domingo, 13 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA COM O REI DO BOM HUMOR, O CARTUNISTA ROCK AND ROLL DO BRASIL, MARCIO BARALDI!




O sensacional álbum em cores do único
personagem do mundo das HQs que é
 um Rapper já está a venda!
Consulte...

www.viracao.org
e...
www.marciobaraldi.com.br


O entrevistado, desta feita, é altamente politizado, 
ciente dos problemas sócio-econômicos, 
políticos e culturais do mundo. 
Ele é engajado, e também é cartunista, 
como o grande mestre 
Bira Dantas, mas tem um estilo marcante 
e inigualável de fazer
 as pessoas rirem. 
Fazer chorar é fácil, fazer sorrir é, sem 
sombra de dúvida, um dom divino. 
Uma das grandes características 
deste autor é misturar rock and roll, etc,  
com humor, na medida certa. 
Normalmente você 
pode encontrar ele por aí, 
numa dessas convenções anuais 
de HQs, que acontecem 
por todo o Brasil, todo fantasiado. 
Muitos o consideram uma 
espécie de Chacrinha ou de Falcão, 
dos quadrinhos brasileiros,
 devido as suas fantasias multicoloridas.
A “bola da vez” é o campeão do bom humor...





Um autor irreverente e criativo

MARCIO BARALDI
,
O Cartunista Mais


 Rock’N’Roll do Brasil!

O “Wor-Rocka-Holic”!

TONY– Estes meus blogs estão
 começando a me dar orgulho. 
Por eles só tem passado feras
 das histórias em quadrinhos
 nacionais, experts graduados no
 assunto e grandes cartunistas 
como você, Baraldi, e outras
figuras ilustres do metiê. 
Passei a ser seu fã quando vi e
 li pela primeira vez na revista 
Rock Brigade, Roko-Loko e Adrina-Lina. 
Achei genial aquelas sacadas 
inteligentes e divertidas que você faz
 com bandas famosas de
 rock e os seus personagens. 
Portanto, é uma honra poder 
entrevistá-lo, bengala friend...
Pra começar... Nome completo, idade, 
cidade e estado onde nasceu?

BARALDI- Marcio Baraldi, nasci
 em Santo André (SP) 
há mais de 18 anos atrás, portanto
 já sou maior de
 idade, mas sem esse papo de 
bengala pro meu lado , heim (risos)?!?

TONY – Putz... Mal começamos e já levei bronca... Hmmm... 
a “boneca” se ofendeu? Se sentiu “velha”, 
“jurássica”, santa? (Rsss...). 
Ok, ok... bengala júnior... Ficou melhor assim? 
Ou prefere bengala kid?(Rsss...).
 Brincadeirinha, calma, relaxa e vamos 
em frente... Como e quand
o você começou a se interessar
 por cartuns, Marcião?

BARALDI - Ah, man... nessa profissão a gente
 já nasce com a vocação. 
Assim como todo cartunista, 
eu comecei a desenhar
 assim que aprendi a segurar um lápis. 
Cartunista é rabiscador 
compulsivo desde criança!
Aprendi a ler com os gibis da Mônica, 
Disney e similares.
Com cinco anos eu era tão 
fissurado pra ler aquilo,
 que minha mãe pacientemente me
 deu uma base de leitura e eu fui 
desenvolvendo. No ano seguinte,
 quando entrei no primário, 
já lia e  escrevia perfeitamente.
Eu era um moleque 
que não parava quieto...

TONY – Saltitante? Hmmm... precoce e saltitante... (Rsss...) 
entendo... prossiga...

 BARALDI - Mas ao mesmo tempo era o 
melhor aluno da classe, 
daqueles que a professora chamava 
toda hora pra ler lá na 
frente pra todo mundo. 
Eu já era carinha de pau e ia mesmo (risos)!

TONY – Traduzindo: você era mesmo um tremendo CDF, OK? 
Aquele tipo de nerd que a turma toda odeia, xinga e
 quer matar... (Rsss...). Quem diria, hein?

BARALDI – Eu era o desenhista da classe, fazia desenho 
pra todo mundo, fazia aqueles gibizinhos mambembes 
que todo moleque faz, desenhava bichinhos fofinhos
 pras meninas em troca de um beijinho (risos).




TONY  – Todos nós já passamos 
por isso, bengala júnior... 
só que eu era mais arrojado. 
Ou melhor, mais ousado. Fazia 
catecismo – aqueles de sacanagem -, 
fazia as cópias no
 mimeografo (hoje ninguém sabe
 mais o que é isso) da escola,
 escondido, pra vender pros outros garotos. 
Faturava alto com 
isso e até ganhei muitas suspensões,
 quando descobriram... (Rsss...). 
E o pior é que minha mãe era professora. 
Em casa, o pau 
comia. “Bichinhos fofinhos, por beijinhos?” 
Senti aí uma certa “taradísse” precoce...  

BARALDI - Eu era um moleque bonitinho 
e comunicativo, as meninas me adoravam, 
tinha aquelas namoradinhas 
de ficar pegando na mão, 
beijando no rosto, saca? 
Bom pelo menos, naquela 
época era assim, né? 
Não quero nem ver o que a
 molecada faz hoje em dia (risos)!...

TONY – “Um moleque bonitinho”? 
Tipo: bebê Johnson, você quis dizer? 
Entendi... Você era, digamos, um garoto 
bem afeiçoado, romântico e um 
tarado precoce, pelo visto – 
nem Freud explica isso (Rsss...)...  
hoje em dia amolecada já quer arrastar
 pro motel, as garotinhas já
 trazem camisinha, etc. 
Os tempos mudaram. E você não quer ser
 chamado de bengala friend? 
Foi garção da Santa Ceia, pelo visto.
É complicado... (Rsss...).
Pergunto: você vive de sua arte 
ou tem um emprego, outra profissão?

BARALDI - Eu vivo exclusivamente de 
humor gráfico desde os 14 anos. 
Comecei moleque mesmo, porque eu vinha de 
uma família muito proletária e tinha que começar 
a trabalhar cedo mesmo.

TONY – Continue...

BARALDI - Na verdade comecei com 11 anos, 
fazendo pipas e vendendo na feira,
 fui flanelinha e entregador de roupas
 numa lavanderia. Garoto do subúrbio total!!! 
Aí entrei na imprensa sindical e
 comecei a fazer de tudo: 
montava o jornal
 ( na época ainda era past-up ),
 fazia as charges, os títulos e
 fazia algum texto quando o redator não estava.
 Foi uma verdadeira escola de
 jornalismo pra mim.




Tony – Bacana... pintou a oportunidade e ali você 
acabou descobrindo 
todo o seu potencial artístico... beleza!

BARALDI - Com isso aprendi a fazer meus 
próprios fanzines de
 humor e de punk-rock, onde eu escrevia,
 desenhava e montava
 tudo. Naquela época, (anos 80) o 
ABC paulista tinha uma
 cultura underground efervescente:
 muitos fanzines, muitas
 bandas de rock, grupos de teatro, 
grafiteiros, skatistas, e
 também um movimento sindical 
e popular muito forte.
 Era passeata pra tudo quanto é lado: 
movimento sindical,
 estudantil, ecológico, punk, etc.

