Este nosso talkie show virtual já virou
ponto de encontro daqueles que adoram arte
em geral e, principalmente,
histórias em quadrinhos.
É nesse nosso pequeno espaço, ante a
imensidão que é a WEB,
é que fizemos nosso cantinho onde reunimos
semanalmente
grandes feras das HQs nacionais,
gente que fez e faz acontecer.
O entrevistado de hoje foi o braço direito
do Mauricio de Sousa, durante anos,
quando o Disney
brasileiro começou sua luta
para implantar no mercado
editorial nacional – que era tomado por
publicações estrangeiras, nos anos 60 -,
seus geniais
personagens: Mônica e Cebolinha,
que hoje são publicados
em diversos países e
são recordistas de vendas no Brasil.
Nosso entrevistado, também é eclético,
escreveu e desenhou, criou e publicou
seus próprios personagens,
fez parcerias importantes, trabalhou
para várias editoras, foi diretor de arte e,
por fim, abriu sua própria
editora chamada Hamasaki.
Enfim, trata-se de um
guerreiro incansável, de ascendência oriental,
dono de uma grande bagagem cultural
e profissional.
Ele tem uma vasta experiência no setor
editorial e sempre foi polivalente.
Tem muita história para contar.
Levei seis meses para conseguir colher
este depoimento, pois a criatura é avessa
a computadores, a tecnologia.
Curta, agora, o bate papo informal
com o bengala brother
e old friend, o mestre...
ponto de encontro daqueles que adoram arte
em geral e, principalmente,
histórias em quadrinhos.
É nesse nosso pequeno espaço, ante a
imensidão que é a WEB,
é que fizemos nosso cantinho onde reunimos
semanalmente
grandes feras das HQs nacionais,
gente que fez e faz acontecer.
O entrevistado de hoje foi o braço direito
do Mauricio de Sousa, durante anos,
quando o Disney
brasileiro começou sua luta
para implantar no mercado
editorial nacional – que era tomado por
publicações estrangeiras, nos anos 60 -,
seus geniais
personagens: Mônica e Cebolinha,
que hoje são publicados
em diversos países e
são recordistas de vendas no Brasil.
Nosso entrevistado, também é eclético,
escreveu e desenhou, criou e publicou
seus próprios personagens,
fez parcerias importantes, trabalhou
para várias editoras, foi diretor de arte e,
por fim, abriu sua própria
editora chamada Hamasaki.
Enfim, trata-se de um
guerreiro incansável, de ascendência oriental,
dono de uma grande bagagem cultural
e profissional.
Ele tem uma vasta experiência no setor
editorial e sempre foi polivalente.
Tem muita história para contar.
Levei seis meses para conseguir colher
este depoimento, pois a criatura é avessa
a computadores, a tecnologia.
Curta, agora, o bate papo informal
com o bengala brother
e old friend, o mestre...
PAULO HAMASAKI ,
Ex-braço direito do Mauricio
de Sousa e o criador de Torn, Jana,
Cris (a repórter), A Turma do Miúdo,
Caruncho e Caroço,
Ex-braço direito do Mauricio
de Sousa e o criador de Torn, Jana,
Cris (a repórter), A Turma do Miúdo,
Caruncho e Caroço,
e de milhares de páginas de HQs
de diversos gêneros!
Tony 1– É uma honra poder entrevistá-lo,
velho parceiro de árduas
de diversos gêneros!
Getúlio Delphim, Paulo Hamasaki, J. B. Pereira e Luscar (em primeiro plano). Foto rara de Hamasaki |
velho parceiro de árduas
batalhas e grande guru do Oriente.
Trabalhamos juntos durante
5 anos na extinta editora Noblet.
Você era o nosso diretor de arte ou editor.
Você era o cara que
bolava os projetos da casa (Rsss...).
Aquilo foi uma escola. Também chegamos até
a trabalhar em conjunto para a Bloch Editores
fazendo Os Trapaçhões
e Trapasuat, lembra? Faz tempo... (Rsss...).
Somos anti- diluvianos, jurássicos, uma espécie
em extinção.
Há tempos a gente não nos viamos.
Somos sobreviventes e ainda estamos aí,
“firmes na paçoca” nesse incrível e oscilante
mercado editorial nacional. Pelo visto, nem o capeta
quer a gente lá embaixo (Rsss...).
O pessoal “sobe a serra”, “desce o morro” e nós
ficamos por aqui, contrariando a
Natureza que insiste em levar nossos
oldies bengalas friends
“pro lado de lá”. Vou dar o “tiro de largada”...
O que você anda fazendo últimamente, Paulo?
Trabalhamos juntos durante
5 anos na extinta editora Noblet.
Você era o nosso diretor de arte ou editor.
Você era o cara que
bolava os projetos da casa (Rsss...).
Aquilo foi uma escola. Também chegamos até
a trabalhar em conjunto para a Bloch Editores
fazendo Os Trapaçhões
e Trapasuat, lembra? Faz tempo... (Rsss...).
Somos anti- diluvianos, jurássicos, uma espécie
em extinção.
Há tempos a gente não nos viamos.
Somos sobreviventes e ainda estamos aí,
“firmes na paçoca” nesse incrível e oscilante
mercado editorial nacional. Pelo visto, nem o capeta
quer a gente lá embaixo (Rsss...).
O pessoal “sobe a serra”, “desce o morro” e nós
ficamos por aqui, contrariando a
Natureza que insiste em levar nossos
oldies bengalas friends
“pro lado de lá”. Vou dar o “tiro de largada”...
O que você anda fazendo últimamente, Paulo?
Hamasaki: Estou escrevendo histórias e contos de
diversos gêneros, que pretendo, posteriormente,
transformá-los em Histórias em Quadrinhos, Tony.
Mas antes gostaria de vê-los publicados como livros.
Arte: de Paulo Hamasaki - Um fã de seres jurássicos - Cores: Tony Fernandes |
Tony 2 – Deixe-me ver se entendi... você
é um desenhista que virou, de vez, um escriba,
mas que um dia pretende voltar
a desenhar e que pretende transformar seus
textos em HQs, é isso? Entendi. Aliás, você sempre
escreveu muito bem, sou seu fã ... digo, fã dos seus
textos, professor Hama (Rsss...).
Livros... vamos falar sobre eles...
O que o levou a se dedicar,
nos últimos anos, só a escrita?
Alguma decepção com as HQs?
Enfim, decidiu parar de desenhar,
temporariamente, por quê?
escreveu muito bem, sou seu fã ... digo, fã dos seus
textos, professor Hama (Rsss...).
Livros... vamos falar sobre eles...
O que o levou a se dedicar,
nos últimos anos, só a escrita?
Alguma decepção com as HQs?
Enfim, decidiu parar de desenhar,
temporariamente, por quê?
Hamasaki: Fiquei cansado de fazer sempre a
mesma coisa.
Estou dando um tempo, estudando novas fórmulas de
fazer Quadrinhos, procurando adivinhar o que o
leitor deseja e se o que ele quer
corresponde ao que desejo fazer.
O genial Alex Raymond ainda é um dos autores preferidos de Paulo Hamasaki |
papo pelo meio, vou recomeçar... (Rsss...).
Nobody is perfect, muito menos eu... Paulinho Hamasaki –
pros íntimos- , em que dia, mês, ano e estado, país, você
nasceu? E qual é seu nome de batismo?
Hamasaki: Nasci em Araçatuba,
estado de S. Paulo,
em 29 de setembro de 1941 e fui batizado na
Igreja Católica como Paulo.
O meu nome verdadeiro japonês é
Yasukasu, que na grafia oriental significa:
imperador.
Tony 4 – Imperador? Hmmm... que chique... (Rsss...).
Sua família é originária do Japão, pelo que sei (tá na cara,
é óbvio). Mas, de que região eles vieram?
Hamasaki: Hiroshima.
Sou descendente de família
quase milenar (950 anos para mais).
Meu avô ia aportar em São Francisco,
na Califórnia, mas
mudou de ideia e veio para o Brasil.
Pouco antes de estourar a
Segunda Grande Guerra Mundial,
ele regressou a Hiroshima e ali
faleceu, em conseqüência das radiações
da bomba que os americanos jogaram na cidade.
Os Hamasaki sempre viveram no litoral e até hoje
possuem frota pesqueira, bastante modernizada.
Tradicionalmente comerciantes, descendentes
dos antigos coreanos, os Hamasaki ganharam
o nome através de decreto do imperador.
Antes disso, segundo meu pai, a família
era chamada Tanaka.
Hamasaki (de Costas), Shimamoto (de perfil), Flávio Colin (de frente). Em segundo plano: Rodolfo Zalla, J. B. Pereira e o mestre Getúlio Delphim. |
Tony 5 – Caramba! Voces são daquela cidade que
os americanos detonaram. Aquilo foi desumano,
foi pura sacanagem dos imperialistas da América,
my friend... mas, isto é uma outra história... Então o
velho patriarca Hamasaki ia para
a América, mas decidiu vir para o Brasil. Captei.
Que “zica”, bengala friend. Você na América, no
passado, fazendo comics, teria se dado bem melhor
do que por aqui... (Rsss...).
Mas, vamos em gente e a pergunta a seguir é fatal...
não dá pra te entrevistar sem falar nele... (Rsss...).
Sem falar no cara, você sabe de quem eu estou falando...
Sua primeira experiência profissional foi com o Mauricio
de Sousa, ou você já havia publicado antes de conhecê-lo?
Hamasaki: Um ano antes, de ir trabalhar
com ele, eu já publicava meus quadrinhos
em algumas editoras paulistanas.
Por excesso de autocrítica, raramente
assinava meus trabalhos.
Tony 6 – Timidão? Hmmm... entendi. Como e
quando foi que você conheceu o aclamado
“Disney brasileiro”, nosso campeão
de vendas, que eleva o nome das HQs tupiniquins
além das fronteiras do nosso pais?
quando foi que você conheceu o aclamado
“Disney brasileiro”, nosso campeão
de vendas, que eleva o nome das HQs tupiniquins
além das fronteiras do nosso pais?
Hamasaki: Foi na redação da editora Outubro
(ex-Continental).
O Mauricio apareceu por lá para entregar seus
originais das tiras em quadrinhos de seus
personagens que haviam sido publicadas
no jornal Folha de São Paulo.
Eu fazia as montagens,
transformando-as em páginas da revista Bidu.
Foi assim que o conheci. Um ano depois,
ele me veio procurar na editora do Brasil,
onde eu ilustrava livros
didáticos e me fez proposta de
artefinalizar seus personagens.
Tony 7 – Interessante, grande Hama...
Muitos descendentes de orientais, em geral, fazem
arte no estilo mangá – principalmente,
(ex-Continental).
O Mauricio apareceu por lá para entregar seus
originais das tiras em quadrinhos de seus
personagens que haviam sido publicadas
no jornal Folha de São Paulo.
Eu fazia as montagens,
transformando-as em páginas da revista Bidu.
Foi assim que o conheci. Um ano depois,
ele me veio procurar na editora do Brasil,
onde eu ilustrava livros
didáticos e me fez proposta de
artefinalizar seus personagens.
Paulo Hamasaki e Paulo Fukue - Arte feita por Hamasaki em 1973 |
Muitos descendentes de orientais, em geral, fazem
arte no estilo mangá – principalmente,
hoje em dia. Mas, você, o Shima, o Seto e o Fernando
Ikoma, preferiram seguir a escola americana, por quê?
Nunca apreciou mangás na infância ou adolescência?
Ikoma, preferiram seguir a escola americana, por quê?
Nunca apreciou mangás na infância ou adolescência?
Hamasaki: O Shima tem estilo único e
inconfundível e é sem dúvida um dos
nossos maiores e melhores artistas
dos quadrinhos. Os outros desenhistas
que citou são
de escolas japonesas, que difundiram
os mangás no Brasil.
Quanto a mim, apreciava mais o estilo
americano, as histórias, as técnicas,
o claro\escuro, essas coisas.
inconfundível e é sem dúvida um dos
nossos maiores e melhores artistas
dos quadrinhos. Os outros desenhistas
que citou são
de escolas japonesas, que difundiram
os mangás no Brasil.
Quanto a mim, apreciava mais o estilo
americano, as histórias, as técnicas,
o claro\escuro, essas coisas.
Tony 8 – Acho que a grande maioria de nós,
autores, brasileiros
sofremos influência da técnica dos grandes mestres da
América, bengala brother. Com certeza. Pergunto:
O Mauricio era, inicialmente, repórter policial do jornal
Folha de São Paulo, correto?
Você sabe me dizer por que ele decidiu
fazer tiras de jornais?
autores, brasileiros
sofremos influência da técnica dos grandes mestres da
América, bengala brother. Com certeza. Pergunto:
O Mauricio era, inicialmente, repórter policial do jornal
Folha de São Paulo, correto?
Você sabe me dizer por que ele decidiu
fazer tiras de jornais?
Hamasaki: Nos intervalos de folga entre uma
reportagem e outra, ele desenhava
piadas nos espaços em branco do jornal,
dividindo-os com latinos-
americanos, europeus e americanos.
Não foi por muito tempo; logo ele criou o Bidu e
o Franjinha como personagens de HQs, ocupando
rapidamente seu espaço
no meio de todos aqueles gringos.
O que deduzo é que
o Maurício começava a esboçar os
primeiros projetos
para edificar a sua futura organização e
as tiras eram só início.
reportagem e outra, ele desenhava
piadas nos espaços em branco do jornal,
dividindo-os com latinos-
americanos, europeus e americanos.
Não foi por muito tempo; logo ele criou o Bidu e
o Franjinha como personagens de HQs, ocupando
rapidamente seu espaço
no meio de todos aqueles gringos.
O que deduzo é que
o Maurício começava a esboçar os
primeiros projetos
para edificar a sua futura organização e
as tiras eram só início.
Tony 9 – Sei que Mauricio ralou muito pra
chegar onde está.
Merece e inovou a linguagem das HQs infantis.
Naquele tempo de “vacas magras” você era,
digamos, o diretor de arte do Mauricio, OK?
Era você que comandava o estúdio
enquanto o chefe fazia suas
reportagens e vendas, correto?
Onde ficava o estúdio e quem
mais trabalhava com vocês nessa época?
Hamasaki: Nesse período o Mauricio
não era mais repórter, mas um
empresário estruturando
seus negócios.
chegar onde está.
Merece e inovou a linguagem das HQs infantis.
Naquele tempo de “vacas magras” você era,
digamos, o diretor de arte do Mauricio, OK?
Era você que comandava o estúdio
enquanto o chefe fazia suas
reportagens e vendas, correto?
Onde ficava o estúdio e quem
mais trabalhava com vocês nessa época?
Hamasaki: Nesse período o Mauricio
não era mais repórter, mas um
empresário estruturando
seus negócios.
Quando ele me contratou, atuamos, por uns
tempos, em Mogi das Cruzes; depois, na
rua Helvética, em S. Paulo;
uns dois anos depois, num andar do edifício Notícias
Populares, que era propriedade do jornal
Folha de São Paulo.
Foi ali que começamos a contratar gente.
Tony 10: Então, tudo começou em Mogi... continue, Paulo...
tempos, em Mogi das Cruzes; depois, na
rua Helvética, em S. Paulo;
uns dois anos depois, num andar do edifício Notícias
Populares, que era propriedade do jornal
Folha de São Paulo.
Foi ali que começamos a contratar gente.
Tony 10: Então, tudo começou em Mogi... continue, Paulo...
Hamasaki: Principalmente moças, algumas
origem japonesa (meu pai havia
me dito que no Japão,
a produção de mangás era feita
por 70% de elementos
femininos, que faziam letras,
balões, corrigiam falhas, requadravam
páginas, apagavam
traços a lápis, coisas assim...
origem japonesa (meu pai havia
me dito que no Japão,
a produção de mangás era feita
por 70% de elementos
femininos, que faziam letras,
balões, corrigiam falhas, requadravam
páginas, apagavam
traços a lápis, coisas assim...
Tony 11: Bem observado. O senhor seu
pai tinha razão. De fato, atualmente, ainda há
muitas mulheres envolvidas na
produção dos mangás.
Aquilo é uma loucura soltam edições
semanais, quinzenais e mensais,
com mais de 400 páginas a
preços super populares, pois o material
é impresso em
papel de péssima qualidade e de várias cores.
Assim, os mangás são consumidos
por todas as classes sociais.
Mas, tenho notícia atual de que até
os mangás tiveram queda
nas vendas, que atingiram todo o mundo.
No Brasil, um país subdesenvolvido,
onde a renda per capita
ainda é ridícula um “gênio” inventou
de fazer revistas de
alto nível gráfico, publicações chiques. Is
to acabou espantando a grande massa
que, apesar de adorar
HQs, acabou deixando de comprá-las devido
aos preços extorsivos.
Eu só queria saber o nome desse
“gênio”, para matá-lo...
Prossiga, bengala friend, este
papo está interessante...
pai tinha razão. De fato, atualmente, ainda há
muitas mulheres envolvidas na
produção dos mangás.
Aquilo é uma loucura soltam edições
semanais, quinzenais e mensais,
com mais de 400 páginas a
preços super populares, pois o material
é impresso em
papel de péssima qualidade e de várias cores.
Assim, os mangás são consumidos
por todas as classes sociais.
Mas, tenho notícia atual de que até
os mangás tiveram queda
nas vendas, que atingiram todo o mundo.
No Brasil, um país subdesenvolvido,
onde a renda per capita
ainda é ridícula um “gênio” inventou
de fazer revistas de
alto nível gráfico, publicações chiques. Is
to acabou espantando a grande massa
que, apesar de adorar
HQs, acabou deixando de comprá-las devido
aos preços extorsivos.
Eu só queria saber o nome desse
“gênio”, para matá-lo...
Prossiga, bengala friend, este
papo está interessante...
Hamasaki: Passei a sugestão do meu velho
para o Mauricio, que era de
decisões tão rápidas quanto acertadas.
Claro que, no princípio, para mim,
foi extremamente difícil agüentar a adaptação
da turma ao estilo Mauricio.
Passei uns anos fazendo serão,
corrigindo falhas.
Os nomes que me lembro:
Graciano, Sérgio de Jesus,
Lauro, Alvim, Luscar, Alice, Márcia, Laura,
Herrero, Herreno, Sidnei.
Tony 12 – Alvim, Alice, Herrero
e o grande Luscar, eu também os
conheci, bengala samurai.
para o Mauricio, que era de
decisões tão rápidas quanto acertadas.
Claro que, no princípio, para mim,
foi extremamente difícil agüentar a adaptação
da turma ao estilo Mauricio.
Passei uns anos fazendo serão,
corrigindo falhas.
Os nomes que me lembro:
Graciano, Sérgio de Jesus,
Lauro, Alvim, Luscar, Alice, Márcia, Laura,
Herrero, Herreno, Sidnei.
Tony 12 – Alvim, Alice, Herrero
e o grande Luscar, eu também os
conheci, bengala samurai.
Continuando... No início, quando você
começou a trabalhar com “o fera”,
suponho que voces passaram
por muitas dificuldades financeiras, etc.
Aonde vocês arrumaram tanta garra
e perseverança pra seguir em frente?
Dizem que o homem comprou
um livro sobre a vida e a luta de Walt Disney
e que ele vivia com o tal livro pra lá
e pra cá e vivia apregoando
que um dia ia ser o Disney tupiniquim....
(Rsss...). O pessoal devia achar ele maluco... (Rsss...).
Mas, acabou chegando lá e até superou Disney
em vendas, no Brasil.
O homem sempre teve muita garra...
Hamasaki: Mauricio jamais se
autodenominou o Disney brasileiro.
Na verdade, fui eu que disse que
começou a trabalhar com “o fera”,
suponho que voces passaram
por muitas dificuldades financeiras, etc.
Aonde vocês arrumaram tanta garra
e perseverança pra seguir em frente?
Dizem que o homem comprou
um livro sobre a vida e a luta de Walt Disney
e que ele vivia com o tal livro pra lá
e pra cá e vivia apregoando
que um dia ia ser o Disney tupiniquim....
(Rsss...). O pessoal devia achar ele maluco... (Rsss...).
Mas, acabou chegando lá e até superou Disney
em vendas, no Brasil.
O homem sempre teve muita garra...
Hamasaki: Mauricio jamais se
autodenominou o Disney brasileiro.
Na verdade, fui eu que disse que
um dia ele seria conhecido assim.
Quanto ao livro, da editora Vecchi,
ele deve possuí-lo até hoje.
Realmente algumas pessoas achavam que
o Mauricio era um sonhador,
outros um megalomaníaco
e, s ei lá porque, vinham
dizê-lo a mim.
Como conhecia os planos dele
e ele jamais os ocultou de mim, procurava
dar todo o meu apoio.
Sob o meu ponto de vista, achava
perfeitamente natural,
não tanto como colaborador, mas
sobretudo como amigo.
