BRASILIAN HEAVY METAL
Durante anos a revista Heavy Metal – versão americana
da revista europeia Metal Hurlant – foi sinônimo de quadrinhos de vanguarda e
de qualidade. Participar desse famoso título era o
sonho de muitos autores brasileiros de HQs. Porém, publicar uma história em
suas páginas parecia um sonho inatingível para os artistas nacionais. O tempo
passou, Heavy Metal passou a ser editada no Brasil e assim alguns poucos
autores tupiniquins tiveram o privilégio de publicar suas HQs em suas páginas,
mesmo assim, para a maior parte dos autores deste país
o sonho ainda não podia ser realizado, visto que a maior parte das histórias
publicadas na referida revista eram importadas.
De repente, graças a um pequeno grupo de fãs de HQs e
pequenos empresários o sonho se tornou realidade e muitos autores nacionais
foram reunidos para publicar uma edição especial da...
HEAVY METAL BRASIL!
SAIBA QUEM FOI O,
MENTOR DESSE OUSADO
PROJETO...
CARLOS MANN –
Ele foi um dos fundadores da pequena banca de jornal situada na altura do
número 1771 da Alameda Lorena, na zona sul de São Paulo que, dez anos depois de
muito trabalho, acabou se transformando na atual Comix Book Shop.
Curiosamente, Joel Cardoso e
Carlos Mann – que eram sócios - jamais se mostraram interessados por revistas
de histórias em quadrinhos, mas após ler um gibi da serie X-Men, Mann, acabou
se apaixonando pela chamada Nona Arte, segundo declarou certa feita.
Aquela pequena banca aos
poucos se tornou o ponto de encontro de colecionadores de HQs, jornalistas e artistas
e visando se diferenciar dos concorrentes os donos passaram a apoiar os
fanzineiros.
Com o tempo, muitos
profissionais de histórias em quadrinhos – desenhistas e roteiristas -
descobriram aquele pequeno ponto de venda encrustado entre os arranha-céus da maior
cidade da América Latina
e isso possibilitou que Mann
descobrisse gente de muito talento e que, infelizmente, não tinha espaço para
mostrar ou publicar seu trabalho.
Certo dia surgiu a
oportunidade de Carlos Mann se envolver num projeto mais ousado quando
participou da revista Heavy Metal, que pela primeira vez foi publicada no
Brasil, na década de 90. As primeiras edições traziam apenas quadrinhos
internacionais e gradativamente surgiram timidamente as primeiras HQs Made in
Brazil em suas páginas. A edição nacional desse famoso título americano, apesar
da alta qualidade de suas histórias, teve breve duração, infelizmente. Em
termos de retorno financeiro a experiência foi desastrosa para os editores.
“Depois da minha saída da
Heavy Metal, prometi para mim mesmo não me envolver mais em produção de
edições. Contudo, parece que forças ocultas dos quadrinhos conspiravam para que
isso não acontecesse. Primeiro, com a aproximidade da comemoração dos dez anos
da fundação da banca. Depois, com o encontro que tive com Dário Chaves, outro
que também já havia prometido se distanciar da publicação de quadrinhos.
Por último, mais uma motivação
para se meter outra vez em editar quadrinhos: a realização (naquele ano) da XVI
Bienal Internacional do Livro. Entre conversas e devaneios, nos sentimos
impulsionados a tentar mais uma vez.”, declarou Carlos Mann.
A ideia era encontrar e
lançar (na Bienal do Livro) um título que pudesse comportar a diversidade das
HQs autorais. Por que não retomar a inclusão de criadores brasileiros que já
haviam participado da revista Heavy Metal, nessa nova edição especial que
planejávamos fazer só com artistas nacionais? Mas, será que os diretores da
revista americana concordariam que fosse lançada no Brasil uma edição apenas com
nosso autores?
Deodato Filho e Carlos Mann |
“Vicent, editor da editora
VHD, responsável pelo lançamento da revista Animal no Brasil (título que
publicava HQs de vanguarda voltadas ao público adulto), nos possibilitou a
participação em conjunto na Décima Bienal Internacional do Livro em São Paulo,
parceria que se repetiu alguns anos, fato que proporcionou a expansão de nossas
atividades.”,
disse Carlos Mann.
Ainda segundo Carlos Mann - ,que
algum tempo depois se tornaria
um dos mais importantes editores de HQs daquela
década
(anos 90) ao fundar a editora Ópera Graphica.