TONY – O único movimento que aprecio – 
de vez em quando -, Baraldi, 
é o das ancas femininas na hora de
 dar um CRAU... (Rsss...). 
Mas, pode continuar... mil perdões...

BARALDI - Todo dia a gente participava de 
uma passeata, era nossa 
diversão(risos)! A molecada daquela
 época era muito mais 
politizada que a de hoje, a gente chegou 
a pegar o fim da 
ditadura, o banana do Sarney, o Raul 
Seixas, o Cazuza, 
o Legião Urbana, o Heavy Metal
 nacional e o punk
 tava fervendo. Foi uma época bem
 legal pra ser adolescente!

TONY – “Banana do Sarney?” Quanta maldade... 
só porque o “coroné” 
manda e desmanda no Planalto. 
Entra e sai presidente, mas o
 homem tá sempre lá. E você ainda chama
 o “coitadinho” de “banana”?
 Sacagem...
Falando sério... De fato, houve um tempo que 
a juventude brasileira
 tinha consciência política – décadas de 60 e 70 -,
 hoje só dá alienado. 
Aliás, você vai me desculpar, mas pelo
 visto na sua época já 
não existia mais esta tal consciência.
 Muita gente tava ali por farra. 
Você deve ter pegado a fase dos
 “caras pintadas”, OK?
 Aquilo era farra pura.
 Me lembro que essas passeatas passavam em 
frente ao meu estúdio na 
avenida São João com a Ipiranga. 
Do prédio eu via aquela puta farra.
 Até escola de samba tinha. Daí em pensava:
 “Meu Deus, isto é 
passeata?” Aquilo, pra mim, mais 
parecia um circo. Os tais 
“caras pintadas”, aposto que a maioria 
nem sabia o que estava 
fazendo lá. Mas, vamos deixar as
 passeatas pra lá e seguir 
em frente... Johnny Bastardo... 
este era o nome do primeiro
 personagem que você criou, OK?
 Fale-me sobre ele... 
psicologia do personagem, 
onde foi lançado, etc...

BARALDI - Foi nessa época de moleque, no 
fim dos anos 80.
 Nessa época eu desenhava pra um
 jornal de cultura jovem lá 
do ABC, o “Rocker”, lá eu fazia
 as tiras do Johnny Bastardo,
 um punk proletário típico da região.
Lá também desenhavam o George 
e o Fraile , que eram da 
banda Kães Vadius, uma das mais
 importantes lá da região.
 Hoje o George é um 
tatuador conceituado 
e o Fraile é publicitário. 
Essa época foi legal, porque além de
 desenhar, eu cobria muitos 
shows de rock na região, fazia
 resenha de discos, entrevistava
 bandas. Enfim,foi mais uma escola
 de jornalismo pra mim.
 Eu tive banda também nessa época ,
 então era uma irmandade,
a gente armava show juntos, eu 
fazia os cartazes pra todo
 mundo, a gente saia colando pelas
 madrugas, todo mundo a pé,
 de ônibus, de trem.
 Éramos todos garotos proletários 
tentando construir uma cena
 cultural alternativa. 
Aí depois eu entrei na faculdade 
de Artes Plásticas e parei
 com banda, fanzine , essas coisas, 
e fui me dedicar 100% 
ao trabalho de ilustrador.

TONY – Sua história é legal... é uma história 
de luta, de garra  e de 
realizações. Bacana.
 Por que você enveredou pelo caminho da CUT? 
O nosso bengala friend e caricaturista-Mor
 Bira Dantas tem uma
 carreira parecidíssima com a sua
e acabou sendo uns dos
 fundadores do PT. Acha que o caminho
 que vocês percorreram,
 para entrar no mercado editorial do país, 
facilitou as coisas?

BARALDI -  Eu comecei no sindicato dos 
Químicos do ABC 
e o Bira já trabalhava nos Químicos de
São Paulo há alguns anos.
 O Bira era uma espécie de “menino-prodígio”
 da imprensa sindical,
 ele ainda era molecão, mas já 
desenhava super bem. 
Ele começou muito cedo.
 Então com 18 anos já tinha bastante
 experiência na profissão. 
Todo mundo admirava ele, 
era o “queridinho”(risos)!

TONY – “Menino-prodígio”? Um Robin – sem Batman -,
 tupiniquim? Hmmm... 
ô loco... O Bira sempre foi um cara cabeça, genial...
 mas, então o Bira 
era o “queridinho?”... isto eu não sabia... hmmm... 
deixa a doutora saber disso... (Rsss...).

BARALDI - A família dele ajudou a fundar o
 PT, então ele nasceu e 
cresceu numa família de esquerda. 
Ele, o Mastrotti e o Moacir 
Torres foram os primeiros cartunistas
 que eu conheci pessoalmente, 
os três já eram profissionais
 respeitados e eu estava começando 
meus primeiros passos, mas os três 
sempre foram muito gentis comigo.

TONY – O bengala Moa, também já estava na área...
 é, o cara é tão  jurássico quanto eu.
 O Bira, com aquele jeitão de garotão
 também já deve ser coroa, aposto. 
Interessante, prossiga...

BARALDI - Quando eu conheci o Bira, nós
 viramos “broders” 
imediatamente. Ele e a família dele são
 pessoas excelentes,
 de altíssimo nível moral. 
Eu comi muita macarronada 
na casa da mãe 
dele, depois ele adorava subir 
na laje e fumar uns cigarros do
 capeta pra fazer a digestão (risos)!


O genial Mauríco de Sousa e Marcio Baraldi 
TONY – “Cigarros do capeta”!? Putz... (Rsss...)
 você acabou de entregar 
o cara, "véio"... ele vai ficar irado... (Rsss...). 
Acho que você perdeu o 
amigo, Marcio... sinto muito. 
Esta foi phoda – a moda  antiga... 
quer dizer que o esquerdista curtia uma
 "ervazinha cabulosa"? 
(Rsss...). Não tenho nada com isso, Bira...
 foi ele que disse...
 olha a confusão armada (Rsss...).

BARALDI - Foi ele que me apresentou o 
Marcatti, que era vizinho
 dele, e nós ficamos “broders” também. 
Até fizemos um gibi nós 
três juntos, o “Pântano”, que durou um número só. 
Depois apareceu o Mutarelli e o Glauco
Matoso, e nós fizemos a
 “Tralha”, que durou só dois números. 
Durou pouco, mas 
a gente se divertiu e pegou 
experiência.

Tony – O Clauco, também? Putz... 
aí completou o time da 
“esquadrilha da fumaça”... (Rsss...). 
Nada contra. Cada um na sua. 
Também já dei uns pégas na adolescência. 
Mas, sempre preferi o "goró".
 Pergunto: O que significa exatamente 
esta expressão em inglês inventada, 
“WOR-ROCKA-HOLIC”? (Rssss...)

BARALDI - Eu que inventei! Quer dizer “VICIADO EM
 TRABALHAR COM ROCK”!

TONY – Legal.

