Nosso entrevistado de hoje começou na
década de 90 a publicar seus trabalhos
de HQs. Participou ativamente
década de 90 a publicar seus trabalhos
de HQs. Participou ativamente
da revista Udigrudi onde se revelou um dos
mais prolíficos e criativos cartunistas, que
marcou época. Ele satirizava séries
mais prolíficos e criativos cartunistas, que
marcou época. Ele satirizava séries
de TVs, heróis de HQs, clássicos da literatura
universal, etc.
universal, etc.
Tudo na base do bom humor , em quadrinhos.
De lá para cá, ele nunca mais parou e se
tornou um grande cartunista e caricaturista.
Algumas de suas criações ficaram cravadas
na mente daqueles que tiveram a
oportunidade de conhecer e ler seu trabalho
fantástico. Além de ser um excelente
desenhista ele também se revelou, aos
poucos, um genial escriba.
Ou seja, criava e desenvolvia seus próprios
roteiros e personagens com muito bom
humor e criatividade.
tornou um grande cartunista e caricaturista.
Algumas de suas criações ficaram cravadas
na mente daqueles que tiveram a
oportunidade de conhecer e ler seu trabalho
fantástico. Além de ser um excelente
desenhista ele também se revelou, aos
poucos, um genial escriba.
Ou seja, criava e desenvolvia seus próprios
roteiros e personagens com muito bom
humor e criatividade.
Caros, webleitores, conheçam um pouco
mais deste cidadão talentoso e
eclético chamado...
mais deste cidadão talentoso e
eclético chamado...
ORLANDO ALVES!
Tony 1 – Landão, faz uma data que não nos vemos,
my friend. É com muito orgulho e satisfação
que, finalmente, estou entrevistando você, que
foi uma das grandes revelações
que tivemos na revista Udigrudi. Tá preparado para
encarar esta saraivada de perguntas?
Tá pronto pra guerra?
Orlando: Beleza, mestre Tony!!! Vamos lá...
Tony 2 – Então se segura que lá vem fumo...
Orlando: Tô fora (Rsss...).
Tony 2 – (Rsss...). Brincadeira, vamos nessa...
Eu acho que foi em 1990 – se não me engano -,
que você apareceu lá no
Eu acho que foi em 1990 – se não me engano -,
que você apareceu lá no
nosso estúdio (Felipe e Fernandes Produções),
que ficava bem na esquina da avenida São João
com a avenida Ipiranga – famosa esquina
paulista que inspirou o genial Caetano Veloso -,
que ficava bem na esquina da avenida São João
com a avenida Ipiranga – famosa esquina
paulista que inspirou o genial Caetano Veloso -,
em cima do extinto e famoso Bar do Jéca,
ponto de encontro de boêmios e muitos artistas.
Pergunto: O que levou você a nos procurar,
naquela época remota?
Orlando: Eu sempre quis trabalhar
com desenhos, desde criança, mas nada
de desenho técnico... rsrs... minha
ponto de encontro de boêmios e muitos artistas.
Pergunto: O que levou você a nos procurar,
naquela época remota?
Tudo começou no velho prédio da esquina da avenida Ipiranga com a avenida São João. Ali nos conhecemos e também foi ali, no 5º andar que começamos Phenix Editorial Ltda |
com desenhos, desde criança, mas nada
de desenho técnico... rsrs... minha
vocação era mesmo artística. Desenhos
feitos a mão livre e na época eu estava
buscando algo parecido com o
feitos a mão livre e na época eu estava
buscando algo parecido com o
que eu gostava de fazer, tipo ilustrações
para livros e revistas, charges, cartoons,
HQs... mas eu nem sabia
para livros e revistas, charges, cartoons,
HQs... mas eu nem sabia
por onde começar... rsrs... não conhecia
ninguém que trabalhava nesse ramo e, por
causa disso, eu teria que
ninguém que trabalhava nesse ramo e, por
causa disso, eu teria que
meter a cara por aí, “bater de porta em
porta e ver o que ia dar”... era como dar
um tiro no escuro!!!
O que aconteceu foi o seguinte: fui formando
da turma de 1988 (Técnico em Publicidade)
e em 89 eu estava me preparando
psicologicamente pra largar o
meu trabalho, meu emprego, pra correr
atrás dessa nova profissão.
porta e ver o que ia dar”... era como dar
um tiro no escuro!!!
O que aconteceu foi o seguinte: fui formando
da turma de 1988 (Técnico em Publicidade)
e em 89 eu estava me preparando
psicologicamente pra largar o
meu trabalho, meu emprego, pra correr
atrás dessa nova profissão.
Não era fácil. Eu comecei
visitando as agências
visitando as agências
de publicidade aqui em Sampa,
não conseguia nada,
não conseguia nada,
parti pras gráficas e editoras,
também nada...
também nada...
mas não desisti... a minha
vontade de trabalhar
vontade de trabalhar
com desenhos era maior do que eu.
É verdade que o meu desenho
era bem fraco
(na escola a gente era visto
É verdade que o meu desenho
era bem fraco
(na escola a gente era visto
como um “DESENHISTA”, é claro,
quase ninguém desenhava lá), e
eu fui obrigado a
enxergar isto nas concorrências de
emprego, enquanto eu chegava com
quase ninguém desenhava lá), e
eu fui obrigado a
enxergar isto nas concorrências de
emprego, enquanto eu chegava com
o meu humilde portifólio tamanho A4
com trabalhos de escola e
outros desenhos livres, com traço
tremido e pintado a lápis
de cor, giz de cera, pastel seco e oleoso,
guache... rsrs... tinha desenhista que aparecia
com trabalhos de escola e
outros desenhos livres, com traço
tremido e pintado a lápis
de cor, giz de cera, pastel seco e oleoso,
guache... rsrs... tinha desenhista que aparecia
com cada pasta tamanho A2, traço firme,
pinturas aerografadas, e quando o
camarada abria a pasta
pinturas aerografadas, e quando o
camarada abria a pasta
“só faltava sair luz do desenho”... e eu
pensava comigo mesmo “já perdi”... mas
continuava na fila, mesmo
pensava comigo mesmo “já perdi”... mas
continuava na fila, mesmo
assim, na esperança de conseguir uma
oportunidade...
oportunidade...
Nesta época eu também era esportista,
praticava karatê e gostava de visitar a
loja de esportes da editora Combat Sport,
acho que era este o nome, onde vendia
kimono, nunchaku, artigos
de artes marciais
e musculação. Esta loja ficava nesta
mesma localização que você descreveu:
avenidas São João com Ipiranga,
prédio do Roldan (musculação),
no 6º andar.
loja de esportes da editora Combat Sport,
acho que era este o nome, onde vendia
kimono, nunchaku, artigos
de artes marciais
e musculação. Esta loja ficava nesta
mesma localização que você descreveu:
avenidas São João com Ipiranga,
prédio do Roldan (musculação),
no 6º andar.
Tony – 3: Karateca?Treinava caratê?
Poxa, eu ia morrer sem saber que você
era praticante de arte marcial...
Poxa, eu ia morrer sem saber que você
era praticante de arte marcial...
Orlando: Eu freqüentava esta loja havia
uns três anos e neste ano de 89 ela se
transformou também em
transformou também em
editora, e, eu disse... “Ôpa, se tem revista,
pode ter espaço pra desenho”!!!
Perguntei quem era o responsável,
pode ter espaço pra desenho”!!!
Perguntei quem era o responsável,
me apresentaram pro Arnaldo, acho
que era este o nome dele, e eu sugeri colocar
alguns cartoons na revista “Combat Sport”.
Lembra dela? Mas acho que o
que era este o nome dele, e eu sugeri colocar
alguns cartoons na revista “Combat Sport”.
Lembra dela? Mas acho que o
Arnaldo não comprou essa idéia:
ele disse que a revista dele era muito
séria pra esse tipo de coisa
ele disse que a revista dele era muito
séria pra esse tipo de coisa
e que os desenhos que entrassem ali deveriam
ser todos no estilo clássico (tipo super-herói),
tinham que ser “perfeitinhos” porque
era pra fazer propaganda de produtos e,
eu não era a pessoa certa pra fazer isso...
mas no meio de tanta insistência,
era pra fazer propaganda de produtos e,
eu não era a pessoa certa pra fazer isso...
mas no meio de tanta insistência,
conversa vai, conversa vem (acho que
enchi o saco, mesmo)... não consegui
convencer o Arnaldo a
enchi o saco, mesmo)... não consegui
convencer o Arnaldo a
comprar meus desenhos, mas ele me
passou o “Briefing”: o mais importante
de todos!!! Ele me disse assim:
“Aqui embaixo, no 5º andar, estão reunidos
os melhores desenhistas de Histórias
em Quadrinhos de São Paulo.
passou o “Briefing”: o mais importante
de todos!!! Ele me disse assim:
“Aqui embaixo, no 5º andar, estão reunidos
os melhores desenhistas de Histórias
em Quadrinhos de São Paulo.
O trabalho deles é bem o estilo
que você gosta.
que você gosta.
Por que você não desce lá e
conversa com eles?
conversa com eles?
Eles podem te orientar como é
que funciona o
que funciona o
mercado de trabalho de HQs.
Vai lá pedir uma ajuda...”
Vai lá pedir uma ajuda...”
Primeira versão. Formato: 21 x 28 cms. Ed. Ninja.
Abaixo a versão lançada pela Phenix. Formato: 14 x 21 cms. 132 págs. |
Tony – 4: Ahá! Então foi o meu querido
bengala friend, Arnaldo, da Combat Sport,
que nos indicou!?
bengala friend, Arnaldo, da Combat Sport,
que nos indicou!?
O Arnaldo é gente fina e deve estar
ainda hoje por lá...
ainda hoje por lá...
Eu sabia! Digo, eu suspeitava, mas não
tinha certeza... Porém, acho que o Arnaldão
exagerou... se nós éramos os melhores
desenhistas de S. Paulo, dá pra imaginar
como eram os piores, né? (Rsss...).
tinha certeza... Porém, acho que o Arnaldão
exagerou... se nós éramos os melhores
desenhistas de S. Paulo, dá pra imaginar
como eram os piores, né? (Rsss...).
(Rsss...). É gozado como naquela época
as pessoas surgiam na nossa porta, como se
fosse num passe de mágica. De repente,
a gente entrosava com vocês e
as pessoas surgiam na nossa porta, como se
fosse num passe de mágica. De repente,
a gente entrosava com vocês e
nunca ficava sabendo como é que vocês
chegavam até nós. Agora tudo
ficou claro... (Rsss...).
chegavam até nós. Agora tudo
ficou claro... (Rsss...).
Vivíamos numa correria doida
atendendo várias editoras.
atendendo várias editoras.
Orlando: E não deu outra:
foi assim que eu conheci vocês,
foi assim que eu conheci vocês,
meus amigos, Tony Fernandes e
Wanderley Felipe.
Wanderley Felipe.
Sou grato pela atenção, hospitalidade,
paciência... rsrs... por terem me
ensinado a trabalhar e por
esta oportunidade que
vocês me deram!!! Disso eu nunca vou
me esquecer!!!
paciência... rsrs... por terem me
ensinado a trabalhar e por
esta oportunidade que
vocês me deram!!! Disso eu nunca vou
me esquecer!!!
E tenho o maior orgulho de dizer que
eu sou “cria” do mestre
Tony Fernandes!!!
eu sou “cria” do mestre
Tony Fernandes!!!
Tony 5 – Deixa disso... Na época, colocamos
muita gente nova e boa no mercado editorial,
como você, e somos nós
muita gente nova e boa no mercado editorial,
como você, e somos nós
que temos hoje orgulho de ver vocês
por aí, na ativa.
por aí, na ativa.
