O
ano de 2011 terminou com boas novas para o
quadrinho nacional – apesar de que nas
bancas as
HQs nacionais foram incipientes, pra variar, e as
vendas andaram
capengando a cada dia.
O que salva a classe é que nas bancas ainda reina
absolutamente a gloriosa Turma da Mônica do
nosso querido, bengala brother e
herói,
Mauricio de Sousa.
Belas
surpresas surgiram de produções independentes
e até uma HQ nacional foi
premiada e publicada
nos States e pela Panini, no Brasil – Day Trypper,
Dentre estas agradáveis surpresas está a
consagração
em vendas de uma dupla genial, que há muito
tempo está na batalha
realizando belas obras
de HQs e que até já fez por merecer um lugar
de destaque
na galeria nacional dos grandes
artistas que militam no setor editorial
brasileiro.
Há mais de um ano venho acompanhando e
observando o blog deles e
confesso que já
me tornei fã dessa dupla dinâmica,
na acepção da palavra.
E o ano de 2012, nós começamos com o pé direito.
Nosso
entrevistado, desta feita, é desenhista
e um roteirista hiper criativo. Ele também é um
dos fundadores do Estúdio
Banda Desenhada
e do já bem conhecido blog ...
Curta
esse bate papo descontraído, sem viadagem,
com um dos nossos mais criativos
profissionais, o incrível...
LAUDO
FERREIRA,
O CRIADOR
DE AS HISTÓRIAS
DO
CLUBE DA ESQUINA,
UM CAMPEÃO DE VENDA!
Tony
1 – Desde que criei esse blog e este
nosso talkie show virtual só tenho tido
alegrias.
Me sinto um privilegiado em poder divulgar
novos talentos, resgatar
feras do passado,
enfim, entrevistar gente que eu admiro.
Bengala friend, Laudo
Ferreira, desde que
conheci o blog banda mamão e algumas
edições do estúdio
Banda Desenhada passei
a ser fã de carteirinha de você e do seu sócio
o grande
Omar Viñole. É um prazer entrevistá-lo.
Posso começar a saraivada de perguntas?
Está
preparado?
Laudo: Sim. Sempre.
Tony
2 – Então, vamos em frente que atrás vem gente...
seu nome completo é Laudo
Ferreira Júnior
e você nasceu no dia 8 de abril de 1964,
na cidade litorânea de
São Vicente,
estado de São Paulo. Confere?
Claudo: Correto. Caiçara.
Tony
3 – Você é o primeiro caiçara (nascido no litoral
paulista) que entrevisto.
Interessante...
Como, quando e por que foi que você
decidiu vir morar em São Paulo ?
mudei-me para o interior, com meus pais, uma
cidade chamada
Jaboticabal. Lá vivi bons anos
da
adolescência, descobrindo muitas coisas
primordiais para um jovem. Inclusive a
arte.
Morei também, num período, em uma
fazenda
de cana-de-açúcar perto de Olímpia, também
interior de São Paulo, acho
que quase três
anos, onde tive outras experiências de
aprendizado, aliás,
coisas bem diferentes
para um jovem de 18 anos acostumado com
cidade. Só fui
para São Paulo mesmo no
início dos anos 90, já com a intenção de
me
profissionalizar como ilustrador.
Na época já fazia quadrinhos, mas era
uma
outra coisa, muito, muito
Tony
4 – São Vicente. Bela cidade e bela praia.
Já morei no litoral. Jaboticabal eu
conheço
bem, também. Gozado, você saiu de uma cidade
e foi morar no interior de
São Paulo e, pelo
visto, se adaptou. Eu sai dessa cidade grande
e fui morar no
litoral e confesso que não
gostei do ritmo de vida das belas e pacatas
cidades
que temos nas praias, onde a
agitação só acontece aos finais de semana
e
feriado. Acho que estou viciado com
a correria de São Paulo city.
Mas, prosseguindo...
Mas, prosseguindo...
Como surgiu esta sua
paixão
por quadrinhos? Dá pra explicar?
Laudo: Acredito que igual a todo mundo que gosta
de ler, escrever e
desenhar hq’s: de criança.
Meu pai foi a primeira pessoa que me trouxe
os
quadrinhos. Uma recordação muito boa,
muito feliz que tenho, era de meu pai
me
levando a uma banca de jornal para
comprar gibis. Lia muito Flash Gordon,
Mandrake, Príncipe Valente, Recruta Zero,
tinha uns gibis nacionais de
aventuras e
de guerra feitos pelo Rodolfo Zalla e Colonesse.
Muita coisa. O
curioso é que nunca li Disney.
Nada. Não curtia mesmo.
Até hoje em dia, não me interesso.
Até hoje em dia, não me interesso.
Cheguei a ver algo do Carl Barks
mais pelo interesse na obra do cara
dentro
dos personagens da Disney do que propriamente
os personagens e universo
deles em si.
É difícil
explicar o por que da paixão pelos
quadrinhos. Não tenho essa didática.
Essa
interpretação. Nunca me interessei
mesmo em saber. Gosto e me divirto.
Adoro uma quantidade enorme de desenhistas,
personagens e tudo. Embora o que
realmente
mexa com meu espírito seja a música.
O desenho vai por outro caminho.
Tony
5 – Interessante esta sua postura... Sua carreira
oficial profissional teve
início em 1983, correto?
Qual foi o seu primeiro trabalho que
saiu impresso e
por qual editora?
Laudo: Exato. Foi na Press Editorial através do
senhor Franco De
Rosa. Como costumo
brincar, “meu primeiro homem nos quadrinhos”.
Aprendi muito
com ele, muito. Foi o primeiro
profissional da área que viu
meu material e me
incentivou.
Tony
6 - O bengala brother, Franco de Rosa?
Caramba! Quem poderia imaginar?
Taí um
cara guerreiro, empreendedor,
Laudo: O primeiro trabalho
foi uma hq feita
sobre roteiro do Júlio Emílio Braz,
uma hq erótica. Imagine,
estrear numa revista
profissional com um roteirista desse gabarito
como é o
Júlio Emílio. Claro que esse primeiro
trabalho ficou extremamente sofrível,
ruim mesmo. Mas enfim, foi um começo.
Tony 7 – Foi um começo e tanto, bengala Laudo!
Começar com o
Franco e Júlio Emílio Braz,
isto é uma honra pra qualquer um.
O Júlio é um dos
melhores argumentistas
de HQs que já conheci e é uma simpatia.
Escreveu
milhares de pockets books para
a tecnoprint, dos mais variados gêneros,
assim
como o Tony Carson (outro fera)-,
assinando pseudônimos gringos e pouca
gente
sabe disso. Esses dois broterzões
cariocas andam sumido... foi ótimo você
citar
o Júlio. Tenho ótimas lembranças dele...
mas, prossiga...
Laudo: Não me recordo o nome da hq.
Fui conhecer o Júlio Emílio
pessoalmente,
muitos, muitos anos depois quando ele já
não estava mais
trabalhando como roteirista
de quadrinhos e sim como escritor de livros
e eu já
tinha aprendido
um pouco do desenho.
Tony
6 – OK... Foi fácil entrar para o mercado editorial?
Laudo: No início, em 1983 só existia a
Press Editorial para
publicar quadrinhos,
então foi uma boa chance.