BARALDI - Eu fiz tantos quadrinhos de 
rock e trabalhei em tantas
 revistas do gênero que acabei 
inventando essas expressão
 pra me definir(risos).
No auge desse mercado colaborei com as
 seguintes revistas,
 todas ao mesmo tempo: Rock Brigade, 
Roadie Crew, Comando 
Rock, Valhalla, Metalhead, Rock
 Underground, Rock Press,
 Rock Forever, Headbanger Magazine 
( Equador) e Metalheart 
(Portugal), sem falar num punhado
 de sites e capas para 
Cds de bandas. 
Então essa expressão era 
realmente a minha cara (risos)!

TONY – Ao mesmo tempo? Cacilda... você é
 uma verdadeira máquina de 
produção. Parabéns! Precisamos de 
mais gente assim, como você , 
que faz e acontece. Quantos álbuns 
você lançou pela Ópera Graphica?

BARALDI - Os seis primeiros. Três do
 Roko-Loko, um do Tattoo
 Zinho, Humortífero e Vale-Tudo.
 Depois a Ópera fechou e eu
 criei meu selo GRRR!..
.(Gibi Raivoso Radical e Revolucionário)
 e lancei o quarto do Roko-Loko
 (Hey Ho, Let's Go!) e o do 
Vapt e Vupt , este em parceria com a HQM.
 Foi muito legal trabalhar
 com a Opera, o Carlos Mann e o Franco ,
 desde o começo, sempre
 me trataram muitíssimo bem. 
Guardarei um carinho imenso 
pela Ópera por tudo que ela investiu 
no Quadrinho Nacional.
Muita gente criou coragem de investir
 na HQ nacional depois que
 viu o exemplo da Ópera. 
Antes dela todo mundo tinha medo de 
apostar em álbuns nacionais, foram 
o Carlos e o Franco, dois
 apaixonados por HQs, que
 consolidaram esse mercado.
 É uma editora que 
entrou pra história!

Tony – Concordo contigo. A Ópera foi de suma
 importância pras HQs 
nacionais. Republicou clássicos, lançou novos
 talentos, realizou
 grandes eventos. Enfim, foi uma grande 
editora, no sentido mais
 amplo da palavra. 
O Carlos Mann eu só vim a conhecer quando 
fui receber o meu Troféu Angelo Agostini.
 Mas, o bengala brother Franco
 é das antigas, um grande guerreiro batalhador.
 Adoro esse cara.
 Aliás, há tempos não nos vemos. 
Preciso entrevistar este fera.
 Ele, na certa, tem muitas histórias boas pra contar. 
Pois é, Marcio... 
você e muitos outros artistas nacionais
 publicaram diversos trabalhos
 pela Ópera Graphica, que lançou e
resgatou, também,
 verdadeiras pérolas das HQs nacionais. 
Na sua opinião, por que a Ópera fechou?





BARALDI - Quando a editora completou 
dez anos eles resolveram fechar.
 Na época eles disseram que já tinham 
cumprido a missão deles e
 portanto era hora de encerrar.
 Eu pessoalmente acredito que 
o Carlos preferiu produzir
 publicações mais rentáveis, para
 outros públicos. 
Afinal, o cara
 tem família pra sustentar e tal. 
Sem falar nas invejas, picuinhas e 
outras bichices que tem nesse mercado.
 Então, sob esse aspecto, 
eu acho que ele fez bem. 
De fato ele já cumpriu a missão dele
 no Quadrinho nacional e o fez
 de forma brilhante, véio. 
Tem gente que não simpatiza 
com o Carlos nesse mercadinho
 da HQ nacional, mas é inveja 
mesmo! Ninguém fez tanto
 em tão pouco tempo
 como ele e o Franco fizeram!

TONY – Realizaram um trabalho notável, 
mesmo. Mas, como você
 mesmo frisou “há outros tipos de
 publicações mais rentáveis”. 
Esses álbuns caros, luxuosos, levam 
uma eternidade pra vender.
 Você sabe... o retorno é lento. 
Tem que ter cacife pra agüentar o
 tranco até a coisa engrenar. 
Fizeram o que fizeram – aliás, digno de
 aplauso-, porque tinham um grande 
esquema na gráfica da editora
 Escala. Foram inteligentes e também 
acho que pararam na 
hora certa. Por acaso, este novo lançamento
 (Roko Loko), é uma 
homenagem a famosa banda de rock
 Steppenwolf, autora
 da música homônima?

BARALDI -  Sem dúvida (risos)!!! É homenagem 
total ao Steppenwolf 
e ao filme “Easy Rider”, verdadeiro clássico do
 cinema e da contracultura, cuja música 
tema é “Born to be Wild”.
 Se você reparar na história que abre o
 livro, é uma mistura
 dos filmes “Hair” e “Easy Rider”, é uma 
homenagem aos dois
 filmes mais clássicos da contracultura
 dos anos 60! 
Tem um quadrinho que o Roko
 tá bem bicho-grilo 
numa moto na estrada, cantando
 “Born to be Wiiiiiiild...”. No final o Roko 
é pego pelo exército e mandado 
pra guerra do Vietnã,
 onde morre , tal qual no “Hair”.
 Essa história é uma das
 minhas preferidas de todos os tempos. 
Me orgulho muito dela!

TONY – Também adorei ela. Muito legal. 
Quando foi que você
 criou os personagens mais Rock’N’Roll 
dos quadrinhos? Foi difícil começar
 a colaborar com a Rock Brigade?
 De onde surgiu a idéia de
 misturar, na dose certa, rock e humor?

BARALDI - Eu bolei a primeira HQ deles 
em janeiro de 1996 e 
ofereci na cara dura pra Rock Brigade.
 Aí eles adoraram e 
publicaram logo na edição seguinte, de fevereiro.
 Só que a minha intenção era fazer só 
aquela, receber um dim-dim e cair fora. 
Mas aí eles pediram pra fazer todo 
mês e eu tive que me
 virar pra bolar outras histórias e 
desenvolver os personagens.
 Eu topei o desafio e agora este mês a
série esta completando
 exatos 15 anos de publicação ininterrupta. 
Nada mal pra quem 
ia fazer uma só ,NE !? (risos). 
Pra fazer as histórias eu não tenho
 dificuldade nenhuma, porque 
sempre fui roqueiro,
 conheço as bandas de trás pra
 frente, então tô na minha 
praia sossegado.
 Sou o cara certo fazendo o
 personagem certo 
pro público certo!

TONY – Você é super criativo e conhece, 
de fato, o tema a fundo...