Maravilha. Se não me engano, você tinha outra
profissão, mas estava afinzão de entrar no
ramo oscilante das HQs e decidiu estagiar
com a gente, sem ganhar nada...
foi isto mesmo?
profissão, mas estava afinzão de entrar no
ramo oscilante das HQs e decidiu estagiar
com a gente, sem ganhar nada...
foi isto mesmo?
meu pai era metalúrgico e eu também, e as
pessoas do meu convívio normalmente
trabalhavam em indústria, comércio,
pessoas do meu convívio normalmente
trabalhavam em indústria, comércio,
escritório, tudo na base da “carteira
assinada” e... um artista
ali, naquele meio,
era visto como um E.T.
assinada” e... um artista
ali, naquele meio,
era visto como um E.T.
Alguém que não queria “trabalhar”,
alguém que só queria “fazer desenhos”.
Naquela época, de 1985 a 89,
eu trabalhei
na metalúrgica Aços
alguém que só queria “fazer desenhos”.
Naquela época, de 1985 a 89,
eu trabalhei
na metalúrgica Aços
Villares, em São Caetano do Sul, SP.
Estudei no SENAI Carlos Pasquale,
também em São Caetano e a minha
profissão era Ajustador Mecânico. Rsrs...
Isso mesmo, eu metia a mão na
graxa, ajustava peças
também em São Caetano e a minha
profissão era Ajustador Mecânico. Rsrs...
Isso mesmo, eu metia a mão na
graxa, ajustava peças
de aço na lima e na lixadeira, afiava
ferramentas e fazia manutenção de
ferramentas e fazia manutenção de
máquinas de usinagem:
torno, fresa, retífica...
torno, fresa, retífica...
Tony - 6: Isto não é nenhum demérito, Landão...
ao contrário, acho que você deveria se orgulhar
de “meter a mão na massa”, se virar, ganhar o
seu pão de cada dia. Também fui engraxate,
vendedor de sorvete (na infância), operário
de fábrica de brinquedos, office boy, bancário,
auxiliar de escritório, vendedor, etc
(na adolescência), e quer saber?
(na adolescência), e quer saber?
Não me arrependo de nada do que fiz...
quando me casei, logo nasceu a minha filha,
fui fazer manutenção de casas, numa vila,
onde eu consertava de tudo,
quando me casei, logo nasceu a minha filha,
fui fazer manutenção de casas, numa vila,
onde eu consertava de tudo,
trocava e pintava janelas até de apartamentos
e também cheguei até a limpar fossas,
bengala friend. Tudo isto, me deu um
e também cheguei até a limpar fossas,
bengala friend. Tudo isto, me deu um
aprendizado de vida fantástico. Aprendi a me
virar, a ser humilde. Obviamente, eu,
paralelamente, estudava e
paralelamente, estudava e
tentava entrar nessa difícil profissão -
havia muitas "panelas" e entrar nessa área,
sem conhecer ninguém,
havia muitas "panelas" e entrar nessa área,
sem conhecer ninguém,
não foi tarefa fácil. Sempre pensava:
"Se posso ganhar grana com um pincel
ou lápis, por que vou carregar
"Se posso ganhar grana com um pincel
ou lápis, por que vou carregar
tijolos?" Demorou, mas enfim, me deram uma
chance de mostrar o que eu sabia fazer, daí
pra frente nunca mais parei. Faço o que gosto.
O SENAI é uma ótima escola
profissionalizante.
... e se atrasasse, tava encrencado.
Almoxarife (lá era outra escola de tudo
em usinagem) e, também,
profissionalizante.
Orlando: Normalmente a molecada
que vinha do SENAI tinha que
encarar todo tipo de serviço, além da
mecânica: office-boy
(com macacão sujo de graxa mesmo,
que vinha do SENAI tinha que
encarar todo tipo de serviço, além da
mecânica: office-boy
(com macacão sujo de graxa mesmo,
botina e capacete), ajudante (tinha que
limpar o setor e buscar litros de café
pra “peãozada” num carrinho... rsrs...
limpar o setor e buscar litros de café
pra “peãozada” num carrinho... rsrs...
O primeiro trabalho dele |
... e se atrasasse, tava encrencado.
Almoxarife (lá era outra escola de tudo
em usinagem) e, também,
pelo fato de gostar de desenhar e fazer
caricaturas das figuras engraçadas que
trabalhavam comigo,
caricaturas das figuras engraçadas que
trabalhavam comigo,
acabei sendo chamado pra
fazer alguns desenhos
fazer alguns desenhos
pro pessoal da Segurança
do Trabalho.
do Trabalho.
Tony - 7: Legal... SIPA... conheço bem.
Já fiz trabalhos pro
Já fiz trabalhos pro
pessoal de segurança do trabalho de
grandes empresas. Fiz cartazes, folders
e audiovisuais, pra Arno... prossiga, acho
que somos, todos, um exemplo de vida...
grandes empresas. Fiz cartazes, folders
e audiovisuais, pra Arno... prossiga, acho
que somos, todos, um exemplo de vida...
Orlando : Engraçado é que eu gostava tanto
deste setor que acabei me envolvendo num
curso Técnico em Segurança do Trabalho
após ter terminado o curso de Publicidade,
mas no final do primeiro semestre eu
saí da escola porque descobri que eu
não podia ser técnico:
“eu tinha que ser Desenhista”!!!
deste setor que acabei me envolvendo num
curso Técnico em Segurança do Trabalho
após ter terminado o curso de Publicidade,
mas no final do primeiro semestre eu
saí da escola porque descobri que eu
não podia ser técnico:
“eu tinha que ser Desenhista”!!!
Tony – 8: Obviamente, você nasceu
com o dom.
Deus te deu as “ferramentas”,
um dia a “ficha
tinha que cair” e você acabou procurando
sua turma, seu caminho. Sua história serve
de exemplo pra muita gente que está aí
acomodada. Esperando as coisas
com o dom.
Deus te deu as “ferramentas”,
um dia a “ficha
tinha que cair” e você acabou procurando
sua turma, seu caminho. Sua história serve
de exemplo pra muita gente que está aí
acomodada. Esperando as coisas
caírem do céu.
Digo sempre, quem quer corre atrás.
Digo sempre, quem quer corre atrás.
Orlando: Meu primeiro trabalho
impresso foi em novembro de 88,
na épocada Sipat (Semana Interna de
Prevenção de Acidentes do Trabalho).
Como eu fui o
impresso foi em novembro de 88,
na épocada Sipat (Semana Interna de
Prevenção de Acidentes do Trabalho).
Como eu fui o
ganhador do “Concurso de Slogans”, fui
chamado pra montar o cartaz com os
desenhos e letras em normógrafo (aranha),
chamado pra montar o cartaz com os
desenhos e letras em normógrafo (aranha),
e depois me levaram pra conhecer
a gráfica na Villares, de Interlagos.
a gráfica na Villares, de Interlagos.
Tony – 9: Que bacana. Então, a Villares foi a
primeira a lhe dar uma chance, na real...
primeira a lhe dar uma chance, na real...
Orlando: Aquela foi a primeira vez que
eu pisei em uma gráfica... rsrs.
Lá eu conheci todo o processo de fotolito,
eu pisei em uma gráfica... rsrs.
Lá eu conheci todo o processo de fotolito,
chapa, offset ... e acompanhei meu próprio
desenho sendo impresso numa gráfica
e depois, exposto em todos os
desenho sendo impresso numa gráfica
e depois, exposto em todos os
cantos da empresa com a minha frase:
“Não basta ser experiente, tem que
ser prudente”! Esta frase foi escolhida
porque os empregados mais velhos
estavam se acidentando
“Não basta ser experiente, tem que
ser prudente”! Esta frase foi escolhida
porque os empregados mais velhos
estavam se acidentando
bem mais que os novatos.
Tony – 10: Gostei do slogan! Coisa criativa,
de publicitário, mesmo... continue...
de publicitário, mesmo... continue...
Orlando: E é isso, Tony, estava
se formando em mim uma
gigantesca vontade de
ser desenhista, uma vontade
que aumentava
cada vez mais numa panela
de pressão prestes a explodir.
Tive mesmo que sair
da mecânica pra tentar ser
se formando em mim uma
gigantesca vontade de
ser desenhista, uma vontade
que aumentava
cada vez mais numa panela
de pressão prestes a explodir.
Tive mesmo que sair
da mecânica pra tentar ser
o que eu era, na real, e estava
disposto a encarar qualquer
dificuldade que
aparecesse pela frente...
disposto a encarar qualquer
dificuldade que
aparecesse pela frente...
HQ Inédita |
Orlando e Salata: Uma grande parceria |
Tony 11 – Também já passei por isso
(como muitos que optaram pelo caminho
das pedras). Sei como é.
(como muitos que optaram pelo caminho
das pedras). Sei como é.
De repente, a gente parece que
“pira” e sente necessidade de fazer
aquilo que a gente gosta...
“pira” e sente necessidade de fazer
aquilo que a gente gosta...
é incrível! Essa força de vontade
ferrenha impulsiona a gente e
faz, com certeza,
criar condições, lutar e vencer
ferrenha impulsiona a gente e
faz, com certeza,
criar condições, lutar e vencer
os obstáculos! Isto é duka... (Rsss...).
Naquela época nosso estúdio era apenas
duas salinhas, no quinto andar, daquele velho
prédio repleto de academias de musculação,
cheio de nego bombado – haja
anabolizantes (Rsss...). Eu e o meu
sócio éramos os únicos
barrigudos do pedaço...
(Rsss...). Você nos apresentou seus
desenhos e sentimos um grande
potencial no seu
duas salinhas, no quinto andar, daquele velho
prédio repleto de academias de musculação,
cheio de nego bombado – haja
anabolizantes (Rsss...). Eu e o meu
sócio éramos os únicos
barrigudos do pedaço...
(Rsss...). Você nos apresentou seus
desenhos e sentimos um grande
potencial no seu
traço e decidimos por bem aceitá-lo.
Apesar de jovem, você tinha pique e
muita vontade de fazer HQs.
Quais eram seus gibis preferidos?
Quantos anos você tinha?
E que autores, nacionais ou
muita vontade de fazer HQs.
Quais eram seus gibis preferidos?
Quantos anos você tinha?
E que autores, nacionais ou
estrangeiros, você admirava ou
se inspirava, bengala júnior?
se inspirava, bengala júnior?
Orlando: Acho que quando conheci
vocês, no final de 89, devia ter mais
gente trabalhando
lá, era uma correria e você estava
sempre ocupado com telefone,
clientes, gente pra
vocês, no final de 89, devia ter mais
gente trabalhando
lá, era uma correria e você estava
sempre ocupado com telefone,
clientes, gente pra
lá e pra cá... e quem me deu as
primeiras dicas foi o Wanderley.
Então, beleza... eu ia pra casa,
primeiras dicas foi o Wanderley.
Então, beleza... eu ia pra casa,
treinava... mas as coisas não
davam certo...
(GRRRR!!!)
davam certo...
(GRRRR!!!)
Em janeiro, no ano seguinte, voltei,
achei estranho:
achei estranho:
“Cadê aquela galera que trabalhava aqui?
Tá todo mundo de férias???” , perguntei.
Aí você me explicou o motivo
da tranqüilidade
da tranqüilidade
(menos trampo, menos gente), vocês
tiveram o cuidado de indicar o pessoal
para outras empresas de amigos
tiveram o cuidado de indicar o pessoal
para outras empresas de amigos
do ramo e uma das salas estava até vazia.
A minha oportunidade estava lá, pensei.
Nesta época eu tinha 19 anos:
faz tempo, hein... rsrs.
faz tempo, hein... rsrs.
Eu sempre andava pra cima e pra
baixo com aquilo que eu chamava de
portifólio. Lembro bem
que naquele dia
você tinha mais tempo pra analisar
os meus trabalhos e
conversar comigo.
Eu pensava que estava evoluindo,
baixo com aquilo que eu chamava de
portifólio. Lembro bem
que naquele dia
você tinha mais tempo pra analisar
os meus trabalhos e
conversar comigo.