Durante muito tempo a coisa se limitou só
na parte de ilustração. Não
fico muito preso
a coisas que já se foram. Sou completamente
desapegado. As
coisas, óbvio, sempre foram
difíceis, mas no final das contas, sempre
deram
certo, então isso é o que vale.
Veja, só com a Editora Rickdan, que
publica a
revista “Sexy” trabalhei dez
anos quase, produzindo a série em
quadrinhos da
personagem Tianinha,
além de fazer esporadicamente ilustrações,
quer dizer, não
posso me queixar não,
por mais que, um momento ou outro, eu
o tenha feito. O
primordial, mestre Tony,
é perseverança, acreditar muito no que você
faz, na
qualidade daquilo que você pode
fazer e não importa mesmo se para
muitos isso
não tenha validade, o seu
espaço de um modo ou de outro sempre
acaba
acontecendo. Falo isso com plena
credibilidade, é o meu modo de vida, então
não
se trata de demagogismos
baratos e brega.
(Paulo Paiva) e do Franco. Cheguei a
visitá-los
na época... Tianinha, agora me lembrei dela...
era um trabalho
legal, mas confesso que não
sabia que aquelas HQs eram de voces.
Foi uma grande
sacada aproveitando o
sucesso de Tiazinha – personagem sensual
criada por
Luciano Huck -, na TV, na época.
Sabe, sempre acreditei que se Deus nos deu
o
dom da arte o espaço sempre acaba surgindo,
basta correr atrás... Além da
editora Globo,
você também fez alguns trabalhos para a
editora Escala, Abril e
Peixes... que tipo de
trabalho você fez para cada uma dessas
famosas empresas
editoriais nacionais?
Laudo: Quadrinhos, ilustrações, cartuns/charges,
coisas assim
e para ser franco, não me recordo.
Para Escala fiz três livros em quadrinhos,
“A Revolução Russa”, “Inconfidência Mineira”
e “Elogio da Loucura”, dentro de
uma série
de livros em quadrinhos educacionais.
Mas fiz mais coisas no passado
para essa
editora, mas esses três, em especial,
tenho um grande carinho.
coisa rara hoje em dia... Você
escreve, desenha e
o seu sócio faz a parte de cor. Ao meu ver,
voces formaram
uma dupla de criação perfeita.
Como e quando foi que você conheceu o Omar
Viñole – que pelo sobrenome deve
ser descendente de espanhol?
amigo em comum, o
Marcos Pereira, mais
conhecido como Dark Marcos, roteirista de
quadrinhos com
quem fiz entre outras coisas,
a série da Tianinha, além de um excelente
pesquisador de hq’s. Ele nos apresentou e
na ocasião começava a trabalhar no
segundo
álbum com adaptação de filme do Zé do
Caixão (o primeiro saíra pela
Nova Sampa
no mesmo ano) e estava à procura de um
arte-finalista para que o
trabalho tivesse
um melhor ritmo. Na época a arte-final do
Omar já era muito
boa e a afinidade foi
instantânea e após alguns testes com hq’s
pornôs e de
terror que vinha fazendo
para a Editora Hamasaki (na época o
Paulo Hamasaki
tinha inúmeros projetos
de publicação que infelizmente não vingaram),
começamos
à trabalhar juntos.
Tony
9 – Nova Sampa (editora do bengala brother
Carlos Cazzamatta), Hamasaki...
todos são
grandes e velhos amigos... desculpe-me
interompê-lo estupidamente,
continue,
grande mestre bengala Laudo...
Laudo: O Omar é
nascido em Portugal e
tem ascendência sueca e italiana.
Uma misturada.
Uma misturada.
Tony
10 – Então o bengala friend Omar Viñole é,
digamos, um legítimo carcamano
lisboeta (Rsss...).
Legal... é brincaeirinha, Omar... relaxa...
Quando e por
que, vocês decidiram abrir o
estúdio chamado Banda Desenhada?
Qual era o
principal objetivo?
E qual era o endereço dele?
na época em que abri
empresa precisava de um
nome e geralmente sou péssimo para
batizar projetos e
coisas assim. Estava com
papelada pronta e só faltando o principal,
o nome. Aí
veio de uma hora para outra.
Lembrei-me da ascendência do Omar,
portuguesa e na
época, minha esposa, que
é atriz , estava em turnê em Portugal com
um
espetáculo de teatro e, de um autor de
lá, clássico, o Gil Vicente. Não deu
outra,
de imediato pensei em
Banda Desenhada ,
por ser o nome que se dá aos quadrinhos
por
lá e no geral, com exceção, claro, das
pessoas ligadas a essa arte, muita
gente
desconhece, o que então soa um pouco
diferente. No geral as pessoas associam à
banda de música então fica algo como
uma “banda desenhada” e pegou.
de fato, dá pra
associar o nome do estúdio
a banda musical e desenho,
duas artes nobres...
Laudo - O objetivo
do estúdio é trabalhar
com tudo ligado a desenho. Tudo claro, dentro
de nossas
possibilidades. Ilustrações, quadrinhos,
etc., fazemos muitas ações em eventos
corporativos
fazendo caricaturas ao vivo, e por aí vai.
Não há limite, desde
que esteja dentro de
nossas possibilidades, como disse, ou que
julgamos dar
conta do recado.
Tony
12 – Voces estão fazendo a coisa certa, também
trilhei por esses caminhos,
afinal, é impossível
manter um estúdio (uma empresa) só com
HQs no país... Durante
o processo de criação
de uma nova série – para elaborar o texto
ou desenvolver
personagens -, você e o
Omar trocam ideias ou a coisa de
criar é algo mais
pessoal?
Laudo: No geral é pessoal.
Sou ariano e meio centralizador.
Sou ariano e meio centralizador.
Geralmente as ideias partem de mim e vou conduzindo
o roteiro. Porém, óbvio que
troco muita, muita ideia
com o Omar. Quando fazíamos a série da Tianinha,
por
exemplo, muitas hq’s, situações vividas pela
loira safada foi criada pelo Omar
e depois
convertida para roteiro pelo Dark Marcos ou
mesmo por mim. O
personagem Sr. Caramelo,
mesmo sendo uma criação muito antiga e com
conceito
definido, quem batizou
com esse nome foi ele.
Tony
13 – Legal, essa forma de trabalho.
Fica bem democrático e todos acabam
participando de uma forma ou outra...
a sinergia, entre voces, está perfeita...
Cartaz: Empolgações Culturais - Em destaque: Café espacial e Yeshuah |
Laudo: Há casos como o Yeshuah em que é 100% meu,
pois esse trabalho está enraizado em experiências
e
concepções muito pessoais, porém, mesmo
aí, há situações como, no primeiro
volume,
“Assim em cima, assim embaixo”, a participação
dos magos foi proposta
por ele.
Inicialmente eu relutei, pois julgava que ficaria
muito coisa de
presépio, mas um pouco
depois vislumbrei possibilidades interessantes
e acabei
criando toda uma seqüência para
eles e que, ao meu ver, acabou se tornando
um
dos grandes pontos do primeiro volume.
A participação deles na hq fez a
diferença.
Tony
14 – Sem dúvida, li o primeiro volume e adorei.
Já há alguns anos nasceu o novo
quadrinho
brasileiro, com vocês, essa nova geração de
artista, que criam temas
comuns – com
personagens mais humanos como fazem
os europeus. Essas novas
séries são bem
diferenciadas daquelas que eram produzidas
pelo pessoal da minha
geração que se limitava
a criar super-heróis, HQs de terror ou
ficção-científica, na cola dos quadrinhos
feitos na América.