BARALDI - Agora um lance que é legal falar
é que o Roko-Loko 
é um personagem totalmente original. 
Você não conhece outra 
série de qualquer país, que dura 15 anos,
 onde o universo 
roqueiro seja tão bem satirizado, 
com tanto conhecimento 
de causa, como o Roko-Loko e 
meu trabalho rocker em geral! 
Já revirei tudo quanto é revista 
de rock do mundo: Rolling Stone, 
Kerrang, Burn, Hard Rock, e 
nunca vi nada nem de longe 
parecido com o meu trabalho! 
Digo isso não por arrogância,
 mas pra brasileiro parar de pagar 
pau pra gringo e aprender a
 dar valor pra si próprio!
 Esse é o grande problema do brasileiro
 e o por que do “Quadrinho Nacional”
 tá na merda até hoje! 
O Brasil tá cheio de obras de 
vanguarda mundial em todas as
 áreas, mas o brasileiro não dá valor.
 Prefere qualquer merda
 gringa a uma obra original e 
criativa nacional. Isso só vai
 mudar quando tivermos leis de
 proteção ao Quadrinho Brasileiro, 
como hoje temos ao cinema
 nacional e quando tivermos a 
grande mídia insuflando
 nacionalismo na população. 
Atualmente, tirando as novelas,
 a mídia só empurra
 enlatados estrangeiros 
pela goela da população! 
E todos cada vez mais 
violentos e agressivos, sem 
conteúdo nenhum e 
com valores morais 
e culturais lamentáveis.

TONY – Perfeito... você tem uma bela visão
 real de mercado. Mas, sempre foi assim, 
bengala friend... é o poder do capitalismo.
 Eles têm grana e ditam as normas
do jogo. Veja bem... a Índia é 
um dos maiores produtores mundiais 
de filmes, mas cadê os filmes
 indianos, nos cinemas e nas TVs?
 Não existem. Não conseguem brigar
 com os donos do mundo e da grana.
 O sionismo sempre mandou 
nessa merda e na América eles detém
 o poder que induz o mundo
 a consumir o que eles querem. 
Quanto a maioria dos leitores 
nacionais é lamentável... de fato, 
eles torcem o nariz só em ver
 um produto Made in Brazil. 
Puro preconceito. As vezes o fulano 
nunca leu, mas acha uma merda. 
Não percebe que consumindo o
 produto importado tá mandando
 divisas pra fora e empobrecendo
 cada vez mais o já ridículo
 mercado tupiniquim. Será que um
 dia essas cabeças mudam?
 Haja séculos... (Rsss...). 
 Mas, de volta ao bate papo... 
você está de parabéns, guerreiro. 
 Está há duas décadas colaborando 
com diversas editoras num ramo 
instável como este, não é fácil,
 bengala friend. Você já teve que 
enfrentar alguma dificuldade 
para continuar sua carreira?

BARALDI - As maiores inseguranças 
rolaram nos primeiros anos, 
quando você ainda tá fazendo 
seu nome, se fazendo no
 mercado. Eu superei essa fase rápido
 porque não perdi tempo,
 comecei moleque e fui metendo
 a cara, abrindo cada vez
 mais espaço pra mim, topando 
desafios, e sobretudo, fazendo 
muito sacrifício.
 Perdi muita festa e muita namorada pra 
ficar trabalhando no fim de semana.
 Mas não me arrependo 
porque sempre percebi que 
esse mercado era difícil
 mesmo e ia exigir muita dedicação.
 Foi uma escolha que eu fiz!

TONY – Gostei de saber disso. 
Tudo é uma questão de opção... 
quem quer chegar lá tem que ralar.
 E você é um exemplo vivo
 a ser seguido. Hoje, seu trabalho
 é bem reconhecido no mercado e
 conquistou leitores fiéis.
 Mudando o papo... outro dia, entrevistei o 
bengala brother, e meteórico, Roberto 
Guedes, e o cara acabou 
revelando que era roqueiro também 
e que teve até uma banda de rock, 
onde compunha e até cantava.
 Esta sua paixão pelo rock me obriga
 a perguntar, a final, o mundo 
quer saber (Rsss...). Você também
 teve banda, como já revelou,
 mas também toca algum instrumento?

BARALDI - No final dos anos 80, eu, o
 Marcatti, a esposa dele e
 mais um batera, tínhamos uma banda 
de blues chamada
 Cachorro Magro.
Eu tocava baixo, nós fazíamos os
 lançamentos dos nossos 
gibis e tocávamos nos eventos.

TONY - Contra baixo... este é o meu instrumento 
preferido...  ele e a batera são o ritmo do
 grupo, são a “cozinha” da banda
 e devem estar sempre em sincronismo. 
Caso contrário dá merda. 
Todos podem errar, menos o baixista e o batera, 
pois a coisa desanda, você sabe...

BARALDI - No ABC, eu também toquei
 em bandas punks e afins. 
Mas nunca foi um lance profissional, não 
ganhamos grana com
 isso, só valeu pela experiência e pra 
curtir essa fase da vida.
 Tanto que depois eu entrei na “facu”
 e encerrei essa fase.
 Mas eu ainda tenho baixo, guitarra e 
um tecladinho em casa. 
Adoro compor, tenho facilidade pra isso. 
Algum dia, quando 
eu estiver em outra fase, eu retomo. 
Se Deus quiser.

TONY – Que assim seja! Acho incrível, pois a
 maioria dos desenhistas que 
conheço também são instrumentistas
 e tem ou tiveram grupo musical...
 conclusão: acabam – em virtude dos dons -, 
tendo duas profissões
 difíceis: música e desenho. Aliás, música, 
desenho, ator de TV, teatro,
 cinema, jogador de futebol, modelo, estas são as chamadas 
“profissões marginais”, onde o p
essoal rala e poucos 
conseguem chegar a algum lugar. 
O que você tem a dizer sobre elas?

BARALDI - Que Deus ajude a todos (risos)!!! 
Eu adoro artes e
 comunicação em geral. 
Adoro teatro e música, por exemplo, mas
 chega um ponto da sua vida que a 
grana fala mais alto e você
 não pode viver de sonhos. 
Eu me especializei em humor gráfico,
 onde consegui me estabelecer, e
 deixei alguns sonhos de lado.



Álbum que mistura Rock e muito bom humor
TONY – Atualmente, o mercado da música – 
que sempre foi difícil -,  anda pior do que o mercado
 editorial neste país. Dizem que a culpa
 é da MP3. Porém, na América, o pessoal continua vendendo 
CDs. Será que aqui, num país subdesenvolvido é a falta
 de grana que faz as vendas desabarem?

BARALDI - Não foi só no Brasil não.
O mercado da música tá dificil em
 qualquer país.
 As vendas de Cds despencaram no mundo todo,
 tanto é que muitos artistas simplesmente 
pararam de gravar e tão investindo em 
shows, como o KISS, o U2 e o Iron Maiden. 
Eles até gravam algum cd de vez em 
quando, mas é mais pra ter
 um pretexto de fazer uma turnê atrás 
da outra, pois é com shows 
que tão ganhando grana. 
CD já não dá mais nada pro músico.
 Outros artistas tiveram que arrumar
 outros empregos pra
 se garantir. 
Pra você ter uma idéia, o King
 Diamond, que é
 um músico famoso no mundo
 todo, é funcionário público
 nos EUA. O Kris Novoselic, 
que foi baixista do Nirvana, 
é vereador. Tá todo mundo 
se virando fora da música. 
A internet transformou esse
 mercado totalmente!

TONY – Você quis dizer, detonou... 
A mesma tecnologia que abalou a
 indústria da música também fez balançar 
as vendas nas bancas, em
 todo o mundo. Fala-se muito em Webcomics,
 este é o futuro das HQs, 
na sua opinião? Dizem que no 
Japão a coisa já está bombando...

