quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Jennifer Nettles & Rihanna - California King Bed - Live at the 46th ACM ...

Carrie Underwood w/ Steven Tyler Undo It/Walk This Way

Aerosmith - I Don't Want To Miss A Thing (Live)

Shakira - Dude Looks Like a Lady (Live at Aerosmith Tribute)

Olivia Newton-John "Hopelessly devoted to you" Live

HERE I GO AGAIN - Whitesnake (live in London 2006)

1970s' Number Ones

Musica Popular Portuguesa - Mix 1

PSY GANGNAM STYLE video mais visto pelos coreanos

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA - OS BASTIDORES DA REVISTA MAD!


DESABAFO DE UM DOS NOSSOS 
MAIORES EDITORES DO PAÍS: OTA!



 Para quem não sabe, o bengala brother 
Otacílio D’Assunção Barros, 
                               foi um dos editores mais importantes do Brasil. 
Tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente no Rio de Janeiro, 
na década de 80. Esse valente e ousado brasileiro foi 
o responsável – durante décadas - pela bela trajetória
 da tradicional revista Mad na Terra Brasilis - título
 criado e editado na América pela U.S.A Edition, 
cujo fundador foi: William M. Gaines e seus
 editores eram: Nick Meglin e John Ficarra. 
Publicação que também conquistou o mundo.




                                 A Mad, primeiramente, foi oferecida para a
 editora Noblet, porém o editor – sem felling -, 
não acreditou no produto. Conclusão: 
A extinta e saudosa editora de Lotário Vecchi,
 adquiriu os direitos e acabou lançando este título, 
que há muito tempo já fazia sucesso nos 
Estados Unidos e em outros países. 
Venda auferida: Mais de 100 mil exemplares.

Quando soube do sucesso, o editor paulista 
Joseph Abourbih – da Noblet - queria arrancar 
os poucos cabelos que tinha na cabeça.
Durante anos a revista Mad foi um fenômeno de 
venda, pela Vecchi, e só parou porque a editora
 faliu nos anos 80. Adivinha quem era o editor? 
Nosso querido Ota, um jovem criativo e excelente
 redator e cartunista, que de imediato
 também inseriu na publicação alguns 
cartunistas brasileiros que ficaram famosos.

Tempos depois, a Mad foi publicada no 
Brasil pela editora Record. 
E advinha quem era o editor? O experiente Ota!
 Ele também foi o responsável por outros produtos 
editoriais importantes, como: Tex, Chet e Spectro.








Revista Spektro numa nova versão está sendo lançada pela Ink Blood Comics
O mesmo editor, anos depois, foi o responsável quando 
a editora paulista Mythos decidiu dar continuidade ao título.
 Mas, de repente, a Mythos também cancelou o produto. 
Motivo? Baixas vendas? A resposta é óbvia. 
Ota e sua nova equipe, mais uma 
vez ficou a ver navios. 
Outra pessoa passou a ser o editor. 
Mas, se nos divertimos a beça nos últimos 
séculos com a edição nacional da Mad, 
devemos isso ao grande guerreiro Otacílio 
D’Assunção Barros, que também sempre
 apoiou os autores nacionais! Atualmente, a 
Mad está sendo lançada no Brasil pela Panini 
Comics, mas suas vendas já não atingem
 mais os grandes picos, como no passado. 
Afinal, o mundo mudou e as vendas, no geral,
 despencaram, após a massificação da Internet.











Um novo editor assumiu o cargo.
A última vez que falei com o Ota, no Facebook, ele
 estava revoltado e me disse que estava lançando 
um livro de sua autoria e que não ia trabalhar 
para mais ninguém.

Mas, vamos ao que interessa... outro dia, remexendo
 naquilo que sobrou das minhas antigas 
coleções de revista em quadrinhos – atualmente 
ainda compro algumas edições de HQs - , 
encontrei a edição # 157 da revista Mad, datada 
de julho do ano 2.000, lançada pela editora Record, 
aonde o editor Ota, através de um editorial irônico –
 mas cheio de verdades -, mostra a realidade
 dos bastidores editoriais, que muitos desconhecem. 
Nem tudo são flores, bengalas brothers. 
Afinal, uma revista é apenas mais um 
produto editorial, como outro de uma indústria
 qualquer, tipo: extrato de tomate, café, carro, etc.
 Exige investimento pesado e requer lucro.
Quando uma revista vai bem, vende bem, dá 
lucro, está no azul, o editor responsável
 é ovacionado. 
Sua equipe é elogiada. Mas, quando a edição fica 
no vermelho um verdadeiro clima de guerra
 assombra, ronda e passa a ameaçar toda
 equipe da redação, que periga de
 ir pra rua, repentinamente.
Quem já foi funcionário de uma casa editorial
 já viu “esse filme” antes.


