quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A ÚLTIMA ENTREVISTA DE CLÁUDIO SETO REALIZADA POR ROD GONZALES EM 25 de FEVEREIRO DE 2007



BATE PAPO
O QUERIDO BENGALA BROTHER, ROD GONZALEZ, 
AUTOR DO PERSONAGEM BLENK – PUBLICADO 
PELA EDITORA JÚPITER II,
ME DEU UM GRATO PRESENTE ESTA 
SEMANA. UMA ENTREVISTA
COM UM DOS MAIORES ÍCONES
 DAS HQs BRASILEIRAS: CLÁUDIO SETO.
SEMPRE FUI FÃ DE SETO. ASSIM COMO
SEMPRE ADMIREI A ARTE DOS
 MESTRES SHIMAMOTO,
PAULO FUKUE, HAMASAKI E
FERNANDO IKOMA.  
ROD ME ENVIOU UM E-MAIL EXPLICANDO
 A HISTÓRIA... 
“Quando eu mantinha um 
fotolog dedicado a divulgar 
super-heróis brasileiros e
 quadrinhos nacionais 
(não está mais no ar 
porque o servidor 
apagou minhas postagens
 e excluiu minha conta 
sem maiores explicações), recebi 
certa vez, em uma 
matéria que escrevi sobre
 a revista “Samurai” editada 
pela  Edrel, um comentário do
 mestre Claúdio Seto, me
agradecendo por tê-lo chamado 
de “Mestre dos Mestres”.
Na ocasião o estimado mestre 
Seto disse que 
não imaginava que viveria 
até o dia em que seria 
chamado por tal título.
Como em seu comentário ele
 deixou seu endereço
 de e-mail,  aproveitei o ensejo e
 lhe pedi uma entrevista. 
Foi uma rápida entrevista, 
mas creio que tenha 
sido a última que o mestre deu 
em vida, exatamente 
em 25 de fevereiro de 2007. 
Após essa entrevista 
inaugurei a comunidade 
do Orkut (ainda ativa) 
chamada A Arte de Cláudio Seto
 e mantive uma rápida,
 mas marcante, amizade 
com o mestre, que entre outras
 coisas me presenteou 
com a coleção completa dos
 gibis da Maria Erótica 
e muitos outros quadrinhos
 eróticos da Grafipar.
Também fiz amizade com
 sua filha, Mayumi, que 
depois me ajudou muito na
 matéria que escrevi
 sobre o mestre Seto para a revista 
Mundo dos Super-Heróis. 
Esta é uma entrevista rápida, mais
 precisamente um bate-papo,
que fica em registro para 
matar saudade pela
 proximidade dos 3 anos de 
sua partida desta vida
 para a melhor, Tony, dá para publicar no 
seu super blog?”
ENTREVISTA COM O 
GRANDE MESTRE DOS MESTRES,
 O GENIAL CLÁUDIO SETO
Por Rod Gonzalez

ROD: Primeiramente, devo
 confessar que sou grande
 fã da Edrel  e da Grafipar, apesar
 de possuir poucas 
edições dessa época. Espero, 
e acredito que verei e,
 se possível contribuirei, 
divulgando sempre que
 possível para gerar o interesse 
nos leitores brasileiros, 
para que muito desse material 
seja republicado e
 reverenciado por uma nova geração.


SETO: Amigo, Rod, não sei se vale a pena republicar 
coisas velhas.  Hoje existem tantos artistas bem melhores 
de que os do meu tempo. Estes sim merecem as mesmas 
oportunidades que tivemos e não
conseguimos segurá-la devidamente.
Foto: Denise Somero
ROD: Na tradição do Brasil 
temos uma musa 
representando essa fase, 
Maria Erótica, que merece
 ser republicada com todo luxo que merece. 
Sou doido para um dia obter
 a primeira edição da Maria 
Erótica da Grafipar no seu 
almanaque especial.


 SETO: Escreva-me seu endereço postal e lhe 
envio um exemplar.


ROD: (Assim, passei então meu
 endereço ao mestre Seto)
SETO: É que tenho que dar uma 
busca geral, pela bagunça 
aqui em casa, logo, logo, te envio. 
Bom saber que você 
mora em Mirandópolis, estive
 várias vezes nessa cidade.
 Meu irmão trabalhava num 
banco em Mirandópolis e 
às vezes ia passar o final
de semana aí, num 
clube que não lembro o nome. 
Na época tinha um deputado
 de origem japonesa, o 
Antonio Morimoto, e como
 eu era vereador em 
Guaiçara, ia visitá-lo para pedir
ajuda para minha cidade.