BARALDI - Cara, eu gosto do papel, mas
 a gente tem que pensar
 que o planeta tá muito judiado! 
A Terra não aguenta mais tanto
 desmatamento pra fazer papel, sacou? 
Você tá vendo que o 
clima e as intempéries estão enlouquecidas: 
é calor escaldante,
 terremoto, furacão pra todo lado, 
tsunami, enchentes. 
O planeta está reagindo às agressões 
que sofreu.
E essa molecada de hoje já não tá 
nem ligando pra papel, gibi, 
CD, DVD, eles só querem um Iphone
 ou Ipad. Esses aparelhos
 substituíram todas essa outras
 mídias. Ainda bem! 
Melhor assim, o planeta agradece!

TONY - É incrível que você, um cara que trabalha
 fazendo humor, aqui nesta
 entrevista está se revelando um cara sério. 
Interessante isto...
 mas, vamos nessa... Márcio, seu humor é 
diferenciado, criativo e seu
 estilo é marcante, único, inconfundível. 
Quem viu uma vez sua  arte jamais 
esquece. Como surgiu a idéia de criar
 a série Vapt e Vupt, seu 
novo livro? Eu não conhecia esses seus
 personagens e achei a série genial.

BARALDI - Valeu, man! Esses elogios vindos 
de um mestre como
 você me deixam muito feliz! Eu era moleque
 e já lia gibis seus 
como Udigrudi, Fantastic Man
 e Capitão Savana. 
Gosto de você porque, apesar de culto 
e inteligente (e justamente por isso), você 
nunca quis fazer quadrinhos 
incompreensíveis e complicados.
 Nunca quis desenhar para a crítica. 
Você optou por fazer um 
trabalho popular, desenhar para o povão.
 Eu também penso 
assim! Vim de uma família de 
operários semi-alfabetizados 
e quero fazer um trabalho que tantos
 milhões de outros operários
 consigam entender, se interessar e gostar.
 E sobretudo, tirar 
algo de positivo dali!
 A crítica adora Watchmen, Sandman, 
essa coisas. Mas você 
acha que um operário, um 
aposentado, uma balconista de 
loja consegue ler um 
quadrinho desses?!? 
Eles precisam ler um quadrinho
 que fale a língua deles, que
 diga algo que eles entendam, 
que se identifiquem. 
Por isso fiz os passarinhos 
Vapt e Vupt, que falam de
 assuntos importantes como
 guerras, violência, racismo,
 a necessidade de um mundo mais 
civilizado e espiritualizado.
 E falo isso de forma agradável, 
com humor, com uma 
crítica embutida, que até uma
 criança entende. 
A gente pode e deve ser
 inteligente sem ser complicado!

TONY – Você disse bem, eu optei por fazer 
um trabalho que visa o povão, afinal, HQs 
sempre foram veículos de comunicação de massa. 
Mas, há um bom tempo elas andam
 deixando de cumprir seu 
papel social em função de alguns
 pseudos-intelectantãs que insistem 
em elitizar a coisa. 
E o pior é que nem a elite tá consumindo a merda.
 HQs tem que ser feita como fazem
 os japoneses: com papel 
reciclado, de péssima qualidade, descartável,
 e que possam ser vendidas
 a preços populares. 
Por isso os japoneses continuam vendedo 
zilhões de mangás, semanalmente,
 de 800 págs cada edição.
 E olha que a tecnologia deles é mais 
avançada do que a nossa.
 Mas, lá, os mangás continuam vendendo.
 Os americanos entraram 
nessa onda de álbuns chiques para livrarias
 especializadas e sifú... 
nós estamos indo pro mesmo caminho. 
Quando a revista americana Famous Funnies 
foi lançada em 1934, tinha 68 págs, 60 de HQs
 e oito de anúncios e custava 10 cents 
(centavos de dólares). Uma revista 
TIME, na época, que tinha o
 mesmo número de páginas 
custava 15 cents.
 Os comics americanos, com o 
passar dos anos, reduziu o
 número de páginas, encheu de 
anúncios e os preços subiram muito. 
Hoje, um comic book normal custa em
 média de US$ 2,99 e US$ 3,99,
 enquanto a TIME custa US$ 4,95.
A proporção dos preços são similares
 à década de 30, só que os 
comics reduziram suas páginas
 para quase um terço do que era. 
Um absurdo. 
Preços só devem subir quando se aumenta o número
 de págs. Mas, na América aconteceu o inverso.
 E assim, a venda deles despencaram. 
Isto não é um bom
 exemplo de burrice que não devemos seguir? 
 Vender um gibi
 a 22 reais é um roubo. 
Mas, falando de você... Percebi que seu 
trabalho também é dirigido a grande massa
 e por isso eu o parabenizo. 
É assim que tem que ser. HQs nunca foram 
e jamais serão obra de arte. Isto é arte comercial,
 simplesmente. Prosseguindo...
Eu nunca vi, antes, alguém fazendo 
humor utilizando-se,
 também, de temas espirituais. 
Isto foi uma grande sacada, 
sua Marcio! Os espíritas não se 
ofenderam com isso, no começo?





Lançamento. Espiritismo e humor inteligente 
é o tema desses incríveis personagens
BARALDI - Os Vapt e Vupt são vanguarda 
mesmo, é um humor original, sem 
similar no mundo! O Roko-Loko , o
 Tattoo Zinho, o Rap Dez,  Sabujo Vingador, 
o Ultravesti, todas
 esses meus personagens são vanguarda total! 
Se eu tivesse nascido 
nos EUA estava milionário, seria
 um Bill Waterson, um Jim 
Davis, sacou?
 Mas eu nasci no Brasil, amo 
esse país e faço o
 máximo que posso dentro da profissão. 
Nossa realidade é essa.
 Nós podíamos ter um mercado
 de Quadrinhos forte no Brasil,
 com tantos artistas 
maravilhosos que temos.
 Podia estar todo
 mundo vivendo disso, mas somos
 covardes e despolitizados 
e deixamos o Quadrinho gringo
 nos dominar a vida inteira.
 O mercado do quadrinho brasileiro
 não passa de um gueto 
minúsculo, uma reunião de nerds
 na comic-shop da esquina. 
Somos vítimas da nossa própria
 incompetência e falta 
de nacionalismo. 
Ah, e quanto aos espíritas, eles adoram 
o Vapt e Vupt, tanto é que os 
usam direto em aulas e
 publicações de evangelização. 
Eles são muito populares nesse meio.

TONY – Pertenço a esta corrente de pensamento
 e achei fantástico
 você explorar o tema sem a pretensão
 de pregar a doutrina. 
Genial. Você é um seguidor da 
doutrina de Alan Kardec? 
Já freqüentou a sede deles lá na rua 
Maria Paula, no centro de São Paulo?