Eu pensava que estava evoluindo,
mas a conversa foi
mais ou menos assim:
mais ou menos assim:
“Pô, bicho... precisa melhorar...
traço tremido... a coisa tá
feia mesmo... vou ser sincero,
profissionalmente
traço tremido... a coisa tá
feia mesmo... vou ser sincero,
profissionalmente
não tá bom... xiii... isso aqui
tá uma meleca...
tá uma meleca...
também precisa estudar anatomia...
mas vejo que, pela quantidade de
desenhos feitos aqui, você gosta de
mas vejo que, pela quantidade de
desenhos feitos aqui, você gosta de
desenhar e pode evoluir!
Nós estamos numa fase ruim aqui, mas
pretendemos voltar a todo o vapor
Nós estamos numa fase ruim aqui, mas
pretendemos voltar a todo o vapor
com a mesma equipe,
porém, se você
quiser utilizar aquela
prancheta da sala
vazia enquanto está livre,
porém, se você
quiser utilizar aquela
prancheta da sala
vazia enquanto está livre,
podemos te ajudar a melhorar
seu desenho e, se você desenvolver,
você fica e ganha
conforme produzir”.
Aquela oportunidade, pra mim,
era “única” e eu a agarrei
com unhas e dentes!!!
seu desenho e, se você desenvolver,
você fica e ganha
conforme produzir”.
Aquela oportunidade, pra mim,
era “única” e eu a agarrei
com unhas e dentes!!!
Tony – 12: Cacilda... eu disse tudo isso!?
Juro que não me lembrava mais
disso... (Rsss...).
Vivo falando tantas coisas, tantas
bobagens, que fica difícil me lembrar
de tudo. Na época, o governo Collor
tinha tomado (confiscado)
Juro que não me lembrava mais
disso... (Rsss...).
Vivo falando tantas coisas, tantas
bobagens, que fica difícil me lembrar
de tudo. Na época, o governo Collor
tinha tomado (confiscado)
a grana de todo mundo, as editoras e
empresas em geral.
Muita gente dormiu rica e acordou
pobre. Aquilo foi um chute no saco
de toda a nação. Ninguém esperava
empresas em geral.
Muita gente dormiu rica e acordou
pobre. Aquilo foi um chute no saco
de toda a nação. Ninguém esperava
por aquilo. Daí, o trabalho escasseou
por algum tempo, mas arregaçamos
as mangas
e fomos pro pau... (Rsss...).
por algum tempo, mas arregaçamos
as mangas
e fomos pro pau... (Rsss...).
preferidos, quando criança, eram:
a turma da Mônica,
Chico Bento, Tio Patinhas,
Zé Carioca e, na adolescência, eu
curtia Homem-Aranha,
a turma da Mônica,
Chico Bento, Tio Patinhas,
Zé Carioca e, na adolescência, eu
curtia Homem-Aranha,
Hulk, X-Man... gostava de ver
um pouco de pancadaria e de
mulheres bonitas...
rsrs... tanto é que quando eu fuçava nas
bancas de jornais acabava comprando
revistas tipo “ninjas” e entre essas,
sem saber, também comprava suas
revistas... rsrs. Na TV, eu gostava
de assistir Speed Race, Sawamu,
Jonny Quest... e uma pancada
de desenhos da Hanna-Barbera.
um pouco de pancadaria e de
mulheres bonitas...
rsrs... tanto é que quando eu fuçava nas
bancas de jornais acabava comprando
revistas tipo “ninjas” e entre essas,
sem saber, também comprava suas
revistas... rsrs. Na TV, eu gostava
de assistir Speed Race, Sawamu,
Jonny Quest... e uma pancada
de desenhos da Hanna-Barbera.
Autor estrangeiro... Walt Disney,
pela determinação de fazer filmes
da melhor qualidade, estudando
todo tipo de bicho, criando,
trabalhando muito,
arriscando tudo o que tinha.
Autor brasileiro:
pela determinação de fazer filmes
da melhor qualidade, estudando
todo tipo de bicho, criando,
trabalhando muito,
arriscando tudo o que tinha.
Autor brasileiro:
Maurício de Sousa, pela
simplicidade e autenticidade dos seus
personagens, tipo o caipira Chico Bento,
que mata a gente de rir e também
ensina de uma forma saudável.
simplicidade e autenticidade dos seus
personagens, tipo o caipira Chico Bento,
que mata a gente de rir e também
ensina de uma forma saudável.
Inspiração? Gepp e Maia, Chico e
Paulo Caruso, e as histórias
em quadrinhos da revista MAD
com sátiras de filmes da época.
Paulo Caruso, e as histórias
em quadrinhos da revista MAD
com sátiras de filmes da época.
casa dos pais dele pra fazer o
longa metragem Branca de
Neve, ainda bem que a coisa
deu certo, senão... a família
estaria até hoje morando embaixo
da ponte... (Rsss...).
estaria até hoje morando embaixo
da ponte... (Rsss...).
Digo sempre: "O mundo é dos loucos!"
Se não fossem os loucos estaríamos
morando em cavernas até hoje... (Rsss...).
Se não fossem os loucos estaríamos
morando em cavernas até hoje... (Rsss...).
Legal... fazer você relembrar o seu passado
é interessante e assim conhecemos um
pouco mais sobre você...
Já disse: Colocamos
muita gente nova no mercado editorial
brasileiro, você sabe, demos oportunidade
a diversos novos autores e veteranos
é interessante e assim conhecemos um
pouco mais sobre você...
Já disse: Colocamos
muita gente nova no mercado editorial
brasileiro, você sabe, demos oportunidade
a diversos novos autores e veteranos
e foi ali que nasceu a Phenix Editorial Ltda.
Você praticamente assistiu, de camarote,
o surgimento da nossa casa editorial.
Você praticamente assistiu, de camarote,
o surgimento da nossa casa editorial.
O governo Collor ferrou todos nós.
Gente que dormiu cheio da grana, acordou
na “pindaíba”. Teve gente que até se matou...
Gente que dormiu cheio da grana, acordou
na “pindaíba”. Teve gente que até se matou...
aquilo foi uma merda imensa... o povo
brasileiro não merecia aquilo...
brasileiro não merecia aquilo...
O país passava por um período difícil.
A dureza era geral.
A dureza era geral.
Nas bancas, poucos editores se arriscavam a
lançar produtos novos, ante o mercado
recessivo. Nosso faturamento caiu e
lançar produtos novos, ante o mercado
recessivo. Nosso faturamento caiu e
o que ganhávamos mal dava pra pagar as
despesas. Foi foda.
despesas. Foi foda.
Mesmo assim, arriscamos e lançamos
inicialmente quatro revistas posters (na base
do crédito), graças a gráfica Parma, que
confiou em nós. Lançamos: Bruce Lee, Back
inicialmente quatro revistas posters (na base
do crédito), graças a gráfica Parma, que
confiou em nós. Lançamos: Bruce Lee, Back
To The Future (De Volta Para o Futuro),
Robocop – um campeão de venda -, e outro que
não me lembro...
Robocop – um campeão de venda -, e outro que
não me lembro...
coisas da idade... (Rsss...). O Collor, nos anos
90, e sua “maravilhosa” equipe econômica
“fubecou” o país, que, de repente,
estava sendo habitado
por “Durangos Kids” e o
90, e sua “maravilhosa” equipe econômica
“fubecou” o país, que, de repente,
estava sendo habitado
por “Durangos Kids” e o
único jeito era recomeçar
do zeroe ir pro pau.
do zeroe ir pro pau.
O cidadão brasileiro já passou
por tantas crises,hiper inflação, etc.
A nova geração nem sabe o
por tantas crises,hiper inflação, etc.
A nova geração nem sabe o
que é isso. Enfim, nosso povo sofrido
tem muita garra. Voltando ao papo... a
única saída, pra nós, era se aventurar e
apesar de eu ter tido uma outra
única saída, pra nós, era se aventurar e
apesar de eu ter tido uma outra
editora na década de 80 –
ETF Comunicação-, confesso que
entrei nas bancas preocupado.
E foi assim que arriscamos
lançar 4 posters
naquele estranho mercado editorial.
ETF Comunicação-, confesso que
entrei nas bancas preocupado.
E foi assim que arriscamos
lançar 4 posters
naquele estranho mercado editorial.
E a coisa, graças aos céus, deu certo.
E também graças ao editor e amigo
Cazamatta (Nova Sampa Diretriz), que
foi nosso avalista
na gráfica. Entramos com o pé direito.
Você, foi cria da casa, como
E também graças ao editor e amigo
Cazamatta (Nova Sampa Diretriz), que
foi nosso avalista
na gráfica. Entramos com o pé direito.
Você, foi cria da casa, como
muitos outros, e isto me enche de orgulho.
Principalmente quando vejo que você não
desistiu e esta aí “firme na paçoca”.
Durante 3 anos você trabalhou
exclusivamente para a gente
e produziu muitas HQs
desistiu e esta aí “firme na paçoca”.
Durante 3 anos você trabalhou
exclusivamente para a gente
e produziu muitas HQs
para a revista Udigrudi (versão Phenix –
2 almanaques mensais com 132 págs,
cada um). Você se lembra, Landão, o
título da primeira HQ,
2 almanaques mensais com 132 págs,
cada um). Você se lembra, Landão, o
título da primeira HQ,
que desenhou para nós?
Orlando: Comecei a trabalhar com
vocês no começo de fevereiro de 1990 e
no mês seguinte o Collor travou
vocês no começo de fevereiro de 1990 e
no mês seguinte o Collor travou
tudo, o país parou de funcionar, mas nós
não paramos.
não paramos.
Meus primeiros trabalhos eram de
assistente de arte.
assistente de arte.
Além de estudar e treinar muito
naquela época, eu preenchia as partes
indicadas no desenho
arte-finalizado com
nanquim, apagava o esboço feito
naquela época, eu preenchia as partes
indicadas no desenho
arte-finalizado com
nanquim, apagava o esboço feito
a lápis, me certificava se
todos os desenhos
todos os desenhos
estavam limpos antes
de mandar pra gráfica, indicava
todas as cores de todas
as histórias do “Pequeno Ninja”
de mandar pra gráfica, indicava
todas as cores de todas
as histórias do “Pequeno Ninja”
(até levava trabalhos pra terminar em
casa após 12 e até 13 horas no estúdio).
Loucura total...
casa após 12 e até 13 horas no estúdio).
Loucura total...
rsrs... depois de mais ou menos 6 meses
de casa, saiu meu primeiro trabalho em
HQ com apenas 2 páginas, onde eu fiz o
lápis e o Gilvan Lira (Gilimeros)
arte-finalizou.
O trabalho ficou lindo e muito engraçado...
mas... infelizmente eu não me lembro
de casa, saiu meu primeiro trabalho em
HQ com apenas 2 páginas, onde eu fiz o
lápis e o Gilvan Lira (Gilimeros)
arte-finalizou.
O trabalho ficou lindo e muito engraçado...
mas... infelizmente eu não me lembro
mais do nome... foi pra revista UDIGRUDI...
tratava-se da cena de um casal discutindo
num quarto de motel onde o rapaz prometia
num quarto de motel onde o rapaz prometia
à mulher que “iria se recuperar e levantar a
sua própria alto-estima” e levantou
mesmo, mas foi com a ajuda de
um balão... rsrs.
mesmo, mas foi com a ajuda de
um balão... rsrs.
Tony 14 – Exato. Agora me lembrei
dessas pranchas. Você começou
com o pé direito,
bengala júnior. Teve como
artefinalista o grande
bengala brother Gilvan Lira (Gilímeros),
um dos reis das HQs eróticas e
dos desenhos
de garotas sensuais. Taí um cara
que deixou saudades...
que deixou saudades...