Isto é ótimo, é
inovador.
Laudo: Vale ressaltar que
mesmo sendo
Yeshuah, uma obra muito pessoal, a parceria do
Yeshuah, uma obra muito pessoal, a parceria do
Omar nesse trabalho,
sua arte-final,
uma parte técnica, é impregnada de uma
qualidade estupenda e
que não consigo
imaginá-la de outro jeito. Mesmo eu
também arte-finalizando
meus quadrinhos,
Yeshuah no caso, sem o
nanquim dele,
perderia muito na qualidade. O trabalho
primoroso dele com
pincel, bico de pena
e canetas é algo digno de ser estudado
pelos futuros
arte-finalistas de plantão,
pois vale dizer que mesmo meu desenho
sendo
extremamente detalhado e super
dermarcado, não deixando muita liberdade,
faço-o
muitas vezes sem pensar que há um
arte-finalista e o Omar segue tudo
isso com
um talento inigualável.
Tony
15 – Também aprecio muito a qualidade das
artes finais dele, o homem é fera,
sabe o
que faz, nasceu para o ramo, com certeza...
Laudo: É um grande honra tê-lo como parceiro
Tony
16 – Fizeram um “bando de dois”, genial (Rsss...).
Digo, vocês têm muitas
afinidades artísticas,
estão em perfeita sintonia e é por isso
que o trabalho
flui numa boa...
O sócio também escreve
ou fica
só dando palpites (Rsss...)?
Laudo - Só nos palpites.
Mas conversamos muito sobre
Mas conversamos muito sobre
o caminhar de
um roteiro meu, trocamos
ideias sobre possibilidades, conceitos usados
e outras
coisas. Muitas vezes o Omar
vem com questionamentos e sugestões
que agregam
muita coisa.
Tony
17 – Na certa ele sabe analisar a coisa
com olho clínico, Laudo. Isto é
sensacional.
O duro é quando a gente tem um sócio que
só dá palpites inúteis,
já tive alguns assim...
prosseguindo... Invertendo as bolas... quando
seu sócio
está pintando, você também dá
palpites nas cores ou fica
calado para ver no que
dá?
Laudo: Em alguns casos especiais, sim.
Quando tenho
Quando tenho
uma concepção
da tonalidade de uma hq
ou algo assim. Por exemplo, quando produzimos
“Revolução Russa”, tive uma ideia para
colorização dessa hq que remetesse aos
antigos
cartazes russos da época da revolução
onde todos eram propositalmente
avermelhados.
Fiz um levantamento dessas artes e estudei
isso com o Omar e aí
ele aplicou na colorização.
O Omar tem um profundo conhecimento de
cores,
portanto não discuto ou mesmo imponho
algo, pois ele sabe perfeitamente o que e
como fazer. Eu só dou meus pitacos para
encrementar. Mas casos como o recente
“Histórias do Clube da Esquina” não dei
pelo que pude ver... Quantas
pessoas
trabalham no estúdio de vocês atualmente?
Laudo: O Estúdio Banda Desenhada é eu e o Omar.
Eventualmente
contamos com ajuda de terceiros,
amigos profissionais que vêem colaborar
com
esse ou outro trabalho.
Tony
19 – Hmmm... na verdade vocês são uma
“banda de dois” (Rsss...)... isso requer
profissionais ecléticos, que vocês, na
verdade, são... Você tem uma bela
bagagem
profissional, foi ilustrador de agências de
publicidade onde desenhava
storyboards, etc.
Para quais agências você trabalhou,
bengala friend?
Laudo - Beckerman, TemArt, Plano 1, DM9, Agnelo
Pacheco, são
algumas agências que trabalhei
e trabalho ainda, além de clientes bacanas
que
tenho há anos, uma fidelidade mútua
como o banco Bradesco, Trend Operadora,
entre alguns. Trabalho bastante, graças a Deus.
Tony
20 – Só gente da pesada, isto prova o quão
profissionais você e o Osmar são.
Maravilha...
Figurinos e cenários para eventos, também
fazem parte do seu
curriculum... explica pra
gente, o que você fazia exatamente
em cada uma dessas
atividades?
por atividades
artísticas fora o desenho em
si, então, por exemplo, moda é algo que
sempre me
atraiu, embora não seja conhecedor
de grifes, estilistas e tudo mais, mas o
charme do vestir, tanto feminino quanto
masculino é algo que ainda hoje me
interesso e daí para se meter vez ou
outra a desenhar figurinos para teatro, é
um pulo, mesmo porque o fato de ser casado
com uma atriz ajuda muito então, vez
ou
outra me vejo enfiado em alguma produção
de espetáculo. O mesmo se aplica
nos meus
quadrinhos. Por exemplo, quem for ler minha
versão para os quadrinhos
de “Auto da Barca
do Inferno” do Gil Vicente, irá ver que tive
uma preocupação
a mais com o figurino
de cada personagem e que esse quesito
inclusive é
fundamental para
Ilustração de Laudo para o zine Sonoridades Multiplas |
é um elemento muito importante para
recompor uma época ou mostrar o status
social, mas pouca gente (desenhistas) no
Brasil se preocupa com isso. Na Europa os
caras fazem tremendas pesquisas sobre
vestuários para ambos os sexos. Levam a
coisa a sério. Agora, ser casado com
uma
atriz deve ser muito legal, afinal, ambos
falam a mesma linguagem. Pelo
visto,
vocês formam um casal interessante,
com muitas afinidades...
Laudo: Os cenários caminham
por esse lado,
porém pouco fiz. Acho que três ou quatro
peças e alguns eventos.
Mas a coisa do
figurino não, fiz bastante, inclusive um
período trabalhei junto
a uma escola de
samba de Diadema/SP, acho que foram uns
quatro carnavais e foi
antes de tudo um
aprendizado, entender a coisa de como
se cria desenhos para
alas, como procede, o
que é viável para ser feito o que não é.
Isso só
acrescenta, só acrescenta.
Tony 22 – Sem dúvida, esta deve ter sido uma
experiência e tanto.
Laudo: Conheço muita gente e de seguimentos mais
variados
possíveis, então, vez ou outra alguém
bate o telefone para mim perguntando se
me
interessaria em trabalhar para tal coisa,
muitas vezes o dinheiro nem é
tanto ou que
cubra a trabalheira toda, mas o prazer de
fazer vai junto, então
tá tudo bem.
Tony
23 – Taí uma coisa que nos fascina: o prazer
de realizar as coisas... também,
as vezes,
me apego a isso e depois me pergunto:
“Como um sujeito assim, como
eu, consegue
viver num mundo onde o capitalismo é
selvagem?” Mas, a grande
verdade é que
todos que mexem com arte fazem a coisa
mais pelo prazer de fazer
do que pelo
dinheiro em si, é óbvio. Sofremos, todos,
do mesmo mal, bengala
friend... O mestre
Omar Viñole também teve outras experiências
profissionais
antes de voces se associarem?
Laudo: O Omar trabalhou mais ligado a seu
Charge de Laudo - Criança Esperança |
campo de arte-finalista e
colorista. Algumas
agências que não me recordo o nome, alguns
ilustradores que
deram muita bagagem a ele.