BARALDI - Eu me identifico com o 
Kardecismo e com a ufologia. 
Acredito no óbvio ululante: 
a infinitude de Deus, a dimensão
 espiritual e as inúmeras raças
 que habitam o Universo. 
Nunca fui na Federação Espírita, 
lá na Rua Maria Paula, mas 
já frequentei um Centro em Santo André.
 Acho que todo mundo 
deveria estudar esse assunto, 
seja frequentando um centro 
ou simplesmente lendo livros 
espíritas/espiritualistas. 
O mundo precisa de menos 
gente se drogando e
 mais gente lendo e estudando!

TONY – Com certeza. Os espíritas apregoam
 que nós, os seres humanos, 
estamos em franca evolução e que em
 breve deixaremos para trás
 nossos resquícios do passado selvagem.
 Analisando hoje a humanidade,
 que apesar de toda a tecnologia, parece
 estar cada vez mais violenta, 
você acredita que um dia teremos
 um mundo de paz? 
Ou isto é uma mera utopia?

BARALDI - Utopia não é. Tudo segue
 uma lógica universal. 
Se não fosse pra gente evoluir, 
a gente tava nas cavernas 
até hoje. Já evoluímos muito, mas 
 estamos num momento 
que, acredito, está rolando uma
 aceleração nesse processo,
 que inclui a retirada de muitas
 almas desse planeta, pra
 equilibrá-lo melhor. 
As pessoas se reproduziram demais e 
ocuparam as terras do planeta 
de forma desorganizada, 
desmatando, devastando o meio 
ambiente, afetando o
 equilíbrio ecológico, que precisa 
ser restaurado.
 A Humanidade fez muita besteira 
nas últimas décadas: 
bombas atômicas, guerras, violência
  ilimitada, individualismo, 
consumismo e futilidades extremas.
 Governos gastam bilhões
 com bombas para matar pessoas
 inocentes ao invés de
 investir na cura da aids, do
 câncer, da erradicação da 
fome, na geração de 
empregos decentes. 
As coisas chegaram num ponto 
que um governo 
imperialista implode seus 
dois maiores prédios e mata 
seu próprio povo pra  botar a 
culpa no Oriente e ter
 uma desculpa pra invadir
 outros países, em busca de
 petróleo e outros interesses políticos.
 Somos todos peões
 num imenso tabuleiro de xadrez, 
onde uma elite 
assassina faz o que quiser 
com a gente! Então, eu 
acredito que toda ação tem uma reação e 
a Terra já está reagindo pra exigir 
de nós, seus inquilinos, 
mais responsabilidade com o 
“imóvel” e com nós mesmos!

TONY  -  Adorei isso... se todos pensassem 
assim o mundo seria melhor. 
Mas, a ganância dos poderosos não tem limites e o
 resultado taí: a Natureza dá o troco. 
Será que esses idiotas, que só
 pensam em dinheiro, não percebem que
 se o planeta for pro saco eles
 não terão onde gastar suas imensas fortunas? 
Essa gente mesquinha 
e egoísta deveria ser fuzilada. 
Mas, deixa pra lá... 
Conta pra gente, como é a psicologia 
de Vapt e Vupt, os dois
 pássaros mais queridos das HQs. 
O que diferencia um do outro?

BARALDI - Simples. O Vupt, é o passarinho roxo. 
Ele é mais ingênuo e vive
 perguntando por que o mundo
 é assim, tão cheio de problemas e maldades.
 E o Vapt, é o vermelho. 
Ele é mais politizado e vivido e dá as
 respostas críticas que o Vupt
 (e o leitor) precisam ouvir.

TONY – Bem bolado.... Editora Mythos, do nosso
 amigo Hélcio de Carvalho, 
vamos falar sobre ela. Há quanto tempo
 você publica seus
 personagens nas revistas da casa?

BARALDI - O Vapt e Vupt sai na “Espiritismo
 e Ciência” já há seis anos.
 E faço o Ginho, o ET de Varginha, para a revista
 “UFO”, há cinco anos. Longa vida
 a Mythos, eles tem muita
 sensibilidade para investir nesses
assuntos, ambos fundamentais
 pro nosso auto-conhecimento e evolução.

TONY – O Hélcio saiu da Abril e deu uma bela 
guinada na vida ao
 abrir a Mithos e a agenciar desenhistas
 nacionais na América.
 É um herói. Sem ele nada disso
tinha acontecido e Tex estaria
 sepultado para sempre. Seguindo... 
Seu livro Vapt e Vupt saiu pela
 editora HQM, vamos falar sobre ela.
 Em que ano ela surgiu, 
foi fundada por quem? Quais os produtos que ela 
tem em bancas ou livrarias?




Chegou um personagem bem popular,
que fala a linguagem do povo

BARALDI - A HQM surgiu como um site 
sobre Quadrinhos, 
o HQManiacs
 (http://hqmaniacs.uol.com.br )
 e depois virou editora.
O dono é o Carlos “Spider” Costa 
e alguns sócios, todos amantes
 de  quadrinhos que resolveram 
entrar no mercado e lançar 
coisas que eles gostavam,
 além de Quadrinhos nacionais. 
Atualmente eles lançam gibis do 
Senninha e da Turma do Xaxado
 e muitos livros, além do Vapt e
 Vupt, como: o ZOO , do Nestablo
 Ramos, o Leão Negro, da Cynthia 
Carvalho, e best-sellers 
americanos como Walking 
Dead, entre outros. 
A distribuição deles é boa, em
 livrarias, comic-shops e 
nas melhores bancas.

TONY –  Eu não sabia disso...
 tava mal informado.
 Gosto de gente de fibra e que tem
 garra. à toda galera da HQM
 um grande amplexo e parabéns
 pela iniciativa. Sonia Rinaldi é
 uma conhecida pesquisadora pioneira
 da Ciência da Transcomunicação
 Instrumental (contato com o mundo
 espiritual e com ETs, através de
 aparelhagem, sem o uso de um médium).
 Esta estudiosa tem vários
 livros sobre o assunto, mas jamais
 li nenhum deles, ainda. 
Você a conhece pessoalmente?
 Este novo meio de fazer contato 
com a turma que passou para o outro
 plano espiritual, funciona de verdade?

BARALDI - Pra minha felicidade, eu
 conheço a Sonia. 
Ela é uma graça de pessoa.
 Ela aparece em duas HQs do livro
 e também nos comentários da última capa.
 A Transcomunicação 
ainda é uma ciência nova, mas que 
está se desenvolvendo rápido
 e a Sonia é a pioneira na América 
Latina e uma das pioneiras
 no mundo. Conforme nossa tecnologia 
e conhecimentos da física
 for evoluindo, a Transcomunicação
 evoluirá junto, pois trata-se 
de, em palavras simples, ir
 descobrindo as ondas e frequências 
nas quais os desencarnados e ETs
 operam e abrir cada vez mais 
os canais de comunicação com eles.
 Há vinte anos atrás ninguém 
acreditaria que existiria Internet, 
celulares e Ipads, hoje essas
 formas de comunicação são 
realidades concretas.
 Da mesma forma, falar com espíritos 
e ETs através de aparelhos 
será uma realidade acessível 
a todos daqui um tempo.

TONY – Vamos aguardar ansiosamente... 
Pra você, espírito e alma 
(esta última apregoada pela Igreja Católica), 
são a mesma coisa?
 O que é espírito, na sua opinião?