Ouvi dizer que ele voltou pra terra dele.
Voltou pro Rio Grande do Norte
e que até fez uma arte para o Vaticano
e que também acabou sendo recebido por
Sua Santidade. Deve ter “enricado”.
Deve estar com o “burro na sombra”...
(Rsss...). É mole?
e que também acabou sendo recebido por
Sua Santidade. Deve ter “enricado”.
Deve estar com o “burro na sombra”...
(Rsss...). É mole?
Qual é o seu nome completo e em
que dia, mês,
que dia, mês,
ano e estado você nasceu?
Orlando: Meu nome completo é
Orlando da Silva Alves.
Orlando da Silva Alves.
Eu nasci no dia 24 de setembro
de 1970, em São Caetano do Sul, SP.
de 1970, em São Caetano do Sul, SP.
Tony 15 – Como as 4 revistas posters
que publicamos inicialmente deu certo,
decidi lançar a Udigrudi – nossa
que publicamos inicialmente deu certo,
decidi lançar a Udigrudi – nossa
primeira revista de HQs, de humor -, em
novo formato, visto que a extinta editora
Ninja já havia lançado este
novo formato, visto que a extinta editora
Ninja já havia lançado este
nosso título no formato magazine, com
32 páginas, e havia conquistado uma fatia
do mercado. As primeira edições –
32 páginas, e havia conquistado uma fatia
do mercado. As primeira edições –
para a editora Ninja –
foram feitas por mim
(Alice, a Rainha da Chupetinha,
o Surfista Afrescalhado, etc) ,
pelo Wanderley Felipe (vulgo Epilef,
Fresh Boy, Tulipa,
foram feitas por mim
(Alice, a Rainha da Chupetinha,
o Surfista Afrescalhado, etc) ,
pelo Wanderley Felipe (vulgo Epilef,
Fresh Boy, Tulipa,
e atual Vanderfel),
ele fez HQs, como: Capitão Piroca, Ralf,
o ET Teimoso, etc, e pelo bengala friend
Wilson Borges (vulgo carioca),
o ET Teimoso, etc, e pelo bengala friend
Wilson Borges (vulgo carioca),
autor do Saci Gererê. Você conhecia nossa
antiga versão da Udigrudi que foi lançada
pela editora Ninja?
antiga versão da Udigrudi que foi lançada
pela editora Ninja?
Orlando: Claro, que sim... rsrs... todos
esses trabalhos passaram pelas minhas
mãos para preenchimento de
esses trabalhos passaram pelas minhas
mãos para preenchimento de
nanquim e limpeza com borracha
(retirada do esboço a lápis).
Minha primeira HQ arte-finalizada
pelo Gilvan Lira foi mesmo
nesta antiga
(retirada do esboço a lápis).
Minha primeira HQ arte-finalizada
pelo Gilvan Lira foi mesmo
nesta antiga
versão, no formato magazine.
Tony 16 – Putz... desculpe-me pela gafe,
mas juro que eu não me lembrava disso.
Então você começou com a gente
no tempo da Ed. Ninja...
começou com a gente faendo assistência
de arte...“caiu a ficha”, agora...
Pouco tempo depois, crescemos e nos
mudamos para a rua Piratininga,
mas juro que eu não me lembrava disso.
Então você começou com a gente
no tempo da Ed. Ninja...
começou com a gente faendo assistência
de arte...“caiu a ficha”, agora...
Pouco tempo depois, crescemos e nos
mudamos para a rua Piratininga,
no bairro do Brás – antigo
reduto de editores- , para um amplo
sobrado e você continuou com a gente.
Contratamos mais gente,
sobrado e você continuou com a gente.
Contratamos mais gente,
ampliamos nosso sistema de
distribuição e obviamente tivemos
que arregimenta novos desenhistas.
Aos poucos descobrimos
distribuição e obviamente tivemos
que arregimenta novos desenhistas.
Aos poucos descobrimos
que você também tinha talento
para escrever.
para escrever.
Você começou a bolar seus
próprios roteiros.
próprios roteiros.
Um dos personagens mais marcantes
da Udigrudi foi, sem dúvida, o hilário,
Juca Bação (Rsss...), personagem
da Udigrudi foi, sem dúvida, o hilário,
Juca Bação (Rsss...), personagem
criado e desenvolvido por você,
sem nossa interferência.
sem nossa interferência.
De onde surgiu a idéia de criar este
personagem sui generis, que
todo mundo adorava?
personagem sui generis, que
todo mundo adorava?
Orlando: Eu me lembro que com o
surgimento da editora PHENIX eu já
estava conseguindo acompanhar o
surgimento da editora PHENIX eu já
estava conseguindo acompanhar o
ritmo de alguns desenhistas
colaboradores, e, fora isso, quando
o elevador quebrava,
lá no prédio da av. São João, a
gente tinha que descer e carregar
pilhas e pilhas
colaboradores, e, fora isso, quando
o elevador quebrava,
lá no prédio da av. São João, a
gente tinha que descer e carregar
pilhas e pilhas
de posters e revistas até o 5º andar,
várias vezes... rsrs... quem disse que papel
várias vezes... rsrs... quem disse que papel
não pesa? Era malhação gratuita e
musculação pra qualquer atleta do
musculação pra qualquer atleta do
Instituto Roldan morrer
de inveja... rsrs.
de inveja... rsrs.
Tony – 17: Me lembro bem disso...
estávamos, todos, ficando
estávamos, todos, ficando
mais bombados do que os atletas das
diversas academias daquele prédio, de
tanto carregar “melecas” pra cima e
diversas academias daquele prédio, de
tanto carregar “melecas” pra cima e
pra baixo. Aquilo era um sufoco.
Sofremos a beça...o pessoal acha que
editor leva a vida na boa, coçando... não
imaginam como é f...
Sofremos a beça...o pessoal acha que
editor leva a vida na boa, coçando... não
imaginam como é f...
carregar 60 mil revistas nas costas...
Mas, a culpa era nossa, o elevador “pifava”,
por excesso de peso. das nossas revistas.
Mas, a culpa era nossa, o elevador “pifava”,
por excesso de peso. das nossas revistas.
Por isso decidi nos mudarmos antes
que “fubecássemos”
que “fubecássemos”
de vez o tal elevador, “do tempo do ronco”,
e aí sim a gente ia sifú... ou seja, a gente
ia ter que acabar comprando um elevador
novo... (Rsss...). Editora em prédio, não
dá certo... E o pior
e aí sim a gente ia sifú... ou seja, a gente
ia ter que acabar comprando um elevador
novo... (Rsss...). Editora em prédio, não
dá certo... E o pior
é que alugamos um local, que não era
térreo, tinha uns 28 degraus pra subir.
Que merda, né? (Rsss...)...Prossiga...
térreo, tinha uns 28 degraus pra subir.
Que merda, né? (Rsss...)...Prossiga...
Orlando: Mas, como eu ganhava por
produção de páginas desenhadas e
serviços de assistência
de arte, eu tinha que
produção de páginas desenhadas e
serviços de assistência
de arte, eu tinha que
aproveitar o pouco tempo que
restava pra escrever os argumentos
(redação) das HQs.
Era uma excelente oportunidade
pra ganhar um dinheiro a mais... rsrs...
e pra mim foi uma
restava pra escrever os argumentos
(redação) das HQs.
Era uma excelente oportunidade
pra ganhar um dinheiro a mais... rsrs...
e pra mim foi uma
ótima porque eu ainda desenhava devagar.
Mas o chefe, Wanderley, advertiu:
“Não vamos comprar qualquer coisa,
Mas o chefe, Wanderley, advertiu:
“Não vamos comprar qualquer coisa,
o texto tem que ser engraçado”.
Aí eu tinha que arrumar
tempo pra ler
tempo pra ler
também, buscava alternativas em
revistas de piadas, observava fatos e
revistas de piadas, observava fatos e
histórias engraçadas do dia a dia,
anotava num rascunho tudo o
que eu via e ouvia,
comecei a buscar nos filmes e
programas de TV todo
tipo de comédia.
anotava num rascunho tudo o
que eu via e ouvia,
comecei a buscar nos filmes e
programas de TV todo
tipo de comédia.
Foi assim que consegui material
pra criar minhas
pra criar minhas
histórias, e, funcionou: o chefe aprovou.
O personagem Juca Bação foi uma fusão
de Danny DeVito (irmãos gêmeos)
com Rony Cócegas (Lindeza, do “Calma,
Cocada”). E, é claro, eu sempre seguia
a linha de humor do professor Tony
Fernandes, observando seus roteiros,
seus personagens e toda a dinâmica
que prendia o leitor até o final
da história. O Juca Bação não tinha nada
de modelo, nada de galã.
Era baixinho, careca, barrigudo
e narigudo, mas
enlouquecia a mulherada, e, por causa
do seu problema de ejaculação precoce,
nas preliminares, não tinha outro
jeito: o nariz era sua salvação pra
se dar bem com as mulheres.
de Danny DeVito (irmãos gêmeos)
com Rony Cócegas (Lindeza, do “Calma,
Cocada”). E, é claro, eu sempre seguia
a linha de humor do professor Tony
Fernandes, observando seus roteiros,
seus personagens e toda a dinâmica
que prendia o leitor até o final
da história. O Juca Bação não tinha nada
de modelo, nada de galã.
Era baixinho, careca, barrigudo
e narigudo, mas
enlouquecia a mulherada, e, por causa
do seu problema de ejaculação precoce,
nas preliminares, não tinha outro
jeito: o nariz era sua salvação pra
se dar bem com as mulheres.
Tony 18 – Eu, particularmente, rolava de
rir com os seus textos e adorava ver as
garotas sexys que você desenhava... (Rsss...).
rir com os seus textos e adorava ver as
garotas sexys que você desenhava... (Rsss...).
Elas eram deliciosas... Naquela época você
era solteiro, depois se casou e talvez hoje
você não possa responder
era solteiro, depois se casou e talvez hoje
você não possa responder
a questão que farei a seguir. Mas, sempre tive
uma curiosidade... responda, se puder:
É verdade que você se inspirava – para
desenhá-las -, em minha secretária e na
nossa recepcionista?
Tcham-tcham-tcham-tcham!
uma curiosidade... responda, se puder:
É verdade que você se inspirava – para
desenhá-las -, em minha secretária e na
nossa recepcionista?
Tcham-tcham-tcham-tcham!
Orlando: Com certeza!!!... kkkk...
Que meninas, hein!?
Que meninas, hein!?
Que a verdade seja dita... rsrs.
Mas eu fui bem instruído
Mas eu fui bem instruído
por você, mestre, na arte de desenhar
mulheres. Eu, que não sabia nem o que
era “anatomia”, lembra disso???... rsrs.
Graças a sua paciência de
mulheres. Eu, que não sabia nem o que
era “anatomia”, lembra disso???... rsrs.
Graças a sua paciência de
analisar e corrigir meus desenhos, de
passar dicas super importantes, de me
ensinar a observar as mulheres
(agora eu me entreguei)... observar
todo tipo de pessoa... rsrs... notei a
passar dicas super importantes, de me
ensinar a observar as mulheres
(agora eu me entreguei)... observar
todo tipo de pessoa... rsrs... notei a
forma de andar, a postura, o jeito, as
expressões faciais, delas. Observei
desenhos de outros artistas,
vi muitas fotos...
expressões faciais, delas. Observei
desenhos de outros artistas,
vi muitas fotos...
e foi assim que acabei passando
tudo isso pro papel. E aprendi mesmo,
com um cara
que entende muito de mulher!!!
tudo isso pro papel. E aprendi mesmo,
com um cara
que entende muito de mulher!!!
Tony 19 – Quem!? Eu!? Hoje?
Tais brincando!?
Já fui bom nisso... (Rssss...).
Mulher sempre deu problema,
Mulher sempre deu problema,
até para desenhá-las... (Rsss...).