Trabalhei numa editora – das diversas que já 
passei ao longo dos anos-, onde quando o
 produto editorial não vendia o chefe entrava
 no estúdio e dizia: “Tá vendo! A merda que 
vocês fazem não vende! Vou fechá-la!
 Criem outra!”
Olha que o cidadão citado acima era bonzinho. 
Empresas de maior porte chegam a cortar 
o título e a dispensar imediatamente toda a
 equipe, que com certeza é substituída
 por “gente mais competente”.
No entanto, a venda de um produto editorial 
não depende apenas de “gente competente”, de
 um bom desenho ou argumento. Ela depende 
de uma série de fatores, como: Uma boa tiragem, 
boa distribuição, preço justo, boa capa, publicidade,
 estratégia de marketing e, principalmente,
 da boa vontade do jornaleiro, que precisa 
levar a revista e deixá-la bem 
exposta no ponto de venda.


     Portanto, esta visão romântica que povoa a
 mente de autores de HQs – roteiristas e desenhistas -, 
que vêem uma publicação como “obra de arte” só existe
 na cabeça de quem não conhece a coisa a
 fundo ou que nunca trabalhou dentro de uma editora. 
Nos bastidores a coisa é diferente.
Na verdade, artistas e editores enxergam
 a coisa por prismas diferentes. Enquanto artistas 
enxergam seus trabalhos como “obras de arte”,
 editores vêem a coisa como algo estritamente
 comercial. Portanto: tem que dar lucro, 
caso contrário, o produto fecha.




A coisa parece cruel, mas é a pura verdade. 
Business são business. Esta é a lei de 
mercado em todo o mundo. Alguém, em 
sã consciência, tá a fim de levar prejuízo,
 perder dinheiro? Lançar um produto não-comercial?
 É óbvio que não. Isto não existe.
Alguns editores, eles mantém uma publicação 
nas bancas desde que pelo menos ela se 
pague – os custos operacionais. 
Mas, quando ela não se paga a saída é
 extinguí-la e criar outra para substituir aquele
 título, aquele faturamento. Nenhuma empresa 
sobrevive sem dinheiro, sem honrar seus
 compromissos, ou sem pagar tributos ao
 estado e ao governo. Ninguém quer
 saber de história. Todos querem e precisam receber. 
Esta é a regra fundamental do sistema capitalista.


Muitas vezes, autores apegados as suas 
criações ficam bronqueados e desapontados 
quando um editor é obrigado a fechar 
uma edição, justamente por
 desconhecerem como a coisa funciona 
ou por terem uma visão errônea desse restrito 
e difícil mercado. Revistas, no geral, são como
 programas de TV, que quando não
 dão audiência “saem do ar”.





Entretanto, essa realidade de bastidores 
dificilmente é relatada por profissionais do ramo.
 O sucesso é efêmero, relativo, não é eterno. 
Salvo alguns casos raros como o do genial Mauricio
 de Sousa, Walt Disney e outros autores
 que são verdadeiros fenômenos de venda.
É possível sabermos como andam as vendas de 
determinado produto, quando: 1 - A empresa que o 
edita passa a fazer inúmeros títulos do mesmo 
personagem ou edições especiais. 
Essa estratégia significa: 
Estão tentando corrigir a venda que oscila; 
tiragens pequenas, má distribuição. 
Ou seja, o produto atinge um
 pequeno nicho e para compensar esse
 poucos e fiéis leitores - e para ajudar a
 pagar o custo edições paralelas -
 passam a ser lançadas.
2 – Quando a distribuição é Setorizada. 
Setorizada, esta palavra significa:
 tiragem baixa. A publicação será distribuída 
somente em praças como Rio\São Paulo – 
nas grandes cidades do país. 