Nesse sentido, creio que
ele demonstrou ser
muito mais do que eu.
Tenho que reconhecer.
Tony 13 – Na década de 70 eu
também colaborei com a
Folhinha de São Paulo, mas receber
da empresa Folha da
Manhã – que comanda o grupo Folha-,
era um drama mexicano...
(Rsss...). Os caras eram ruins
Quanto ao livro, da editora Vecchi,
ele deve possuí-lo até hoje.
Realmente algumas pessoas achavam que
o Mauricio era um sonhador,
outros um megalomaníaco
e, s ei lá porque, vinham
dizê-lo a mim.
Como conhecia os planos dele
e ele jamais os ocultou de mim, procurava
dar todo o meu apoio.
Sob o meu ponto de vista, achava
perfeitamente natural,
não tanto como colaborador, mas
sobretudo como amigo.
Nesse sentido, creio que
ele demonstrou ser
muito mais do que eu.
Tenho que reconhecer.
Salvador Daly e Walt Disney |
também colaborei com a
Folhinha de São Paulo, mas receber
da empresa Folha da
Manhã – que comanda o grupo Folha-,
era um drama mexicano...
(Rsss...). Os caras eram ruins
para pagar. Pagavam, depois de
muita briga. Pergunto...
como vocês conseguiam receber deles?
muita briga. Pergunto...
como vocês conseguiam receber deles?
Hamasaki: Colaboradores de editoras
sempre foram os últimos a receber (quando
recebiam, é claro), pois não
havia vinculo empregatício, somente um
compromisso
informal, que poderia ser desfeito sem aviso
prévio (você teve uma experiência semelhante,
na editora Saber, Lembra-se?)
sempre foram os últimos a receber (quando
recebiam, é claro), pois não
havia vinculo empregatício, somente um
compromisso
informal, que poderia ser desfeito sem aviso
prévio (você teve uma experiência semelhante,
na editora Saber, Lembra-se?)
Tony 14: E como me lembro... Bem lembrado,
Paulinho... 1973.
Eu era garoto, estava começando...
eles foram o meu primeiro cliente e quase tomei
o meu primeiro calote no ramo.
Pra receber tive que ameaçar dar umas
porradas nos editores...
a coisa se espalhou e acabei ficando famoso
como “o cara que
tentou assassinar aqueles doidos...” (Rsss...).
Um dia foi na editora Abril e
o fulano que me atendeu
me disse: “Você é o cara que
apavorou os editores do Brás?” (Rsss...).
Recém-casado, duro, com uma filha pra comprar
leite Ninho... fiquei macho pra cacete...
(Rsss...). Conta mais... é bom
relembrar os oldies times...
Paulinho... 1973.
Eu era garoto, estava começando...
eles foram o meu primeiro cliente e quase tomei
o meu primeiro calote no ramo.
Pra receber tive que ameaçar dar umas
porradas nos editores...
a coisa se espalhou e acabei ficando famoso
como “o cara que
tentou assassinar aqueles doidos...” (Rsss...).
Um dia foi na editora Abril e
o fulano que me atendeu
me disse: “Você é o cara que
apavorou os editores do Brás?” (Rsss...).
Recém-casado, duro, com uma filha pra comprar
leite Ninho... fiquei macho pra cacete...
(Rsss...). Conta mais... é bom
relembrar os oldies times...
Hamasaki: Essas empresas, Tony, dependiam
das vendas em bancas, pois
assinaturas e anúncios
em HQs eram incipentes na época e não
cobriam as despesas de produção.
das vendas em bancas, pois
assinaturas e anúncios
em HQs eram incipentes na época e não
cobriam as despesas de produção.
Tony 15: Sim, hoje eu sei disso. Mas, na época
eu não quis saber de
história, bengala friend... parti pra cima deles... (Rsss...).
Quanta besteira a gente faz na vida, não?
Hamasaki: Em referência
a sua última pergunta:
Mauricio, como o cofundador da Folhinha
de São Paulo – criação dele e de Lenita Miranda
de Figueiredo, esta como redatora-chefe do veículo-,
faziam o jornal titular vender mais aos domingos.
eu não quis saber de
história, bengala friend... parti pra cima deles... (Rsss...).
Quanta besteira a gente faz na vida, não?
Hamasaki: Em referência
a sua última pergunta:
Mauricio, como o cofundador da Folhinha
de São Paulo – criação dele e de Lenita Miranda
de Figueiredo, esta como redatora-chefe do veículo-,
faziam o jornal titular vender mais aos domingos.
Outra coisa, nós sempre recebíamos nossos
pagamentos em dia. Falatório não procede.
Tony 16: Tia Lenita, putz... até já
havia me esquecido dela...
pagamentos em dia. Falatório não procede.
Tony 16: Tia Lenita, putz... até já
havia me esquecido dela...
Discordo de você, bengala friend,
no que se refere a pontualidade dos
pagamentos do referido jornal.
Também quase tomei um cano deles na
década de 70. Só recebi depois de
fazer um puta escarcéu...
pode acreditar.
Voces podem ter recebido em dia, mas eu, não,
logo no primeiro freelance.
Comecei a carreira derrapando, literalmente,
continuei de teimoso... (Rsss...).
no que se refere a pontualidade dos
pagamentos do referido jornal.
Também quase tomei um cano deles na
década de 70. Só recebi depois de
fazer um puta escarcéu...
pode acreditar.
Voces podem ter recebido em dia, mas eu, não,
logo no primeiro freelance.
Comecei a carreira derrapando, literalmente,
continuei de teimoso... (Rsss...).
Prosseguindo, old friend... Pelo que me consta,
a Mauricio de Sousa Produções
começou pequena, fazendo
desenhos de merchandising para
copos e etc, para as lojas tipo
Pernambucanas, da vida.
Confere?
Isto ocorreu antes ou depois
da tiras saírem no jornal?
a Mauricio de Sousa Produções
começou pequena, fazendo
desenhos de merchandising para
copos e etc, para as lojas tipo
Pernambucanas, da vida.
Confere?
Isto ocorreu antes ou depois
da tiras saírem no jornal?
Hamasaki: O Mauricio sempre
procurou vender seus trabalhos
para empresas que necessitavam de
desenhos para seus produtos tais, como:
copos, pratos, guardanapos, fronhas,
roupas de cama, etc.
Produtos voltados para o público infantil.
Disse-me que as tiras de jornal
eram insuficientes
para promover seus bonecos.
Naqueles tempos, as pesquisas afirmavam
que apenas 30% dos leitores
brasileiros eram plenamente alfabetizados.
O Mauricio desejava a fatia
maior, aquela que não lia jornais.
Tony 17: Só 30%? Poucos leitores...
e o pior, parece que a coisa não mudou
muito nos últimos anos, my friend...
lamentável.
O homem tinha visão e sabia muito bem
qual era seu objetivo:
popularizar suas criações
atingindo assim a grande massa.
Um marketeiro nato. Corre um boato que...
a primeira editora a lançar uma revista
com os personagens do
Mauricio, foi a milenar e lendária
Gráfica e Editora Bentivegna.
Isto é correto ou é lenda?
Você sabe, há muitas lendas no mercado...
Fale-me sobre isto...
procurou vender seus trabalhos
para empresas que necessitavam de
desenhos para seus produtos tais, como:
copos, pratos, guardanapos, fronhas,
roupas de cama, etc.
Produtos voltados para o público infantil.
Disse-me que as tiras de jornal
eram insuficientes
para promover seus bonecos.
Naqueles tempos, as pesquisas afirmavam
que apenas 30% dos leitores
brasileiros eram plenamente alfabetizados.
O Mauricio desejava a fatia
maior, aquela que não lia jornais.
Tony 17: Só 30%? Poucos leitores...
e o pior, parece que a coisa não mudou
muito nos últimos anos, my friend...
lamentável.
O homem tinha visão e sabia muito bem
qual era seu objetivo:
popularizar suas criações
atingindo assim a grande massa.
Um marketeiro nato. Corre um boato que...
a primeira editora a lançar uma revista
com os personagens do
Mauricio, foi a milenar e lendária
Gráfica e Editora Bentivegna.
Isto é correto ou é lenda?
Você sabe, há muitas lendas no mercado...
Fale-me sobre isto...
Hamasaki: Foi a editora Outubro, de
Miguel Falcone Penteado, lendário
ilustrador, pintor e editor, que
possuía grande compreensão dos problemas que o
artista brasileiro enfrentava para vender seus
trabalhos o primeiro a lançar Bidu.
Miguel Penteado (um dos fundadores da Gráfica e Editora Penteado) e o mestre Jayme Cortez |
história sobre ele.
Então, ele foi o cara.
O primeiro a editar uma revista do Mauricio.
Dizem que foi um grande editor, além
de ser um grande artista, e que ele deu muito
apoio aos autores tupiniquins da época...
conta mais, jurassik friend (Rsss...)...
O primeiro a editar uma revista do Mauricio.
Dizem que foi um grande editor, além
de ser um grande artista, e que ele deu muito
apoio aos autores tupiniquins da época...
conta mais, jurassik friend (Rsss...)...
Hamasaki: A dificuldade das tiras de jornal,
que seriam utilizadas como páginas
de gibi através das montagens,
era que tinha que aguardar o
término das histórias no
periódico, o que, logicamente,
atrasava a confecção da revista.
que seriam utilizadas como páginas
de gibi através das montagens,
era que tinha que aguardar o
término das histórias no
periódico, o que, logicamente,
atrasava a confecção da revista.
Tony 19 – A revista do Bidú, durou
quantas edições, mestre?
Hamasaki: Não sei ao certo, talvez
cinco ou seis edições, três ou quatro histórias
completas e as restantes
parcialmente desenhadas pelo Mauricio.
Tony 20 : Pelo que sei o projeto
da revista da Mônica não foi feito
para Abril, na época, e parece
que vocês estavam negociando
cinco ou seis edições, três ou quatro histórias
completas e as restantes
parcialmente desenhadas pelo Mauricio.
Capa da edição #1 da revista Cebolinha, publicada pela editora Abril |
da revista da Mônica não foi feito
para Abril, na época, e parece
que vocês estavam negociando
com outra editora... qual era o
nome dessa editora e por que a
coisa acabou não dando certo?
nome dessa editora e por que a
coisa acabou não dando certo?
Hamasaki: Tony, eu julguei que
a entrevista fosse sobre a minha
fantástica e quixotesca jornada
dentro dos quadrinhos, mas
você está me ludibriando...
a entrevista fosse sobre a minha
fantástica e quixotesca jornada
dentro dos quadrinhos, mas
você está me ludibriando...
Tony 21: Eu, grande guru do Oriente?
Ludibriando? (Rssss...).
Por que estou lhe perguntando c
oisas do tempo em que você
estava lá no Mauricio, o pai da
Turma da Mônica? (Rsss...).
Bengala friend, é impossível falar
da sua carreira, sem falar ou
questionar algo sobre o Mauricio, final
você estava lá, foi o braço direito
do homem, viu a
coisa surgir, crescer (Rsss...).
Além do mais, meus webleitores,
com certeza, vão adorar saber essas
coisas de bastidores, que um dia você
me contou e que agora
temos a oportunidade de
relatar para a galera neste seu revelador
e interessante depoimento.
Acho isto fantástico.
Hamasaki: Sobre o "cara”, como diria
Obama, existem
Ludibriando? (Rssss...).
Por que estou lhe perguntando c
oisas do tempo em que você
estava lá no Mauricio, o pai da
Turma da Mônica? (Rsss...).
Bengala friend, é impossível falar
da sua carreira, sem falar ou
questionar algo sobre o Mauricio, final
você estava lá, foi o braço direito
do homem, viu a
coisa surgir, crescer (Rsss...).
Além do mais, meus webleitores,
com certeza, vão adorar saber essas
coisas de bastidores, que um dia você
me contou e que agora
temos a oportunidade de
relatar para a galera neste seu revelador
e interessante depoimento.
Acho isto fantástico.
Hamasaki: Sobre o "cara”, como diria
Obama, existem
quatro décadas e meia de literatura por aí...
Tony 22: Sim, eu sei... mas, você esteve la´in loco...
Hamasaki: Mas serei condescendente com você,
em nome da nossa velha amizade e das lutas
travadas no campo durante tantos anos.
em nome da nossa velha amizade e das lutas
travadas no campo durante tantos anos.
Tony 23: Que sorte (Rsss...).
E não se esqueça das milhares
de “ampolas geladas" (cervejas) que
bebericamos, também,
ao longo desses anos todos, my friend.
Deixamos nuitos donos de
botecos ricos (Rsss...)...
com certeza, somos grandes
acionistas das cervejarias
brasileiras... (Rsss...). Dá pra prosseguir?
Ou tá difícil relembrar o passado? (Rsss...).
Qual era o nome da editora em
que estava sendo negociado o
gibi da Mônica, antes da editora Abril? Diga a verdade,
nada mais além da verdade, se quiser, bengala brother...
coloquei você contra a parede? (Rsss...). Isto tá pior do
que interrogatório policial, não é mesmo?
Faz tempo que eu queri te pegar. Levei 6 meses
para conseguir esta entrevista e você, agora, não
vai escapar... (Rsss...). Tá na mira!
E não se esqueça das milhares
de “ampolas geladas" (cervejas) que
bebericamos, também,
ao longo desses anos todos, my friend.
Deixamos nuitos donos de
botecos ricos (Rsss...)...
com certeza, somos grandes
acionistas das cervejarias
brasileiras... (Rsss...). Dá pra prosseguir?
Ou tá difícil relembrar o passado? (Rsss...).
Qual era o nome da editora em
que estava sendo negociado o
gibi da Mônica, antes da editora Abril? Diga a verdade,
nada mais além da verdade, se quiser, bengala brother...
coloquei você contra a parede? (Rsss...). Isto tá pior do
que interrogatório policial, não é mesmo?
Faz tempo que eu queri te pegar. Levei 6 meses
para conseguir esta entrevista e você, agora, não
vai escapar... (Rsss...). Tá na mira!
Hamasaki: A editora em questão
chamava-se União Brasileira de Editores e
não deu certo porque as negociações entre
o artista e o empresário eram
mais sofisticadas por parte do primeiro,
envolvendo tiragens,
anunciantes, contratos, direitos autorais,
porcentagens
de venda, coisa desse teor...
Tony 24: Adorei isso, apesar de já conhecer
esta história.
chamava-se União Brasileira de Editores e
não deu certo porque as negociações entre
o artista e o empresário eram
mais sofisticadas por parte do primeiro,
envolvendo tiragens,
anunciantes, contratos, direitos autorais,
porcentagens
de venda, coisa desse teor...
Tony 24: Adorei isso, apesar de já conhecer
esta história.
Enfim, o Mauricião é um grande empresário, soube
negociar e os caras se assustaram ante as exigências.
Também ficaram contra a parede (Rsss...)...
negociar e os caras se assustaram ante as exigências.
Também ficaram contra a parede (Rsss...)...
Hamasaki: Não eram simplesmente
preço por página e pagamento em tal dia.
Eu falei com o editor da citada
empresa porque o Mauricio
solicitou-me, usando um
termo que ficou na minha memória:
“Discussões estéreis.”
preço por página e pagamento em tal dia.
Eu falei com o editor da citada
empresa porque o Mauricio
solicitou-me, usando um
termo que ficou na minha memória:
“Discussões estéreis.”
Tony 25: Ele jogou certo, tentou vender sua obra da
melhor maneira possível, como os syndicates da vida.
Este é o mal da maioria dos autores brasileiros, não
sabem como agem os syndicates e,
portanto, não sabem negociar
e acabam recebendo apenas
uns trocados por página.
O pessoal, nessas horas, precisa deixar
de ser artista e ser empresário,
é óbvio. Nunca vi um syndicate americano
receber apenas o preço por página.
Já trabalhei com os agentes gringos.
Eles são durões nesse quesito.
Exigem advance, etc.
Você sabe.
melhor maneira possível, como os syndicates da vida.
Este é o mal da maioria dos autores brasileiros, não
sabem como agem os syndicates e,
portanto, não sabem negociar
e acabam recebendo apenas
uns trocados por página.
O pessoal, nessas horas, precisa deixar
de ser artista e ser empresário,
é óbvio. Nunca vi um syndicate americano
receber apenas o preço por página.
Já trabalhei com os agentes gringos.
Eles são durões nesse quesito.
Exigem advance, etc.
Você sabe.
Hamasaki: O próximo passo foi a editora
Abril; havia 17 números da Mônica prontos
para publicação.
O número 17 também correspondia à nossa produção
diária de páginas (acredite se quiser, todavia, minha
memória de elefante não me trai).
É óbvio que naquela azáfama toda,
a arte não era das mais primorosas.
Abril; havia 17 números da Mônica prontos
para publicação.
O número 17 também correspondia à nossa produção
diária de páginas (acredite se quiser, todavia, minha
memória de elefante não me trai).
É óbvio que naquela azáfama toda,
a arte não era das mais primorosas.
Tony 26: Fantástica esta revelação! 17 números?
Dezessete páginas por dia?
As Hqs saiam feito pastel. Isto é super importante, pois
falo sempre pro pessoal: “Sem produção nunca haverá
nacionalização.”
É isso aí! Também sou adepto dessa filosofia
de trabalho, que vocês praticavam.
Uma grande editora, como a Abril, quer
garantia de continuidade do material e
vocês agiram tal qual os syndicates,
ofereceram uma gama de material
e usaram de estratégia fazendo as mesmas
exigências dos gringos.
Atualmente, o pessoal tá preocupado em fazer
“obra de arte”, pra impressionar
outro artista, pra receber elogios –
principalmente na WEB -, ficam colocando d
ownload FREE, coisa de narcisista, você sabe.
E acabam avacalhando ainda mais o
minguado mercado editorial n
acional. Já bronqueei,
mas alguns “abobrinhas” ainda
insistem nisso.
Fazer o quê? Não têm visão comercial
ou qualquer experiência no ramo.
Querem foder o mercado como
aconteceu com a indústria da música.
Enfim, estão dando um "tiro no próprio pe´".
Espero que essa gente acorde.
Levam um mês pra fazer 10 págs e se
acham o máximo.
Esta mentalidade tem que acabar. Isto é ridículo.
Quanto a qualidade ou não do material que vocês
produziram na época, pouco importa, pois,
o que interessa é que o Mauricio foi lá e se deu bem,
conseguiu vender “o peixe”. Isto também prova
que o trabalho não era
tão ruim assim, mesmo feito na pauliera.
Dezessete páginas por dia?
As Hqs saiam feito pastel. Isto é super importante, pois
falo sempre pro pessoal: “Sem produção nunca haverá
nacionalização.”
É isso aí! Também sou adepto dessa filosofia
de trabalho, que vocês praticavam.
Uma grande editora, como a Abril, quer
garantia de continuidade do material e
vocês agiram tal qual os syndicates,
ofereceram uma gama de material
e usaram de estratégia fazendo as mesmas
exigências dos gringos.
Atualmente, o pessoal tá preocupado em fazer
“obra de arte”, pra impressionar
outro artista, pra receber elogios –
principalmente na WEB -, ficam colocando d
ownload FREE, coisa de narcisista, você sabe.
E acabam avacalhando ainda mais o
minguado mercado editorial n
acional. Já bronqueei,
mas alguns “abobrinhas” ainda
insistem nisso.
Fazer o quê? Não têm visão comercial
ou qualquer experiência no ramo.
Querem foder o mercado como
aconteceu com a indústria da música.
Enfim, estão dando um "tiro no próprio pe´".
Espero que essa gente acorde.
Levam um mês pra fazer 10 págs e se
acham o máximo.
Esta mentalidade tem que acabar. Isto é ridículo.
Quanto a qualidade ou não do material que vocês
produziram na época, pouco importa, pois,
o que interessa é que o Mauricio foi lá e se deu bem,
conseguiu vender “o peixe”. Isto também prova
que o trabalho não era
tão ruim assim, mesmo feito na pauliera.
Fizeram a coisa certa, bengala brother.
Indago: Voces fecharam com
a poderosa editora Abril
antes ou depois da campanha
criada pela PROEME –
famosa agência de publicidade do
Enio Mainardi-, que
tinha a conta da SICA
(famosa marca de produtos alimentícios)?
Hamasaki: Creio que a CICA veio
um ano depois.
a poderosa editora Abril
antes ou depois da campanha
criada pela PROEME –
famosa agência de publicidade do
Enio Mainardi-, que
tinha a conta da SICA
(famosa marca de produtos alimentícios)?
Revista Cascão edição # 1 - Lançada pela editora Abril |
um ano depois.
Quando tudo isso aconteceu, eu já estava
aventurando-me em outras plagas.
aventurando-me em outras plagas.