Além do Juca Bação, você
Além do Juca Bação, você
também criou uma porrada de sátiras
maravilhosas, como: GHOST,
O Outro Lado Da Dívida...
(baseado no filme Ghost,
O Outro Lado da Vida, que fez um
tremendo sucesso nas telonas, na época).
Esta sátira, para mim, é um clássico das
maravilhosas, como: GHOST,
O Outro Lado Da Dívida...
(baseado no filme Ghost,
O Outro Lado da Vida, que fez um
tremendo sucesso nas telonas, na época).
Esta sátira, para mim, é um clássico das
histórias em quadrinhos
cômicas nacionais.
Você explorou o tema de forma genial
e não tinha quem não se mijasse
cômicas nacionais.
Você explorou o tema de forma genial
e não tinha quem não se mijasse
de rir com aquela HQ. Como surgiu a
idéia de satirizar o filme?
idéia de satirizar o filme?
Orlando: Fiquei viciado naquelas
revistas MAD e o meu
revistas MAD e o meu
barato era ver como ficavam as
sátiras em cima dos filmes que
saiam nos cinemas:
eles acabavam, detonavam
sátiras em cima dos filmes que
saiam nos cinemas:
eles acabavam, detonavam
com os filmes!!! O pior é que ficava
mais legal que o filme original... rsrs.
Com certeza, era essa
linha de raciocínio
mais legal que o filme original... rsrs.
Com certeza, era essa
linha de raciocínio
que eu tinha que seguir: transformar
o chato do mocinho num pateta bem
atrapalhado e engraçado.
o chato do mocinho num pateta bem
atrapalhado e engraçado.
Tony 20 – Você fazia isto com maestria.
Pode acreditar... Esta maravilhosa versão
do filme Ghost, você escreveu e fez os lápis.
Pode acreditar... Esta maravilhosa versão
do filme Ghost, você escreveu e fez os lápis.
Se não estou equivocado, a arte final foi
do Salatiel de Holanda.
do Salatiel de Holanda.
A parceria foi nota 10! Um grande roteiro,
um ótimo desenho e uma
grande arte final.
Conta pra gente, como foi trabalhar
um ótimo desenho e uma
grande arte final.
Conta pra gente, como foi trabalhar
com o veterano mestre das HQs Salatiel
de Holanda (vulgo Di Zuniga)?
Pouca gente teve este privilégio.
de Holanda (vulgo Di Zuniga)?
Pouca gente teve este privilégio.
Arte do mestre Salatiel, para um outro produto da
que também só publicava materialPhenix Editorial Ltda 100% produzido no Brasil |
Orlando: É verdade, Tony.
Fui um privilegiado em trabalhar
com o velho Salata! Além de
enriquecer meus trabalhos, eu aprendi
muito com ele. Quantas vezes eu queria
montar os personagens em ângulos
diferentes, tipo cinematográficos,
aí eu me enrolava porque não
conseguia desenhar, e
Fui um privilegiado em trabalhar
com o velho Salata! Além de
enriquecer meus trabalhos, eu aprendi
muito com ele. Quantas vezes eu queria
montar os personagens em ângulos
diferentes, tipo cinematográficos,
aí eu me enrolava porque não
conseguia desenhar, e
então o mestre Salata simplesmente
riscava um esboço rápido e resolvia
a parada.
riscava um esboço rápido e resolvia
a parada.
O Salatiel falava pouco, acendia um
cigarro atrás do outro e se concentrava
no trabalho com aquele seu
cigarro atrás do outro e se concentrava
no trabalho com aquele seu
jeito tranquilão, que parecia devagar,
mas na realidade
mas na realidade
ele era muito rápido e eficiente.
Os seus trabalhos falavam por ele.
Sempre foi um excelente ilustrador!!!
Tony 21 – Você e o "véio", o Salata...
chamo isto de uma parceria feliz,
que deu “samba”!
Suas HQs eram movimentadas,
bem humoradas,
enfim, geniais. Apesar de termos
uma equipe imensa pra fazer a
Udigrudi, os demais
colaboradores não tinham pique
de produção e a responsa maior
ficou a cargo dos mais
velhos (leia-se: mais experientes),
como eu, o Felipe e o Zuniga,
inicialmente.
A coisa engrossou ainda mais quando
decidimos lançar 2 versões da Udigrudi,
por mês (ambas com 132 págs
de material nacional).
Um texto e arte genial. Um clássico da UDIGRUDI |
Tony 21 – Você e o "véio", o Salata...
chamo isto de uma parceria feliz,
que deu “samba”!
Suas HQs eram movimentadas,
bem humoradas,
enfim, geniais. Apesar de termos
uma equipe imensa pra fazer a
Udigrudi, os demais
colaboradores não tinham pique
de produção e a responsa maior
ficou a cargo dos mais
velhos (leia-se: mais experientes),
como eu, o Felipe e o Zuniga,
inicialmente.
A coisa engrossou ainda mais quando
decidimos lançar 2 versões da Udigrudi,
por mês (ambas com 132 págs
de material nacional).
Confesso que fiquei puto com a galera –
os colaboradores.
os colaboradores.
O pessoal chiava porque não tinha espaço
pra trabalhar, quando abrimos um tremendo
espaço – 264 págs mensais
pra trabalhar, quando abrimos um tremendo
espaço – 264 págs mensais
de HQs -, os caras apareciam com
10 pagininhas.
10 pagininhas.
Pagávamos um bom preço e eu tentava
incentivá-los à produzir, escrevia “quilos”
de roteiros, mas a “negada”
incentivá-los à produzir, escrevia “quilos”
de roteiros, mas a “negada”
era devagar quase parando. Sei que fazer
HQs não é mole e confesso que fiquei
preocupado.
HQs não é mole e confesso que fiquei
preocupado.
Pensei: E, agora? Como vamos manter
essas duas Udigrudis por mês? Fora isto
tínhamos três Almanaques de Super-Heróis
tupiniquins para lançar,
essas duas Udigrudis por mês? Fora isto
tínhamos três Almanaques de Super-Heróis
tupiniquins para lançar,
mais vários títulos de revistas posters
de rock e cinema...
de rock e cinema...
estávamos no limite máximo de produção.
Mas, graças a Deus, de repente,
você se revelou
você se revelou
uma verdadeira máquina de produção e
mantinha uma excelente qualidade,
tanto de textos, como na arte. Diz aí,
como foi que você “desencantou”
tanto de textos, como na arte. Diz aí,
como foi que você “desencantou”
assim, de uma hora pra outra?
Muito treino?
Muito treino?
Algum segredo.
Ficamos impressionados, na época.
Ficamos impressionados, na época.
Orlando: Apesar de trabalhar
muito, eu me lembro que eu tinha
liberdade pra sair
do estúdio a hora que eu
muito, eu me lembro que eu tinha
liberdade pra sair
do estúdio a hora que eu
quisesse, até pra ver um filme
no cinema...
rsrs... contanto que entregasse os trabalhos
no prazo determinado.
no cinema...
rsrs... contanto que entregasse os trabalhos
no prazo determinado.
Tony – 22: Éramos uma empresa moderna.
Antes da Microsoft dar esta liberdade pra
sua equipe a gente já havia adotado este
sistema livre de trabalho... (Rsss...).
É mole? Adotamos este estilo de trabalho
quando criamos o Pequeno Ninja.
Antes da Microsoft dar esta liberdade pra
sua equipe a gente já havia adotado este
sistema livre de trabalho... (Rsss...).
É mole? Adotamos este estilo de trabalho
quando criamos o Pequeno Ninja.
Orlando: Mas a convivência e o
trabalho com a turma era tão
legal que eu não
conseguia mais sair de lá...
mergulhei de cabeça nos desenhos!!!
Pra falar a verdade, Tony, até hoje, o
seu estúdio foi o lugar que eu mais
gostei de trabalhar. Cheguei até a receber
a chave pra abrir a casa
porque eu chegava às
seu estúdio foi o lugar que eu mais
gostei de trabalhar. Cheguei até a receber
a chave pra abrir a casa
porque eu chegava às
7 da manhã e fechava o estúdio com
vocês, às oito e
vocês, às oito e
Tony - : Sim, me recordo bem... não
tinha moleza!
O trabalho era puxado, fizemos
milhares de páginas e produtos...
tínhamos plena confiança
em você. Sempre foi responsável
e pontual...
pena que tivemos que sair do mercado,
devido a problemas
tinha moleza!
O trabalho era puxado, fizemos
milhares de páginas e produtos...
tínhamos plena confiança
em você. Sempre foi responsável
e pontual...
pena que tivemos que sair do mercado,
devido a problemas
internos e externos...
Orlando: Desenvolvi muito na PHENIX
observando os mais rápidos
e me esforçando
na tentativa de alcançá-los.
observando os mais rápidos
e me esforçando
na tentativa de alcançá-los.
E percebi que isso era bom em
“termos financeiros”!!!
“termos financeiros”!!!
Aí eu fiquei empolgado, e, como você
disse, tinha espaço pra publicações,
naquela época você pagava acima da
disse, tinha espaço pra publicações,
naquela época você pagava acima da
média e a turma não se ligava...
mas eu tava ligado... rsrs!!!
“Ninguém me segura, tá pra
mim!”, pensei.
mas eu tava ligado... rsrs!!!
“Ninguém me segura, tá pra
mim!”, pensei.
Tony 23 – Você tem idéia, bengala friend,
de quantas HQs de humor você produziu,
naquela época remota, para a Udigrudi?
de quantas HQs de humor você produziu,
naquela época remota, para a Udigrudi?
Orlando: Não consigo me lembrar
de todos, Tony, mas os principais,
que deram muito
o que falar na época e ficaram famosos,
foram as aventuras do Juca Bação, as
sátiras do Ghost, do Robocop 2 e outra
que arrumamos pra cabeça do Conan,
onde ele se transforma em
“Cornão, o brabo”.
de todos, Tony, mas os principais,
que deram muito
o que falar na época e ficaram famosos,
foram as aventuras do Juca Bação, as
sátiras do Ghost, do Robocop 2 e outra
que arrumamos pra cabeça do Conan,
onde ele se transforma em
“Cornão, o brabo”.
Tony 24 – Essa do Cornão também foi
genial... (Rsss...).
genial... (Rsss...).
Dava para ganhar dinheiro, fazendo
HQs para a Phenix?
HQs para a Phenix?
Confessa... (rsss...). Diga a verdade...
pode "chutar o pau
pode "chutar o pau
da barraca", se for o caso...
Orlando: Tinha 5 formas de se ganhar
dinheiro com as HQs: argumento, lápis,
arte-final, letras e ilustração da capa
dinheiro com as HQs: argumento, lápis,
arte-final, letras e ilustração da capa
(que era colorida). Eu me esforçava pra
abraçar tudo o que
abraçar tudo o que
estava ao meu alcance, mas eu só
conseguia fazer os argumentos,
os desenhos a lápis e serviços
de assistência de arte.
Ainda não tinha traço firme pra
conseguia fazer os argumentos,
os desenhos a lápis e serviços
de assistência de arte.
Ainda não tinha traço firme pra
fazer arte-final, nem letras e
muito menos
muito menos
ilustrações coloridas.
Mesmo assim eu compensava
Mesmo assim eu compensava
com o número de páginas que
eu produzia
eu produzia
com roteiros e desenhos a lápis.
Minhas histórias não eram curtas,
nem chatas...rsrs... e assim eu
conseguia levantar uma grana!
nem chatas...rsrs... e assim eu
conseguia levantar uma grana!
Os desenhistas que eu via fazendo o
serviço completo,
serviço completo,
sem auxílio de outros artistas, eram
você e o Wanderley, que também
mostravam
ser excelentes artefinalistas e
você e o Wanderley, que também
mostravam
ser excelentes artefinalistas e
o melhor letrista da equipe era o Felipe,
sem dúvida.
sem dúvida.