ROD: Por essas e outras meu 
trabalho na internet está 
valendo à pena. Jamais esperava
 que teria um comentário 
seu no meu humilde fotologue, e 
que ainda seria agraciado
 com um gibi da Maria Erótica
 (não esqueça do meu 
autógrafo, mestrão!). 
Foi a melhor surpresa que
 já obtive até agora!
SETO: Não costumo navegar 
na internet, tenho 
pouco tempo e medo de 
ficar preso nessa 
engenhoca do diabo.
Às vezes troco informações
 pela internet, mas 
somente com o Japão, para
 aprofundar em assuntos 
religiosos e culturais daquele país. 
Entrei no seu site 
porque minha filha me disse
que alguém estava falando 
a meu respeito.
Pensei que era site do Rodval 
Matias e deixei o recado.
Seto, na editora Edrel, anos 70

ROD: Então tive sorte ou foi o 
destino nos aproximando.
Está correto nisso que diz 
sobre a internet, é 
divertido, mas podendo evitar,
a vida fica bem melhor! 
Acabei fazendo compromissos
 (comigo mesmo ) e
 acabei preso nessa geringonça. 
Pelo menos até honrá-los, 
quando pretendo deixar
 essa “engenhoca do diabo”, 
como diz (concordo plenamente), 
de lado. É bom saber que
 o senhor é um jovem de
 “somente” 60 anos e que está
 em plena forma, Seto, grande 
“samurai” da HQ nacional. 
Falo isso porque ainda pode contribuir, e
muito, para a Glória dos Quadrinhos Nacionais. 
Já pensou em voltar a produzir quadrinhos, 
seja escrevendo, seja desenhando, ou 
mesmo editando?
SETO: Acho que quadrinhos
 é um karma que tenho 
para resolver. Desde que a
 Grafipar acabou tenho 
tentado manter distante das HQs,
 mas vira e mexe
 eles ressurgem em minha vida.
 Seja em forma de 
entrevistas para jornais, revistas,
 rádio e teve, seja por fãs 
de mangás e pessoas que quer
em aprender a desenhar. 
Algumas editoras já me procuraram, 
mas tenho recusado,
 pois não tenho mais fôlego para produzir 
coisa que valha a pena.
Homenagem a Seto feita pelo genial
cartunista Bira Dantas
ROD: Você é uma peça chave
 na nossa História em 
Quadrinhos, mestre Seto! 
Acredito que uma grande
 mudança ocorrera em breve,
 e teremos super-heróis
 e quadrinhos brasileiros 
muito populares, como 
um dia você teve o mérito de 
realizar nas editoras Edrel
 e Grafipar. Na CQB estamos formando 
um time coeso, porém variado, 
com essa cara de mistura  
que é o nosso Brasil! Tenho muita fé que 
os bons tempos do quadrinho
 nacional vão voltar,
 como na sua época.
SETO: Deus te ouça! Rezo para
 que tudo dê certo.
ROD: Em termos de resgate do
 seu trabalho, você ainda 
possui exemplares das publicações
 da Edrel e Grafipar?
 Caso uma editora se interesse
 em republicar, é possível conseguir
 esse material com o senhor?


Uma pesquisadora está fazendo levantamento
 sobre meus trabalhos, se precisar de alguma 
informação a respeito de quadrinhos brasileiros 
no tempo da Edrel e Grafipar é só perguntar
a Midori Machiko (machimidori@yahoo.com.br).
 ROD: Você é o mestre dos
 mestres com certeza, 
além de roteirizar tem o dom de desenhar
 e realizou um sonho, publicou bons quadrinhos 
com seus próprios personagens e
 discursos no Brasil.
 O mérito é seu, ajude-nos com sua 
experiência a realizarmos esse feito novamente! 
Sua participação seria muito bem vinda, mesmo
 se tiver pouco tempo pra se dedicar e participar 
mais ativamente, apenas tendo sua aprovação 
já nos sentiremos satisfeitos em continuar nossa
 missão que é a de retornar com os tempos 
gloriosos do quadrinho nacional como nas 
épocas da Edrel e Grafipar!
SETO: Ainda não sei exatamente o
 que pretendem, mas conte com  o meu 
apoio como sócio da CQB. 
Tudo de bom para você e sucesso 
nessa empreitada.
 É tão bom ver pessoas idealistas batalhando
 pelo espaço devido...
 ROD: Muito obrigado pelas palavras,
 é um prazer tê-lo junto a nós, mestre.
 Quanto ao que pretendemos,
 além de propagar nossos 
ideais de valorização do 
quadrinho nacional como
um todo, estamos articulando contatos
 com deputados para conseguir que
 se faça aprovada a Lei do Quadrinho
 Nacional, para obrigar as editoras
Também queremos publicar

uma revista nacional pra ser um 
gibi de ponta, com novos
artistas, resgates históricos e matérias. 
Abração, mestre Seto!
SETO: Amigo Rod, obrigado pela atenção que
 tem me dispensado.
ROD: Grande abraço, Seto.
Uma publicação da Grafipar