Tony 27 – O grande bengala friend Dag Lemos t
ambém deu
uma "forcinha" nesse caso da Cica,
Pensava que os comerciais
da CICA (desenhos animados –
para comerciais de TV -, com os personagens
do Mauricio, onde o garoto propaganda
era o Jotalhão, para o extrato de
tomate Elefante), tinha vindo antes.
Quantos anos você
trabalhou com o Mauricio?
Saiu, por quê? Então, voces já tinham fechado
com a Abril... entendi.
ambém deu
uma "forcinha" nesse caso da Cica,
Pensava que os comerciais
da CICA (desenhos animados –
para comerciais de TV -, com os personagens
do Mauricio, onde o garoto propaganda
era o Jotalhão, para o extrato de
tomate Elefante), tinha vindo antes.
Quantos anos você
trabalhou com o Mauricio?
Saiu, por quê? Então, voces já tinham fechado
com a Abril... entendi.
Hamasaki: Meu início foi
em outubro de 1961, mas, efetivamente,
em 1962 (eu ainda não havia feito o
serviço militar), daí o hiato.
Fiquei na MSP (Mauricio de Sousa Produções)
por uns oito anos; nos últimos meses,
estava trabalhando num
roteiro de Gedeone, “Johnny Star –
No Mundo dos Gigantes” e
não dava para conciliar as duas tarefas,
uma tinha que ser sacrificada.
em outubro de 1961, mas, efetivamente,
em 1962 (eu ainda não havia feito o
serviço militar), daí o hiato.
Fiquei na MSP (Mauricio de Sousa Produções)
por uns oito anos; nos últimos meses,
estava trabalhando num
roteiro de Gedeone, “Johnny Star –
No Mundo dos Gigantes” e
não dava para conciliar as duas tarefas,
uma tinha que ser sacrificada.
Tony 28: Eu sei disso, jurassik friend.
Você, um dia me confessou – entre um trago
e outro -, que não queria ficar fazendo Mônica a
vida toda, tinha outras pretensões artísticas.
Entendo isso.
Você é um cara inteligente, criativo, escreve
bem, sempre criou seus personagens e
obviamente queria desenvolver
seu próprio trabalho. Sempre foi idealista, tanto
quanto eu.
Não fazemos HQs só pela grana.
Quanto a Johnny Star, cara, eu comprei
este almanaque,
formato magazine, e adorei o gibizão.
Voces fizeram isso aproveitando o
sucesso de uma
série americana que era sucesso na TV:
Terra de Gigantes, apesar da
versão de vocês explorar
a mesma temática ela nada
tinha a ver com a série
televisiva. Foram criativos.
Foi um show de roteiro do
professor Gedeone e de arte sua.
O material era excelente e haja fôlego pra
desenhar aquela porrada de
páginas. Um trabalho de titãs.
Apenas abordaram o
mesmo tema de uma forma
brilhante. Parabéns.
Naquela época eu era adolescente
e nem sonhava em conhecer
você e o saudoso mestre
Gedeone (criador do Raio Negro),
um dia. Nos tornamos
amigos de longa data. Desculpe-me,
bengala friend, pelas
interrupções, mas é impossível
não intervir nesses seus
saudáveis comentários.
Um verdadeiro flash back... (Rsss...).
Prossiga, por favor...
Você, um dia me confessou – entre um trago
e outro -, que não queria ficar fazendo Mônica a
vida toda, tinha outras pretensões artísticas.
Entendo isso.
Você é um cara inteligente, criativo, escreve
bem, sempre criou seus personagens e
obviamente queria desenvolver
seu próprio trabalho. Sempre foi idealista, tanto
quanto eu.
Não fazemos HQs só pela grana.
Quanto a Johnny Star, cara, eu comprei
este almanaque,
formato magazine, e adorei o gibizão.
Voces fizeram isso aproveitando o
sucesso de uma
série americana que era sucesso na TV:
Terra de Gigantes, apesar da
versão de vocês explorar
a mesma temática ela nada
tinha a ver com a série
televisiva. Foram criativos.
Foi um show de roteiro do
professor Gedeone e de arte sua.
O material era excelente e haja fôlego pra
desenhar aquela porrada de
páginas. Um trabalho de titãs.
Apenas abordaram o
mesmo tema de uma forma
brilhante. Parabéns.
Naquela época eu era adolescente
e nem sonhava em conhecer
você e o saudoso mestre
Gedeone (criador do Raio Negro),
um dia. Nos tornamos
amigos de longa data. Desculpe-me,
bengala friend, pelas
interrupções, mas é impossível
não intervir nesses seus
saudáveis comentários.
Um verdadeiro flash back... (Rsss...).
Prossiga, por favor...
Hamasaki: Em referência a Abril, o
fechamento das negociações foi realizado
pelo Mauricio. Algum tempo
atrás, ele havia dito que tinha que
falar com “Deus” e
não com o “santo”.
Lembrei-lhe a frase e ele era
um autêntico self made man.
Tony 29: Eu sei , você já me contou esta
história no passado.
fechamento das negociações foi realizado
pelo Mauricio. Algum tempo
atrás, ele havia dito que tinha que
falar com “Deus” e
não com o “santo”.
Lembrei-lhe a frase e ele era
um autêntico self made man.
Edição especial comemorativa de 25 anos de publicação da revista Mônica (Editora Abril) |
história no passado.
O cara não foi falar com os
subalteros da Abril, foi logo falar com o dono,
o Civita. Na certa, os subalternos
iriam “barrá-lo no baile”, é óbvio.
Ele foi um grande estrategista.
Sabia o que queria e foi fundo.
subalteros da Abril, foi logo falar com o dono,
o Civita. Na certa, os subalternos
iriam “barrá-lo no baile”, é óbvio.
Ele foi um grande estrategista.
Sabia o que queria e foi fundo.
Prosseguindo este nosso sensacional e
esclarecedor bate papo...
Já ouvi dizer por aí que o professor Gedeone
ensinava o Mauricio a desenhar... (Rsss...).
Isto é verdade? Isto só pode
ser piada... o Gê era um gozador...
esclarecedor bate papo...
Já ouvi dizer por aí que o professor Gedeone
ensinava o Mauricio a desenhar... (Rsss...).
Isto é verdade? Isto só pode
ser piada... o Gê era um gozador...
Hamasaki: O que sei é que o
Mauricio pediu algumas opiniões ao Gedeone,
enquanto caminhávamos na avenida Rio Branco,
em companhia do Lyrio Aragão,
investigador e quadrinista,
que conversava comigo.
Mais tarde, o Mauricio contou-me
o breve diálogo. Como todos os artistas, o
Gedeone tinha certa tendência ao exagero.
Mas, se fosse verdade, o que
não é, seria exatamente o contrário.
Mauricio pediu algumas opiniões ao Gedeone,
enquanto caminhávamos na avenida Rio Branco,
em companhia do Lyrio Aragão,
investigador e quadrinista,
que conversava comigo.
Mais tarde, o Mauricio contou-me
o breve diálogo. Como todos os artistas, o
Gedeone tinha certa tendência ao exagero.
Mas, se fosse verdade, o que
não é, seria exatamente o contrário.
Tony 30: Também acho, sem querer
desmerecer o talento e o trabalho do professor
Gê, é claro... (Rsss...). Essas coisas,
“causos”, fazem parte do folclore, do metiê...
Pelo que sei, foi você que fez as primeiras 8 edições da
revista da Mônica ou ajudou a fazê-las, é certo isto?
O Mauricio fazia apenas os roteiros, na época, e
vendia “o peixe”, ou também rabiscava?
Hamasaki: As primeiras 17 edições
da revista Mônica foram todas desenhadas
pelo Mauricio, mas a totalidade
desmerecer o talento e o trabalho do professor
Gê, é claro... (Rsss...). Essas coisas,
“causos”, fazem parte do folclore, do metiê...
Pelo que sei, foi você que fez as primeiras 8 edições da
revista da Mônica ou ajudou a fazê-las, é certo isto?
O Mauricio fazia apenas os roteiros, na época, e
vendia “o peixe”, ou também rabiscava?
Mestre Gedeone Malagola, autor de Raio Negro |
da revista Mônica foram todas desenhadas
pelo Mauricio, mas a totalidade
foi artefinalizada por mim, fora
do expediente normal do estúdio.
E, a propósito, há que se fazer justiça
ao Márcio de Sousa, irmão caçula do
Mauricio, que, além de ajudar nos roteiros,
ainda coloria as páginas.
Ele era elemento preciosíssimo, nunca
haverá outro como ele.
do expediente normal do estúdio.
E, a propósito, há que se fazer justiça
ao Márcio de Sousa, irmão caçula do
Mauricio, que, além de ajudar nos roteiros,
ainda coloria as páginas.
Ele era elemento preciosíssimo, nunca
haverá outro como ele.
Tony 31: Não conheci o Márcio, mas ouvi
dizer que ele era muito criativo, desenhava, tocava,
escrevia letras de música, e fiquei sabendo também
que as músicas gravadas da Turma da
Mônica, todas, foram compostas por ele.
Há algum tempo atrás,
fiquei sabendo que ele faleceu, infelizmente.
Indago: Sem dúvida,
era um cidadão de múltiplos talentos.
Você também ajudou a criar
alguns personagens da turma da Mônica,
correto? Quais foram,
jurássico guru? Aliás, nós dois
somos, jurássicos... (Rsss...).
dizer que ele era muito criativo, desenhava, tocava,
escrevia letras de música, e fiquei sabendo também
que as músicas gravadas da Turma da
Mônica, todas, foram compostas por ele.
Há algum tempo atrás,
fiquei sabendo que ele faleceu, infelizmente.
Indago: Sem dúvida,
era um cidadão de múltiplos talentos.
Você também ajudou a criar
alguns personagens da turma da Mônica,
correto? Quais foram,
jurássico guru? Aliás, nós dois
somos, jurássicos... (Rsss...).
Daí ele atribuir-me a coautoria, conquanto
a criação das imagens fosse inteiramente dele.
Lembro-me de Os Dez Ajustados, tira
sobre uma família maluca,
que saía diariamente no jornal Diário
e que eu, após assistir o filme Os Desajustados,
de John Huston, com
Clark Gable, Marilyn Monroe e Montgomery
Clift, comentei a trama com ele.
Como afirmei antes,
Mauricio era de decisões rápidas.
Uma semana depois,
as tiras eram publicadas.
Tony 32: Por fim, vamos falar agora de sua
prolífica carreira.
a criação das imagens fosse inteiramente dele.
Lembro-me de Os Dez Ajustados, tira
sobre uma família maluca,
que saía diariamente no jornal Diário
e que eu, após assistir o filme Os Desajustados,
de John Huston, com
Clark Gable, Marilyn Monroe e Montgomery
Clift, comentei a trama com ele.
Como afirmei antes,
Mauricio era de decisões rápidas.
Uma semana depois,
as tiras eram publicadas.
Marylin Monroe a diva sexy do cinema do passado |
prolífica carreira.
Ou melhor, da sua quixotesca carreira, pra você não
me amaldiçoar, bengala friend .. (Rsss...)...
Quando você saiu da MSP e decidiu
“partir pra briga”, pra qual editoras
você começou a trabalhar?
me amaldiçoar, bengala friend .. (Rsss...)...
Quando você saiu da MSP e decidiu
“partir pra briga”, pra qual editoras
você começou a trabalhar?
Hamasaki: Retornei às editoras da
Móoca e do Brás; fiz
alguns trabalhos para a Bloch e Ebal, ambas do
Rio de Janeiro.
Mas, foi para a M&C – MInami e Cunha –
que mais quadrinhos eu fiz: terror,
sci-fi, westerns e selvas.
Na Abril, desenhei histórias
da Cris, a repórter; na Gazeta Ilustrada
do Grupo Folha realizava duas tiras diárias,
uma sobre dois caipiras do interior paulista,
lá pelos anos 50 (Caruncho e Caroço) e
outra sobre um repórter atrapalhado
(Egberto), calcado no
colunista Giba Um, muito famoso na época...
Tony 33: Uma carreira prolífica, quanta coisa...
Caruncho e Caroço, sempre gostei desta série de
temática rural. Continue, bengala friend...
Móoca e do Brás; fiz
alguns trabalhos para a Bloch e Ebal, ambas do
Rio de Janeiro.
Mas, foi para a M&C – MInami e Cunha –
que mais quadrinhos eu fiz: terror,
sci-fi, westerns e selvas.
Na Abril, desenhei histórias
da Cris, a repórter; na Gazeta Ilustrada
do Grupo Folha realizava duas tiras diárias,
uma sobre dois caipiras do interior paulista,
lá pelos anos 50 (Caruncho e Caroço) e
outra sobre um repórter atrapalhado
(Egberto), calcado no
colunista Giba Um, muito famoso na época...
Caruncho e Caroço, dois caipiras atrapalhados |
Caruncho e Caroço, sempre gostei desta série de
temática rural. Continue, bengala friend...
Hamasaki: As duas tiras que eu
fazia pra Gazeta duraram uns três anos.
Para todas essas editoras, foi
apenas um príncipio; quando aceitei
o cargo de editor-chefe
da editora Noblet, foi começo, meio e fim.
Também para as revistas infantis da
Abril fiz inúmeros roteiros do
Zé Carioca, mas, lá, para
ser aprovado, era preciso passar
pelos seis especialistas
em Disney, o que não era fácil.
Ao encontrar o Ivan Saidenberg, dei-lhe a dica
e falei-lhe sobre as dificuldades
que iria enfrentar.
Muito tempo depois, contou-me ele
o que fizeram, com um único roteiro seu.
Fizeram ele
voltar 21 vezes para corrigir.
A cada retorno, mandavam
ele corrigir isto corrigir aquilo.
Ele foi, regressou, insistiu e se
tornou o roteirista número
um do grupo Disney, criando o Morcego
Vermelho e outros personagens para
o universo do criador do Pato Donald.
Tony 34: Também trabalhei com a Abril, aquilo era
um pé no saco.
fazia pra Gazeta duraram uns três anos.
Para todas essas editoras, foi
apenas um príncipio; quando aceitei
o cargo de editor-chefe
da editora Noblet, foi começo, meio e fim.
Também para as revistas infantis da
Abril fiz inúmeros roteiros do
Zé Carioca, mas, lá, para
ser aprovado, era preciso passar
pelos seis especialistas
em Disney, o que não era fácil.
Ao encontrar o Ivan Saidenberg, dei-lhe a dica
e falei-lhe sobre as dificuldades
que iria enfrentar.
Muito tempo depois, contou-me ele
o que fizeram, com um único roteiro seu.
Fizeram ele
voltar 21 vezes para corrigir.
A cada retorno, mandavam
ele corrigir isto corrigir aquilo.
Ele foi, regressou, insistiu e se
tornou o roteirista número
um do grupo Disney, criando o Morcego
Vermelho e outros personagens para
o universo do criador do Pato Donald.
Morcego Vermelho, criação de Ivan Saidenberg, para a Disney |
As tiras dos dois caipiras foram distribuidas em mais de 50 jornais do país, pela DIME (Distribuidora de Material de Imprensa) |
Tony 34: Também trabalhei com a Abril, aquilo era
um pé no saco.
Lembro-me bem do Ivan, grande cara, e muito criativo.
Quando eu era garoto... faz tempooo...
o primeiro gibi que conheci,
feito por você, se não me engano, foi Jana ou Torn
(Minami e Cunha Editores) – personagens que viviam
numa selva pré-histórica. Sua arte era super
“punhetada”, detalhada. Adorei. Daí pensei comigo,
esse cara é fã do Kubert, que também fez um personagem
chamado Torn, se não estou equivocado. De fato, você
se espelhava nesse famoso
e lendário desenhista americano, que fez o espetacular
Sargento Rock, Tarzan, etc?
Hamasaki: O personagem do americano
chamava-se Tor e não me espelhei nele.
Sempre fiz pesquisas sobre
a pré-história e possuo não só obras de
antropologia (Linton, Keesing, Coon, Leroi-
Gurhan, Leakey, etc.),
como inúmeras revistas científicas,
Quando eu era garoto... faz tempooo...
o primeiro gibi que conheci,
feito por você, se não me engano, foi Jana ou Torn
(Minami e Cunha Editores) – personagens que viviam
numa selva pré-histórica. Sua arte era super
“punhetada”, detalhada. Adorei. Daí pensei comigo,
esse cara é fã do Kubert, que também fez um personagem
chamado Torn, se não estou equivocado. De fato, você
se espelhava nesse famoso
e lendário desenhista americano, que fez o espetacular
Sargento Rock, Tarzan, etc?
HQs lançadas pela editora Hamasaki: Terror Total e Torn |
Hamasaki: O personagem do americano
chamava-se Tor e não me espelhei nele.
Sempre fiz pesquisas sobre
a pré-história e possuo não só obras de
antropologia (Linton, Keesing, Coon, Leroi-
Gurhan, Leakey, etc.),
como inúmeras revistas científicas,
ilustrações de artistas especializados e
um sem-número de
recortes de jornais sobre o assunto.
Na verdade, quem
me fez ficar apaixonado pelos
dinossauros foi o artista
Frank Frazetta, com o seu personagem
Ta-Nor, conhecido
como Thunda, na América em 1953.
Tony 35: Sei que você tem uma imensa
um sem-número de
recortes de jornais sobre o assunto.
Na verdade, quem
me fez ficar apaixonado pelos
dinossauros foi o artista
Frank Frazetta, com o seu personagem
Ta-Nor, conhecido
como Thunda, na América em 1953.
TOR - Joe Kubert |
Tony 35: Sei que você tem uma imensa
bagagem cultura.
Então pesquisou a fundo? Legal. Grande
Frazetta, um grande mestre das pinturas e das HQs.
O cara fazia cada capa de
arrasar quarteirão, então foi ele... pode proseguir...
Então pesquisou a fundo? Legal. Grande
Frazetta, um grande mestre das pinturas e das HQs.
O cara fazia cada capa de
arrasar quarteirão, então foi ele... pode proseguir...
Hamasaki: E, é óbvio, a paixão levou-me
aos Tarzans de Foster, Hogarth, Maxon,
Lubbers, Celardo, Manning,
Wildey, Marsh, etc. Você sabia
que cada autor tinha
uma anatomia diferente para
desenhar o tiranossauro?
Britânico era o de Foster.
Em referência a Joe Kubert,
embora apreciasse sua arte, nunca
foi dos meus favoritos.
Torn, o meu personagem, que em inglês
tem significado mais apropriado, é
diferente do de Kubert
(a criação do heróis era dividida com
Norman Maurer, roteirista que dividia
o estúdio com o artista mais
tarde, tornar-se-ia cineasta)
cujo nome parecia remeter aos deuses nórdicos.
Eu sabia, contudo, que as comparações seriam
inevitáveis, mas segui adiante.
Tony 36: Perfeito, captamos vossos “sinais de fumaça”,
tudo ficou bem claro... Em que ano você
criou Jana e Torn?
aos Tarzans de Foster, Hogarth, Maxon,
Lubbers, Celardo, Manning,
Wildey, Marsh, etc. Você sabia
que cada autor tinha
uma anatomia diferente para
desenhar o tiranossauro?
Tarzan -Por Lubbers |
Tarzan - Por JohnCelardo |
Russ Manning fez Tarzan, entre outros trabalhos incríveis, mas sua criação-Mor foi Magnus, publicado pela Gold Key, na América, e pela editora O Cruzeiro, no Brasil |
Britânico era o de Foster.
Em referência a Joe Kubert,
embora apreciasse sua arte, nunca
foi dos meus favoritos.
Torn, o meu personagem, que em inglês
tem significado mais apropriado, é
diferente do de Kubert
(a criação do heróis era dividida com
Norman Maurer, roteirista que dividia
o estúdio com o artista mais
tarde, tornar-se-ia cineasta)
cujo nome parecia remeter aos deuses nórdicos.
Eu sabia, contudo, que as comparações seriam
inevitáveis, mas segui adiante.
Tarzan - Por: Joe Kubert |
Tarzan - Por Burne Hogarth |
Tarzan - Por: Russ Manning |
Tony 36: Perfeito, captamos vossos “sinais de fumaça”,
tudo ficou bem claro... Em que ano você
criou Jana e Torn?
Hamasaki: Entre junho e julho de 1973.
Nessa ocasião, quando entregava os originais aos
editores, você e o Wanderley Felipe apareceram
por lá e fomos apresentados, lembra-se?
Nessa ocasião, quando entregava os originais aos
editores, você e o Wanderley Felipe apareceram
por lá e fomos apresentados, lembra-se?
Tony 37: É verdade, você tem razão. Pensei que havíamos
nos conhecido no famoso “Barraco do Justo”.
Agora caiu a “ficha”.
Depois comprei e conheci vários personagens e gibis que
você fazia em parceria com o Paulo Fukue.
Voces fizeram diversos gêneros.
Fale-me como você conheceu o Fukue e quanto tempo
durou esta prolífica parceria?
nos conhecido no famoso “Barraco do Justo”.
