava ainda “no ponto” que sonhava:
vendê-los à uma editora.
Chama-se
Antonio Fernandes Filho, 17 aos, espigado, moreno
e está sempre mascando chiclé. Foi contínuo e auxiliar de escritórios, fazendo o 6º grau do 1º ciclo. Cursou 7 meses o Instituto Universal Brasileiro e uns 2 anos a Panamericana de Arte.
e está sempre mascando chiclé. Foi contínuo e auxiliar de escritórios, fazendo o 6º grau do 1º ciclo. Cursou 7 meses o Instituto Universal Brasileiro e uns 2 anos a Panamericana de Arte.
Em
outubro do ano passado resolveu atender ao nosso anúncio.
“-
Vinte, trinta páginas? Mas isso é uma REVISTA! Podemos publicar duas páginas
apresentando você... mas 30?”
“-
Então os senhores não querem comprar?” –
Estava certo de que era profissional. Mas não era!
Nosso
objetivo é encaminhar todos os que têm vocação e boa vontade, fazê-los ver que,
embora muitos não acreditem, que há chance; aos outros, sem ofendê-los, é
preciso esclarecer que desenho é um dom que nasce com a gente. Ninguém será
feito um desenhista se não nasceu para isso.
Antonio
Fernandes Filho, que prefere assinar TONY, merecia uma oportunidade, por isso
mandamo-lo para um “bate-papo” com Ignácio Justo. Teve um estágio “puxado” mas
proveitoso onde aprendeu técnicas, segredos, anatomia, movimentos, etc.
Ele
aparece aí nas páginas seguintes.
NA
SEQUÊNCIA, SAIBA O QUE DISSE EM SEU COMENTÁRIO,
SOBRE O MEU TRABALHO QUE ELE REFÊS...
SOBRE O MEU TRABALHO QUE ELE REFÊS...
COMENTÁRIO
Seguindo
o esquema de HQ-COMPETIÇÃO, entregamos à Nico
Rosso os desenhos de ANTONIO FERNANDES FILHO (Tony),
para alguns comentários sobre seu trabalho publicado
nas páginas anteriores.
Rosso os desenhos de ANTONIO FERNANDES FILHO (Tony),
para alguns comentários sobre seu trabalho publicado
nas páginas anteriores.
Não
foi grande o trabalho que teve Nico Rosso, pois A. Fernandes Filho já conseguiu
muito, desde os primeiros desenhos que nos apresentou há cinco meses, ocasião
em que o recomendamos à Ignácio Justo, de quem teve boas e proveitosas
orientações.
Vejamos
o que diz Nico Rosso:
"A História em Quadrinhos como meio de comunicação que é, tem algumas características obrigatórias, isto é, transmitir o assunto, ser lida e, principalmente, ser VISTA.
Estas
características devem ser respeitadas sempre, independentemente das técnicas e
estilos gráficos usados, que podem ser os mais variados possíveis.
Isto
tudo impõe ao desenhista uma séria análise do argumento para achar a melhor
maneira de transmitir ao leitor as emoções nele contidas, o mais possível
respondente ao assunto.
Na análise de A CAÇADA não há nada a objetar sobre o estilo que é válido, enquanto o desenho em si não é mau, apesar da má execução de alguns detalhes, exemplo da mão do rapaz no primeiro quadro...
Na análise de A CAÇADA não há nada a objetar sobre o estilo que é válido, enquanto o desenho em si não é mau, apesar da má execução de alguns detalhes, exemplo da mão do rapaz no primeiro quadro...
“Estivemos
conversando com Nico Rosso sobre isso. Comentamos
a tendência dos principiantes em colocar em primeiro plano, ou em evidência, as coisas mais difíceis de desenhar. E isso é uma regra geral. Além da mão no primeiro
a tendência dos principiantes em colocar em primeiro plano, ou em evidência, as coisas mais difíceis de desenhar. E isso é uma regra geral. Além da mão no primeiro
Quadro,
apontamos também o rapaz, cuja perspectiva está totalmente errada. Mas deixemos
que Nico Rosso continue: “Tony precisa estudar mais, principalmente anatomia.
Os rostos femininos nesta história, careciam de charme, indispensável
principalmente para uma personagem central. A comunicação nesta história, dá
mais pano para manga: Se eliminarmos o texto e entregarmos esta história para
alguém que não a conheça, acreditamos que não conseguirá entender coisa alguma.
Isto é devido à excessiva fragmentação de quadrinhos separados e, a história
estar reduzida, quase que completamente, em quadrinhos de closes. Não mostra
quase nada do ponto de vista IMAGEM: resta-nos dela, apenas o texto,s em contar
o grande número de quadros DECORATIVOS que dão a impressão de estarem, ali
colocados por não se saber o que desenhar em seus lugares. Ao refazer a
primeira página, procurei respeitar ao máximo a ideia e o estilo do autor,
modificando modificando só o estritamente necessário para que a história
corra mais dinâmica, compreensiva e comunicativa. O Tony tem boas
possibilidades, se ele não se cansar e estudar, aprimorando seu desenho
principalmente economizando closes e procurar CONTAR a história VISUALMENTE
MAIS COMPREENSIVA.