O Omar trabalhou um período também
com a personagem
Xuxinha, nesse período
já tínhamos o estúdio armado e nossa parceria,
além de
eventuais trabalhos que ele faz
com outros desenhistas, como o recente
“Orixás”
lançado pela editora Nobel,
onde ele trabalhou com o Caio Majado,
desenhista e
o roteirista Alex Mir.
Apesar de nossa fiel parceria, temos um
“casamento aberto”,
senão
a coisa fica chata...rs...
Tony
17 – Perfeito... C’est La vie, como diriam os
franceses. O lema é viver e
deixar viver... (Rsss...).
Voces, hoje,
têm diversos trabalhos publicados
e bem conhecidos do público-leitor. Esses
projetos
que vocês criaram e desenvolveram foram
lançados por iniciativa
própria, ou seja, de
forma independente, ou vocês tiveram que
ralar oferecendo
essas criações batendo
de porta em porta das editoras?
Laudo: Depende. No caso do Yeshuah, ralei muito,
bati em muita,
muita, muita porta. Escutei em
algumas vezes, bobagens, coisas estúpidas do
tamanho do edifício Copam, até que a coisa se
resolveu quando a Devir se
interessou em publicar.
Tony 18 – O pessoal da Devir tem a cabeça aberta à
novos produtos
editoriais... mas, infelizmente,
ainda há muito editores com uma cabeça de
merda e que só acreditam no que vem de
fora,
lamentavelmente...
Yeshuah é um projeto arrojado, diferenciado,
por isso é que gostei. Estamos fartos da mesmice...
desenvolvidos que corro
atrás das possibilidades,
com o “Histórias do Clube da Esquina” foi assim,
com
o “Auto da Barca do Inferno”, enfim, foram
ideias que gostaria de fazer em hq’s
e que
editoras abraçaram e no caso do Clube da
Esquina ainda tive a sorte de
ter o projeto
aprovado pelo ProAC. Mas já fiz independente,
a mini-série
“Depois da Meia-Noite”, nem
cogitei apresentá-la para alguma editora, embora
em
sua concepção original, nos anos 90 tivesse
algo para uma editora, mas tá
longe, então
deixa lá ou “Os Prazeres de Belinda”,
lançada em 2005, senão me
engano, que mesmo
sendo uma publicação independente,
consegui colocá-la em algumas
bancas do
interior e em outros estados e
teve um ótima venda.
Tony
19 – Estamos vivendo uma era de
novos empreendedores...
novos empreendedores...
em parte isto é ótimo,
atualmente não dependemos
mais das máfias editoriais, assim como os músicos
em
geral não dependem mais das majors do setor...
esta é a era dos independentes.
Mas, poucos
obtém sucesso por esta estrada sinuosa, hoje
em dia... mas acredito
que a coisa tende a
melhorar, com o tempo... (que os deuses
me ouçam
...Rsss...). Diga-me, qual é sua
opinião pessoal sobre os preços que os
editores nacionais pagam, em geral?
Bom? Razoável? Uma merda?
Laudo: Razoável. Porém, aquela
pergunta de sempre:
pergunta de sempre:
”Dá para viver de
quadrinhos ?” Claro que no
Brasil, ainda
não. Porém, há um fator
importante a se dizer, a se pensar, fazer
histórias em
quadrinhos dá muito trabalho,
consome muito tempo, meses, dependendo
da
quantidade de páginas que o trabalho terá,
então, em alguns casos, o preço que
se paga
é bacana, porém, não cobre o tempo que você
irá dispensar para
produção, daí, óbvio, o
desenhista precisará dispor
de outras atividades
de outras atividades
dentro
ou mesmo fora de sua área.
Se em algum momento futuro, acontecer
um verdadeiro,
um real aquecimento de
mercado, quem sabe as condições mudem,
principalmente a
financeira, possibilitando
que o artista possa única e exclusivamente
se
dedicar à produção de uma
história em quadrinhos.
história em quadrinhos.
Tony
20 – Houve um tempo em que até dava
para sobreviver de HQs, mas tínhamos que
produzir aos quilos, para compensar a baixa
remuneração de cada edição, daí a
baixa
qualidade do material que produzíamos.
Sempre precisamos de uma
remuneração
melhor para manter um bom pique de
qualidade e produção, mas ultimamente
a coisa anda pior, pode acreditar... manter
uma boa equipe, hoje em
dia, com os preços
vigentes, é praticamente impossível, se
falando em HQs... O
estúdio Banda Desenhada
só produz HQs ou tem outras atividades?
Laudo: Não, trabalhos com todo seguimento de
desenho, publicitário
e editorial, inclusive
eventos, onde, tanto eu como o Omar atuamos
fazendo
caricaturas ao vivo. Aliás, um
seguimento bacana, que trouxe muito
aprendizado,
inclusive na
postura profissional.
postura profissional.
negócio rentável e legal de se
fazer...
Comprei a edição # 1 de Yeshuah e achei o
trabalho genial. Seu estilo
é marcante. Você
fez uma nova versão pessoal da história de
Jesus e ficou super
interessante... Como e
por que surgiu essa ideia de criar essa
fantástica
trilogia? Me fez lembar Cavalo de
Tróia, um clássico de J.J.Benitez,
apesar de
não ter nada a ver.
Laudo: Primeiro, querido Tony, meu
agradecimento
agradecimento
pelas palavras a
respeito do Yeshuah.
Li há muitos anos atrás o
“Operação Cavalo de Tróia”, mas
Li há muitos anos atrás o
“Operação Cavalo de Tróia”, mas
não há influência, pela menos
direta, desse trabalho.
direta, desse trabalho.
O que acontece que esse
assunto sempre me
foi pertinente e então em 2000 resolvi arregaçar
as mangas e
começar a trabalhar nesse projeto.
A intenção desde o início foi contar a
história
de Jesus, primeiramente de um modo linear,
de uma maneira que o leitor
se embale na
narrativa, pois geralmente as histórias em
quadrinhos de Jesus são
sempre blocadas,
em pedaços, como são os próprios
evangelhos canônicos.
Tony
22 – Com certeza. E tem um agravante,
cada um dos apóstolos que escreveu a
Bíblia
tem uma concepção própria sobre a vida do
suposto filho do Criador
Supremo.
Pra dizer a verdade, sempre achei que os
evangelhos se perdem um pouco
para
narrar a fantástica história e que há
discrepâncias entre estes, apesar da
boa
mensagem e os bons preceitos de vida.
Mas, o tema é apaixonante, se
tirarmos
o lado religioso da coisa.
Laudo: A outra questão é que
sou uma pessoa muito
sou uma pessoa muito
espiritualizada, com
práticas e raciocínios
dentro de vários seguimentos entre eles,
o budismo, o
hinduismo, a alquimia, teosofia,
muito inclusive, o espiritismo e o xamanismo
e, tudo, na verdade, converge para uma única
coisa dentro da fé, do amor e da
ação
pessoal dentro desse plano. Daí a ideia
é transformar tudo isso, afunilar,
dentro
da história de Jesus, pois sua mensagem
é ampla, universal e extrapola
os dogmas
católicos, a igreja e tudo que se aglutina aí.
a mensagem de paz e amor, que
também foram
proferidas por outros sábios do passado...
talvez este mundo
utópico jamais poderá
existir neste planeta – afinal, a paz não interessa
aos
poderosos-, mas este seria o caminho
perfeito para que a humanidade
prosseguisse
numa trilha evolutiva e, não, destrutiva como
podemos observar no
presente.