Agora caiu a “ficha”.
Depois comprei e conheci vários personagens e gibis que
você fazia em parceria com o Paulo Fukue.
Voces fizeram diversos gêneros.
Fale-me como você conheceu o Fukue e quanto tempo
durou esta prolífica parceria?
Hamasaki: Conheci o Paulo Fukue na editora
Edrel, onde era editor-chefe e logo nos tornamos
amigos, fazendo parceria em diversos trabalhos de HQs.
Abordávamos tudo:
Sci-fi, policial, terror, selvas, westerns, piadas, etc.
Ele era dinâmico e talentoso e escrevia ótimos roteiros.
No entanto, era uma época ingrata; a maioria das
pequenas editoras (tínhamos contrato com quatro:
MeC, Graúna, Maravilha e JS) sofria com aquisição
Edrel, onde era editor-chefe e logo nos tornamos
amigos, fazendo parceria em diversos trabalhos de HQs.
Abordávamos tudo:
Sci-fi, policial, terror, selvas, westerns, piadas, etc.
Ele era dinâmico e talentoso e escrevia ótimos roteiros.
No entanto, era uma época ingrata; a maioria das
pequenas editoras (tínhamos contrato com quatro:
MeC, Graúna, Maravilha e JS) sofria com aquisição
de papel de imprensa e, consequentemente
atrasavam-se a impressão e os lançamentos das
publicações e, por tabela,
os nossos pagamentos. Fomos obrigados a dissolver a
sociedade. Tudo isso durou pouco mais de um ano.
Tony 38: Recordo bem dessa parceria fantástica de voces.
atrasavam-se a impressão e os lançamentos das
publicações e, por tabela,
os nossos pagamentos. Fomos obrigados a dissolver a
sociedade. Tudo isso durou pouco mais de um ano.
Tony 38: Recordo bem dessa parceria fantástica de voces.
Comprei muitos gibis feitos por vocês, pela MeC. Júlio
Shimamoto – autor do gaúcho e de milhares páginas de HQs dos
mais variados gêneros - ... vamos falar sobre o grande mestre
samurai guerreiro, que você um dia me apresentou...
vocês chegaram a trabalhar e a morar juntos, na adolescência?
Como se conheceram?
Hamasaki: Conheci o Shimamoto em 1960, na
editora Outubro. Ele morava em Santo André, assim
como eu. Fizemos alguns trabalhos em quadrinhos em
parceria, normalmente os
Shimamoto – autor do gaúcho e de milhares páginas de HQs dos
mais variados gêneros - ... vamos falar sobre o grande mestre
samurai guerreiro, que você um dia me apresentou...
vocês chegaram a trabalhar e a morar juntos, na adolescência?
Como se conheceram?
O Gaúcho, do mestre Júlio Shimamoto |
editora Outubro. Ele morava em Santo André, assim
como eu. Fizemos alguns trabalhos em quadrinhos em
parceria, normalmente os
roteiros e a arte-final eram meus. Quando ele entrou na
MCCann-Erickson, próspera agência de publicidade
americana fazendo storyboards, executava também um
personagens de quadrinhos, O Gaúcho, que entregava
semanalmente na redação da Folha, para ser publicada
na Folhinha. Propus-lhe divirmos um quarto de hotel
em São Paulo, nas proximidas das firmas e, dessa
forma, evitar o estresse das viagens diárias.
Tony 39: Lembro-me de você ter me apresentado ao
Shima na Noblet. Se não me engano ele, naquele dia,
levou umas tiras do Gaúcho que acabaram sendo publicadas
numa revista da casa.
MCCann-Erickson, próspera agência de publicidade
americana fazendo storyboards, executava também um
personagens de quadrinhos, O Gaúcho, que entregava
semanalmente na redação da Folha, para ser publicada
na Folhinha. Propus-lhe divirmos um quarto de hotel
em São Paulo, nas proximidas das firmas e, dessa
forma, evitar o estresse das viagens diárias.
Tony 39: Lembro-me de você ter me apresentado ao
Shima na Noblet. Se não me engano ele, naquele dia,
levou umas tiras do Gaúcho que acabaram sendo publicadas
numa revista da casa.
Depois, estivemos no Rio, em Jacarepaguá, na casa dele,
quando surgiu a oportunidade de fazermos
Os Trapalhões e Trapasuat,
para a Bloch. Fomos sócios nessa empreitada... (Rsss...).
Naquela época, também, a Grafipar estava a milhão
e mais uma vez nós, os autores nacionais, pudemos ver
reacender a chama dos quadrinhos brasileiros.
Época em que surgiu Rodval Matias,
Mozart Couto, e outras tantas feras. Os bengalas friends,
Cláudio Seto e Ataide Braz, foram de suma importância
para a classe. Eles abriram as portas da editora curitibana
para nós os autores de HQs. Aquele foi um grande momento
para os desenhistas e escribas nacionais, Paulo.
Voltando ao salutar bate papo... Mundo dos Gigantes...
este era o nome de um gibizão – almanaque – escrito pelo
Gedeone e desenhado por você, baseado num seriado
americano da TV, de muito sucesso na época chamado,
Terra de Gigantes.
Cara, comprei e adorei aquele trabalho de vocês... como
surgiu a idéia de fazer aquele tema apaixonante e a revista
saiu por qual editora? Não me recordo o nome dela...
quando surgiu a oportunidade de fazermos
Os Trapalhões e Trapasuat,
para a Bloch. Fomos sócios nessa empreitada... (Rsss...).
Naquela época, também, a Grafipar estava a milhão
e mais uma vez nós, os autores nacionais, pudemos ver
reacender a chama dos quadrinhos brasileiros.
Época em que surgiu Rodval Matias,
Mozart Couto, e outras tantas feras. Os bengalas friends,
Cláudio Seto e Ataide Braz, foram de suma importância
para a classe. Eles abriram as portas da editora curitibana
para nós os autores de HQs. Aquele foi um grande momento
para os desenhistas e escribas nacionais, Paulo.
Voltando ao salutar bate papo... Mundo dos Gigantes...
este era o nome de um gibizão – almanaque – escrito pelo
Gedeone e desenhado por você, baseado num seriado
americano da TV, de muito sucesso na época chamado,
Terra de Gigantes.
Cara, comprei e adorei aquele trabalho de vocês... como
surgiu a idéia de fazer aquele tema apaixonante e a revista
saiu por qual editora? Não me recordo o nome dela...
Hamasaki: A idéia do personagem foi do Gedeone
Malagola e a editora foi a GEP – Gráfica e
Editora Penteado.
Tony 40: Exato! O professor Ge sempre foi muito criativo
Malagola e a editora foi a GEP – Gráfica e
Editora Penteado.
Tony 40: Exato! O professor Ge sempre foi muito criativo
e um excelente escriba. Além dos seus super-heróis,
escreveu muitas histórias de terror, aventuras, cômicas, e fez
muitas adaptações de clássicos da literatura para as HQs.
A GEP também foi a primeira a lançar o Surfista
Prateado e X-Men no Brasil, formato magazine.
escreveu muitas histórias de terror, aventuras, cômicas, e fez
muitas adaptações de clássicos da literatura para as HQs.
A GEP também foi a primeira a lançar o Surfista
Prateado e X-Men no Brasil, formato magazine.
Eram belos almanaques. O Gedeone chegou até a
escrever umas HQs curtas do X-Men para completar
a edição brasileira, se não estou equivocado.
Prosseguindo... Você sempre foi muito
eclético, bengala friend... fazia infantil, cômico e
figuras anatômicas... enfim, qualquer estilo... um dia fui
na banca e comprei Super Mico (uma HQ de um macaco
super-herói), da editora Luzeiro.
Era um gibi em cores, muito bem feito.
Gostei bastante e me surpreendi ao ver sua assinatura
nele, pois na época eu não o conhecia e nem sabia que
você já havia trabalhado
com os personagens cômicos do Mauricio.
escrever umas HQs curtas do X-Men para completar
a edição brasileira, se não estou equivocado.
Prosseguindo... Você sempre foi muito
eclético, bengala friend... fazia infantil, cômico e
figuras anatômicas... enfim, qualquer estilo... um dia fui
na banca e comprei Super Mico (uma HQ de um macaco
super-herói), da editora Luzeiro.
Era um gibi em cores, muito bem feito.
Gostei bastante e me surpreendi ao ver sua assinatura
nele, pois na época eu não o conhecia e nem sabia que
você já havia trabalhado
com os personagens cômicos do Mauricio.
Pensei comigo... “Cara, esse japa é f... (Rsss...).
Pois sei que não é fácil dominar vários estilos assim.
Mas, você dominava bem os estilos... fale-me sobre este
período, de quem foi a idéia desse
super macaco das HQs e sobre quantas edições
durou esse produto...
Pois sei que não é fácil dominar vários estilos assim.
Mas, você dominava bem os estilos... fale-me sobre este
período, de quem foi a idéia desse
super macaco das HQs e sobre quantas edições
durou esse produto...
Hamasaki: Não aprecio muito o estilo dos desenhos
infantis, embora goste de Calvin, Garfield, Pogo,
Hagar e outros.
Ironicamente, eram os trabalhso que mais me
encomendavam. O Super-Mico foi uma criação do Luís
Carlos dos Santos, o Luscar, chargista que adotou esse
nome quando saiu dos
estúdios do Mauricio e foi trabalhar no Pasquim.
Tony 41: Quem bolou aquilo foi o Luscar? Putz...
eu não sabia. Conheci o trabalho dele como chargista,
sempre gostei, mas não sabia que o cara era polivalente,
super criativo. A fase em que ele trabalhou no Pasquim
eu acompanhei bem. Comprava muito aquele tablóide
infantis, embora goste de Calvin, Garfield, Pogo,
Hagar e outros.
Ironicamente, eram os trabalhso que mais me
encomendavam. O Super-Mico foi uma criação do Luís
Carlos dos Santos, o Luscar, chargista que adotou esse
nome quando saiu dos
estúdios do Mauricio e foi trabalhar no Pasquim.
Luscar |
eu não sabia. Conheci o trabalho dele como chargista,
sempre gostei, mas não sabia que o cara era polivalente,
super criativo. A fase em que ele trabalhou no Pasquim
eu acompanhei bem. Comprava muito aquele tablóide
que revolucionou a linguagem da imprensa brasileira
numa época de repressão militar. Todo jovem estudante
que era idealista, que sonhava com um Brasil melhor, pois
a nação sofria nas mãos
do regime ditatorial dos militares, curtia O Pasquim, genial
criação de feras que se reuniram, como: Henfil, Ziraldo,
Millôr Fernandes e Paulo Francis.
Esse jornaleco, no bom sentido, vendia muito naquela
época opressiva. Lembro-me que eles, ao lançarem no jornal
o disco (compacto simples em vinil) daquela famosa música
francesa Je T’aime, onde um homem e uma mulher gemiam
numa época de repressão militar. Todo jovem estudante
que era idealista, que sonhava com um Brasil melhor, pois
a nação sofria nas mãos
do regime ditatorial dos militares, curtia O Pasquim, genial
criação de feras que se reuniram, como: Henfil, Ziraldo,
Millôr Fernandes e Paulo Francis.
Capa da primeira edição do Saci Pererê - de Ziraldo - editora o Cruzeiro (década de 60). Anos depois Ziraldo seria um dos fundadores do tablóide O Pasquim |
época opressiva. Lembro-me que eles, ao lançarem no jornal
o disco (compacto simples em vinil) daquela famosa música
francesa Je T’aime, onde um homem e uma mulher gemiam
simulando uma relação sexual, acabaram indo em cana.
Mas, o jornal não parou. Os caras o produziam mesmo
estando atrás das grades, cada vez mais apimentado.
Foi uma grande época aquela.
Eu era estudante e adorava O Pasquim.
Mas, voltando a vaca fria... Espoleta e Miúdo...
vamos falar sobre isto agora... um dia fui numa banca e
comprei a revista Akim – da editora Noblet - e pensei
que era do mesmo autor de Tex, pelo formato, etc.
Na época, não gostei dos desenhos – nem do Tex e nem
do Akim. Estava acostumado a ler Marvel e a ver
aqueles desenhos impactantes do mestre
Kirby e outras feras. Daí, achei os desenhos de Tex e Akim
tímidos de mais, sem força e até pensei que ambos eram
nacionais. Não sei porque, mas quando a gente não gosta
de uma coisa já pensa logo: “Deve ser nacional”... (Rsss...).
Eu também era preconceituoso e totalmente americanizado
na época. Também pudera, nossas rádios dificilmente
tocavam musicas nacionais. Tudo era americanizado na
época, como: cinema e TV, etc. Até para se comprar um
jeans a gente tinha que apelar para as
famosas e caras calças Lee,
lembro-me bem. Todo jovem sonhava ter uma calça
desbotada da marca Lee, americana. No Brasil, apesar de
exportamos o índigo blue pros gringos, só se fabricava
as famosas calças “rancheiras”, da São Paulo Alpargatas.
Daí, quando li Akim e Tex adorei os roteiros e passei a
colecioná-los. Acho que foi no final da década de 70.
Ao ler o expediente notei que a Nobelt ficava
em São Paulo city, na rua Marquês de Itú, próxima
a praça da República –
bem no centro -,mas não fui procurá-la. Dias depois,
comprei uma revista, também na Noblet, chamada
Espoleta, em cores, e que tinha sua assinatura e
seus personagens:A Turma do Miúdo.
Eu tinha me casado recentemente,
tava numa pindaíba danada, e como já tinha visto você
uma vez na casa do Ignácio Justo, decidi lhe
procurar na Noblet.
Mas, me decepcionei quando vi que a editora era apenas
uma salinha. Conta pra gente, como e quando foi que você
passou a fazer este gibi infantil (Espoleta\Miúdo), em cores,
pra Noblet, e como conheceu o Sr. Joseph Abourbih
(vulgo Mister No... Rsss...)– cidadão de origem hebraica e
egípcia, que morou em diversas partes do mundo e que
futuramente ia se tornar nosso patrão? É mole?
Hamasaki: A “salinha” era o escritório, que
também servia de recepção. Havia outra, na parte
superior do conjunto, onde era a redação e mais outras
duas, próximas ao corredor,
Mas, o jornal não parou. Os caras o produziam mesmo
estando atrás das grades, cada vez mais apimentado.
Foi uma grande época aquela.
Eu era estudante e adorava O Pasquim.
Mas, voltando a vaca fria... Espoleta e Miúdo...
vamos falar sobre isto agora... um dia fui numa banca e
comprei a revista Akim – da editora Noblet - e pensei
que era do mesmo autor de Tex, pelo formato, etc.
Na época, não gostei dos desenhos – nem do Tex e nem
do Akim. Estava acostumado a ler Marvel e a ver
aqueles desenhos impactantes do mestre
Kirby e outras feras. Daí, achei os desenhos de Tex e Akim
tímidos de mais, sem força e até pensei que ambos eram
nacionais. Não sei porque, mas quando a gente não gosta
de uma coisa já pensa logo: “Deve ser nacional”... (Rsss...).
Eu também era preconceituoso e totalmente americanizado
na época. Também pudera, nossas rádios dificilmente
tocavam musicas nacionais. Tudo era americanizado na
época, como: cinema e TV, etc. Até para se comprar um
jeans a gente tinha que apelar para as
famosas e caras calças Lee,
lembro-me bem. Todo jovem sonhava ter uma calça
desbotada da marca Lee, americana. No Brasil, apesar de
exportamos o índigo blue pros gringos, só se fabricava
as famosas calças “rancheiras”, da São Paulo Alpargatas.
Daí, quando li Akim e Tex adorei os roteiros e passei a
colecioná-los. Acho que foi no final da década de 70.
Ao ler o expediente notei que a Nobelt ficava
em São Paulo city, na rua Marquês de Itú, próxima
a praça da República –
bem no centro -,mas não fui procurá-la. Dias depois,
comprei uma revista, também na Noblet, chamada
Espoleta, em cores, e que tinha sua assinatura e
seus personagens:A Turma do Miúdo.
Eu tinha me casado recentemente,
tava numa pindaíba danada, e como já tinha visto você
uma vez na casa do Ignácio Justo, decidi lhe
procurar na Noblet.
Mas, me decepcionei quando vi que a editora era apenas
uma salinha. Conta pra gente, como e quando foi que você
passou a fazer este gibi infantil (Espoleta\Miúdo), em cores,
pra Noblet, e como conheceu o Sr. Joseph Abourbih
(vulgo Mister No... Rsss...)– cidadão de origem hebraica e
egípcia, que morou em diversas partes do mundo e que
futuramente ia se tornar nosso patrão? É mole?
Akim - Lançada no Brasil pela editora Noblet |
também servia de recepção. Havia outra, na parte
superior do conjunto, onde era a redação e mais outras
duas, próximas ao corredor,
que serviam para abrigar os encalhes.
Tony 42: É mesmo? Nunca reparei. Achei aquilo tão pequeno...
(Rsss...). Vamos em frente, prossiga...
(Rsss...). Vamos em frente, prossiga...
Hamasaki: No que refere a revista citada, Carlos Avalone,
criador original dos personagens e do título da
revista, ao desistir da mesma, passou-a para o
Sérgio Militelo.
Quando ambos se empregaram na editora Abril, fui
contratado para fazê-la, graças a uma indicação do
Reynaldo de Oliveira
(o Publisher da editora Graúna).
Tony 43: Avalone, não o conheci, mas me lembro
do trabalho dele... Militelo, eu o conheci, foi o autor
do Godofredo (personagem de revista de atividades
infantis, da Noblet).
Reynaldão, grande amigo, grande
criador original dos personagens e do título da
revista, ao desistir da mesma, passou-a para o
Sérgio Militelo.
Quando ambos se empregaram na editora Abril, fui
contratado para fazê-la, graças a uma indicação do
Reynaldo de Oliveira
(o Publisher da editora Graúna).
Tony 43: Avalone, não o conheci, mas me lembro
do trabalho dele... Militelo, eu o conheci, foi o autor
do Godofredo (personagem de revista de atividades
infantis, da Noblet).
Reynaldão, grande amigo, grande
produtor gráfico, que foi editor de Golden Guitar e
do Homem Fera...
o Rey também foi sócio do Mauricio, na década de 90,
no esquema de distribuição de tiras de jornais.
Depois abriu a DIME (Distribuidora de Material de Imprensa)
e foi graças a ele e a
Ritinha que meu Inspetor Pereira e o seu Caruncho e Caroço
acabaram sendo publicados em muitos jornais do país.
Quanta gente boa, hein? Alguns se foram, infelizmente.
Mas, vamos em frente, continue...
do Homem Fera...
o Rey também foi sócio do Mauricio, na década de 90,
no esquema de distribuição de tiras de jornais.
Depois abriu a DIME (Distribuidora de Material de Imprensa)
e foi graças a ele e a
Ritinha que meu Inspetor Pereira e o seu Caruncho e Caroço
acabaram sendo publicados em muitos jornais do país.
Quanta gente boa, hein? Alguns se foram, infelizmente.
Mas, vamos em frente, continue...
Hamasaki: A revista Espoleta durou durou exatos doze
números, todas desenhadas e escritas por mim.
O Mauricio e o Shimamoto elogiaram muito; os leitores,
no entanto, não se entusiasmaram e foram, número
após número, diminuindo, apesar dos meus esforços
para melhorá-la.
Tony 44: Já vi este “filme” antes... (Rsss...). É sempre assim.
Hamasaki: Joseph Abourbih, o Publisher, mostrou-me os
gráficos de venda: da tiragem incial de 30 mil exemplares,
acabamos em 13 mil. Então, o Sr. José, como todos o
chamavam, colocou-me numa encruzilhada propondo-me:
“Se você continuar, eu continuo.”
Retruquei: “Vamos cancelar.” Ele reagiu: “Por quê?
Sou contrário a cancelamentos.” Respondi:
“E como ficamos quando os leitores diminuírem
ainda mais?
Choramos um no ombro do outro?” Ele redargüiu:
“Pode melhorar, por outro lado”. Disse-lhe:
“Não acredito. Tenho 64 histórias preparadas e não
pretendo modificá-las.”
Sou contrário a cancelamentos.” Respondi:
“E como ficamos quando os leitores diminuírem
ainda mais?
Choramos um no ombro do outro?” Ele redargüiu:
“Pode melhorar, por outro lado”. Disse-lhe:
“Não acredito. Tenho 64 histórias preparadas e não
pretendo modificá-las.”
Tony 44: É, pelo visto, nada mudou, bengala friend.
Desde os primórdios o drama das HQs nacionais continua
o mesmo. Baixas tiragens, má distribuição e elas sempre
começam a ter suas tiragens reduzidas até fechar.
Mas, por um outro lado, fazer 12 edições de Espoletas foi um
ato heróico tanto do “Mister No”, quanto seu. Raramente
publicações tupiniquins atingem esse número.