Não me lembro do Salatiel
fazendo roteiros
nem letras nos balões, mesmo assim,
depois de você e do Wanderley
acho que ele era o que
mais produzia.
fazendo roteiros
nem letras nos balões, mesmo assim,
depois de você e do Wanderley
acho que ele era o que
mais produzia.
Tony 25 – Sem dúvida. O velho Salata
sempre foi máquina
sempre foi máquina
pra fazer HQs, ele sempre adorou os
quadrinhos e com a gente
teve oportunidade
de realizar seu sonho:
quadrinhos e com a gente
teve oportunidade
de realizar seu sonho:
viver de HQs... com certeza.
Cornão, o Brabo, também foi
outra sátira duka bengala friend... (Rsss...).
Aliás, houve outras
outra sátira duka bengala friend... (Rsss...).
Aliás, houve outras
também geniais. Você estava hiper inspirado
naqueles tempos remotos. Na sua opinião,
qual foi a melhor HQ que você
criou para a Udigrudi?
criou para a Udigrudi?
Orlando: Acho que foi o “Robocop 2”,
que além de muito engraçada, era 100%
dinâmica, uma aventura completamente
patética e praticamente ali, em cada
quadrinho, eu consegui colocar ângulos
cinematográficos, um show
de movimentos
do corpo e expressões do
rosto e das mãos.
Usei tudo o que eu aprendi com os
desenhistas feras que passaram pela
PHENIX: Gilvan Lira, Salatiel de
Holanda, Bilau, Beto, Alexandre
Montandon, entre outros.
que além de muito engraçada, era 100%
dinâmica, uma aventura completamente
patética e praticamente ali, em cada
quadrinho, eu consegui colocar ângulos
cinematográficos, um show
de movimentos
do corpo e expressões do
rosto e das mãos.
Usei tudo o que eu aprendi com os
desenhistas feras que passaram pela
PHENIX: Gilvan Lira, Salatiel de
Holanda, Bilau, Beto, Alexandre
Montandon, entre outros.
Texto: Alexandre Dias (Cavalo\Rodrigues).
Arte de Alexandre Montandon (Timonti): Udigrudi, 1992. |
Tony 26 – Sua sátira do Robocop ficou
“duka”, landão...(Rsss...). Dá saudade,
daquela época, né? É pena que não achei
“duka”, landão...(Rsss...). Dá saudade,
daquela época, né? É pena que não achei
nos velhos arquivos secretos da
Phenix os filmes do Cornão e do Robocop
pra postar aqui as imagens. O material é
incrivelmente bom...
apesar da pauleira que era a produção.
Era um trabalho de equipe: Eu checava
os textos, o Felipe letreirava,
você desenhava
e escrevia e o Salata dava um show
de arte final.
Phenix os filmes do Cornão e do Robocop
pra postar aqui as imagens. O material é
incrivelmente bom...
apesar da pauleira que era a produção.
Era um trabalho de equipe: Eu checava
os textos, o Felipe letreirava,
você desenhava
e escrevia e o Salata dava um show
de arte final.
Orlando: Com certeza! Repito isso
com o maior orgulho: estar com vocês e
com toda aquela equipe
com o maior orgulho: estar com vocês e
com toda aquela equipe
fantástica da editora PHENIX fazia eu
me sentir em casa. Eu fui procurar
a minha turma e
me sentir em casa. Eu fui procurar
a minha turma e
encontrei todos vocês: minha família!!!
Foi a melhor época e o melhor lugar que
eu trabalhei em grupo.
Tony 27 – Que bom ouvir isto de você.
Também adoramos ter
você em nossa equipe,
assim como todos que conviveram
Também adoramos ter
você em nossa equipe,
assim como todos que conviveram
e trabalharam com a gente,
pode acreditar.
Sou grato à todos voces que
colaboraram com a gente.
Afinal, ninguém faz nada sozinho.
Até o Roberto Guedes, o autor de Meteoro,
teve um texto dele, desenhado
por mim, publicado
numa edição de Udigrudi.
O Cláudio Vieira, desenhista de
animação da Disney no Brasil, fazia a
Gina, a aeromoça criada
por mim e tempo depois foi o primeiro,
eu acho, a desenhar uma HQ do Meteoro,
escrita pelo meteórico
bengala friend Guedes.
Tínhamos um time da pesada, Orlando.
pode acreditar.
Sou grato à todos voces que
colaboraram com a gente.
Afinal, ninguém faz nada sozinho.
Até o Roberto Guedes, o autor de Meteoro,
teve um texto dele, desenhado
por mim, publicado
numa edição de Udigrudi.
Roteiro: Guedes - Desenhos: T. Fernandes - Arte final e letras: W. Felipe |
animação da Disney no Brasil, fazia a
Gina, a aeromoça criada
por mim e tempo depois foi o primeiro,
eu acho, a desenhar uma HQ do Meteoro,
escrita pelo meteórico
bengala friend Guedes.
Gina: Com roteiro de Alexandre Dias, Desenhos: Cláudio Oliveira
e com arte final e letras de W. Felipe. Revista UDIGRUDI
|
Tínhamos um time da pesada, Orlando.
De fato, éramos uma grande e boa família.
Nos esforçávamos ao máximo para atender
todos vocês muito bem, apesar do ritmo
estressante de trabalho.
Não me recordo bem...
talvez você possa esclarecer...
Todos os seus trabalhos foram
artefinalizados pelo velho Salata?
todos vocês muito bem, apesar do ritmo
estressante de trabalho.
Não me recordo bem...
talvez você possa esclarecer...
Todos os seus trabalhos foram
artefinalizados pelo velho Salata?
Orlando: A maioria, sim, outros
foram arte finalizados pelo
Gilvan Lira e, se não me
engano, um de poucas páginas
foram arte finalizados pelo
Gilvan Lira e, se não me
engano, um de poucas páginas
foi feito pelo Wanderley.
Tony 28 – Grande bengala brother Gilvan,
anda sumido... Ficou esclarecido.
anda sumido... Ficou esclarecido.
Vamos em frente... Nossa equipe contava
com muitos colaboradores, muitas feras...
Você se dava bem com todos,
com muitos colaboradores, muitas feras...
Você se dava bem com todos,
ou se identificava mais com
um do que com outro?
um do que com outro?
Qual deles era o mais amigo,
mais simpático?
mais simpático?
Orlando: Todo mundo lá era legal
comigo e todos me tratavam
com respeito.
É claro que tinha muita
comigo e todos me tratavam
com respeito.
É claro que tinha muita
“tiração de sarro”, mas quando se
tratava de trabalho nunca
ninguém ali empinava
o nariz e nem virava as costas.
tratava de trabalho nunca
ninguém ali empinava
o nariz e nem virava as costas.
A hospitalidade ali era
impressionante!!!
impressionante!!!
Pelo fato de muitas vezes nos visitar, eu
conversa mais com o Gilvan Lira, outro
mestre da arte final, o melhor, é gênial,
conversa mais com o Gilvan Lira, outro
mestre da arte final, o melhor, é gênial,
no que se refere a desenhar
mulheres bonitas e sensuais.
mulheres bonitas e sensuais.
Também aprendi muito com ele... rsrs.
Outro grande desenhista, Bilau,
que era dono de um traço fantástico,
visitava a gente poucas vezes, mas nunca
que era dono de um traço fantástico,
visitava a gente poucas vezes, mas nunca
deixou de dar dicas importantes
sobre a visão de
sobre a visão de
vários ângulos na HQ.
Eram muitos feras que passavam
por ali e cada um
por ali e cada um
deixava um pouquinho do
seu tesouro comigo e
seu tesouro comigo e
assim acabei ficando rico... de
conhecimento em desenhos!!!
conhecimento em desenhos!!!
Tony 29 – Infelizmente, em 1993, a Phenix
foi, literalmente, "pro saco" e nem
conseguimos lançar o nosso álbum de
foi, literalmente, "pro saco" e nem
conseguimos lançar o nosso álbum de
figurinhas do Van Damme (um astro
dos filmes de ação que fazia muito
sucesso na época),
que estava pronto pra entrar no prelo e tinha
até um anúncio de filme de TV
dos filmes de ação que fazia muito
sucesso na época),
que estava pronto pra entrar no prelo e tinha
até um anúncio de filme de TV
pra entrar no ar, devido a problemas "mis",
principalmente quando o Collor foi expulso
do poder e as vendas despencaram
principalmente quando o Collor foi expulso
do poder e as vendas despencaram
pra 5% durante 3 meses. Deixamos uma
grande quantidade de amigos e bons
artistas ao deus-dará. Fiquei p... da vida.
Aquilo foi uma merda. Fazer o quê?
Orlando, se a coisa já não andava boa,
grande quantidade de amigos e bons
artistas ao deus-dará. Fiquei p... da vida.
Aquilo foi uma merda. Fazer o quê?
Anos depois, tentei lançar o álbum pela Pégasus.
Mas, a distribuidora
não acreditava mais no projeto. O ator tinha se envolvido
com drogas e estava em decadência
|
devido ao nosso alto custo operacional,
piorou ainda mais com a queda do
nosso presidente galã:
Collor de Melo. O sujeito "melou" tudo,
mesmo. O mercado desaqueceu e muitas
editoras, como a nossa, sentiram na pele o
reflexo através das vendas minguadas.
Do dia para a noite contraímos uma dívida
piorou ainda mais com a queda do
nosso presidente galã:
Collor de Melo. O sujeito "melou" tudo,
mesmo. O mercado desaqueceu e muitas
editoras, como a nossa, sentiram na pele o
reflexo através das vendas minguadas.
Do dia para a noite contraímos uma dívida
monstruosa. Por mais que pagássemos
ela não parava de crescer, numa época em
que o país sofria uma inflação
ela não parava de crescer, numa época em
que o país sofria uma inflação
galopante de 50% ao mês. Aqueles foram
tempos difíceis e manter as rédeas firmes
foi tarefa impossível.
tempos difíceis e manter as rédeas firmes
foi tarefa impossível.
Ainda assim, tentei lançar o álbum de
figurinhas do Van Damme – que estava no
auge no cinema -, e a revista pôster de
modelos chamada Composit Model –
do fotógrafo e big bengala
friend André Lima -, na esperança de
continuarmos no mercado.
Fizemos 100 mil exemplares de Composit
Model, colocamos um comercial na TV.
figurinhas do Van Damme – que estava no
auge no cinema -, e a revista pôster de
modelos chamada Composit Model –
do fotógrafo e big bengala
friend André Lima -, na esperança de
continuarmos no mercado.
Fizemos 100 mil exemplares de Composit
Model, colocamos um comercial na TV.
Venda: 10%. Quanto ao Van Damme, o
caríssimo álbum de cromos autocolantes
morreu na praia, não decolou,
caríssimo álbum de cromos autocolantes
morreu na praia, não decolou,
devido ao alto custo do
papel autocolante.
papel autocolante.
No caso do “Livro Ilustrado”
do lutador marcial,
do lutador marcial,
confesso que a coisa não aconteceu
por pura burrice minha.
Eu não entedia patavina de álbuns
por pura burrice minha.
Eu não entedia patavina de álbuns
de figurinhas e contratei dois bengalas
friends (seu Chico e seu João), que se
diziam experientes no ramo e que além
de me custarem caro só
friends (seu Chico e seu João), que se
diziam experientes no ramo e que além
de me custarem caro só
fizeram merda, esta é que é a verdade.
Tenho esses fotolitos até hoje.
Como diz um grande amigo:
“Na vida, pra aprender determinadas
Como diz um grande amigo:
“Na vida, pra aprender determinadas
coisas, a gente tem que pagar o pedágio”.
Mas, nesse caso ,ele foi alto demais.
Custou cerca de 30 mil dólares.