“Foi graças a Larry que a
ideia de uma edição especial da Heavy Metal feita apenas por autores nacionais
foi levada aos editores americanos. Assim, Howard Jurofsky e Kevin Eastman,
editores americanos da revista, autorizaram a utilização da marca Heavy Metal
com autores brasileiros e deram total liberdade para que o projeto fosse
concretizado no Brasil.
De imediato, Dario Chaves, se
dedicou de corpo e alma para a viabilização desse louco e arrojado projeto,
recrutando colaboradores para produzirem as HQs. Nós e essa turma de
colaboradores acabamos nos tornando verdadeiros parceiros.”
Colaboraram para realizar a edição da Brazilian Heavy Metal...
André Gil, Christiano Nunes,
Oliver Quinto, Rene Aduan Jr, Rodrigo Garcia, Marcel Caribé, Max, Paulo Bento,
Rogério Vilela e Rubens Scarelli – que produziram belas ilustrações para a
capa, sem a certeza de que suas artes seriam publicadas -, Alexandre Jubram,
André Forestiere, Douglas Quinta Reis, Drago, Leo Gibran, Nárcia Sguiba,
Marcelo Alencar, Marcelo Fernandes,
Mário Luís Barroso, Mauro M. dos Prazeres, Otávio Cariello, Rodolfo Kotsh,
Rosana Pires Roval, Otávio Venturolli.
A revista Brazilian Heavy
Metal (edição histórica) foi lançada em 1996, pelo selo Comix Book Shop, com a
devida autorização da editora americana Metal Mammoth Inc, detentora dos
direitos autorais sobre a marca.
O projeto inicial previa uma
edição de 136 páginas, mas como a ideia do projeto foi se espalhando entre o
pessoal que faz quadrinhos o volume de originais recebidos aumentou tanto que os
editores Dario Chaves e Carlos Mann se viram motivados a ampliar o número de páginas
para 200, intercaladas com algumas histórias com ilustrações de lendas
brasileiras, para possibilitar a participação de um maior número de autores.
Segundo os mentores desse
projeto, na época essa histórica edição especial reiterava a esperança no
mercado brasileiro de HQs e buscava fomentar este mercado que, infelizmente, na
últimas décadas vem definhando.
Convém ressaltar que o principal mentor dessa publicacão até inédita no país
foi Carlos Mann, um pequeno empresário, ex-dono de banca de jornais,
semi-analfabeto, que antes de enveredar pelo setor editorial trabalhou como
faxineiro, camelô, carregador e que, a partir de uma pequena banca, deu tudo de
si para tornar seu sonho realidade, fazendo a felicidade também de muitos
autores de quadrinhos nacionais.
ARTISTAS QUE
PARTICIPARAM
DO PROJETO:
Antonio Amaral, Alexandre
Coelho, Paulo Garfunkel e Líbero Malavoglia,
Ataíde Braz e Flávio Colin, Ismael dos Santos, Renato Brancatelli, Rubens
Scarelli, Priscila Farias, Cenir de Moura, Patati, Allan Alex, Louren;o Mutarelli,
Walber Feijó, Milani e Natália Forcat, Willian Bussar, Ricardo Soneto, André Araujo,
Hilário RibeirãoFilho, Flávio Mário de Alcântara Calazans, Mariza Furtado,
Júlio Shimamoto, André Kitagawa, Márcio
Alex Sunder, Gazy Andraus, Marcelo Vindicatto, Márcia Rache, Eduardo Felipe,
Alexandre Nagado, Mosquil, Luiz Fernandes Machado, Mário Lopes, Marco Soares,
Eduardo, Doc Tanno, Shlaib, Itsuo Nakashima, Arthur Garcia, Márcio Sennes,
Tofoli, Léo Gilbran, Wilson Jr, José Mojica Marins (Zé do Caixão), Laudo Ferreira
Jr, Christiano Nunes, Peof, Waldir Igayara, Oliver Quinto, Thaís de Linhares,
Lelis, Osvaldo Pavanelli, Klebs Jr, Edgar Franco, Marcelo Campos, Ofeliano de
Almeida, Paulo Sayeg, Rogério Vilela, Dadí, Luciano Irrthum, Rog[erio Cruz,
Dario Chaves, Marcello Abreu, M[ario Ucci, Maxx, Marcelo Caribé, Tcha-Tcho,
José Márcio Nicolosi, Bené Nascimento, Edgar Franco, Mozart Couto, Simone
Turini, Luís Gustavo, Luiz Carneiro e Carlos Mann.
Por: Tony Fernandes\Pegasus Studios\Redação
Uma Divisão de Arte e Criação da Pégasus Publicações
Ltda –
São Paulo – SP – Brasil
Matéria elaborada em prol da memória
das HQs nacionais.
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