Mister Joseph Abourbih, como todo judeu, adorava reclamar
das vendas, enfim, “chorar as pitangas” (Rsss...),
principalmente, quando íamos pedir aumento.
Apesar da choradeira do editor que
só vivia reclamando da vida e dizendo que nada vendia bem
(coisa típica do povo dele ) Rsss... a Noblet cresceu, montou
parque gráfico assim que mudou para o bairro do Cambuci,
antigo reduto de editores em São Paulo, assim como
o tradicional bairro do Brás fora no passado.
Um dia passei por lá, pra levar
mais um freelance (para a revista Akim) e você acabou me
fazendo uma proposta para trabalhar
como assistente de arte.
Topei, na hora. Estava precisando de um emprego.
Afinal, eu era um cidadão casado e não dava pra viver
de “bicos”, pequenas colaborações instáveis. Graças a você
trabalhei nesta casa editorial durante 5 anos, apesar dos paus
homéricos que eu tinha com o chefe, Mister No... (Rsss...).
O meu “santo” e o “santo” do patrão não batia muito bem,
eu acho... vira e mexe tínhamos uma bate-boca(Rsss...).
Mas, apesar de ser muquirana, chorão pra cacete, tenho que
admitir, pagava direitinho. Era gente boa, principalmente
fora da empresa. Mas, dentro da firma, pra se conseguir
um aumento era uma briga danada. Quando lia Homem
Aranha eu mijava de rir, pois J.Jonas Jameson me fazia
lembrar o nosso ex-patrão... (Rsss...).
Desde os primórdios o drama das HQs nacionais continua
o mesmo. Baixas tiragens, má distribuição e elas sempre
começam a ter suas tiragens reduzidas até fechar.
Mas, por um outro lado, fazer 12 edições de Espoletas foi um
ato heróico tanto do “Mister No”, quanto seu. Raramente
publicações tupiniquins atingem esse número.
Mister Joseph Abourbih, como todo judeu, adorava reclamar
das vendas, enfim, “chorar as pitangas” (Rsss...),
principalmente, quando íamos pedir aumento.
Apesar da choradeira do editor que
só vivia reclamando da vida e dizendo que nada vendia bem
(coisa típica do povo dele ) Rsss... a Noblet cresceu, montou
parque gráfico assim que mudou para o bairro do Cambuci,
antigo reduto de editores em São Paulo, assim como
o tradicional bairro do Brás fora no passado.
Um dia passei por lá, pra levar
mais um freelance (para a revista Akim) e você acabou me
fazendo uma proposta para trabalhar
como assistente de arte.
Topei, na hora. Estava precisando de um emprego.
Afinal, eu era um cidadão casado e não dava pra viver
de “bicos”, pequenas colaborações instáveis. Graças a você
trabalhei nesta casa editorial durante 5 anos, apesar dos paus
homéricos que eu tinha com o chefe, Mister No... (Rsss...).
O meu “santo” e o “santo” do patrão não batia muito bem,
eu acho... vira e mexe tínhamos uma bate-boca(Rsss...).
Mas, apesar de ser muquirana, chorão pra cacete, tenho que
admitir, pagava direitinho. Era gente boa, principalmente
fora da empresa. Mas, dentro da firma, pra se conseguir
um aumento era uma briga danada. Quando lia Homem
Aranha eu mijava de rir, pois J.Jonas Jameson me fazia
lembrar o nosso ex-patrão... (Rsss...).
Hamasaki: Não era coisa típica da raça, não;
revistas de editoras pequenas ocasionalmente
iam bem em vendas, na maioria das
vezes era uma catástofre.
Para concorrer no preço de capa com as editoras:
Abril, Globo e Ebal - elas colocavam nas
bancas mais títulos, obtendo dessa forma,
custo menor.
Como a tiragem de cada título nosso era limitada
(em torno de 15 a 20 mil exemplares, ridícula se
comparadas às da Abril e da Globo, que giravam
por volta dos 100 a 150 mil exemplares), também sua
distribuição pelo território
nacional era minimizada.
E em qualidade, não dá pra discutir.
Mas, voltando o foco para a figura do Sr. José:
Apesar dos comentários jocosos, quando não
maldosos, sempre fiz questão de permanecer ao
lado dele. Meu lema era jamais trair quem
me pagava (no caso dele e do Mauricio, que me
retribuíam muito bem nos cheques; entretanto
minhas performances
no trabalho mereciam, eram inquestionáveis) e,
excluindo a amizade muito decente, havia
também a experiência de 30 e tantos anos
na Europa, que eu estava procurando captar,
porque tinha interesse
em, futuramente, fundar minha própria empresa.
Mas não fui com tanta sede ao pote.
revistas de editoras pequenas ocasionalmente
iam bem em vendas, na maioria das
vezes era uma catástofre.
Para concorrer no preço de capa com as editoras:
Abril, Globo e Ebal - elas colocavam nas
bancas mais títulos, obtendo dessa forma,
custo menor.
Como a tiragem de cada título nosso era limitada
(em torno de 15 a 20 mil exemplares, ridícula se
comparadas às da Abril e da Globo, que giravam
por volta dos 100 a 150 mil exemplares), também sua
distribuição pelo território
nacional era minimizada.
E em qualidade, não dá pra discutir.
Mas, voltando o foco para a figura do Sr. José:
Apesar dos comentários jocosos, quando não
maldosos, sempre fiz questão de permanecer ao
lado dele. Meu lema era jamais trair quem
me pagava (no caso dele e do Mauricio, que me
retribuíam muito bem nos cheques; entretanto
minhas performances
no trabalho mereciam, eram inquestionáveis) e,
excluindo a amizade muito decente, havia
também a experiência de 30 e tantos anos
na Europa, que eu estava procurando captar,
porque tinha interesse
em, futuramente, fundar minha própria empresa.
Mas não fui com tanta sede ao pote.
Tony 45: Apesar de você estar "fazendo média" com a raça,
adorei sua longa explanação, bengala friend.
Principalmente sua visão real de mercado.
Ele continua o mesmo
até hoje, com os mesmos e velhos problemas.
Ser editor pequeno não e nada fácil.
Vamos em frente que atrás vem gente...
Os tempos da Noblet foi uma grande época,
recebíamos semanalmente, as famílias estavam
garantidas e fazíamos uma porrada de free lances
para os concorrentes –
dentro e fora da empresa-, sem o chefe saber,
é óbvio... (Rsss...).
Dá pra falar sobre o assunto?
Hamasaki: Ele sabia de tudo, não se iluda.
Tinha consciência de não pagar muito as
colaborações mas, após um ano, liberava os
originais para que os vendêssemos
para quem se interessasse. Eu repassei os
meus para a Grafipar, lá no Paraná; você teve
os 12 números da revista Jogos e Diversões.
Tony 46: Sabia de tudo? Não acredito.
O pior é que eu achava que
estávamos sendo espertos, é mole? (Rsss...).
De fato, você está certo,
uma ano depois ele liberava os originais para nós.
Continue, jurassik friend do Oriente...
Hamasaki: Eu e ele conversávamos muito, depois do
expediente para desespero da esposa dele que,
quando não ia perder o horário das novelas,
era obrigada a mudar também a hora dos
compromissos marcados.
Com as conversas, ele foi percebendo a minha
crescente insatisfação com o cargo de editor-chefe.
Foi honesto.
Perguntou-me, se após o malogro da revista Espoleta,
eu conseguiria, por um bom preço, realizar 30 páginas
mensais, do jeito como eu desejava fazer.
Pedi-lhe um tempo para pensar. Uma semana depois,
cobrou a resposta. Também fui honesto. Eu lhe disse que
não conseguiria (mesmo na América, com tanta mão de
obra disponível, comic books executadas por só um
artista era muito difícil). Mas, de quando em quando,
pedia-me para desenhar de 4 a 6 páginas para
complementar as nossas publicações de material
estrangeiro.
Acho que ele não queria ver seu editor frustrado.
Curiosamente, o Mauricio também pensava dessa
maneira. Durante 3 anos desenhei uma tira para o
Diário de São Paulo, do Chateaubriand, chamada
Polícia Fantasma (o título era do próprio Mauricio).
Para você ter uma idéia de como ambos
me consideravam.
Essa faceta humana, tanto de um como de outro, os
detratores sempre desconheceram.
Tony 47: Mas, é evidente. Ninguém esteve com vocês
nessa época. Nem poderíamos, o papo era íntimo entre vocês.
E o que ficava era uma imagem superficial das pessoas, com
as quais trabalhávamos.
Eu, por exemplo, sempre tive a imagem do Sr. José, como
sendo um grande amigo fora da empresa (um gentleman)
e um eterno chorão na hora dos negócios.
Brigava por cada centavo, o que ele
não estava errado vendo o lado empresarial da coisa.
Sabia separar o joio do trigo. Sabia separar bem negócios,
de amizades. Mas, o papo foi ótimo. Fiquei até
com lágrimas nos olhos (Rsss...). Vamos em frente...
Contos eróticos... vamos falar sobre isto... eu e
você escrevemos milhares deles para
as revistas Hot Girls e Contos Excitantes (publicações
criadas para concorrer com a revista Peteca,
da Grafipar, que vendia bem). Hot Girls e Contos
Excitantes, ambas eram da
Noblet e foram criadas pelo saudoso Toninho Duarte
(vulgo Toni Duka), grande amigo espirituoso e que vivia
tomando altos porres com agente toda sexta,
após o expediente... usávamos pseudônimos nesses
contos e recebíamos a grana
pelo correio, em casa.
nessa época. Nem poderíamos, o papo era íntimo entre vocês.
E o que ficava era uma imagem superficial das pessoas, com
as quais trabalhávamos.
Eu, por exemplo, sempre tive a imagem do Sr. José, como
sendo um grande amigo fora da empresa (um gentleman)
e um eterno chorão na hora dos negócios.
Brigava por cada centavo, o que ele
não estava errado vendo o lado empresarial da coisa.
Sabia separar o joio do trigo. Sabia separar bem negócios,
de amizades. Mas, o papo foi ótimo. Fiquei até
com lágrimas nos olhos (Rsss...). Vamos em frente...
Contos eróticos... vamos falar sobre isto... eu e
você escrevemos milhares deles para
as revistas Hot Girls e Contos Excitantes (publicações
criadas para concorrer com a revista Peteca,
da Grafipar, que vendia bem). Hot Girls e Contos
Excitantes, ambas eram da
Noblet e foram criadas pelo saudoso Toninho Duarte
(vulgo Toni Duka), grande amigo espirituoso e que vivia
tomando altos porres com agente toda sexta,
após o expediente... usávamos pseudônimos nesses
contos e recebíamos a grana
pelo correio, em casa.
O patrão pensava que eram de colaboradores, se ele
descobrisse que era a gente estávamos na rua,
eu acho (Rsss...).
Mas, o que a gente queria era aumentar o faturamento.
Só isso... (Rsss...). Você tem idéia de quantos contos desse
tipo escreveu naquela época, Paulo?
E quantos pseudônimos usou? Duvido...
Hamasaki: As revistas foram criadas por mim,
para concorrer com a Peteca e Contos Eróticos,
ambas da Grafipar.
descobrisse que era a gente estávamos na rua,
eu acho (Rsss...).
Mas, o que a gente queria era aumentar o faturamento.
Só isso... (Rsss...). Você tem idéia de quantos contos desse
tipo escreveu naquela época, Paulo?
E quantos pseudônimos usou? Duvido...
Hamasaki: As revistas foram criadas por mim,
para concorrer com a Peteca e Contos Eróticos,
ambas da Grafipar.
O Sr. José era contra tais publicações, disse-me várias
vezes que era preferível vender drogas...
vezes que era preferível vender drogas...
Tony 49: Por você!? Caspita! Tem certeza?
Eu ia morrer pensando que elas tinham sido criadas
pelo Toninho. Sobre o Mister Joseph, me lembro
bem quando ele dizia: “No-No-No-No, meu amigo,
aprende uma coisa na vida: Ao invés de fazer revistas
de sexo prefiro vender coicaína”. (Rsss...). Por esses
“no-no-no-nos” é que apelidamos
ele de Mister No. Ironicamente, anos depois, ele
foi o primeiro a lançar Mister No – dos Bonellis-,
no Brasil. Desculpe-me pela
estúpida e grotesca interrupção, bengala friend, mas não
consegui resistir... eu mijava de rir, quando ele
soltava esse “prefixo” tipicamente dele... (Rsss...).
Pode continuar...
Não sei se consigo levar esta entrevista em frente.
Tá difícil parar de rir... (Rsss...). Ele era um sarro...
Hamasaki: Além dele não gostar desse tipo
de publicação, na gráfica trabalhavam muitas
mulheres. No final, ante minhas argumentações, acabou
cedendo. O Antonio Duarte, amigo de longa data,
colaborou apenas em alguns números.
O negócio dele sempre fora revistas infantis.
O problema que eu enfrentava era como
preencher textos, piadas, ilustrações, contos e
informações, as duas edições mensais
de formatos iguais, mas de conteúdos variados.
Além disso, não havia colaboradores suficientes.
preencher textos, piadas, ilustrações, contos e
informações, as duas edições mensais
de formatos iguais, mas de conteúdos variados.
Além disso, não havia colaboradores suficientes.
Tony 50: Lembro bem desta etapa. Nosso querido
bengala brother, Toni (Duka) Duarte,
saiu e o abacaxi sobrou pra mim... mas, valeu.
Eu nunca tinha trabalhado com publicações
eróticas. Continue, professor Hama...
Hamasaki: Foi o próprio Publisher que sugeriu
que eu escrevesse as matérias
necessárias (pagamentos
à parte). A Hot Girls foi uma
das primeiras revistas a falar sobre a Aids...
Tony 51: Aids? Parece que bebe, bengala brother...
Não se ouvia falar de Aids naquela época, grande guru do
Oriente. Deu “pau” no seu “HD”
que tem memória de elefante, pelo visto... (Rsss...).
Não se ouvia falar de Aids naquela época, grande guru do
Oriente. Deu “pau” no seu “HD”
que tem memória de elefante, pelo visto... (Rsss...).
Hamasaki: ... E outras moléstias sexuais; para tanto
fui obrigado a adquirir uma centena de livros sobre
o assunto e o Sr. José ainda fornecia-me outro tanto
de matérias compradas da França, que
a Josete, sobrinha dele, traduzia para o português.
fui obrigado a adquirir uma centena de livros sobre
o assunto e o Sr. José ainda fornecia-me outro tanto
de matérias compradas da França, que
a Josete, sobrinha dele, traduzia para o português.
Tony 52: É... também recordo muito bem disso, mas no
final das contas esses livros todos vinham parar na minha
mesa e era eu quem ralava para reescrever os textos ou
criar matérias, bengala friend, lembra-se?
Eu fazia toda a redação e ilustrava os dois produtos.
Isto foi durante anos.
Você ordenava e eu fazia. Afinal, você era o chefe... (Rsss...).
Quanto a publicarmos matérias da França, isto só
ocorreu quando eu dirigia o jornal Polícia Magazine,
que não durou muito tempo.
final das contas esses livros todos vinham parar na minha
mesa e era eu quem ralava para reescrever os textos ou
criar matérias, bengala friend, lembra-se?
Eu fazia toda a redação e ilustrava os dois produtos.
Isto foi durante anos.
Você ordenava e eu fazia. Afinal, você era o chefe... (Rsss...).
Quanto a publicarmos matérias da França, isto só
ocorreu quando eu dirigia o jornal Polícia Magazine,
que não durou muito tempo.
Hamasaki: A revista Contos Excitantes não
tinha contistas em número suficiente
para lançá-la mensalmente.
Novamente partiu dele –
do dono da empresa-, a sugestão
para que nós, da redação,
escrevêssemos os contos e
usássemos pseudônimos.
Lá pelos sexto número surgiram os
colaboradores, deixando o Publisher
desnorteado. Ele não sabia
mais quem era quem e no
fundo, notei que ele não
estava nem aí (creio que tinha
certo desprezo para com
os escritores desse gênero de textos).
tinha contistas em número suficiente
para lançá-la mensalmente.
Novamente partiu dele –
do dono da empresa-, a sugestão
para que nós, da redação,
escrevêssemos os contos e
usássemos pseudônimos.
Lá pelos sexto número surgiram os
colaboradores, deixando o Publisher
desnorteado. Ele não sabia
mais quem era quem e no
fundo, notei que ele não
estava nem aí (creio que tinha
certo desprezo para com
os escritores desse gênero de textos).
Então, sugeriu-me que anotasse o verdadeiro
nome do escritor no verso dos originais.
Como foi dito, ele não pagava muito,
mas era extremamente
correto; não falhava nunca.
Uma coisa que você deve saber, Tony:
O Sr. José era muitíssimo discreto,
sabia o que acontecia e o que
diziam, mas nunca abria a boca para
comentar.
Apesar de ser judeu, sua educação,
no Egito, era inglesa.
Contou-me a Josette que por várias
vezes ele este para ser expulso da
Hebraica, por transgredir normas da fé.
Penso que não levava muito
à sério, conquanto a
respeitasse até onde podia.
nome do escritor no verso dos originais.
Como foi dito, ele não pagava muito,
mas era extremamente
correto; não falhava nunca.
Uma coisa que você deve saber, Tony:
O Sr. José era muitíssimo discreto,
sabia o que acontecia e o que
diziam, mas nunca abria a boca para
comentar.
Apesar de ser judeu, sua educação,
no Egito, era inglesa.
Contou-me a Josette que por várias
vezes ele este para ser expulso da
Hebraica, por transgredir normas da fé.
Penso que não levava muito
à sério, conquanto a
respeitasse até onde podia.
Tony 53: Que merda, pensei que
estávamos enganando o homem, ou você tá
"fazendo média", outra vez? ... (Rsss...).
E você nunca me disse nada a esse respeito,
sacana bengala friend. Bem, pelo menos,
aumentávamos o nosso
faturamento com esses contos
que assinávamos milhares
de pseudônimos – até femininos,
é mole? (Rsss...). Eu via ele como um
judeu egípcio autêntico
(judeu nascido num país árabe, ele deve ter
tido muita dor de cabeça por conta
disso, na infância e na adolescência).
Ele vivia dividido entre a sinagoga
judaica e Mohamed
(Maomé, o grande profeta muçulmano).
Aliás, ele vivia citando Maomé.Parecia ter uma certa
admiração por este grande homem, que foi uma espécie
de Cristo dos árabes.
Você me enrolou e não me disse se sabe ou não,
quantos contos eróticos escreveu, mas tudo bem.
Nem eu me lembro de quantos
eu fiz. Escrevemos muitos, com certeza...
estávamos enganando o homem, ou você tá
"fazendo média", outra vez? ... (Rsss...).
E você nunca me disse nada a esse respeito,
sacana bengala friend. Bem, pelo menos,
aumentávamos o nosso
faturamento com esses contos
que assinávamos milhares
de pseudônimos – até femininos,
é mole? (Rsss...). Eu via ele como um
judeu egípcio autêntico
(judeu nascido num país árabe, ele deve ter
tido muita dor de cabeça por conta
disso, na infância e na adolescência).
Ele vivia dividido entre a sinagoga
judaica e Mohamed
(Maomé, o grande profeta muçulmano).
Aliás, ele vivia citando Maomé.Parecia ter uma certa
admiração por este grande homem, que foi uma espécie
de Cristo dos árabes.
Você me enrolou e não me disse se sabe ou não,
quantos contos eróticos escreveu, mas tudo bem.
Nem eu me lembro de quantos
eu fiz. Escrevemos muitos, com certeza...
Editora Hamasaki... vamos falar sobre
este selo criado por você. Eu já havia saído
da Noblet há séculos e estava
ralando com meu estúdio, no Jabaquara...
aí fiquei sabendo que você também havia
deixado a firma e que tinha aberto
sua própria editora, que durou vários anos.
Como, quando e por que você decidiu
partir pras cabeças e fundar a editora e em que
ano ela começou a funcionar?
Hamasaki: Eu tinha idéias próprias sobre as
publicações que desejava lançar
no mercado editorial.
Em meados do ano de 1984,
este selo criado por você. Eu já havia saído
da Noblet há séculos e estava
ralando com meu estúdio, no Jabaquara...
aí fiquei sabendo que você também havia
deixado a firma e que tinha aberto
sua própria editora, que durou vários anos.
Como, quando e por que você decidiu
partir pras cabeças e fundar a editora e em que
ano ela começou a funcionar?
Hamasaki: Eu tinha idéias próprias sobre as
publicações que desejava lançar
no mercado editorial.
Em meados do ano de 1984,
lancei duas revistas de HQs e
sofri uma grande decepção:
as duas não venderam o bastante
para pagar os custos.
Então, fiz duas edições
infantis que coincidiram
com o Plano Cruzado do presidente Sarney.