NICO ROSSO."
NICO ROSSO."
ABAIXO O COMENTÁRIO DOS EDITORES:
"Estamos em plenamente de acordo com Nico Rosso e, como conhecemos pessoalmente A. FERNANDES FILHO, temos certeza de que muito breve estará entre os bons."
“MALDONADO:
AS LETRAS
TEXTO TRANSCRITO:
Marido
e mulher. Ambos trabalham, juntos, na mesma arte: LETREIRAR HISTÓRIAS EM
QUADRINHOS, fotonovelas, etc.
Como
o trabalho não requer a presença do casal em empresa alguma, Marcos e Dolores
montaram um estúdio em casa e ali ajudam-se quando o serviço é muito, discutem,
quando o assunto é interessante, mas só param de trabalhar quando as pequenas
Márcia Regina e Rosana, suas filhinhas, resolvem bagunçar o coreto.
MARCOS
MALDONADO é de Sorocaba, desde 1940, quando chorou pela primeira vez num sítio
dentro daquele município.
DOLORES
MALDONADO é da Bahia, da cidade de Caitetés e, ainda pequena, veio com sua
família para Galia, no Estado de São Paulo.
Em
1965 casaram-se e em 1969 Marcos resolveu seguir os conselhos do irmão e
começou a letreirar histórias em quadrinhos. Dolores vendo o marido com
bastante serviço, interessou-se pela coisa e resolver praticar.
Hoje,
não se sabe qual é o melhor. Bem, para Marcos Maldonado e sua família, fazer
arte é importante e é importante que se faça completa. Trabalhando com
histórias em quadrinhos e fotonovelas, combinou-se um dia, apresentá-la
prontinha ao editor. Falou-se entre irmãos e cunhados, tratou-se com Adilson
Soares, fotógrafo da Polícia Militar, arranjou-se histórias e adaptadores e
pronto: - Com a prática que Marcos Maldonado tem em teatro, tendo já
participado de um grupo amador e levado OS MORTOS SEM SEPULTURA, AUTO DA
COMPADECIDA e outras peças no
teatro Arthur Azevedo, a coisa ficou fácil.
E lá
parte o grupo, resolvido fazer fotonovelas, inclusive participando.
E
vão para as praias, procurando cenas externas; visitam fazendas; fotografam
cenas internas em palacetes que pediam
Emprestados
aos donos por algumas horas.
A
revista MELODIAS registra e comprova o que contamos, para quem Marcos, sua irmã
Ana e seu cunhado Antonio Girão e outros artistas já prepararam e publicaram
algumas fotonovelas, assim como para a revista A RAINHA, de Porto Alegre, RS.
Marcos
e Dolores Maldonado, letreiristas de histórias em quadrinhos, fotonovelas,
livros didáticos e tudo o mais que necessite das mãos precisas e caprichosas de
artistas que conhecem e trabalham com
amor naquilo que fazem.
Estão
a disposição de quem prcisar: Rua Costa Barros, 133 – Vila Alpina, em São
Paulo, Capital.
Estão
às ordens.”
SUPER HOMEM - Uma HQ clássica de Ignácio Justo |
NOTA,
segundo um anúncio de terceira capa (ver abaixo) da edição # 2 da revista HQ
COMPETIÇÃO – e que trazia uma arte de Edmudo Rodrigues-, também colaboravam com
a MINAMI e CUNHA EDITORES: Wilson Fernandes, Nelson Gonçalves, Jaime Cortez,
Sergio Carpanese, Paulo I. Fukue, Fabiano, Fernando Ikoma, Cocolleti, Cláudio
Seto, Nelson C. Y. Cunha, Francisco de Assis, Reinaldo de Oliveira, Carlos
Magno, Antonio Duarte e muitos outros, como Kimil Shimizu.
Note
que no anúncio a seguir, o texto de chamada:
“NOS
PRÓXIMOS NÚMEROS” saiu de ponta cabeça.
Será
que o diagramador estava bêbado? Rsss...
Anúncio onde aparecem os colaboradores. Chamada de ponta cabeça. |
Como
dizia Benedito Ignácio Justo de Siqueira, “Quando a tinta nankim entra na veia
do fulano, o cara fica viciado na coisa!”
Bons
tempos eram aqueles em que a MINAMI-CUNHA publicava HQs de alta qualidade
cheias de erotismos, que deixava a cabeça da garotada muito louca.
POR: Tony Fernandes\Estúdios Pégasus –
Uma
Divisão da Pégasus Publicações Ltda –
São
Paulo – S.P - Brasil
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