O jeito foi fechar as portas, vender
o estoque (encalhe) e ir pagando
os credores gradativamente.
o estoque (encalhe) e ir pagando
os credores gradativamente.
Levei quase um ano pagando
buchas, antes
buchas, antes
de fechar de vez o “barraco”.
Não foi fácil, mas, no final, tudo
deu certo, felizmente.
deu certo, felizmente.
Durante o período pós-Phenix, o que
fez Orlando Alves, o genial cartunista
e escritor?
fez Orlando Alves, o genial cartunista
e escritor?
Continuou no ramo editorial?
Partiu pra outra?
Partiu pra outra?
O povo quer saber... (Rsss...).
Orlando: Eu me lembro dessa
Composit Model... quebrou as pernas
da gente... éhh... nessa época as
Composit Model... quebrou as pernas
da gente... éhh... nessa época as
coisas já não andavam boas e
o Wanderley
já começou a cortar os serviços na
UDIGRUDI porque precisava
o Wanderley
já começou a cortar os serviços na
UDIGRUDI porque precisava
fazer uma redução de gastos, e, a coisa
começou a ficar feia porque não ia
ter serviço... ele tava preparando a
turma pra buscar “novos recursos”.
começou a ficar feia porque não ia
ter serviço... ele tava preparando a
turma pra buscar “novos recursos”.
E não deu outra, eu era recém
casado, 1992, contas pra pagar,
ninguém comprava
nada de ninguém,
casado, 1992, contas pra pagar,
ninguém comprava
nada de ninguém,
tentei em duas editoras, só canseira.
Fui parar lá no Paulo Hamasaki,
que ainda tava recebendo trabalhos,
mas fiquei
apenas 3 meses trabalhando pra ele,
que ainda tava recebendo trabalhos,
mas fiquei
apenas 3 meses trabalhando pra ele,
depois não tinha mais serviço.
Foi a última editora que eu trabalhei
fazendo desenhos pra revistas de piadas.
Depois eu mudei completamente
fazendo desenhos pra revistas de piadas.
Depois eu mudei completamente
meu formato de trabalho, mas eu
continuei desenhando.
continuei desenhando.
Tony 30 – O bengala brother da
editora Hamasaki?
Que legal... trata-se de um velho
amigo e parceiro.
Não sabia que você tinha trabalhado
com o Hama...
Eu e você, nós ficamos uma data sem
“trombarmos” pelas ruas da vida... e foi
uma grande surpresa quando “cruzei” com
você na WEB e fiquei sabendo que você
estava por aí, firme, fazendo caricaturas e
charges. Sei que todos nós nos apertamos,
mas o mercado despencou...
editora Hamasaki?
Que legal... trata-se de um velho
amigo e parceiro.
Não sabia que você tinha trabalhado
com o Hama...
Eu e você, nós ficamos uma data sem
“trombarmos” pelas ruas da vida... e foi
uma grande surpresa quando “cruzei” com
você na WEB e fiquei sabendo que você
estava por aí, firme, fazendo caricaturas e
charges. Sei que todos nós nos apertamos,
mas o mercado despencou...
perdemos o controle das coisas,
infelizmente.
Se ferimos ou magoamos alguém,
confesso, que não era esta a
nossa intenção.
Editar num país cheio de sucessivas
infelizmente.
Se ferimos ou magoamos alguém,
confesso, que não era esta a
nossa intenção.
Editar num país cheio de sucessivas
crises, de altos e baixos, e que tinha uma
inflação louca, galopante, nunca foi fácil.
inflação louca, galopante, nunca foi fácil.
Questiono... como e quando surgiu a
idéia de partir para a caricatura?
idéia de partir para a caricatura?
Orlando: Em agosto de 91 o Alexandre
Montandon andava desesperado lá na
PHENIX procurando um caricaturista
pra fechar um evento no
Shopping Metrópole,
Montandon andava desesperado lá na
PHENIX procurando um caricaturista
pra fechar um evento no
Shopping Metrópole,
em São Bernardo do Campo, para
a semana dia dos pais. A agência
contratante Cavassani
a semana dia dos pais. A agência
contratante Cavassani
Publicidade, de São Caetano, precisava
de dois caricaturistas bons e rápidos.
de dois caricaturistas bons e rápidos.
O Alexandre era o primeiro
caricaturista,
mas, tava faltando o segundo.
Engraçado é que ele não achava
nenhum caricaturista, só
cartunistas e quadrinhistas.
caricaturista,
mas, tava faltando o segundo.
Engraçado é que ele não achava
nenhum caricaturista, só
cartunistas e quadrinhistas.
Os caras que faziam não podiam ir e
aí o Wanderley me passou mais esta
oportunidade porque eu vivia
aí o Wanderley me passou mais esta
oportunidade porque eu vivia
desenhando o pessoal lá na PHENIX.
Mas desenhar em público é
completamente diferente que
desenhar na prancheta.
completamente diferente que
desenhar na prancheta.
E eu tive que fazer um teste lá na hora,
no Shopping, pra ver se eu podia ser o
segundo caricaturista.
no Shopping, pra ver se eu podia ser o
segundo caricaturista.
E eu tinha que desenhar justo o diretor
de arte da agência! Tinha que escolher
entre ganhar a aprovação do
de arte da agência! Tinha que escolher
entre ganhar a aprovação do
camarada com um desenho bonitinho
ou conquistar o público e os donos da
agência com uma caricatura engraçada.
Nunca na minha vida a minha
ou conquistar o público e os donos da
agência com uma caricatura engraçada.
Nunca na minha vida a minha
mão ficou tão pesada...
Tony - 31: Uma prova de fogo...
Orlando: Eu tava nervoso com tanta
gente me observando... mas resolvi ficar
com a segunda opção: era gargalhada
gente me observando... mas resolvi ficar
com a segunda opção: era gargalhada
pra tudo quanto era lado e, antes de
terminar o desenho, o dono da agência
falou que eu estava contratado, aos risos.
Trabalhei a semana toda no evento, aprendi
muito com o Montandon (esse cara
desenha muito, um dos melhores
caricaturistas que eu já vi) e foi a
primeira grana alta que eu ganhei com
desenho em tão pouco tempo!!!
terminar o desenho, o dono da agência
falou que eu estava contratado, aos risos.
Trabalhei a semana toda no evento, aprendi
muito com o Montandon (esse cara
desenha muito, um dos melhores
caricaturistas que eu já vi) e foi a
primeira grana alta que eu ganhei com
desenho em tão pouco tempo!!!
Dava pra comprar um carro!!!
Tony - 32: Com certeza. Também
já trabalhei com este tipo de evento
no shopping Eldourado -
o Ramirez estava com a gente.
Vale a pena.
Fico feliz em saber que você se
deu bem, Landão.
já trabalhei com este tipo de evento
no shopping Eldourado -
o Ramirez estava com a gente.
Vale a pena.
Fico feliz em saber que você se
deu bem, Landão.
É isso aí, encarou e faturou a vaga e a grana.
Beleza pura, cara! Quanto ao Montandon,
ex-parceiro do Alexandre Dias – o
famoso Cavalo, guitarrista da banda Velhas
Virgens -, sempre foi fera no traço.
Os dois Alexandres faziam uma parceria
interessante pra revista Udigrudi.
Beleza pura, cara! Quanto ao Montandon,
ex-parceiro do Alexandre Dias – o
famoso Cavalo, guitarrista da banda Velhas
Virgens -, sempre foi fera no traço.
Os dois Alexandres faziam uma parceria
interessante pra revista Udigrudi.
Orlando: No período pós-PHENIX
e pós-Hamasaki eu não conseguia
mais nenhum trampo editorial,
então, me lembrei da receptividade
do público no Shopping com as caricaturas.
Como também não tinha nenhum trabalho
desse tipo ao meu alcance, resolvi encarar
a rua mesmo, desenhando o povo, buscando
o meu público alvo em comércios, botecos
e padarias, com preço bem popular
cada caricatura.
e pós-Hamasaki eu não conseguia
mais nenhum trampo editorial,
então, me lembrei da receptividade
do público no Shopping com as caricaturas.
Como também não tinha nenhum trabalho
desse tipo ao meu alcance, resolvi encarar
a rua mesmo, desenhando o povo, buscando
o meu público alvo em comércios, botecos
e padarias, com preço bem popular
cada caricatura.
Não dava muita grana, mas foi
o suficiente pra tirar a gente da forca.
Com o tempo firmei meu traço, ganhei
o suficiente pra tirar a gente da forca.
Com o tempo firmei meu traço, ganhei
mais velocidade e aprendi a
fazer arte final
com qualidade. Também através das
caricaturas e indicações de clientes,
começaram a aparecer mais trabalhos
em todo tipo de empresa, comércio,
festas, feiras e eventos...
fazer arte final
com qualidade. Também através das
caricaturas e indicações de clientes,
começaram a aparecer mais trabalhos
em todo tipo de empresa, comércio,
festas, feiras e eventos...
“Graças a Deus”, já não me faltava
mais trabalho!!!
mais trabalho!!!
Tony 33 –Você batalhou, chegou lá! Encontrou
seu espaço.Como diz uma velha canção do
Milton Nascimento:
seu espaço.Como diz uma velha canção do
Milton Nascimento:
“O artista tem que ir aonde o povo está”.
Orlando, você trabalha nesta área de
caricaturas sozinho ou conta com parceiros?
Orlando, você trabalha nesta área de
caricaturas sozinho ou conta com parceiros?
ORLANDO: Trabalhei muito tempo
sozinho (igual o Sr. Incrível, dos Incríveis),
mas depois me caiu a ficha de
sozinho (igual o Sr. Incrível, dos Incríveis),
mas depois me caiu a ficha de
que não se pode resolver tudo sozinho.
Então abri mão do meu sossego e da minha
independência para formar vínculos que
enriquecem o meu trabalho.
Todas as coisas que eu recebi de vocês
na minha formação profissional eu
retribuo com os novos, motivando,
ensinando, e, também aprendi a dividir
e a pedir ajuda, como nos
velhos tempos... rsrs.
enriquecem o meu trabalho.
Todas as coisas que eu recebi de vocês
na minha formação profissional eu
retribuo com os novos, motivando,
ensinando, e, também aprendi a dividir
e a pedir ajuda, como nos
velhos tempos... rsrs.
Tony 34 – É isso aí! AJudar os
irmãos do ramo também é nossa
função. Se todos compartilhassem
dessa idéia o mundo seria diferente.
Compartilhar e incentivar é preciso.
irmãos do ramo também é nossa
função. Se todos compartilhassem
dessa idéia o mundo seria diferente.
Compartilhar e incentivar é preciso.
Com já disse, no passado, já
fiz caricaturas
em eventos, como:
fiz caricaturas
em eventos, como:
Dias especiais, em Shopping Centers,
em reuniões empresariais e até em
aniversários de gente
em reuniões empresariais e até em
aniversários de gente
da alta sociedade. Sempre levando outros
bengalas friends nesses eventos,
bengalas friends nesses eventos,
como: Dia dos Pais, etc, nos Shoppings
Centers e aniversário de madames, etc.
Centers e aniversário de madames, etc.
Você também participa desses
tipos de eventos,
tipos de eventos,
fazendo sua arte, habitualmente?
Orlando: Sim, com freqüência.
Eu gosto de trabalhar com as pessoas,
mas é preciso ter cuidado porque existe
Eu gosto de trabalhar com as pessoas,
mas é preciso ter cuidado porque existe
todo tipo de gente, independente de
classe social, raça ou etnia, gente
educada, gente estressada...
classe social, raça ou etnia, gente
educada, gente estressada...
rsrs... mas na maioria das vezes
é só alegria. Basta ter paciência e saber
colocar as brincadeiras no seu devido
lugar, e, sempre com humor saudável.
colocar as brincadeiras no seu devido
lugar, e, sempre com humor saudável.