O congelamento dos preços deu grande
incentivo à minha editora.
sofri uma grande decepção:
as duas não venderam o bastante
para pagar os custos.
Então, fiz duas edições
infantis que coincidiram
com o Plano Cruzado do presidente Sarney.
O congelamento dos preços deu grande
incentivo à minha editora.
HQ de terror escrita por Hamasaki e desenhada por Shimamoto |
Tony 54: Grande fase foi aquela. Todos diziam que se
vendia até merda em lata – graças aos tal congelamento de
preços-, lembro-me bem.
Tudo vendia bem, principalmente, revistas... Você, pela
editora Hamasaki, lançava inúmeros títulos de revistas
infantis e chegou até a lançar um almanaque de terror...
aliás, a última publicação desse gênero que vimos
nas bancas nos últimos 20 anos... como foram as vendas
e quem eram os colaboradores desta edição?
Outra coisa: qual foi a tiragem?
vendia até merda em lata – graças aos tal congelamento de
preços-, lembro-me bem.
Tudo vendia bem, principalmente, revistas... Você, pela
editora Hamasaki, lançava inúmeros títulos de revistas
infantis e chegou até a lançar um almanaque de terror...
aliás, a última publicação desse gênero que vimos
nas bancas nos últimos 20 anos... como foram as vendas
e quem eram os colaboradores desta edição?
Outra coisa: qual foi a tiragem?
Hamasaki: Lancei treze
revistas infantis nas bancas,
naquele período em que elas vendiam
bem e durante os próximos cinco
anos colhi os frutos dessa decisão.
Quanto ao Almanaque de Terror, teve 30 mil
exemplares de tiragem e (pasme!) deu
significativo lucro.
Os colaboradores eram todos novatos, à exceção
de Júlio Shimamoto, José Málaga,
Luís Sátiro e eu.
revistas infantis nas bancas,
naquele período em que elas vendiam
bem e durante os próximos cinco
anos colhi os frutos dessa decisão.
Quanto ao Almanaque de Terror, teve 30 mil
exemplares de tiragem e (pasme!) deu
significativo lucro.
Os colaboradores eram todos novatos, à exceção
de Júlio Shimamoto, José Málaga,
Luís Sátiro e eu.
Tony 55: Terror sempre teve um público fiel...
Você se especializou em revistas infantis, na época... pergunto:
não acha que faltou diversificar suas publicações?
Por exemplo, HQs eróticas sempre
vendiam bem, mas você, me parece
que nunca fez este tipo de
quadrinhos, ou fez? Se não fez, sabe dizer por quê?
Você se especializou em revistas infantis, na época... pergunto:
não acha que faltou diversificar suas publicações?
Por exemplo, HQs eróticas sempre
vendiam bem, mas você, me parece
que nunca fez este tipo de
quadrinhos, ou fez? Se não fez, sabe dizer por quê?
Hamasaki: Acabei fazendo, Tony.
Jamais gostei desse
gênero e só entrei nesse mercado porque o meu
sócio achava que era bom. Criamos dez títulos
mensais de HQs eróticas e outro tanto de fotos;
permanecemos uns três anos no ramo
e fomos os últimos a abandonar esse
nicho mercadológico.
Jamais gostei desse
gênero e só entrei nesse mercado porque o meu
sócio achava que era bom. Criamos dez títulos
mensais de HQs eróticas e outro tanto de fotos;
permanecemos uns três anos no ramo
e fomos os últimos a abandonar esse
nicho mercadológico.
Tony 56: Acho isto estranho. Ultimamente não se
vê mais HQs eróticas no mercado, enquanto lá fora este
tipo de publicação continua firme, eu acho.
Vamos me frente, nessa entrevista
interessante e quilométrica... No mesmo período em que
existia a editora Hamasaki eu e o Wanderley abrimos
a Phenix Editorial Ltda (anos 90) e diante das dificuldades
do mercado comecamos a montar aquilo que chamávamos
de “Sistema de Distribuição Alternativo”.
Ou seja, pegávamos os encalhes e
revendíamos eles para distribuidores regionais.
Foi um bom tempo aquele... ganhamos muita
grana com isso. Cheguei até a
te indicar alguns dos nossos
clientes... mas, de repente,
fomos podados e a coisa
piorou quando o ex-presidente
Collor de Mello foi expulso
do poder. As vendas degringolaram,
abaixaram, e nós tivemos que fechar a Phenix.
Mas, você agüentou o tranco e continuou por mais
quanto tempo? Ou seja, a editora
Hamasaki existiu até que ano? Aquilo foi um ato
de heroísmo.
vê mais HQs eróticas no mercado, enquanto lá fora este
tipo de publicação continua firme, eu acho.
Vamos me frente, nessa entrevista
interessante e quilométrica... No mesmo período em que
existia a editora Hamasaki eu e o Wanderley abrimos
a Phenix Editorial Ltda (anos 90) e diante das dificuldades
do mercado comecamos a montar aquilo que chamávamos
de “Sistema de Distribuição Alternativo”.
Ou seja, pegávamos os encalhes e
revendíamos eles para distribuidores regionais.
Foi um bom tempo aquele... ganhamos muita
grana com isso. Cheguei até a
te indicar alguns dos nossos
clientes... mas, de repente,
fomos podados e a coisa
piorou quando o ex-presidente
Collor de Mello foi expulso
do poder. As vendas degringolaram,
abaixaram, e nós tivemos que fechar a Phenix.
Mas, você agüentou o tranco e continuou por mais
quanto tempo? Ou seja, a editora
Hamasaki existiu até que ano? Aquilo foi um ato
de heroísmo.
Hamasaki: Nos inícios dos anos 90, as bancas
de revistas não comportavam mais as publicações
baratas; o perfil do leitor
havia mudado, a nova classe
média, de baixa cultura,
ascendendo materialmente, procurava novos
entreterimentos; os valores da , média burguesia
eram outros, e o público leitor, formado pela
classe mais abastada,
exigia produtos de maio
r qualidade, o que elevava os
preços de capa. Daí para a segmentação
foi um passo.
Em relação à minha empresa, após revender todo
o encalhe aos distribuidores alternativos, tomei
uma drástica decisão:
encerrar as atividades e partir em busca de
novos horizontes. Aconteceu em 2001.
Tony 57: Adorei sua análise consciente sobre a brusca
de revistas não comportavam mais as publicações
baratas; o perfil do leitor
havia mudado, a nova classe
média, de baixa cultura,
ascendendo materialmente, procurava novos
entreterimentos; os valores da , média burguesia
eram outros, e o público leitor, formado pela
classe mais abastada,
exigia produtos de maio
r qualidade, o que elevava os
preços de capa. Daí para a segmentação
foi um passo.
Em relação à minha empresa, após revender todo
o encalhe aos distribuidores alternativos, tomei
uma drástica decisão:
encerrar as atividades e partir em busca de
novos horizontes. Aconteceu em 2001.
Tony 57: Adorei sua análise consciente sobre a brusca
mudança de mercado da época. De lá para cá a coisa
degringolou, my dear and old bengala friend.
Para acabar de “fubecar” tudo entrou a era da
informática, a alta tecnologia de ponta e os antigos
leitores de gibis partiram,
aos poucos, para esses novos tipos de entreterimento.
Enfim, o mundo das publicações em todo o mundo virou
no avesso, principalmente no Brasil. Foi aí que a editora
Abril deixou de publicar os heróis Marvel e DC.
As vendas tinham desabado. Prosseguindo...
Por um bom tempo não nos vimos.
Depois, voltamos a nos encontrar no estúdio do
old bengala brother, Fausto Kataoka,
(esse japa gente fina, que também
trabalhou com a gente na
Noblet, por longo período e que
virou um grande produtor
das revistas).
A editora Escala estava bombando e o
Faustão que era fotoliteiro e um
grande produtor gráfico virou,
de repente, produtor de revistas,
graças a era da informática
e ao filho dele, o genial Fabinho, que era professor
de computação.
Nós, os mais velhos, não entendíamos porra nenhuma
de computadores e muitos dos nossos amigos, das antigas,
jamais quiseram entender e simplesmente
se afastaram do ramo editorial. Muitos velhos e
bons companheiros de traço, tanto de agências quanto
de editoras, acabaram se ferrando,
perderam bons empregos, e até
mudaram de ramo, por não se
adaptarem a nova tecnologia.
Eu mesmo tive muita dificuldade
para aprender a lidar com a coisa
e acabei perdendo muitos
bons clientes. Este foi um período
cruel para todos nós que
trabalhávamos na área. E o pior, os computadores custavam
caro, uma nota preta. Os velhos fotolitos fecharam –
gerando ainda mais desempregos -, dando lugar
aos modernos birôs.
Enfim, o mundo desabou na cabeça dos designers
e dos próprios gráficos do país.
degringolou, my dear and old bengala friend.
Para acabar de “fubecar” tudo entrou a era da
informática, a alta tecnologia de ponta e os antigos
leitores de gibis partiram,
aos poucos, para esses novos tipos de entreterimento.
Enfim, o mundo das publicações em todo o mundo virou
no avesso, principalmente no Brasil. Foi aí que a editora
Abril deixou de publicar os heróis Marvel e DC.
As vendas tinham desabado. Prosseguindo...
Por um bom tempo não nos vimos.
Depois, voltamos a nos encontrar no estúdio do
old bengala brother, Fausto Kataoka,
(esse japa gente fina, que também
trabalhou com a gente na
Noblet, por longo período e que
virou um grande produtor
das revistas).
A editora Escala estava bombando e o
Faustão que era fotoliteiro e um
grande produtor gráfico virou,
de repente, produtor de revistas,
graças a era da informática
e ao filho dele, o genial Fabinho, que era professor
de computação.
Nós, os mais velhos, não entendíamos porra nenhuma
de computadores e muitos dos nossos amigos, das antigas,
jamais quiseram entender e simplesmente
se afastaram do ramo editorial. Muitos velhos e
bons companheiros de traço, tanto de agências quanto
de editoras, acabaram se ferrando,
perderam bons empregos, e até
mudaram de ramo, por não se
adaptarem a nova tecnologia.
Eu mesmo tive muita dificuldade
para aprender a lidar com a coisa
e acabei perdendo muitos
bons clientes. Este foi um período
cruel para todos nós que
trabalhávamos na área. E o pior, os computadores custavam
caro, uma nota preta. Os velhos fotolitos fecharam –
gerando ainda mais desempregos -, dando lugar
aos modernos birôs.
Enfim, o mundo desabou na cabeça dos designers
e dos próprios gráficos do país.
Levei uns 5 anos tentando me
adaptar e aprendendo a lidar
com os programas. Não foi fácil.
Tal qual a revolução industrial, o passado,
a era da informática também causou
muitos prejuízos e desempregos,
em diversos segmentos da sociedade.
Não estávamos preparados pra
essa mudança brusca. De volta ao nosso bate papo...
adaptar e aprendendo a lidar
com os programas. Não foi fácil.
Tal qual a revolução industrial, o passado,
a era da informática também causou
muitos prejuízos e desempregos,
em diversos segmentos da sociedade.
Não estávamos preparados pra
essa mudança brusca. De volta ao nosso bate papo...
Era o polivalente e experiente Faustão que cuidava
praticamente da gráfica da Noblet. O cara era o famoso
“Mister Bombril”... tinha inúmeras utilidades (rsss...)...
gravava chapas, ajeitava as máquinas, montava
astralões – antigamente, no nosso jurássico tempo,
para imprimir uma revista era
preciso fazer a montagem
dos fotolitos num acetato
maior, do tamanho de uma
folha de papel de impressão –
tipo: 66 x 96 cms-, numa mesa de luz.
O japa era bom nisso...
retocava os filmes com abideque, etc).
Quando a última luzinha vermelha daquelas jurássicas
salas escuras de revelar filmes (fotolitos) se apagou
nosso amigo Faustão também pressentiu que o fim dos
velhos e obsoletos fotolitos estava chegando ao fim e
decidiu, sabiamente, partir pra outra .
praticamente da gráfica da Noblet. O cara era o famoso
“Mister Bombril”... tinha inúmeras utilidades (rsss...)...
gravava chapas, ajeitava as máquinas, montava
astralões – antigamente, no nosso jurássico tempo,
para imprimir uma revista era
preciso fazer a montagem
dos fotolitos num acetato
maior, do tamanho de uma
folha de papel de impressão –
tipo: 66 x 96 cms-, numa mesa de luz.
O japa era bom nisso...
retocava os filmes com abideque, etc).
Quando a última luzinha vermelha daquelas jurássicas
salas escuras de revelar filmes (fotolitos) se apagou
nosso amigo Faustão também pressentiu que o fim dos
velhos e obsoletos fotolitos estava chegando ao fim e
decidiu, sabiamente, partir pra outra .
De repente, o estúdio FK (Fausto kataoka)
passou a produzir para a Escala revista, que nem pastel, e a
editora empesteou as bancas vendendo revistas a preço
de banana. Você não acha que isto que
a Escala fez acabou prejudicando os demais editores?
Hamasaki: O Fausto, assim como inúmeros
profissionais da nossa área, foi obrigado a encarar
as novas tecnologias na confecção de revistas e como
ele estava em constante contato
passou a produzir para a Escala revista, que nem pastel, e a
editora empesteou as bancas vendendo revistas a preço
de banana. Você não acha que isto que
a Escala fez acabou prejudicando os demais editores?
Fausto Kataoka (Estúdio FK\Editora Geek) |
profissionais da nossa área, foi obrigado a encarar
as novas tecnologias na confecção de revistas e como
ele estava em constante contato
com a editora Escala, através de seu filho Fábio, que
trabalhava lá, criando novos títulos, a empresa
em questão encomendou uma série de publicações
ao nosso amigo.
Tal privilégio também se estendia aos outros vinte
editores que, entusiasmados, infestaram as bancas e
pontos de vendas com os mais diversos tipos de
publicações, algo em torno de 100 a 130 títulos
diferentes, a maioria
descartável, principalmente aqueles que tinham
temáticas bizarras.
trabalhava lá, criando novos títulos, a empresa
em questão encomendou uma série de publicações
ao nosso amigo.
Tal privilégio também se estendia aos outros vinte
editores que, entusiasmados, infestaram as bancas e
pontos de vendas com os mais diversos tipos de
publicações, algo em torno de 100 a 130 títulos
diferentes, a maioria
descartável, principalmente aqueles que tinham
temáticas bizarras.
Tony 58: Sim, eu sei... mas, me referia ao fato da Escala
começar a lançar revistas a 1 real no mercado.
Isto, ao meu ver, fez “balançar” a concorrência, que teve que
reduzir seus preços para brigar com o
ousado e novo concorrente de mercado, Paulo.
começar a lançar revistas a 1 real no mercado.
Isto, ao meu ver, fez “balançar” a concorrência, que teve que
reduzir seus preços para brigar com o
ousado e novo concorrente de mercado, Paulo.
A editora Escala teve uma ascensão meteórica –
numa época de crise, quando as caras revistas das editoras
perdiam leitores, inclusive a própria Abril.
A Escala cresceu, vendendo revistas a R$ 1,00, com
tiragens monstruosas. Um absurdo. Deram um “tiro
no próprio pé” e zoaram todo o mercado nacional, ao
meu ver. Veja, sempre defendia a tese de que devemos
vender revistas a preços populares,
mas não assim na “bacia das almas”... desse jeito
é impossível pagar as despesas básicas e os funcionários.
Aquilo não fazia sentido...
numa época de crise, quando as caras revistas das editoras
perdiam leitores, inclusive a própria Abril.
A Escala cresceu, vendendo revistas a R$ 1,00, com
tiragens monstruosas. Um absurdo. Deram um “tiro
no próprio pé” e zoaram todo o mercado nacional, ao
meu ver. Veja, sempre defendia a tese de que devemos
vender revistas a preços populares,
mas não assim na “bacia das almas”... desse jeito
é impossível pagar as despesas básicas e os funcionários.
Aquilo não fazia sentido...
Hamasaki: Não acredito que a
Escala tenha prejudicado
os demais editores. O Hercílio,
dono da empresa, fez e faria o que
qualquer empresário que possui meia
dúzia de rotativas, precisando urgentemente
alimentar as máquinas com serviços,
independentemente dos gêneros.
O mercado editorial não o
obrigou a nada, eu o conheço desde
a época em que ele dirigia a Gráfica
Brasiliana; sempre foi um homem
competente e tudo o que fez
foi testar esses pontos
de venda, em cada
segmento. Arriscou e venceu, foi tudo.
Escala tenha prejudicado
os demais editores. O Hercílio,
dono da empresa, fez e faria o que
qualquer empresário que possui meia
dúzia de rotativas, precisando urgentemente
alimentar as máquinas com serviços,
independentemente dos gêneros.
O mercado editorial não o
obrigou a nada, eu o conheço desde
a época em que ele dirigia a Gráfica
Brasiliana; sempre foi um homem
competente e tudo o que fez
foi testar esses pontos
de venda, em cada
segmento. Arriscou e venceu, foi tudo.
Ou seja, enquanto a Abril estava subindo
os preços e sofisticando
os produtos, como as HQs –
num grave erro de estratégia de
marketing -, ele fez justamente ao contrário:
Rodava revistas aos quilos para vendê-las barato.
Mas, não tão barato.
Aquilo desestabilizou todo mundo.
Não posso concordar
com o seu ponto de vista sobre este tópico.
os preços e sofisticando
os produtos, como as HQs –
num grave erro de estratégia de
marketing -, ele fez justamente ao contrário:
Rodava revistas aos quilos para vendê-las barato.
Mas, não tão barato.
Aquilo desestabilizou todo mundo.
Não posso concordar
com o seu ponto de vista sobre este tópico.
Mas, vamos em frente... (Rsss...)...
afinal, isto aqui é um papo
democrático e todos podem expor seus
pontos de vista....
afinal, isto aqui é um papo
democrático e todos podem expor seus
pontos de vista....
Há alguns anos atrás, quando o
Sr. Joseph ainda era vivo,
passamos a nos reunir toda sexta pra almoçarmos
lá perto da Noblet...
foi nessa época que surgiu Cavaleiros do Oeste (em 2005),
sua última HQ publicada – e Apache, que hoje
está saindo pela editora As Américas, após
ficar cinco anos na gaveta...
o nosso editor\amigo Sr. Joseph
(Vulgo Mister No) parecia que
era obcecado em publicar uma HQ para
concorrer com o Tex, não é? Parece que
uma vez os Bonellis ofereceram Tex
pra Noblet e ele não acreditou
no produto, foi isto?
A Vecchi pegou e vendia
100 mil exemplares... (Rsss...).
Parece que na época o faro
(feeling) do nosso editor para
bons produtos parecia que não
funcionava as vezes... (Rsss...).
Hamasaki: As nossas sextas-feiras eram
Sr. Joseph ainda era vivo,
passamos a nos reunir toda sexta pra almoçarmos
lá perto da Noblet...
foi nessa época que surgiu Cavaleiros do Oeste (em 2005),
sua última HQ publicada – e Apache, que hoje
está saindo pela editora As Américas, após
ficar cinco anos na gaveta...
o nosso editor\amigo Sr. Joseph
(Vulgo Mister No) parecia que
era obcecado em publicar uma HQ para
concorrer com o Tex, não é? Parece que
uma vez os Bonellis ofereceram Tex
pra Noblet e ele não acreditou
no produto, foi isto?
A Vecchi pegou e vendia
100 mil exemplares... (Rsss...).
Parece que na época o faro
(feeling) do nosso editor para
bons produtos parecia que não
funcionava as vezes... (Rsss...).
Hamasaki: As nossas sextas-feiras eram
memoráveis, estendiam-se muitas vezes
até altas horas da madrugada e, por duas
décadas visitamos restaurantes
e bares de São Paulo.
até altas horas da madrugada e, por duas
décadas visitamos restaurantes
e bares de São Paulo.
Tony 60: Foram inesquecíveis, sem dúvida.
A farra era boa entre muitos comes e bebes.
Não tinha mulher que aguentava nossas gandaias na
sexta, depois do expediente. A semana toda
não bebíamos, mas na sexta...
A farra era boa entre muitos comes e bebes.
Não tinha mulher que aguentava nossas gandaias na
sexta, depois do expediente. A semana toda
não bebíamos, mas na sexta...
Hamaski: O resultado dessas noitadas foi a
separação de muitos casais.
Quando almoçávamos com o Sr. José, a época
era outra. Ele estava beirando os 90 anos, lúcido,
mas um tanto enfraquecido por carregar
seus 1,80 m de altura e tantas dores de cabeça
proporcionadas pela firma.
Entretanto, eu atendia às sua “intimações” – para
almoçarmos juntos .
Era sempre interessante conversar com
ele e essas sextas-feiras encerraram-se
em 2008, simultaneamente
com a editora.
Quanto ao “faro” do empresário, sinto-me
obrigado a contradizê-lo, velho chapa.