De que vale toda esta evolução tecnológica,
se estamos agindo cada
vez mais de forma
selvagem e desumana?
Somente freqüentar seitas e religiões
não basta
é preciso praticar o bem em nosso dia a dia.
Laudo: Na verdade trata-se
de
uma história espiritual,
uma história espiritual,
uma saga espiritualista, mais do que uma
versão
humanizada da história de Jesus,
como muito se comentou. Não nego isso,
de
jeito algum, porém a questão principal,
quando se mostra um Jesus “mais humano”
é justamente para mostrar que tudo que
ele trouxe dentro dessa sua “versão” em
carne
e osso é intrinsicamente nosso e nada
do que ele mostrou e disse não deve ser
encarado como reverência e sim como uma
possibilidade, uma atitude
que é nossa também, pois faz parte,
como todos nós da lei universal.
que é nossa também, pois faz parte,
como todos nós da lei universal.
Yeshuah, ao contrário
do se que pensou
quando lançado em 2009, não quer criar
polêmica, quer
simplesmente e aí já muita
pretensão minha, juntar as mãos de todos
os
seguimentos religiosos que citam
e mesmo até, não citam Jesus, pois mais
importante que a figura de Jesus em si é o
ato de amor que ele trouxe. Então é
bobo,
tolo, pensar se ele era assim ou assado,
se ele foi casado com Maria
Madalena, se
existiu ou não. Não importa. Não importa
discutir se Deus existe,
se é um velho
barbudo, se é uma energia criadora, o que
realmente importa é a
pureza, justiça e
amor no coração de todos. O resto é conversa
fiada para a
gente se debater por aí, para
alimentarmos nossa raiva primal.
Enfim, Yeshuah
caminha dentro dessas
perspectivas e nela caminho
para sua finalização agora.
Tony
24 – Temos o mesmo ponto de vista.
Adorei sua explanação, bengala brother...
sua lucidez é total. Vou aguardar ansiosamente
a conclusão dessa série, com
certeza (Rsss...).
Tony
25 – A trilogia de Yeshuah, os
três tomos já foram lançados?
volume que irei lançar no
segundo semestre de 2012.
segundo semestre de 2012.
Tony 22 – Aposto que vai valer a pena
esperar...
Que outros títulos de HQs, voces já publicaram?
Fale-me a respeito
deles...
Laudo: Tem bastante coisa ao longo do meu
tempo nos quadrinhos e de
minha parceria
com o Omar. Há alguns trabalhos em
especial que gosto
bastante.
“Depois da Meia-Noite”, uma
mini-série
lançada de forma independente em 2007,
que teve um bom retorno de
vendas, de
crítica, chegando inclusive a ganhar um
HQ Mix. A série da
personagem Tianinha
para uma publicação derivada da revista
“Sexy”, foram nove
anos todos os meses
com uma grande quantidade de fãs.
Algumas edições especiais
que lançamos
em 2005, por exemplo, venderam muito,
muito, muito, além da
Tianinha em si ter
virado um ícone. Eu aprendi muito com a
produção desta série
ao longo dos nove
anos que ela existiu. “Subversivos:
Companheiro Germano” que
fiz em parceria
com o roteirista André Diniz e lançado
pela Editora Nona Arte
em 2000, foi um
embrião para uma linha de desenho que
faço até hoje e abriu
minha cabeça para
essa questão do traço. “Revolução Russa”
e “Elogio da Loucura”
feitas para Escala
Educacional, trabalhos encomendados que
trabalhei com a
vitalidade e o tesão como
se fosse algo autoral. Recentemente,
a adaptação de
“Auto da Barca do Inferno”.
Tony
23 – Esse tesão, que você citou é importante,
ele faz a coisa fluir
normalmente, com força,
com garra... ele só brota em quem, de
fato, adora
aquilo que está fazendo.
Laudo: Muita coisa fiz e em cada uma, na
realidade, há um período
de descobertas,
aprendizado e diversão.
Tony
23 – Somos, todos, eternos aprendizes,
até a morte, esta é que é a verdade
(Rsss...),
e acredito piamente que esta sabedoria
adquirida nesta orbe deve ter
aproveitamento
num plano superior. Ela não pode ser em vão...
Histórias do Clube da Esquina, o mais recente
lançamento da dupla, pela Devir, este ano,
foi apontado pela Livraria da Folha
como a
obra mais vendida do ano. O trabalho de
voces desbancou o quadrinista
inglês Neil
Gaiman – Sandman Edição Definitiva
(da Panini Books)-, que até
então era
o campeão de venda.
Isto foi motivo de orgulho para todos nós
produtores brasileiros. Meus parabéns.
Para vocês, criativos bengalas friends, isto
também foi uma surpresa? Na sua opinião,
o que isto representa?
O perfil do
leitor nacional está mudando?
Laudo: Quando a Livraria da Folha levou isso
a público, foi uma
surpresa geral, e para mim
também, embora já soubesse que havia sido
o livro da
editora que mais havia vendido.
Já tinha tido uma premissa quando estive
participando do FIQ em
Belo Horizonte ,
pois no sábado quando cheguei lá para fazer
uma sessão de autógrafos no domingo, já
não existia mais exemplares para venda
nas livrarias que lá tinham stand.
Tony
24 – Não sabia disso, mas isso foi um bom sinal...
Laudo: Tirando a questão
pessoal, a alegria pelo
sucesso do trabalho, acho que isso veio coroar
uma ano
em que o Quadrinho Nacional
deu seu salto, mostrando que há possibilidades,
que
há público para isso e o principal, público
diferente daquele habitual “leitor
de quadrinhos”.
A prova disso inclusive está nos compradores
do “Histórias do
Clube da Esquina”, que
provavelmente uma boa parte não deve
ser leitores
habituais. Mas isso já vem
ocorrendo também com muitos outros
trabalhos como
“Bando de Dois” do Danilo
Beyruth, por exemplo, que chegou à sua 3ª edição.
Tony
25: Pelo visto, as livrarias estão
formando um novo público...
Laudo: O quadrinho nacional
hoje tem seu
habitat nas livrarias. O público mudou e está
mudando.
Particularmente, sempre acreditei
que esse era o caminho para o autor
brasileiro,
claro, sem algo radical, mas o possível
admirador/leitor do produto
brasileiro
eu sempre enxerguei com maiores possibilidades
de se encontrar numa
livraria do que em
uma banca de jornal. Digo isso sem querer
elitizar, nada
disso.
Algo que já era comum fora do Brasil.
Tony
24 – Sim, na verdade, na Europa a coisa
seguiu esta linha... ou seja, na
contra-mão
do setor editorial americano, que ao tentar
seguir por este caminho
se deu mal...
Eu ainda não li Clube da Esquina, mas um
amigo leu e me disse que
tem um certo
ar de documentário, num sensacional resgate
histórico desse
importante movimento
musical mineiro do qual também participaram t
alentosos músicos
e compositores, como:
Milton Nascimento, Lô Borges, Toninho
Horta, Beto Guedes
e outros bambas da
Música Popular Brasileira. Pergunto:
Como foi que surgiu a
ideia de quadrinizar
este importante período da nossa música?