BARALDI - Espírito e alma são sinônimos.
 Espírito é a verdadeira
 essência de todos nós. 
O corpo físico é apenas a ”roupa” que o
 espírito usa pra viver nos mundos 
materiais, densos e pesados. 
Como diria Sting e o Police:
”We are spirits in the material world”.





Tony 28 – Os "veinhos", do Police, estavam certos. 
Perfeito discernimento sobre o assunto. 
Congratulations, cowboy. 
No ano passado o filme “Nosso Lar”,
 baseado na obra do lendário
 Chico Xavier, obteve recorde de bilheteria. 
Isto prova que nos últimos
 anos os seguidores da doutrina 
espírita tem aumentado. 
Portanto, falar sobre espíritos e doutrina
 passou a ser algo altamente
 lucrativo. Você pretende explorar ainda 
mais este filão, agora em 2011? 
Isto é, vai lançar mais edições de Vapt e Vupt?

BARALDI - Não lancei o livro pensando 
em recordes de 
vendagem porque sei que isso 
não existe no Brasil, mas bem 
que eu gostaria(risos)! 
Acho que o público dos filmes “Nosso Lar”,
”Chico Xavier” e “Bezerra de 
Menezes” não são apenas os
 seguidores da doutrina, mas também
 muita gente que não é espírita
 mas entendeu a universalidade e 
importância do tema desses filmes. 
Todo mundo quer acreditar em algo
 melhor depois da morte e algo 
maior que esse mundo mesquinho 
em que vivemos. 
Esses filmes provam que as pessoas
 não querem ver só sexo e violência na 
TV e cinema, elas querem assuntos
 humanos e importantes, ditos 
de maneira leve e agradável.
 Não vou lançar outro livro dos
 passarinhos tão cedo. 
Vou, isso sim, continuar com a série 
normalmente na revista e divulgar
 o livro até esgotá-lo. 
Daqui a alguns anos lanço o volume dois.

TONY – Captei vossos “sinais de fumaça”,
 mestre Baraldi... 
Conheço bem a doutrina espírita. 
Tenho vários livros a respeito e cheguei
 até a fazer um curso que é uma verdadeira
 faculdade, pois são 5 anos
 de estudo. Relapso, só fiz 3 anos (Rsss...),
 mas uma coisa que eu notei
 é que eles associam muito os “espíritos”
 com visões de “ETs”. 
Você que trabalha para a revista UFO 
(também da editora Mythos), 
sabe que esta revista foi fundada pelo 
Ademar Gevaerd, um estudioso 
de ufologia. Diga-me, você também
tem o mesmo ponto de vista?
 Isto é, ETs e espíritos, eles 
tem algo em comum?


Um lançamento Marcio Baraldi (GRRR!) e Rock Brigade


BARALDI - ”Extra-Terrestre” quer dize
algo ou alguém que vem
 de fora da Terra. 
Os ETs já deixaram claro que são de várias
 raças e tipos e vem de vários mundos, 
materiais como a Terra 
ou não. Situados neste mesmo
 Universo ou em outro plano 
paralelo. Os espíritos habitam o
 Mundo espiritual ou Espiritualidade. 
Ou seja, ambos estão em mundos
 e planos diferentes da Terra. 
O que acontece na verdade é que o 
Universo é infinito e muito
 rico, com incontáveis formas de vida, 
muito distintas umas das
 outras. Basta você observar na
 própria Terra, quantos milhares
 de espécies diferentes existem aqui.
 No jardim da sua casa, 
quantos bichinhos diferentes existem ali.
 Imagine então no Universo 
todo! Nós ainda estamos 
engatinhando no estudo dessas 
verdades, mas com o tempo
 iremos compreender toda a lógica 
da Vida e do Universo.
 Toda a lógica de quem ou 
o que chamamos de Deus!

TONY – Lucidez total... nem só de piadas 
vive o homem... maravilhoso. 
Gosto de gente inteligente como você...
 Pedro de Campos, autor
 dos livros “Colônia Capella” (considerado o 
primeiro livro de ficção-científica)
e “UFO: Fenômeno de Contato”, assim 
como, Euripedes Kuhl, autor de “Animais,
 Nossos Irmãos”, ambos são 
médiuns e escritores importantes 
da literatura espírita.
 Você já teve contato com eles?

MARCIO - Sim, são amigos e pode-se 
dizer que estamos 
todos trabalhando (arduamente)
 pela mesma causa nobre. 
Pra mim é uma honra ter a
 participação deles no meu livro. 
São pessoas importantes para 
a conscientização da sociedade 
sobre a realidade dos espíritos e 
dos muitos mundos habitados. 
Deus os abençõe e 
lhes dê longa vida.

TONY – Gostei de ver, tá bem enturmado, 
só gente da pesada...  
O respeitadíssimo professor 
Antônio Luiz Cagnin é professor de Semiologia 
da Imagem na ECA – USP. 
Ele é um especialista em Ângelo
 Agostini e autor de uma obra seminal
 chamada “Os Quadrinhos”. 
Você já teve contato com ele?
 O homem é seu fã!

BARALDI - Eu também sou fã dele (risos)! 
Tive a honra de , não apenas
 conhecer o Cagnin, mas de virar 
amigo dele e até entrevistá-lo 
pro site Bigorna. 
O Cagnin é um pioneiro no estudo 
dos Quadrinhos no 
Brasil. Ele e o Diamantino da Silva são
os patronos de todos os 
críticos e estudiosos de HQ no país. 
Todos devem reverência aos dois!

TONY – Perfeito. Há alguns aos atrás, eu e 
você nos encontramos numa
 dessas festas anuais de HQs que reúne leitores,
 editores e profissionais
 da área, e você me deu um livro
 “Moro Num País TropiCAOS!”, com uma 
dedicatória. Ele tá guardado até hoje em minha estante.
 Confesso que, 
até então, eu não conhecia bem o seu trabalho. 
Depois desse livro
 passei a ser seu fã. 
Parabéns, seu trabalho é sui generis!

BARALDI - Muito obrigado, de novo, Mestrão!
 Ganhei o dia com esses elogios todos(risos)!
 Foi naquela ocasião que eu o conheci
 pessoalmente e dar-lhe o livro com 
dedicatória foi uma forma de 
demonstrar meu apreço e respeit
o por você e sua trajetória. 
Longa vida a Tony Bengala (risos)! 
Ei, você é parente do Kid Bengala 
(gargalhadas)?!?

TONY  –  Kid Bengala? Quem é esse cara? (Rssss...). 
Você é eclético, uma figura inesquecível
, um grande marqueteiro de 
si mesmo (Rsss...). 
Você também já fez ou faz programa de TV?