O Sr. José e seu feeling eram notórios
no Egito, contudo a Segunda
Guerra Mundial obrigou a
ele e sua família a um pouso forçado na França.
O racismo de Paris, além de coibir suas atividades
de editor, igualmente fazia-o aceitar empregos
humilhantes e ele,
nessas alturas estava na
casa dos cinqüenta anos.
Tony 61: Adoro quando alguém discorda.
Explique-se. Já ouvi parte deste história
dita por ele -, bengala Hama,
sei que ele foi editor ou que trabalhou
em editoras egípcias e que
em virtude da guerra teve
ele e essas sextas-feiras encerraram-se
em 2008, simultaneamente
com a editora.
Quanto ao “faro” do empresário, sinto-me
obrigado a contradizê-lo, velho chapa.
O Sr. José e seu feeling eram notórios
no Egito, contudo a Segunda
Guerra Mundial obrigou a
ele e sua família a um pouso forçado na França.
O racismo de Paris, além de coibir suas atividades
de editor, igualmente fazia-o aceitar empregos
humilhantes e ele,
nessas alturas estava na
casa dos cinqüenta anos.
Tony 61: Adoro quando alguém discorda.
Explique-se. Já ouvi parte deste história
dita por ele -, bengala Hama,
sei que ele foi editor ou que trabalhou
em editoras egípcias e que
em virtude da guerra teve
que rumar à Paris e que lá acabou se
sujeitando a subempregos que
não a sua área e que por fim acabou
se tornando até um jogador
profissional, antes de vir ao Brasil.
Mas, continue, nossos
webleitores nunca ouviram isso...
sujeitando a subempregos que
não a sua área e que por fim acabou
se tornando até um jogador
profissional, antes de vir ao Brasil.
Mas, continue, nossos
webleitores nunca ouviram isso...
Hamasaki: Quando ele veio ao Brasil para se
estabelecer, tinha apenas 400 dólares no bolso, e
levando nas costas os erros que imigrantes passam
na nova terra.
A sua máxima, portanto era “Os erros custam caro”.
É verdade que o homem teve nas mãos a Playboy,
a National Geographic Magazine (após a Bloch
perder os direitos) e o Tex, quando a Globo desistiu
dele porque as vendas estavam baixíssimas.
Em referência ao Cavaleiro do Oeste,
eu estava visando os leitores saudosistas, aqueles que
se lembravam do Zorro (o Lone Ranger mascarado, das
balas de pratas). Mas as vendas forma decepcionantes,
conquanto as cartas que chegaram às mãos do Publisher
o entusiasmasse. E foi nesse estado de espírito que ele
me encomendou os próximos números, ainda que eu
necessitasse de 45 dias em média
para finalizar cada edição.
Ele me pagou tão bem, que fiquei rezando para que a
revista desse certo. Então, um problema de saúde
(inesperado, porque ele sempre se gabava de jamais ter
sido hospitalizado) o fez repensar,
impedindo que a revista seguisse seu curso normal.
Na realidade, o Sr. José estava mais preocupado com sua
gráfica e seus vinte funcionários
que não tinham nada a fazer do que com as
vendas da revista, que ele queria continuar,
eternamente, acreditando que as próximas edições
trariam melhores resultados. E eu, novamente,
lhe disse: “Seu José, vamos ser sensatos.”
Foi nesse momento em que você irrompeu
na sala e ele recusou seu faroeste porque ele tinha
dois números inéditos do cavaleiro do Oeste.
Tony 62: Tenho minhas dúvidas... Na verdade, a Noblet não
rodava mais nada de novo há um bom tempo – principalmente de
quadrinhos -, desde a Maldição do Guerreiro Ninja, que
também não passou da terceira edição, devido as
estabelecer, tinha apenas 400 dólares no bolso, e
levando nas costas os erros que imigrantes passam
na nova terra.
A sua máxima, portanto era “Os erros custam caro”.
É verdade que o homem teve nas mãos a Playboy,
a National Geographic Magazine (após a Bloch
perder os direitos) e o Tex, quando a Globo desistiu
dele porque as vendas estavam baixíssimas.
Em referência ao Cavaleiro do Oeste,
eu estava visando os leitores saudosistas, aqueles que
se lembravam do Zorro (o Lone Ranger mascarado, das
balas de pratas). Mas as vendas forma decepcionantes,
conquanto as cartas que chegaram às mãos do Publisher
o entusiasmasse. E foi nesse estado de espírito que ele
me encomendou os próximos números, ainda que eu
necessitasse de 45 dias em média
para finalizar cada edição.
Ele me pagou tão bem, que fiquei rezando para que a
revista desse certo. Então, um problema de saúde
(inesperado, porque ele sempre se gabava de jamais ter
sido hospitalizado) o fez repensar,
impedindo que a revista seguisse seu curso normal.
Na realidade, o Sr. José estava mais preocupado com sua
gráfica e seus vinte funcionários
que não tinham nada a fazer do que com as
vendas da revista, que ele queria continuar,
eternamente, acreditando que as próximas edições
trariam melhores resultados. E eu, novamente,
lhe disse: “Seu José, vamos ser sensatos.”
Foi nesse momento em que você irrompeu
na sala e ele recusou seu faroeste porque ele tinha
dois números inéditos do cavaleiro do Oeste.
Cavaleiros do Oeste - Criação de Hamasaki (Série lançada pela Noblet) |
Titulo criado por Hamasaki para a Noblet |
rodava mais nada de novo há um bom tempo – principalmente de
quadrinhos -, desde a Maldição do Guerreiro Ninja, que
também não passou da terceira edição, devido as
baixas vendas.
A Noblet vivia relançando pacotes promocionais de
seus encalhes. Os velhos funcionários de sempre daquela
casa editorial já não tinham muito o que fazer. A velha
gráfica agitada de outrora agora estava quase às moscas.
Também sei que ele se preocupava em não
largar os funcionários na mão e nem pretendia despedí-los.
Achei este gesto fantástico por parte dele.
Sempre foi um patrão consciente.
Você sabe, muita gente entrou lá jovem e saiu de lá
aposentado com uma idade avançada ou quando a firma
encerrou as portas.
Grande guru e bengala friend do Oriente, eu também
ignorava sobre esta doença repentina dele.
Eu havia feito Apache, às pressas, pois ele me solicitou.
Tinha deixado o material para análise, durante
algum tempo, e foi naquele dia que ele ao recusar o trabalho
alegou que a série era muito agressiva.
Porém, isto não me abalou.
Estou acostumado com este tipo de coisa.
Aliás, nesse ramo, o que mais a gente ouve na vida é “não!”.
Isto faz parte do jogo.
Apache não estava concorrendo com a sua série.
A temática, apesar de ser western, era diferente.
O simples fato de saber que ele ia
lançar Cavaleiros do Oeste – uma HQ Made in Brasil-, me
deixou feliz. Afinal, sempre fomos unidos, nunca houve
viadagem entre a gente, e o seu material estava legal.
É pena que a série durou tão pouco.
Depois, sim, percebi que estava doente, pois aos poucos ele
começou a definhar gradativamente.
E, por ele não ter herdeiros, a Noblet fechou. Seguindo...
Paulo Hamasaki, por Paulo Hamasaki? Defina-se.
A Noblet vivia relançando pacotes promocionais de
seus encalhes. Os velhos funcionários de sempre daquela
casa editorial já não tinham muito o que fazer. A velha
gráfica agitada de outrora agora estava quase às moscas.
Também sei que ele se preocupava em não
largar os funcionários na mão e nem pretendia despedí-los.
Achei este gesto fantástico por parte dele.
Sempre foi um patrão consciente.
Você sabe, muita gente entrou lá jovem e saiu de lá
aposentado com uma idade avançada ou quando a firma
encerrou as portas.
Grande guru e bengala friend do Oriente, eu também
ignorava sobre esta doença repentina dele.
Eu havia feito Apache, às pressas, pois ele me solicitou.
Tinha deixado o material para análise, durante
algum tempo, e foi naquele dia que ele ao recusar o trabalho
alegou que a série era muito agressiva.
Porém, isto não me abalou.
Estou acostumado com este tipo de coisa.
Aliás, nesse ramo, o que mais a gente ouve na vida é “não!”.
Isto faz parte do jogo.
Apache não estava concorrendo com a sua série.
A temática, apesar de ser western, era diferente.
O simples fato de saber que ele ia
lançar Cavaleiros do Oeste – uma HQ Made in Brasil-, me
deixou feliz. Afinal, sempre fomos unidos, nunca houve
viadagem entre a gente, e o seu material estava legal.
É pena que a série durou tão pouco.
Depois, sim, percebi que estava doente, pois aos poucos ele
começou a definhar gradativamente.
E, por ele não ter herdeiros, a Noblet fechou. Seguindo...
Paulo Hamasaki, por Paulo Hamasaki? Defina-se.
Hamasaki: Fui sempre um homem livre
(eu e os meus irmãos tivemos uma educação bastante
correta, mas liberal), no entanto
permaneci a vida toda escravo das minhas convicções.
Isso me custou ótimas ofertas de emprego e cargos.
(eu e os meus irmãos tivemos uma educação bastante
correta, mas liberal), no entanto
permaneci a vida toda escravo das minhas convicções.
Isso me custou ótimas ofertas de emprego e cargos.
Tony 63: Planos para o futuro? Alguma frustração?
Seja sincero...
Seja sincero...
Hamasaki: Nunca deixei de planejar minha vida,
sei conviver razoavelmente com os prejuízos, mas
não me dou bem com
frustrações. Parece frase feita, entretanto não é e
eu tenho comprovantes.
sei conviver razoavelmente com os prejuízos, mas
não me dou bem com
frustrações. Parece frase feita, entretanto não é e
eu tenho comprovantes.
Tony 64: Esta foi boa... Ah... eu ia me esquecendo de
uma pergunta super importante. O mundo quer saber...
tcham-tcham-tcham-tcham... é verdade que o Mauricio de
Sousa te convidou para ser sócio e
você se recusou? Qual o motivo dessa recusa maluca?
Hoje você poderia estar tão bem quanto ele, bengala friend...
não se arrepende desse, digamos, ato impensado?
uma pergunta super importante. O mundo quer saber...
tcham-tcham-tcham-tcham... é verdade que o Mauricio de
Sousa te convidou para ser sócio e
você se recusou? Qual o motivo dessa recusa maluca?
Hoje você poderia estar tão bem quanto ele, bengala friend...
não se arrepende desse, digamos, ato impensado?
Hamasaki: Não sei porque o mundo quer saber
das trivialidades de um artista como eu, que nunca
fez grandes esforços para
ser o que sempre foi; de todo modo sou muito
agradecido por tal interesse.
das trivialidades de um artista como eu, que nunca
fez grandes esforços para
ser o que sempre foi; de todo modo sou muito
agradecido por tal interesse.
Tony 65: Eu também não sei, bengala brother... (Rsss...).
Mas, se quiser saber,q eu tal perguntar ao mundo?
E aí, vai responder esta questão ou lhe coloquei
contra a parede, mais uma vez?
Mas, se quiser saber,q eu tal perguntar ao mundo?
E aí, vai responder esta questão ou lhe coloquei
contra a parede, mais uma vez?
Hamasaki: Falando nesse fato impensado e
da tal proposta
do Mauricio... bem, foi um Tetê-a-tête há uns 40 anos
num bar da rua Helvética, após a igreja do largo, onde
eu tinha um estúdio que dividia com o
tio do Décio Piccinini, e fornecia HQs para
as revistas Capricho e Contigo, da Abril,
que tentavam conquistar os adolescentes.
da tal proposta
do Mauricio... bem, foi um Tetê-a-tête há uns 40 anos
num bar da rua Helvética, após a igreja do largo, onde
eu tinha um estúdio que dividia com o
tio do Décio Piccinini, e fornecia HQs para
as revistas Capricho e Contigo, da Abril,
que tentavam conquistar os adolescentes.
Tony 66: Tio do Décio Piccinini?
O Piccinini eu conheci, era jurado
no programa do Silvio Santos (Senõr Abravanel), do SBT,
mas o tio, não... prossiga... vamos em frente...
deixa de suspense... (Rsss...).
O Piccinini eu conheci, era jurado
no programa do Silvio Santos (Senõr Abravanel), do SBT,
mas o tio, não... prossiga... vamos em frente...
deixa de suspense... (Rsss...).
Hamasaki: Mas, vamos desfazer esse boato – tal
convite jamais foi feito; o Mauricio nunca ofereceu e
eu nuca me fiz de oferecido.
Além disso, jamais estive mal (não tinha tempo para
isso) e sempre escolhi bem meus caminhos,
por mais percalços que se apresentassem.
convite jamais foi feito; o Mauricio nunca ofereceu e
eu nuca me fiz de oferecido.
Além disso, jamais estive mal (não tinha tempo para
isso) e sempre escolhi bem meus caminhos,
por mais percalços que se apresentassem.
Tony 67: Entendi, mestre. Por fim, mais uma lenda
foi esclarecida neste talkie show virtual. Maravilha!
Se um dia eu conseguir entrevistar o Mauricio (tá difícil),
vai ser legal confrontar os
depoimentos de vocês. Há quanto tempo você e o Disney
brasileiro não se encontram ou se falam?
foi esclarecida neste talkie show virtual. Maravilha!
Se um dia eu conseguir entrevistar o Mauricio (tá difícil),
vai ser legal confrontar os
depoimentos de vocês. Há quanto tempo você e o Disney
brasileiro não se encontram ou se falam?
Hamasaki: Há muitos anos. Não se iluda, porém,
ainda somos amigos. Nossas trilhas é que são outras.
ainda somos amigos. Nossas trilhas é que são outras.
Tony 67: Alguém disse o contrário? (Rsss...).
Quem sabe, ele lê este seu incrível depoimento e de repente,
vocês voltam a se encontrar a se
aproximar e até a trabalhar juntos, né? Quem sabe
(espero que sim)?
Na certa vocês, velhos amigos, devem ter muito o que
conversar ou relembrar.
Você e a Rita Carnetti (mulher do Reynaldo de Oliveira,
que foi secretária dele) um dia precisam se encontrar, eu acho.
Opa! Ia me esquecendo de outra pergunta fatal...
caceta... deve ser arteriosclerose... coisas da idade de caras
jurássicos como eu... (rsss...).
Pergunto: quando você e o Maurício começaram, os irmãos dele
( a Maura e o Márcio), já estavam com vocês?
Hamasaki: Por sugestão minha, o Mauricio, que
Quem sabe, ele lê este seu incrível depoimento e de repente,
vocês voltam a se encontrar a se
aproximar e até a trabalhar juntos, né? Quem sabe
(espero que sim)?
Na certa vocês, velhos amigos, devem ter muito o que
conversar ou relembrar.
Você e a Rita Carnetti (mulher do Reynaldo de Oliveira,
que foi secretária dele) um dia precisam se encontrar, eu acho.
Opa! Ia me esquecendo de outra pergunta fatal...
caceta... deve ser arteriosclerose... coisas da idade de caras
jurássicos como eu... (rsss...).
Pergunto: quando você e o Maurício começaram, os irmãos dele
( a Maura e o Márcio), já estavam com vocês?
Mauricio e a esposa atual, Alice Takeda |
demonstrava não ter muita paciência com o
Márcio, seu irmão caçula, admitiu-o na empresa,
como uma espécie de faz-tudo.
Pedi-lhe que o deixasse sob minha orientação na firma;
em pouco tempo nos tornamos amigos e o rapaz
mostrou-se extremamente útil, em todos os sentidos.
Rápido, eficiente, talentoso, incansável, era
elemento indispensável.
Nunca ouvi uma queixa dele sobre nada.
Guardo ótimas lembranças dele, de nossa
amizade, de como nos divertíamos com as coisa boas
e más que aconteciam em
nossa rotina. Talvez tudo isso fosse pelo fato de termos
idades aproximadas. Sobre a Maura, nada sei.
Ela veio bem mais tarde, quando eu já estava
fora da empresa.
Márcio, seu irmão caçula, admitiu-o na empresa,
como uma espécie de faz-tudo.
Pedi-lhe que o deixasse sob minha orientação na firma;
em pouco tempo nos tornamos amigos e o rapaz
mostrou-se extremamente útil, em todos os sentidos.
Rápido, eficiente, talentoso, incansável, era
elemento indispensável.
Nunca ouvi uma queixa dele sobre nada.
Guardo ótimas lembranças dele, de nossa
amizade, de como nos divertíamos com as coisa boas
e más que aconteciam em
nossa rotina. Talvez tudo isso fosse pelo fato de termos
idades aproximadas. Sobre a Maura, nada sei.
Ela veio bem mais tarde, quando eu já estava
fora da empresa.
Tony 68: O Márcio, ele faleceu a pouco tempo atrás...
A Maria Helena foi a primeira esposa do Mauricio, OK?...
Alice Takeda é a atual... você também as conheceu?
Hamasaki: A Alice (Takeda) veio com a Márcia Regina
A Maria Helena foi a primeira esposa do Mauricio, OK?...
Alice Takeda é a atual... você também as conheceu?
Hamasaki: A Alice (Takeda) veio com a Márcia Regina
(parente da primeira esposa do Mauricio) trazendo
desenhos dela feitos na Escola Panamericana de Arte.
A segunda foi admitida pelo parentesco.
Na época, a Márcia tinha muito
mais jeito para o trabalho que a amiga.
Você precisava ver como ambas eram bonitinhas
e graciosas.
Elas começaram a trabalhar após breve período
de adaptação. A esposa do Mauricio (mãe da Mônica)
chamava-se Marilene Spada de Sousa e era nascida
no dia do aniversário de São
Paulo. Era excelente pessoa, nos dávamos muito bem.
Faleceu recentemente. Que Deus a tenha.
Tony 69: Marilene? Pensei que fosse Maria Helena,
bengala friend.
desenhos dela feitos na Escola Panamericana de Arte.
A segunda foi admitida pelo parentesco.
Na época, a Márcia tinha muito
mais jeito para o trabalho que a amiga.
Você precisava ver como ambas eram bonitinhas
e graciosas.
Elas começaram a trabalhar após breve período
de adaptação. A esposa do Mauricio (mãe da Mônica)
chamava-se Marilene Spada de Sousa e era nascida
no dia do aniversário de São
Paulo. Era excelente pessoa, nos dávamos muito bem.
Faleceu recentemente. Que Deus a tenha.
A bela família que Mauricio constituiu com sua primeira esposa, Marilene |
bengala friend.
Sem dúvida, que Deus a tenha num bom lugar.
Poxa, cara, é incrível como você sabe de tudo até da família.
Voces eram muitos íntimos, muito amigos, pelo visto. Legal.
Na sua abalizada opinião, o que está faltando para as
HQs brasileiras alçar vôo?
Falta algo aos autores nacionais ou editores?
Hamasaki: As suas perguntas nem são mais pertinentes,
porque os desenhistas de HQ de hoje enxergam que
falta tudo, exatamente como em 1964, quando a
tal Lei de Proteção ao Quadrinho Nacional
Poxa, cara, é incrível como você sabe de tudo até da família.
Voces eram muitos íntimos, muito amigos, pelo visto. Legal.
Na sua abalizada opinião, o que está faltando para as
HQs brasileiras alçar vôo?
Falta algo aos autores nacionais ou editores?
Alice Takeda, Mauricio e os filhos dessa nova união |
porque os desenhistas de HQ de hoje enxergam que
falta tudo, exatamente como em 1964, quando a
tal Lei de Proteção ao Quadrinho Nacional
foi aprovada pelo vice-presidente Jango Goulart,
após a queda do presidente Jânio Quadros.
Era impossível ser cumprida na íntegra ou em partes.
Faltavam aos artistas brasileiros:
organização, planejamento, distribuição,
divulgação na mídia, agências – tudo aquilo que
hoje temos conhecimento dos
antigos métodos dos sindicatos americanos, europeu
s e orientais. No entanto, o Mauricio, na época, por
conhecer muito bem o funcionamento das agências
estrangeiras, pôs em ação o seu jeito pouco ortodoxo,
mas necessário, para realizar seus negócios, o que
gerou muita crítica de seus desafetos,
que não eram poucos.
Entretanto, sem ligar para os maus-olhados,
ele foi em frente, veio, viu e venceu. Pra você ver,
old friend, desenhar HQs nestas bandas não é
simplesmente deleitar-se com seu talento;
o campo sempre foi uma indústria e não
uma exposição de arte.
Juca Chaves (cantor e compositor de humor) certa vez
chamou-nos de “Proletários do pincel”.
após a queda do presidente Jânio Quadros.
Era impossível ser cumprida na íntegra ou em partes.
Faltavam aos artistas brasileiros:
organização, planejamento, distribuição,
divulgação na mídia, agências – tudo aquilo que
hoje temos conhecimento dos
antigos métodos dos sindicatos americanos, europeu
s e orientais. No entanto, o Mauricio, na época, por
conhecer muito bem o funcionamento das agências
estrangeiras, pôs em ação o seu jeito pouco ortodoxo,
mas necessário, para realizar seus negócios, o que
gerou muita crítica de seus desafetos,
que não eram poucos.