Laudo: Inicialmente a ideia seria contar quatro
momentos
importantes para história
da música brasileira:
da música brasileira:
Secos e Molhados, o show “Falso
Brilhante”
da Elis Regina que foi um divisor de águas
na época para carreira
dela e para a própria
música brasileira, o rock nacional dos anos
70 e o Clube
da Esquina. O projeto já tinha
tido uma conversa inicial com uma editora
que
trabalha com uma revista de
entretenimento e celebridades e esses
quatro
momentos viriam como brindes
em quatro edições. Mas um amigo meu
que trabalha
com captação de recursos
e produção de teatro jogou um balde de
água fria me
dizendo do tremendo trabalho
que seria para lidar com várias questões
envolvendo direitos autorais, uso
de imagens e tudo mais.
O que ele estava
absolutamente correto.
A própria editora na época não se manifestou
com
entusiasmo para lidar com essas
questões. Porém mantive o Clube da
Esquina
dentro desta perspectiva de criar
uma hq, para fazer uma homenagem à esses
caras, Milton, Lô, Beto Guedes, Toninho
Horta, Wagner Tiso, enfim, todos esses
caras
que foram muito importantes para uma
geração do qual eu faço parte.
Mantive o projeto meio engavetado, porém,
nessas situações que o universo
conspiram
a favor acabei conhecendo o fotógrafo
Juvenal Pereira, vizinho meu aqui
do
bairro Pompéia/SP onde moro.
O
Juvenal é amigo pessoal do Milton e
de toda a turma e participou do
antológico
disco “Clube da Esquina” de
1972 fotografando o pessoal que aparece no
encarte
do disco. Na ocasião, comentei sobre
esse meu projeto e ele afirmou que o
pessoal iria curtir essa ideia, pois além
da questão da homenagem, todos
curtiam quadrinhos. Daí pra frente ele me
apresentou ao Marcio Borges, irmão do
Lô e
parceiro do Milton e presidente do Museu
Clube da Esquina que abraçou com
tremendo carinho a proposta, dando total
liberdade para eu produzir o material.
Tony
25 – Sempre acreditei que o destino,
as vezes, conspira a nosso favor,
principalmente,
quando a gente põe na cabeça que os nossos
sonhos vão virar
realidade. Certa feita li um
escritor americano que dizia algo mais ou
menos
assim: “Os grandes realizadores
são aqueles que sonham acordado”.
Nada pode nos deter quando desejamos
algo
ardentemente. Creio que isso é um
poder mental que temos, latente, e que
muitos
não sabem utilizá-lo
Laudo: Inicialmente em 2007, se não me engano,
produzi 15 páginas
para o site do Museu
Clube da Esquina. Essas primeiras hq’s tiveram
um grande
sucesso de público, tanto fãs de
música e do Clube da Esquina, quanto do
pessoal
de quadrinhos. Depois disso entrei
em outros projetos, entre eles a trilogia
Yeshuah e depois em 2009 durante
uma amostra sobre o Clube da Esquina que
ocorreu aqui no Sesc Pinheiros em
São Paulo
é que fui procurar o pessoal do Museu, a
Claudia
Brandão, esposa do Marcio Borges
e o próprio para lhes propor a ideia de se
produzir um livro compilando esse
material feito para o site e material
inédito.
De novo, eles abraçaram a ideia, dando
total liberdade na produção do
mesmo.
É importante dizer que todo
o pessoal
ligado ao Museu Clube da Esquina e
principalmente o Márcio Borges,
deram
total, absoluta liberdade para produção
deste trabalho. Não houve um item
sequer que
eles pediram para alterar e isso, claro, foi
algo fantástico, se
pensar que eu estava lidando
com figuras com seus nomes escritos
no livro da
cultura nacional.
Tony 26 – Essa galera é cabeça e a reação
deles,
obviamente, não poderia ser outra... Você, pelo
que me informaram,
inscreveu Clube da
Esquina no PROAC (Programa de Ação
Cultural da Secretaria de
Cultura do
Estado de São Paulo), isto é certo?
Quando ele foi aprovado?
Qual
foi a verba que eles liberaram
pra vocês e qual foi a tiragem?
Laudo: Exato. O “Histórias do Clube da Esquina”
foi inscrito e
aprovado no ProAC de 2010 com
a verba de 25 mil reais o qual eles vem
pagando
desde o primeiro de 2008
para os aprovados.
para os aprovados.
O livro saiu com uma tiragem de 3
mil
exemplares, que pelo que parece
está quase esgotada.
Tony
27 – Beleza pura... Eu curti muito e ainda
curto as músicas desses caras.
Você também
já os admirava? Era fã deles?
Laudo: Como disse, eles marcaram muito minha
adolescência, de uma
maneira muito forte.
Começou com a música do Milton e depois
estendeu para o
resto da turma.
brasileiro deu uma virada de 180
graus.
Apesar de nos últimos anos terem surgido
inúmeras publicações de HQs
independentes,
quase nada se vende nas bancas e a distribuição –
que sempre foi
caótica -, esta cada vez
pior, apesar da nossa economia estar bombando.
Você sabe...
recentemente a DC reformulou
seus personagens e lançou Liga da Justiça
que
alcançou uma venda mirabolante por lá,
apesar da América estar em crise.
com o mercado brasileiro?
Laudo: Vamos lá... primeiramente não me julgo a
pessoa mais certa
para dar uma panorama
do mercado editorial brasileiro, assim
como do momento
das Histórias em
Quadrinhos nacionais, mas vou tentar
dar meu parecer.
Na verdade, 2011 foi um parto de algo
que
vinha se formatando há uns
três anos aproximadamente.
Tony
28 – Com certeza...
Laudo: Eu, sempre julguei que o caminho para
o quadrinho brasileiro
estava nas livrarias,
como disse anteriormente. Não por questões
de elitizar os
quadrinhos nacionais, pelo
contrário, não é assim que penso, mas
porque
enxergava e o tempo parece estar
mostrando, que o provável público que se
interessaria pela criação brasileira estaria
nas livrarias, primeiramente por
serem
mais abertos às novidades, a novas
possibilidades de leitura, segundo
porque
não possuem o terrível velho hábito de leitura
de quadrinhos americanos,
de super-heróis,
coisa que muita gente aí, leitor de banca
tem e esse hábito
gera comparações e
geralmente negativas aos nossos quadrinhos.
Tony
29 – Não há como discordar desta
sua análise ela foi perfeita.
Laudo: É óbvio que não
existe parâmetro
para se comparar a linha de super-heróis com
o nosso pensar de
produzir quadrinhos.
Trata-se de outro tempo, outra perspectiva,
enfim, outra
forma de se fazer hq’s.
Tony
30 – Tenho acompanhado isso.
Laudo: O que está se
publicando de material
nacional nos últimos cinco anos vem
mostrando isso.
Então, o público da livraria está mais
aberto a isso e aceita sem preconceito,
sem achar menor o material nacional.
Mesmo o material alternativo mudou sua
forma de produção e distribuição, vem se
estruturando, solidificando e
principalmente
se fazendo presente. Atitudes como do
coletivo 4º Mundo foi o
pontapé inicial
para muita coisa que hoje
está se formatando.
Tony
31 – Também acho que o movimento chamado
Quarto Mundo foi e esta sendo ainda de
vital importância para a implantação
dessa nova linha de HQs.