Tony 35 – Sem dúvida... tai um belo e rentável
segmento... Vai fundo... Tem gente que
só vive disso. Na sua opinião,
segmento... Vai fundo... Tem gente que
só vive disso. Na sua opinião,
dá pra faturar alto fazendo caricaturas?
Orlando: Não é todo dia que se tem
evento, mas um caricaturista
(bom e rápido) numa festa de 4 horas
custa em média R$ 500,00 e produz
em média de 15 a 20
caricaturas por hora. Eu chego a fazer
uma caricatura em até 3 minutos com
corpinho. Caricatura só de rosto
evento, mas um caricaturista
(bom e rápido) numa festa de 4 horas
custa em média R$ 500,00 e produz
em média de 15 a 20
caricaturas por hora. Eu chego a fazer
uma caricatura em até 3 minutos com
corpinho. Caricatura só de rosto
(bem básico) um minuto e meio.
Parece caro, mas é bem puxado
(serviço pesado) e tem que ficar
Parece caro, mas é bem puxado
(serviço pesado) e tem que ficar
parecido com a pessoa. Lembrando
que o caricaturista de eventos tem
que estar sempre de bom humor.
Este é o preço de mercado, mas
que o caricaturista de eventos tem
que estar sempre de bom humor.
Este é o preço de mercado, mas
é claro que tem caricaturistas novos,
que desenham menos e fazem a festa
por um preço menor.
que desenham menos e fazem a festa
por um preço menor.
Isso é normal. Também tem as “estrelas”
que por este preço nem tiram a
tampa da caneta... rsrs.
tampa da caneta... rsrs.
Uma coisa é certa: caricaturista
não morre de fome.
não morre de fome.
O negócio é querer trabalhar e se
trabalhar direito
trabalhar direito
nunca vai faltar serviço.
Tony – 36: Gostei da informação e acho
que muita gente por aí vai se animar... valeu.
E o casório, como vai?
que muita gente por aí vai se animar... valeu.
E o casório, como vai?
Tem herdeiros?
Orlando: Ahh, neste ano eu faço 20 anos
de casado com a Anny, lembra dela?
de casado com a Anny, lembra dela?
Tony – 37: Sim, me lembro bem dela.
Gente fina. Parabéns.
Gente fina. Parabéns.
Manda um mano amplexo pra comadre.
Quanto tempo a gente não se vê... caramba!
Vinte anos... parece que
Quanto tempo a gente não se vê... caramba!
Vinte anos... parece que
foi ontem que vocês estavam namorando...
como dizia aquele grande locutor esportivo –
tio do Ramirez -, “O tempo passaaaa!” (Rsss...).
É bom saber que vocês se deram bem,
como dizia aquele grande locutor esportivo –
tio do Ramirez -, “O tempo passaaaa!” (Rsss...).
É bom saber que vocês se deram bem,
coisa rara hoje em dia.
Orlando: Não deve ser fácil ser mulher
de artista... rsrs... numa hora você tá rico,
na outra você tá pobre... rsrs...
de artista... rsrs... numa hora você tá rico,
na outra você tá pobre... rsrs...
são muitas e muitas emoções, bicho!!!
Temos um filho de 16 anos, Vinícius,
um grande homem!
um grande homem!
Ele trabalha comigo:
é meu assistente de arte.
é meu assistente de arte.
Tony 38 – Com certeza... mas, há mulheres
maravilhosas que entendem a nossa paixão
pela profissão digna, maravilhosa e oscilante.
O negócio é fazer um pé-de-meia, trabalhar
maravilhosas que entendem a nossa paixão
pela profissão digna, maravilhosa e oscilante.
O negócio é fazer um pé-de-meia, trabalhar
com capital de giro. Daí a coisa fica mais fácil.
O filhão, Vinicius, já trabalha com o pai?
Show de bola! Pelo visto, temos aí mais
um grande artista. Maravilha, Landão.
Parabéns, pela bela família.
um grande artista. Maravilha, Landão.
Parabéns, pela bela família.
Você, hoje, tem um estúdio ou só vive
de freela, bengala friend?
de freela, bengala friend?
Orlando: Sempre tive um humilde,
pequeno e aconchegante
estúdio em casa mesmo.
Eu o chamo de Studio “A” porque
simplesmente é aqui onde
eu vivo fazendo “Arte”.
pequeno e aconchegante
estúdio em casa mesmo.
Eu o chamo de Studio “A” porque
simplesmente é aqui onde
eu vivo fazendo “Arte”.
Tony 39 – Foi fácil chegar aonde está?
Orlando: Não, mesmo!!! Todas as minhas
conquistas foram fruto de muito trabalho
e persistência, para não
conquistas foram fruto de muito trabalho
e persistência, para não
desistir. O que me manteve desenhando
nos tempos de turbulência além das minhas
mãos e da minha cabeça
nos tempos de turbulência além das minhas
mãos e da minha cabeça
foi o meu coração: o meu coração sempre
esteve em todos os meus trabalhos.
esteve em todos os meus trabalhos.
Tony 40 – A teimosia, também conhecida
como “persistência”
como “persistência”
dá frutos, my friend... alguém ainda duvida?
“Só os covardes fogem do rinque, fogem
da luta”, dizia um filósofo de boteco...
Alguma frustração na área profissional?
“Só os covardes fogem do rinque, fogem
da luta”, dizia um filósofo de boteco...
Alguma frustração na área profissional?
Orlando: Pena que em nosso país o artista
ainda é visto por muitos como quem não
trabalha... e é o ser que mais
ainda é visto por muitos como quem não
trabalha... e é o ser que mais
trabalha neste mundo!!!... e por prazer.
Tony 41 – Tem muita gente que ainda
pensa assim, com certeza.
Trabalhamos dia e noite, feriados,
pensa assim, com certeza.
Trabalhamos dia e noite, feriados,
finais de semana, etc – pelo menos os
conscientes, que não querem entregar seus
trabalhos fora de prazo.
conscientes, que não querem entregar seus
trabalhos fora de prazo.
Digo sempre: “Somos meros proletários
da arte comercial”. (Rsss...).
Planos para o futuro? Algum
sonho específico?
da arte comercial”. (Rsss...).
Planos para o futuro? Algum
sonho específico?
Orlando: Sim, trabalhos educativos!!!
E se eu sobreviver:
E se eu sobreviver:
desenhos animados!!!
Tony 42 – Trabalhos culturais, educativos...
Taí um legado que devemos deixar
às novas gerações.
Você chega lá... o impossível você já
conquistou, guerreiro. Milagres,
eles demoram um pouco mais,
mas não são inatingíveis,
pode acreditar. Qual é a sua
concepção de Deus?
Taí um legado que devemos deixar
às novas gerações.
Você chega lá... o impossível você já
conquistou, guerreiro. Milagres,
eles demoram um pouco mais,
mas não são inatingíveis,
pode acreditar. Qual é a sua
concepção de Deus?
Orlando: Ele é o Criador. Ele é Justo,
é Sábio e Poderoso.
é Sábio e Poderoso.
Deus é Amor!!!!!
Tony 43 – O pior é que há quem duvide...
Prosseguindo: Orlando Alves,
por Orlando Alves?
Prosseguindo: Orlando Alves,
por Orlando Alves?
Orlando: Um desenhista.
Tony 44 – Quem quiser contratar
seus serviços, como pode entrar
em contato com você?
Deixe aí seus telefones, e-mails, blog
ou site, pois, infelizmente, este esclarecedor
bate papo virtual nosso está quase
chegando ao fim... aproveita,
porque estamos “bombando”
em audiência, até
internacionalmente e nossas
entrevistas
hoje são vistas e lidas nos
quatro cantos do mundo, se é que o mundo –
que é redondo -, tem cantos... (Rsss...).
Manda aí seu recado!
Solta os bichos, bengala friend!
ou site, pois, infelizmente, este esclarecedor
bate papo virtual nosso está quase
chegando ao fim... aproveita,
porque estamos “bombando”
em audiência, até
internacionalmente e nossas
entrevistas
hoje são vistas e lidas nos
quatro cantos do mundo, se é que o mundo –
que é redondo -, tem cantos... (Rsss...).
Manda aí seu recado!
Solta os bichos, bengala friend!
Orlando: Ok, mestre!!! Meus telefones...
(11) 2704.3117,
(11) 2704.3117,
(11)3531.9635 e (11)9214.1089
Meus e-mails:
orlandocartoon@yahoo.com.br e orlandocartoon@hotmail.com
orlandocartoon@yahoo.com.br e orlandocartoon@hotmail.com
Tony 45 – The last question, bengala friend…
Vale a pena viver de arte neste país?
Que mensagem você quer deixar aí para
Que mensagem você quer deixar aí para
os seus fãs e para aqueles que desejam
embarcar nessa “canoa furada” chamada:
histórias em quadrinhos?
embarcar nessa “canoa furada” chamada:
histórias em quadrinhos?
Orlando: Alô, meus queridos velhos e
novos amigos!!! Vale a pena, sim,
viver de arte por aqui
existem muitas pessoas de bom
gosto querendo comprar belos trabalhos!
Corra atrás dos seus sonhos!
Seja persistente!!
Faça o melhor daquilo que você
gosta de fazer! Se é arte, então
faça arte e seja feliz!!!
novos amigos!!! Vale a pena, sim,
viver de arte por aqui
existem muitas pessoas de bom
gosto querendo comprar belos trabalhos!
Corra atrás dos seus sonhos!
Seja persistente!!
Faça o melhor daquilo que você
gosta de fazer! Se é arte, então
faça arte e seja feliz!!!
Tony - 44: Landão, só me resta agradecer
pela atenção dispensada e
desejar à você muito
pela atenção dispensada e
desejar à você muito
sucesso, muita saúde, muita paz e
muito trabalho, cowboy.
muito trabalho, cowboy.
Que Deus continue a iluminar sua estrada.
E saiba que sou seu fã, seu admirador
e que tenho muito orgulho em
saber que você – assim como muitos -,
começou com
e que tenho muito orgulho em
saber que você – assim como muitos -,
começou com
a gente e que continua aí
batalhando nesse nosso turbulento
mais adorado mercado nacional.
mais adorado mercado nacional.
Este país precisa de mais gente
de fibra como você, guerreiro.
Afinal, nós somos o mercado editorial
brasileiro. Se pararmos, todos, ele
(o mercado editorial) morre.
Pode acreditar. Thanks e até breve e um
grande hiper amplexo pra você
e pros seus entes queridos! Aos webleitores,
grato por prestigiar este nosso talkie-show
virtual e até a próxima.
de fibra como você, guerreiro.
Afinal, nós somos o mercado editorial
brasileiro. Se pararmos, todos, ele
(o mercado editorial) morre.
Pode acreditar. Thanks e até breve e um
grande hiper amplexo pra você
e pros seus entes queridos! Aos webleitores,
grato por prestigiar este nosso talkie-show
virtual e até a próxima.
Detalhe: Vem muita coisa boa por aí!
Não percam!
Não percam!
Orlando : Obrigadão, meu grande
e velho amigo, Tony!
Você foi e continua
sendo um super-pai pra mim e
pra muitos outros loucos
por desenho!!!
e velho amigo, Tony!
Você foi e continua
sendo um super-pai pra mim e
pra muitos outros loucos
por desenho!!!
Um GRANDE ABRAÇO pra você
e para todos os nossos amigos!!!
Valeu!
e para todos os nossos amigos!!!
Valeu!
LEONARDO SANTANA,
O DONO DA FAMOSA BODEGA DO LEO,
VOCÊ ENCONTRAR NO LINK ABAIXO.
CONFIRA...http://bengalasboysclub.blogspot.com
Copyright 2011 - Tony Fernandes\Estúdios Pégasus –
Uma divisão da Pégasus Publicações Ltda – São Paulo\Brasil
Todos os Direitos Reservados
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui sua opinião sobre o que vc acabou de ler e grato por sua visita!