Colaboração do grande bengala friend: 
Rod Gonzales, autor de HQs, articulista da 
revista Mundo dos Super-Heróis – da editora 
Europa e grande batalhador e grande
divulgador das HQs nacionais.
Foto: Raquel Santana
MINI BIOGRAFIA DE 
CLÁUDIO SETO (1944\2008)
Claudio Seto (Chuji Seto Takeguma, 
1944-2008) foi um polímata brasileiro, 
descendente de japoneses, que se
 destacou nas áreas de artes 
plásticas (sendo um dos mais
 renomados desenhistas 
das HQs no Brasil), 
poesia, fotografia,
 animação cultural e bonsaísmo
O SAMURAI



A deliciosa Katy Apache




Partiu para o mundo dos gênios em 
virtude de um derrame.
Infelizmente, o grande Mestre dos 
Mestres faleceu no dia 15 de 
Novembro as dez e meia da Manhã,
 Cláudio Seto foi o primeiro 
artista brasileiro que marcou 
época lançando no 
Brasil o estilo mangá.
O Trabalho do mestre foi amplamente
 reconhecido e acabou 
conquistando o Troféu HQ Mix,
 que é considerado o Oscar
 dos quadrinhos brasileiros, pela série 
O Samurai, lançado pela
 extinta editora Edrel entre os anos 60 e 70. 
Feras, como... Cláudio  Seto, Shimamoto, 
Keizi e outros bambas do
 traço, conseguiram responder de
Imediato ao surgimento do 
Movimento Gekiga, do quadrinhos japonês. 
Autores nipônicos, como: Sampei 
Shirato (A Lenda de Kamui) e
 Hiroshi Hirata (autor de Satsuma 
Gishiden e um dos 
favoritos do escritor Yukio Mishima), 
acabaram influenciando
 muita gente, em diversos países. 
Embora o movimento dos


Lançamento: Flores Manchadas
artistas descendentes de japoneses 
tivesse esbarrado 
na incompreensão dos leitores 
e editores da época, 
no que se refere a estética,
 essa forma diferente de fazer 
HQs voltadas para o público adulto 
foi inovadora no Brasil. 
Nos anos 60 e 70 os trabalhos de
 Seto pela editora Edrel foi incomparável.


Inauguração da sala de exposições 
da obra de Seto
na cidade de Curitiba, Paraná - 

Sul do país, em 2009




Anos depois, o artista assumiu a
direção da Grafipar, de
 Curitiba, e auxiliado pelo bengala
 friend e grande escriba 
Ataíde Braz, fez renascer a 
chama das HQs brasileiras, 
dando oportunidade à muitos
 veteranos e iniciantes de 
publicar suas histórias
 em quadrinhos. 
Inúmeros títulos repletos de erotismo
 foram produzidos por
 autores nacionais e lançados em bancas. 
Além da série O Samurai, duas outras
 séries criadas pelo mestre Seto,
 mais marcantes, foi, sem dúvida,
 Kat Apache e Maria Erótica.





No último dia 20 de setembro foi lançado,
na capital do Paraná , o documentário 
"O Samurai de Curitiba", um 
curta metragem sobre a produção 
de HQs de Cláudio Seto (1944\2008), 
criador de 
fantásticos  personagens.
Ele enveredou por diversos gêneros, 
como: samurais, terror, 
policiais e eróticas.
 Também criou roteiros inovadores 
para a época, além de ser um dos 
pioneiros a lançar mangá no país.
O filme dirigido por José Padilha 
e Rober Machado
 ( que também assina a produção e o roteiro), 
tem 20 minutos de duração e mostra outras
 habilidades artísticas de Seto, 
que também trabalhou com literatura,
artes plásticas e fotografia.
O lançamento de "O Samurai de Curitiba" 
e a venda das
 cópias do DVD (contendo extras) aconteceu no
 Hara Palace Hotel, às 19he30min. Neste mesmo
dia também foi lançado a 
segunda edição de AYUMI - 
Caminhos Percorridos, livro 
escrito por Seto e Maria Helena Uyela, 
sobre a imigração
japonesa na cidade de Curitiba e 
no litoral paranaense.

Valeu, mestre Cláudio Seto, por sua
 enorme dedicação
e luta em prol dos quadrinhos brasileiros! 
Que Deus o tenha no lugar 
dos nobres guerreiros, 
grande bengala brother!
Por: Tony Fernandes


Rod Gonzales, nosso colaborador, que
entrevistou pela última vez o mestre
Cláudio Seto, é escritor, articulista da
revista Mundo do Super-Heróis, 
músico e o criador de Blenk, um surfista
que defende a fauna e a flora 
(lançado pela editora Júpiter II)
  
Copyright 2011\Tony Fernandes\Estúdios Pégasus –
Uma Divisão de Arte e Criação da
 Pégasus Publicações Ltda – 
SP – Brasil  e Rod Gonzales (autor de Blenk).
Todos os Direitos Reservados.


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