Laudo: Claro que isso
não quer dizer que já
tenhamos chegado lá. De modo algum.
Há muita coisa pela
frente, porém o que
já despontou aí, parece não ter retrocesso.
Tony
32 - E isto é ótimo!
Laudo: Veja, em 2005 quando
uma edição
especial da Tianinha vendeu algo em torno
de 25 mil exemplares e no
ano seguinte,
mais duas edições venderam 13 mil cada,
posteriormente, em 2009,
quando “7 Vidas”
do André Diniz em dois meses teve sua
segunda reedição, isso
por si, já vinha
mostrando que algo estava se esboçando
e que em 2011 começou a
se consolidar.
De repente o público leitor descobriu o
quanto legal é a
produção nacional e
seus autores. Obras como “Day Tripper”
dos gêmeos, “Bando
de Dois” do Danilo
Beyruth, “Um Sábado Qualquer” do
Carlos Ruas, sucesso na Internet
e sucesso
de vendas em sua versão impressa, fora
muitos outros casos que, se
não venderam
aquilo tanto para se ter mais reedições,
tiveram um considerável número
de
vendas e por fim, “Histórias do Clube
da Esquina” que sinceramente
falando
surpreendeu até a mim.
Tony
33 – Sem dúvida, voces, digamos, formaram
ou descobriram um novo nicho de
leitores,
gente avêsso aos super-heróis ou ao quadrinho
convencional e disposta
a ler novas propostas
e não as mesmices impostas pelo material
Made in América.
Isto é salutar...
Laudo: Há que se dar um
crédito para este
momento que estamos vivendo, julgo injusto
apontar esse ou
aquele problema, como se
aquilo fosse fazer ruir a coisa toda. Essa nova
geração de autores que apareceram nos
últimos tempos, como o Danilo Beyruth,
Rafael Coutinho, Grampá, Eduardo Medeiros,
Lu e Vitor Gaffagi entre tantos,
além do
talento indiscutível, possuem algo extremamente
importante e talvez o
principal: não lastimam
o quadrinho nacional, simplesmente produzem,
fazem e o
fazem muitíssimo bem.
Eu mesmo, tive contemporâneos que ainda
hoje choram,
choram, reclamam e isso
se na nossa vida pessoal, não leva à
caminho algum, na
criação e produção de
quadrinhos menos ainda. Posso até estar
com uma postura
positiva demais, pode até
ser, mas, se eu não der crédito e confiar,
para que
continuar a fazer?
Só para reclamar?
Tony
28 – Concordo contigo: Só reclamar, se
lamentar, não adianta é preciso agir, fazer
alguma coisa. E também
acho que os dois
tipos de mídia podem viver numa
boa paralelamente.
Quando você
cita esses “contemporâneos
que choram”, até dá para entender porque
essas
criaturas choram. Veja, o meu caso,
eu venho de uma época em que as HQs
vendiam
muito nas bancas. Alguns produtos
chegavam a vender até 70% de uma boa tiragem.
Hoje, você coloca 10 ou 20 mil exemplares –
isso quando o distribuidor permite
-, para
vender 10 a 15%. Isto não paga
nem o custo gráfico.
nem o custo gráfico.
Fica inviável
manter um produto editorial
ou pagar descentemente um profissional.
A verdade é
que o mundo mudou, após a
era da informática, da cibernética. Enfim,
éramos
felizes e não sabíamos. Ao meu
ver, o mercado hoje se tornou incipiente,
apesar
desses novos lançamentos nas livrarias
dessa nova geração, que conquistou novos
leitores. Isto foi ótimo, mas, veja, é
impossível, nós editores, criarmos
condições
descentes para os profissionais do ramo,
que sonham em viver de sua
arte.
Daí as lamentações, é óbvio. Mas, para
quem não viveu o que a minha
geração viveu e
presenciou nem tem noção de como era
maravilhoso este mercado.
Houve um tempo
em que vivíamos de HQs no Brasil. Estamos,
na verdade,
enveredando pela mesma trilha
dos quadrinhos belgas onde a maioria das
pequenas
tiragens, a preços elevados
(álbuns de luxo) sempre foram destinadas às
livrarias, a pequenos nichos de leitores.
Casos excepcionais, como: Tintim,
Asterix,
etc, se sobressaíram de milhares de títulos
lançados por eles e
chegaram a vender
milhares de exemplares. Eu até acredito
que alguns desses
novos títulos nacionais
lançados nas livrarias, por vocês, possam
se sobressair
como aconteceu com Asterix.
Tomara. Mas, creio que isso ainda vai levar
um bom
tempo, afinal, ao meu ver, vocês
deram o pontapé inicial, que foi válido.
Tudo
vai depender do que acontecerá
na sequência. Só me resta torcer por vocês,
novos e intrépidos guerreiros. Agora, é
inegável que esse novo quadrinho
nacional
se tornou elitista, visto que o povo jamais
vai poder ter acesso a
eles, pois nem sequer
frequentam livrarias, infelizmente.
Mas, não sou contra o
que vocês estão
conquistando, só acho que o produto
popular não deve morrer e
que é somente
através dele que podemos consolidar e
ter um campo de trabalho
sólido, decente.
Na Europa, enquanto a maioria dos
editores se dedicavam aos
álbuns luxuosos
elitistas os Bonellis correram contra a maré
lançando gibis
populares, como Tex,
e se deram bem. O próprio Hugo Pratt, que
trabalhava com
os editores elitistas, certa
feita declarou que o Bonelli seguia a linha
correta: a popular. Hoje, a Bonelli
Comics é uma potência e mantém um staff
de
profissionais muito bem pagos,
apesar das vendas terem diminuído
consideravelmente por todo o mundo.
Acredito que as duas linhas editoriais
(sofisticada e popular) são viáveis paralelamente.
Prosseguindo... Webcomics,
hoje, é uma
realidade mundo afora. Essa nova geração
está curtindo cada vez
mais HQs pelos
seus tablets e IPads. As webcomics,
elas ameaçam as publicações
impressas?
Laudo: De maneira nenhuma.
Eu acredito serem apenas
Eu acredito serem apenas
mídias
diferentes com seus
encantos próprios.
encantos próprios.
Tony
29 – Um sonho?
Laudo: Não fico alimentando coisas.
Procuro viver um dia após o
outro.
Mas, viver, como já vivo, de minha arte,
cada vez mais com minha criação
nos
quadrinhos do que apenas como ilustrador.
Tony
30 – É uma vitória, não há dúvida.
Somos privilegiados... Alguma frustração?
Laudo: Devo ter tido muitas, mas não alimento
coisas passadas.
Excesso de mágoa gera doença.
Tony
31 – Todos nós, com certeza (Rsss...).
Mas a sabedoria é saber superá-las, esquecê-las
ou tomar elas como lição...
Mas a sabedoria é saber superá-las, esquecê-las
ou tomar elas como lição...
Projetos para o futuro?
Laudo: No momento a única e exclusivamente
é a terceira e última parte do Yeshuah.
Obviamente
existem outras coisas meio armadas,
porém vamos no que já está aí.
Tony
32 – Ficaremos no aguardo do fechamento
dessa fascinante trilogia, bengala
friend...
Super-heróis, vamos falar sobre esse gênero
tão popular. Voces já
pensaram alguma
vez em produzir eles para
as majors americanas?