BARALDI - Eu tô na TV direto, tô sempre 
na Gazeta, na Cultura,
 na PlayTV, na AllTV, todo espaço 
que me derem eu entro!
 Já apresentei programa na AllTV, 
onde entrevistei muitos artistas
 bacanas. Uma vez levei lá os gêmeos 
Gabriel Bá e Fabio Moon e
 mais uma banda de rock. 
Foi uma farra. Rimos que nem 
uns condenados (risos)!
Também já tive um quadro fixo
 no programa Banca de 
Quadrinhos. Se chamava “Balde do Baraldi”
 e eu só falava de
 quadrinho nacional independente, 
sempre fantasiado como o 
personagem da revista que
 eu tava comentando. 
Já me fantasiei
 desde Máscara Noturna, do José Salles,
 até a loirona Tianinha, 
do Laudo. Foi o quadro mais 
divertido que se fez sobre o 
Quadrinho brasileiro até hoje.
 Mas eu parei de apresentar,
 pois tinha outros compromissos 
mais urgente$$$$, se é que 
me entende! 
Agora eu vou nos programas 
como entrevistado mesmo.

TONY – Conheço bem o mundo do disco, do futebol, 
da música, do teatro
 e do cinema, bengala Junior, em 
alguns aspectos eles são piores do
 que o mundo das HQs. Só dá “durango kid” (Rssss...).
 Mas, o público 
iludido acha que tá todo mundo montado 
na grana.
 Isto é previlégio para 
poucos. Como  se diz por aí: 
“O sol nasce pra todos, mas a sombra, 
pra poucos”. (Rsss...). Pergunto... 
Márcio Baraldi, por Márcio Baraldi?

BARALDI - Um cara lutador, que já
 apanhou bastante da vida, já 
endureceu o couro e agora tá 
sempre pronto pra enfrentá-la!
E tenho muito mais vitórias 
que derrotas no currículo.

TONY – Você é um valente e intrépido guerreiro, cowboy! 
Sua origem e sua trajetória dizem tudo e seu grau evolutivo de 
intelecto mostra sua ótima capacidade de superar obstáculos e
 conquistar metas. Planos para este ano?

BARALDI - Já estou preparando
 meu novo livro, do meu 
personagem Rap Dez, que
 sai há oito anos na revista 
adolescente Viração. 
É o primeiro, e provavelmente único, 
personagem rapper dos Quadrinhos! 
Suas HQs são todas em versos 
rimados e são extremamente politizadas. 
Uso ele pra falar de aborto,
 diversidade sexual, Estatuto da Criança
 e Adolescente, drogas, aids,
 escola pública, enfim, todos os
 assuntos que os adolescentes 
precisam discutir e entender.
 Criei esse personagem para alcançar
 a moçada da periferia, das favelas, onde o
 rock não chega muito. Ali o que pega
 é o rap, essa é a linguagem deles!
O rap é o idioma das favelas e guetos.
 O livro deverá ter prefácio 
do rapper Rappin Hood e a participação
 de outros rappers conceituados. 
Eu adoro essa série, ela transborda
conteúdo e positivismo e acho 
que todo mundo vai gostar do livro. 
No mais vou continuar 
divulgando o livro dos Vapt e Vupt!

TONY – Então, tai... fiquem todos antenados 
que vem aí mais uma 
criação sui generi do Baraldão, galera! 
Um sonho? Uma decepção?


Um lançamento Marcio Baraldi (GRRR!) e HQM editora
BARALDI - Meu sonho é uma Humanidade
 mais fraterna e evoluída, sem fome, miséria
 e maldades. 
Sem exploração do 
homem pelo homem ou sobre os animais! 
Eu acredito, vivo e 
trabalho por isso daqui até a Eternidade! 
Minha decepção é 
saber que este sonho ainda 
está um tanto distante.

TONY – Põe distante nisso, bengala Junior... 
pra mim, se estas são suas 
expectativas pra esse mundo doido em que
 vivemos, my friend, vou lhe 
informar que isto é pura utopia.
 Somos seres bélicos e animais ávidos por 
sangue e uma boa guerrinha. 
Talvez isto vire realidade em outro plano espiritual
 ou na próxima “encadernação”... (Rsss...).
 Meu querido, bengala friend e 
grande mestre do humor, infelizmente,
 nosso bate papo maravilhoso está 
quase chegando ao fim. 
Como o pessoal pode adquirir seus  lançamentos, 
Baraldi? Pode deixar sites, e-mails, fones, e até
 “sinais de fumaça”, se quiser (Rsss...).
 
BARALDI - Vou deixar essa tal
 fumaça pra você, tá (risos)?!

Tony – De vez em quando fumo cachimbo,
 bengalinha, relaxa... 
achei você muito tenso o tempo todo 
durante este nosso bate papo, sabia?
Quem quiser adquirir os seus álbuns, inclusive
do Rap Dez, que li e achei o máximo,
como deve fazer?

BARALDI - Pra comprarem meus livros
 basta visitar meu site
www.marciobaraldi.com.br
Na seção “Lojão” estão os livros lá. O novo livro,
Vapt e Vupt você pode comprar diretamente
 no site da livraria Comix, de São Paulo .

Pra falar comigo entrem lá no 
meu site e mandem recado.


Marcio Baraldi e seu Troféu Angelo Agostini
TONY – Foi um prazer imenso trocar altos papos
 contigo e também de saber 
que você não é só um grande quadrinista
 de humor, mas também um ser 
inteligente que tem uma tremenda 
consciência dos problemas mundiais. 
Adorei te conhecer melhor, grande Marcio. 
Até a próxima e muito sucesso, cowboy!

BARALDI - Valeu, man! Sucesso pra “nóis”!
 AIOOOOOO, 
SILVEERRRRRRRR... (risos)!



LEIA EM...


http://bengalasboysclub.blogspot.com


uma sensacional entrevista com o fotógrafo, 
caricaturista, publicitário e autor
 de Histórias em Quadrinhos...


DÉCIO RAMIREZ,


Ex-discípulo do mestre Ignácio Justo.
Não perca!


Copyright 2011\Tony Fernandes\Estúdios Pégasus –
Uma divisão da Pégasus Publicações Ltda\SP\Brasil
Todos os Direitos Reservados

13 comentários:

  1. Louco! O cara é doido! O entrevistador é pirado! Só pode dar rock! Genial!

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  2. VALEU, TONAO!!!FICOU DU CARVALHO!!!
    ABRACAO

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  3. muito loko esse baraldi...
    curti muito a entrevista o cara é fera...

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  4. Muito legal! Baraldi é show.

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  5. Mandou bem,sem papas na lingua.E isso ai!Chuta o balde, Baraldi.rssss....

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  6. é isso aí.força pro quadrinho nacional.chega de invasão americana na nossa cultura.

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  7. Muito legal.Acompanho o trabalho do Baraldi faz tempo e gosto de ler suas entrevistas.Gostei do blog tambem.Valeus!

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  8. Muito boa a entrevista e o blog.Parabens a todos e que Deus abencoe os quadrinhos brasileiros.Brasileiro sempre foi um povo talentoso.

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  9. kkkkkkkkkk...
    muito inteligente e engracado...
    baraldi firmeza...

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  10. cabei de achar essa entrevista aqui.baraldao manda bem pacarai.viva o roco lokooooooooooo

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  11. Sem dúvida, galera, o Baraldão além de ser genial é um cara antenado nos problemas ecológicos, ambientais, espirituais e tem um talento especial para o humor. O cara é fera e chuta pra todos os lados.
    Gratos à todos, pela visita!

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