Entretanto, sem ligar para os maus-olhados,
ele foi em frente, veio, viu e venceu. Pra você ver,
old friend, desenhar HQs nestas bandas não é
simplesmente deleitar-se com seu talento;
o campo sempre foi uma indústria e não
uma exposição de arte.
Juca Chaves (cantor e compositor de humor) certa vez
chamou-nos de “Proletários do pincel”.
Tony 70 – O Juca estava coberto de razão, pois como você
também frisou HQs, principalmente na América, é indústria.
Exige investimento e tem que gerar lucro.
Enquanto houver gente por aqui achando que isto é
obra de arte, sem pensar em retorno
financeiro e sem dar produção os quadrinhos brasileiros,
infelizmente, nunca irão pra frente.
Sua lucidez em relação ao mercado bate
com a minha. Valeu... Cite 10 grandes clássicos de
HQs dos últimos anos?
Você ainda tem aquele acervo imenso de gibis?
também frisou HQs, principalmente na América, é indústria.
Exige investimento e tem que gerar lucro.
Enquanto houver gente por aqui achando que isto é
obra de arte, sem pensar em retorno
financeiro e sem dar produção os quadrinhos brasileiros,
infelizmente, nunca irão pra frente.
Sua lucidez em relação ao mercado bate
com a minha. Valeu... Cite 10 grandes clássicos de
HQs dos últimos anos?
Você ainda tem aquele acervo imenso de gibis?
Um original de Frank Thorne |
Turok - Giovanni Ticci |
Alex Toth - Roy Rogers |
Torpedo - Toth |
dominicais dos jornais do mundo inteiro.
Quanto aos clássicos no formato
gibi, citaria: Will Eisner,
Alex Toth, Frank Frazetta, Jesse Marsh,
Walter Molino...
Rima - A moça das selvas - Joe Kubert (1975) |
Giovanni Ticci,
Eduardo Teixeira Coelho,
Jean-Claude Forest, Russ Heath,
John Severin, Frank Thorne,
Joe Kubert,
Alberto Giolitti.
Em relação ao acervo de revistas,
há exagero de sua parte.
O que possuo não chega a um
por cento das cem
mil que revistas que tem o
Rubens Luchetti.
Conan - na visão do mestre Frank Frazetta |
Vampirella (da Warren), por Frazetta |
A bela família que Mauricio constituiu com sua primeira esposa, Marilene |
Tony 71 – Só feras, conheci boa parte do trabalho
desses gênios do traço, das tiras e dos comic books.
Luchetti... você lembrou o nome de um grande escriba
das histórias em quadrinhos nacionais.
Por onde andará o mestre? Ele e o Gedeone eram muito
amigos. Preciso localizar e entrevistar o fera (se possível),
deve ter cada história incrível pra contar.
Seguindo esta mega entrevista... Filmes preferidos?
Sei que você adora cinema e
tem um grande acervo de DVDs...
Sei que você adora cinema e
tem um grande acervo de DVDs...
Hamasaki: Conheço cinema e gosto muito,
assim como literatura: ambos estão intimamente
ligados aos quadrinhos.
Nesse universo, também a fotografia, a pintura,
o teatro e a música estão incluídos.
assim como literatura: ambos estão intimamente
ligados aos quadrinhos.
Nesse universo, também a fotografia, a pintura,
o teatro e a música estão incluídos.
Tony 72: Sem dúvida, quem trabalha
com arte está sempre sintonizado nessas outras
formas de expressão artística...
com arte está sempre sintonizado nessas outras
formas de expressão artística...
Hamasaki: Conquanto nem
sempre os utilizamos
de forma adequada. Contudo, não são tantos
DVDs como você imagina.
Como é óbvio, num mercado dominado por fitas
americanas, qualquer interessado
possui um número expressivo delas.
Todavia, faço minhas escolhas,
igualmente em relação aos
filmes franceses, italianos, alemães,
poloneses, japoneses (naturalmente),
suecos, brasileiros e,
de uns tempos para cá, chineses,
indianos e todos os
cineastas do Oriente Médio.
Entretanto, tenho imensa
simpatia pelos filmes ingleses.
Os da Ealing, Romulus, Rank, Hammer, etc.
sempre os utilizamos
de forma adequada. Contudo, não são tantos
DVDs como você imagina.
Como é óbvio, num mercado dominado por fitas
americanas, qualquer interessado
possui um número expressivo delas.
Todavia, faço minhas escolhas,
igualmente em relação aos
filmes franceses, italianos, alemães,
poloneses, japoneses (naturalmente),
suecos, brasileiros e,
de uns tempos para cá, chineses,
indianos e todos os
cineastas do Oriente Médio.
Entretanto, tenho imensa
simpatia pelos filmes ingleses.
Os da Ealing, Romulus, Rank, Hammer, etc.
Tony 73 – Os ingleses produziam uns filmes Classe “B”
(filmes de baixo custo e pouca qualidade),
interessantes.
Isto é que eu chamo de um “cinéfilo de verdade”.
Grande, doutor em HQs e bengala brother, Paulo Hamasaki,
já perdi a conta de quantas “brejas geladas” já tomamos juntos,
sempre em animados bate papos,
fazendo planos profissionais – durante horas -,
discutindo os problemas do mercado ou contando “causos”
pitorescos do passado... cara, foi muito
bom poder trocar essas idéias com você nesse
nosso descontraído bate papo.
Além de frutífera a nossa conversa também foi
esclarecedora. Grato, por sua colaboração e muito sucesso.
Que suas novas obras literárias
sejam publicadas em breve na forma de livros e de quadrinhos...
e esperamos, todos, sua volta aos quadrinhos brevemente.
Precisamos de mais gente como você.
Precisamos de mais gente que faz acontecer e que tenha uma
bagagem cultural, intelectual,
know-how e noção de mercado, tão boa quanto a sua.
Alguma mensagem especial para seus admiradores e
para aqueles que pretendem seguir os seus passos nesta
profissão de “doidos” (no bom sentido, é claro)?
(filmes de baixo custo e pouca qualidade),
interessantes.
Isto é que eu chamo de um “cinéfilo de verdade”.
Grande, doutor em HQs e bengala brother, Paulo Hamasaki,
já perdi a conta de quantas “brejas geladas” já tomamos juntos,
sempre em animados bate papos,
fazendo planos profissionais – durante horas -,
discutindo os problemas do mercado ou contando “causos”
pitorescos do passado... cara, foi muito
bom poder trocar essas idéias com você nesse
nosso descontraído bate papo.
Além de frutífera a nossa conversa também foi
esclarecedora. Grato, por sua colaboração e muito sucesso.
Que suas novas obras literárias
sejam publicadas em breve na forma de livros e de quadrinhos...
e esperamos, todos, sua volta aos quadrinhos brevemente.
Precisamos de mais gente como você.
Precisamos de mais gente que faz acontecer e que tenha uma
bagagem cultural, intelectual,
know-how e noção de mercado, tão boa quanto a sua.
Alguma mensagem especial para seus admiradores e
para aqueles que pretendem seguir os seus passos nesta
profissão de “doidos” (no bom sentido, é claro)?
HAMASAKI: Bebo apenas socialmente.
Tony 74: Eu também. Eu disse o contrário?
Preocupado com a imagem, bengala friend? (Rsss...).
Perdão, mas eu não resisto... (Rsss...).
Preocupado com a imagem, bengala friend? (Rsss...).
Perdão, mas eu não resisto... (Rsss...).
Hamasaki: Digo-lhe isso porque, há alguns anos,
o Luís Saidenberg, publicitário e ex-quadrinista, irmão
do Ivan, ambos amigos de longa
data, escreveu-me uma carta de cinco páginas
contando os malefícios causados pela bebida.
o Luís Saidenberg, publicitário e ex-quadrinista, irmão
do Ivan, ambos amigos de longa
data, escreveu-me uma carta de cinco páginas
contando os malefícios causados pela bebida.
Tony 75: E ainda assim continuou “enxugando
o caneco”? (Rsss...).
Sou incorrigível, mesmo... prossiga...
o caneco”? (Rsss...).
Sou incorrigível, mesmo... prossiga...
Hamasaki: Não sou alcoólatra, jamais fui e não
sei de onde surgiu tal fama...
sei de onde surgiu tal fama...
Tony 76 – Assim não dá pra ficar quieto, my old friend...
a “tal fama” deve ter surgido de alguém que passou pelos
botecos e viu a gente “enchendo a cara”,
“enxarcando o esqueleto”, “tirando a poeira da goela”,
nos últimos séculos, é
óbvio, apesar de bebermos apenas “por esporte”.
Uma coisa é fato, ninguém jamais saiu de quatro
ou de porre (Rsss...). Saber beber é uma arte e
saber a hora de parar é o mais sábio ainda.
Esta é a entrevista mais incrível e longa que já fiz na vida...
a “tal fama” deve ter surgido de alguém que passou pelos
botecos e viu a gente “enchendo a cara”,
“enxarcando o esqueleto”, “tirando a poeira da goela”,
nos últimos séculos, é
óbvio, apesar de bebermos apenas “por esporte”.
Uma coisa é fato, ninguém jamais saiu de quatro
ou de porre (Rsss...). Saber beber é uma arte e
saber a hora de parar é o mais sábio ainda.
Esta é a entrevista mais incrível e longa que já fiz na vida...
Hamasaki: Bom, voltando ao assunto... se,
de tudo que expus, desculpando e descontando
um certo excesso de por menores (na realidade, não
contei nem um terço de tudo o
que ouve no mundo dos quadrinhos com a
minha modesta participação), recomendo aos
admiradores e à nova geração
que vem despontando no meio aprimorarem-se
muito, tanto nas artes como nos roteiros.
de tudo que expus, desculpando e descontando
um certo excesso de por menores (na realidade, não
contei nem um terço de tudo o
que ouve no mundo dos quadrinhos com a
minha modesta participação), recomendo aos
admiradores e à nova geração
que vem despontando no meio aprimorarem-se
muito, tanto nas artes como nos roteiros.
A pantomina teve seu auge no cinema mudo
e os textos pareciam secundários, mas no tempo
do cinema falado, foi de vital importância.
Assim, a maioria dos editores com
quem trabalhei olhava as ilustrações
rapidamente, detendo-se demoradamente
no roteiro.
Eles afirmavam que, por mais que os desenhos
fossem importantes, não aumentavam as vendas.
Davam como exemplos o Príncipe Valente, de
Harold Foster, e O Espírito, de Will Eisner).
A arte comercial, aprendi, faz-se
e os textos pareciam secundários, mas no tempo
do cinema falado, foi de vital importância.
Assim, a maioria dos editores com
quem trabalhei olhava as ilustrações
rapidamente, detendo-se demoradamente
no roteiro.
Eles afirmavam que, por mais que os desenhos
fossem importantes, não aumentavam as vendas.
Davam como exemplos o Príncipe Valente, de
Harold Foster, e O Espírito, de Will Eisner).
A arte comercial, aprendi, faz-se
nos mais diversos estilos e gêneros, mas
preferencialmente naquele que dá maior produção.
Não tenho dúvidas que as Histórias em Quadrinhos
se encaixam nessa pressuposição.
Tony 77: Falou e disse tudo, old bengala master do Oriente!
Concordo plenamente.
preferencialmente naquele que dá maior produção.
Não tenho dúvidas que as Histórias em Quadrinhos
se encaixam nessa pressuposição.
Príncipe Valente - Um clássico de Harold Foster |
Concordo plenamente.
Valeu, esta foi uma boa dica. Mais algum detalhe?
Hamasaki: Um pequeno adendo:
Décio Ramires entendeu
Tira de Décio Ramirez |
Décio Ramires entendeu
mal, pessoalmente gosto muito dele (é educado,
quase tímido, na época, e de boa índole), contudo,
lembro-me, sua arte, num dia era muito boa, noutro,
lamentável. Nunca entendi tantos
altos e baixos (mais nestes do que naqueles).
Quando disse-lhe que jamais ganharia dinheiro daquela
forma, eu quis lançar-lhe um repto. Há artistas que
reagem beneficamente. E não foi
o que lhe aconteceu? Mas, como autêntico
escorpião que é,
o Décio ficou ressentido. Bem, com essa confissão
de mea-culpa, espero que as nuvens negras passem.
quase tímido, na época, e de boa índole), contudo,
lembro-me, sua arte, num dia era muito boa, noutro,
lamentável. Nunca entendi tantos
altos e baixos (mais nestes do que naqueles).
Quando disse-lhe que jamais ganharia dinheiro daquela
forma, eu quis lançar-lhe um repto. Há artistas que
reagem beneficamente. E não foi
o que lhe aconteceu? Mas, como autêntico
escorpião que é,
o Décio ficou ressentido. Bem, com essa confissão
de mea-culpa, espero que as nuvens negras passem.
Tony 78 – Não dá pra me segurar... Leu isto, Décio?
O mestre tá se justificando, deve ter lido sua entrevista,
eu acho... mas, old bengala friend Hama, o Décio não
evoluiu nada continua a mesma tranqueira, com aquela
porrada de altos e baixos... (Rsss...). Brincadeirinha,
Decião! Sou seu fã, você sabe, meu jovem!
O mestre tá se justificando, deve ter lido sua entrevista,
eu acho... mas, old bengala friend Hama, o Décio não
evoluiu nada continua a mesma tranqueira, com aquela
porrada de altos e baixos... (Rsss...). Brincadeirinha,
Decião! Sou seu fã, você sabe, meu jovem!
Hamasaki: Por fim, agradeço a paciência de
todos os que me leram até aqui, porque, sendo
eu muito avesso a entrevistas e fotografias,
provavelmente esta será a última.
Boa sorte a todos e espero, sinceramente, que
consigam mudar o panorama dos quadrinhos
nacionais que, como
todas as virgens, não vêem a hora.
todos os que me leram até aqui, porque, sendo
eu muito avesso a entrevistas e fotografias,
provavelmente esta será a última.
Boa sorte a todos e espero, sinceramente, que
consigam mudar o panorama dos quadrinhos
nacionais que, como
todas as virgens, não vêem a hora.
Tony 79: Ainda existe virgem por aí, mestre Hama?
Onde? Quero uma... (Rsss...). Velho parceiro de guerra,
querido bengala friend, desculpe-me pelas brincadeiras,
mas faço isso para não tornar a entrevista monótona,
formal demais.
Agradeço a você, caro amigo, por este maravilhoso
e longo depoimento ultra esclarecedor e por sua
especial atenção e por responder um número tão grande
de questões sem procurar se desvencilhar de nenhuma.
Um grande mano amplexo, saúde e
muita paz. Tendo isso, o resto a gente corre atrás.
Valeu! Thanks!
Onde? Quero uma... (Rsss...). Velho parceiro de guerra,
querido bengala friend, desculpe-me pelas brincadeiras,
mas faço isso para não tornar a entrevista monótona,
formal demais.
Agradeço a você, caro amigo, por este maravilhoso
e longo depoimento ultra esclarecedor e por sua
especial atenção e por responder um número tão grande
de questões sem procurar se desvencilhar de nenhuma.
Um grande mano amplexo, saúde e
muita paz. Tendo isso, o resto a gente corre atrás.
Valeu! Thanks!
Vampirella # 1 - Editora Noblet |
pioneira em lançar no Brasil: Vampirella e Mister No.
Foi um importante ponto de encontro
de grandes profissionais da área. Feras do traço e da
criação também passaram por lá, como:
Jayme Cortez, Reynaldo de Oliveira, Primaggio, Militelo,
Júlio Shimamoto, Hélio Porto, Fausto kataoka,
Gilberto Firmino (editor da revista Porrada), Wanderley
Felipe (Vanderfel), Décio Ramirez, Carlos Magno,
Seabra, Mauro, J.B. Pereira,
Bira, Eugênia Cecilia Brasiliense, Josete, Frida, Paula,
Dona Janine, Juvenal, Jonas, Maria Pereira,
Marcos e Dolores Maldonado, Sátiro, Salatiel de
Holanda, Mozart Couto, Seabra,
Carlos Magno, Militelo, Pace, Avalone, Reynaldo
de Oliveira, Toninho Duarte, e muitos escritores
e contistas de renome.
A revista AKIM foi publicada por mais de 35 anos
seguidamente.
Sexyman (revista de Hq erótica), durou uns 20 anos
ou mais. E as revistas Contos Excitantes e Hot
Girls foram publicadas até a empresa encerrar
suas atividades, devido
a idade avançada do editor.
criação também passaram por lá, como:
Jayme Cortez, Reynaldo de Oliveira, Primaggio, Militelo,
Júlio Shimamoto, Hélio Porto, Fausto kataoka,
Gilberto Firmino (editor da revista Porrada), Wanderley
Felipe (Vanderfel), Décio Ramirez, Carlos Magno,
Seabra, Mauro, J.B. Pereira,
Bira, Eugênia Cecilia Brasiliense, Josete, Frida, Paula,
Dona Janine, Juvenal, Jonas, Maria Pereira,
Marcos e Dolores Maldonado, Sátiro, Salatiel de
Holanda, Mozart Couto, Seabra,
Carlos Magno, Militelo, Pace, Avalone, Reynaldo
de Oliveira, Toninho Duarte, e muitos escritores
e contistas de renome.
A revista AKIM foi publicada por mais de 35 anos
seguidamente.
Sexyman (revista de Hq erótica), durou uns 20 anos
ou mais. E as revistas Contos Excitantes e Hot
Girls foram publicadas até a empresa encerrar
suas atividades, devido
a idade avançada do editor.
OBS: As imagens contidas nesta entrevista pertencem
ao seus respectivos proprietários e foram usadas
aqui com o cunho meramente ilustrativo.
Copyright 2011 – Tony Fernandes\Estúdios Pégasus –
Uma Divisão de Arte e Criação da
Pégasus Publicações Ltda\
Pégasus Publicações Ltda\
São Paulo\Brasil
Todos os Direitos Reservados
Eu fui um dos compradores de Cavaleiros do Oeste e tenh ela na minha coleção até hoje.Comprei pelo traço dinãmico do Hamasaki,mas, tb gostei do roteiro,depois que o li.
ResponderExcluirNa minha opinião,esta foi uma ótima entrevista,não fosse o fato de que, das 70 perguntas,40 foram relacionadas ao Maurício de Souza.Sei que existe uma grande relação profissional entre os 2,mas,o foco deveria ter sido mais a carreira do Hamasaki e nota-se que o mesmo,em certo momento da entrevista,não gosta de ficar dando mais destaque ao pai da Mônica e Cia do que a ele,lógico.
Mas,tá valendo...to aguardando com ansiedade a entrevista com o Toninho Lima!
De fato, Henry, dei envase nas questões sobre a trajetótia dele no Mauricio, porque acho que muitos tem curiosidade de saber como a coisa rolou e o Hama éstava lá, "filmou" tudoo. Tb é certo que em dado momento o entrevistado quase se revoltou, fui salvo pela nossa velha amizade (Rsss...). O pior de tudo não é eu ter feito mais questões sobre ele no Mauricio, mas, sim,não ter encontrado mais fotos do Hamasaki ou de seus trabalhos. Assim, a entrevista tem amis fotos do Mauricio do que as dele. Parece q o nosso velho amigo sempre foi avesso a fotografias. Mas, ainda estou procurando imagens (dos personagens dele)para enxertar a entrevista, visto que solicitei, mas ele não nos enviou material. Grato, pela visita e pelo comentário.
ResponderExcluirQto a Cavaleiro do Zodíaco: Tenho 1 autografado.
Grande Hama e Tony. Li atentamente toda a entrevista e fiquei surpreso no final com minha citação.rss
ResponderExcluirMas marcou a frase, embora, acredite, citei ela numa brincadeira provocativa.
Tenho um grande orgulho de ter feito parte da equipe da Noblet( eu na época como aprendiz) e ter ao lado pessoas como vocês que tiveram paciencia em me orientar e dar oportunidade. Caso rarissimo hoje em dia. Mas não guardo recentimentos, so brinquei. Pelo contrario, gostaria de reencontrar o Paulo, seria legal.
Vamos combinar um encontro entre a tchurma Tony, relembrar e rir dos velhos e bons tempos.
Forte abraço!!!
Grande, Ramirez, q prazer vê-lo por aqui. Vc viu como o mestre tentou se retratar com o suposto comentário maldoso q ele fez na época? (Rsss...). Agora, tudo ficou claro e vc se tornou um grande profissional. Todo início de carreira é assim mesmo.
ResponderExcluirSem dúvida, vamos nos reunir para rir dos velhos tempos. Vou armar com o Hama e o Fausto, daí te ligo.
Grande mano amplexo,guerreiro.