Laudo: Nunca. Não é a minha cara e nem meu
traço, além de gosto
pessoal. Nada contra,
porém nada a favor em fazer. O Omar
andou tentando um
período dentro das
possibilidades como arte-finalista e chegou
até a produzir
algo, mas desistiu com o tempo
e sacou que sua história é outra também.
Tony
33 – Mangás... o que acha deles?
Laudo: Admiro, porém leio pouco, muito
pouco mesmo. No
momento estou lendo “Gen –
Pés Descalços” que é arrebatador.
Tony
34 – Deus e religiões?
Laudo: Minha religião é a vida e Deus está
dentro de mim. Sou
muito espiritualizado, muito.
Faço meus trabalhos para melhorar a
cada dia, por
fora e por dentro, é o fundamental.
Pratico isso a cada minuto de minha vida.
Praticar o bem, estar de bem e
pensar o bem, não há outro caminho.
Tony
35 – Com certeza... Cite alguns bons títulos
de livros, que você possa
recomendar...
Laudo: "Psicomagia” e “A dança da Realidade”
do Alejandro
Jodorowsky; algumas obras do
Osho, mas livros mais antigos como “Semente
de Mostarda”
ou “O Rebelde”; “Maria Erótica
e o Clamor do Sexo” do Gonçalo Junior,
obra
imprescindível para os fãs dos
quadrinhos nacionais. Clássicos: Dostoyévski,
Julio Verne e Conan Doyle. Um leque
de gêneros variados e isso é bom.
Tony
36 – Belas dicas. Já li muito Osho, tai um
cara polêmico, que chutava o pau da
barraca das infundadas teses
religiosas. Músicas?
Laudo: Meu gosto é bem diversificado, embora,
confesse que
muito do que se tem por
aí hoje em dia, tanto em música brasileira
quanto
estrangeira não me agrade.
Mas os clássicos da MPB, do rock e do jazz
são
sempre bem-vindos.
E há coisas como
Krishna Das, Jai Uttal
que ouço constantemente e me
inspiram tremendamente.
Tony
37 – Também acho que poucos trabalhos
musicais se salvam hoje em dia... Futebol,
qual é o seu time do coração?
Qual é o time do sócio?
Laudo: Não tenho nenhum e acredito que o Omar
também não.
Nunca discutimos futebol e
consequentemente não me recordo de ter visto
o Omar
conversar sobre isso com alguém.
Eu muito menos ainda.
Tony
38 – Coisa rara, isso, num país em que
o
futebol é quase uma religião (Rss...)...
Tipo de mulher ideal?
Laudo: A amiga, a companheira, a amante
perfeita na cama.
Pode parecer chavão,
antiga música do Juca Chaves, mas é isso.
Tony
39 – Um sonho de consumo?
Laudo: Não tenho. Pelo menos que me lembre.
Sou desapegado de
coisas assim. Procuro ter
coisas úteis para minha vida e para meu
trabalho,
porém isso não me faz a
cabeça, não me escraviza.
emocional, grande bengala friend. Dá pra
citar
assim, ma bucha, o maior e melhor
desenhista de todos os tempos?
Laudo: Impossível. Há centenas. Todos maravilhosos
em cada
momento que vi pela primeira vez e
me apaixonei pelo trabalho do cara. Não há.
Tony
41 - A melhor HQ?
Laudo: O mesmo da resposta anterior.
Cada uma tem sua
significância dentro do
período que aconteceu e que foi lida e lá
estão na
estante das coisas importantes.
Focar em uma, seria injustiça com outras
obras
que tiveram sua relevância em
outro momento e em outra situação.
Tony
42 - Bem, só me resta agradecer à você
pela paciência que teve para responder
esta
saraivada de perguntas.
Mas, o objetivo aqui é fazer que seus
admiradores
conheçam um pouco mais
sobre seus ídolos, inclusive eu (Rsss...).
Mais uma vez,
parabéns pelas fantásticas
realizações de vocês e por terem conquistado
o
primeiro lugar no ranking da Folha.
Se quiser, deixe aí o e-mail de voces,
site,
blog, e uma dica de como e onde o pessoal
pode adquirir Histórias do
Clube da Esquina
ou Yeshuah – dois clássicos-... afinal, a
propaganda é a alma
do negócio.
Muito sucesso pra vocês!
E que esse espírito maravilhoso
e
empreendedor
seja conservado em vocês!
VIDA LONGA E PRÓSPERA AO
NOVO QUADRINHO
NACIONAL!
Laudo: u é que agradeço, Tony, pelo carinho de
sempre e
força na divulgação do trabalho da gente.
Trabalhos meus como “Histórias do
Clube
da Esquina” e os “Yeshuah” estão à
venda nas livrarias, Comic Shops.
Material meu
virtual, podem
acessar o meu blog de desenhos
e há um blog de tirinhas, onde posto de
duas
a três vezes por semana
e para entrar em contato, tem o e-mail
Tony
43 – Até breve, Laudo! Que Deus continue
inspirando vocês para nos proporcionar
ótimos
produtos editoriais, nobres guerreiros!
Um Feliz 2012! Repleto de
sucessos!
Laudo: Um 2012 de muita alegria, prosperidade,
saúde e luz! E vamos sempre adiante. Abração.
Tony 44 – Tá valendo! E fiquem plugados,
webleitores, vem aí outras
entrevistas
bombásticas! Aguardem!
CURTA A ENTREVISTA COM
GILBERTO FIRMINO, DESENHISTA E
EX-EDITOR DA FAMOSA REVISTA
PORRADA, EM...
http://bengalasboysclub.blogspot.com
Copyright
2012\Tony Fernandes\Estúdios Pégasus –
Uma
Divisão de Arte e Criação da Pégasus Publicações Ltda –
São
Paulo – Brasil
Todos
os Direitos Reservados
Por incirvel que pareça, apesar do Laudo ter colaborado pra Press e tbm conhecer o grande Hama, so vim conhecer ele ano passado e nem sabia disso.
ResponderExcluirNos falamos por telefone ele foi super gentil em me indicar algumas editoras recentes.
Gente boa, ainda temos q marcar um café (embora eu nao tome mais café.rs) para trocar mais ideias.
Alias Tony, vc mesmo podia remediar um encontro um dia oq acha? ver, rever e conhecer novos colegas de trabalho.
Parabens laudón pelas conquistas e que venham mais!
MUito boa a entrevista Tony. Feliz 2012!
Forte abraço
Opa!Temos um primeiro visitante ilustre do mundo das HQs este ano!Pois é, grande Rá! O Laudo colaborou com esses nossos grandes amigos e, por irônia, eu também nem fazia ideia disso.
ResponderExcluirVenhoa companhando o trabalho dele e do Viñole a cerca de um ano, pelos blogs deles, e achei a arte dessa dupla fantástica expecional, estilosa.Agora, eles conseguiram um grande feito, com Histórias do Clube da Esquina (o livro de HQs mais vendido do ano , daí achei
uma ótima oportunidade divulgar o trabalho deles.Qto a tal reunião, já pensei nisso.
Tá faltando entrosamento e confraternização entre os bengalas brothers. Vou tentar armar um esquema e te aviso.
Devemos estar na ativa na semana que vem!
Grande 2012 pra vc, pra sua família, e pra todos os bengalas friends e brothers!
Grato, pela visita!