 




VOLTANDO A FALAR DA MAD...
Quando encontrei a referida edição da Mad, 
aí me lembrei porque eu a tinha 
guardado essa preciosidade. 
Guardei-a devido a coragem do caro bengala 
brother e editor Ota – sempre polêmico, por 
dizer na cara aquilo que pensa- , e que num
 tom de ironia deu seu recado aos leitores
 da Mad, falando a pura e cruel realidade.


A seguir, você vai ler o texto que transcrevi, 
na íntegra, e que foi publicado na edição 157,
 da Mad, editada pela Record, no ano 2.000 –
 página 4 - Editorial. 
Confira, pois o nosso querido editor e sua
 equipe estavam pelo visto sofrendo
 pressões nos bastidores, de “forças ocultas”. 
Na seguência, confira o editorial 
que foi publicado na referida edição...





CRÔNICA DE UMA
MORTE ANUNCIADA

"HÁ MAIS DE UM ANO estamos anunciando o fim 
da revista, quem leu o editorial do número 150 
(edição comemorativa de 25 anos de MAD) 
sabe do que estamos falando. 
Bom, agora já se passou um ano, 
mas a paranóia continua! 
Eu sei que vocês não agüentam mais a 
choradeira, mas pelo que estamos sentindo
 vamos comemorar o vigésimo sexto aniversário
 da revista no olho da rua!!! Bem, agora a situação
 esta preta mesmo, quando a gente chega na 
editora metade fica olhando de cara feia para nós, 
a outra metade cochichando. É, macacada, 
tem alguma coisa no ar e já tamos preparando
 nossas bundas pra levar aquele pontapé tão esperado!!!
Mas, não se preocupem, pessoal, eu sei me
 virar, já to me filiando ao Sindicato dos Catadores 
de Latas na Praia – Ota é do Rio de Janeiro -
 e vai dar pra defender um troco. 
Parece que pagam 1 real por quilo de lata recolhida. 
Como em cada quilo são umas 200 latas, basta 
recolher umas cem mil latas pra ganhar os 500
 reais que eu preciso pra pagar a conta da Termas 69!
 Realmente não é difícil a gente se virar num
 país onde há tantas oportunidades de trabalho.
Cem mil latas dá só umas 3 mil e poucas latas por dia, 
acordando cedo e indo até de noite 
da pra fazer uma coleta boa.
Tá todo mundo disposto a me ajudar, até o barman 
da Termas 69 já garantiu que vai segurar tudo
 que é lata pra mim, por isso umas mil latas 
por mês já descolo lá. 
Agora me ajudem a conseguir as outras 99 mil latas!!!
Por isso, leitores, atendam aos meus apelos.
 Se antes eu pedia para comprarem a
 revista para não irmos à falência, agora peço
 que consumam mais refrigerantes e cerveja
 em lata e jogem na praia, assim eu e
 os outros catadores não morreremos de fome!!!”

Na página 5 – continuação da Seção de Cartas da 
mesma edição, encontrei um leitor que
 reclamava pela falta de periocidade...






 A Mad # 154 saiu com a data de Dezembro de 1999. 
A 155 # com a data de Fevereiro. 
Voces engoliram o mês de Janeiro! 
Não é a primeira vez que voces fazem isso, 
a preguiça faz muito mal a saúde.
 E não façam nada contra a Filó, a personagem 
de Gorete Milagres, do SBT (Sistema Brasileiro 
de Televisão). Ela é prima da minha avó. 
Se fizerem algo, o pau vai comer!”

O texto acima foi assinado por Claudionor Menezes de
 Almeida Júnior, de São Paulo – SP.





RESPOSTA DO OTA – na íntegra:
Vai se acostumando, Claudionor. Esta espelunca 
aqui não tem mais regularidade não! 
A editora só imprime a revista quando da 
na telha, às vezes sai Mad dois mêses seguidos, às 
vezes fica três meses sem sair. 
Não é preguiça nossa, mas a gente tem
 que ter consciência de que a revista
 está nas últimas mesmo, já que apenas
 meia dúzia de babacas como você e o
 Asnuzza continuam comprando. 
Enfim, to me preparando pra minha nova vida
 de catador de papel e lata usada na praia...
 aproveitem enquanto podem!!!
 E consumam mais latas!!!”


Mais franqueza do que isto é impossível.
Parabéns, pela sua coragem, grande Ota!
É pena que esse intrépido editor ainda não 
nos concedeu uma entrevista para botar a boca no
 trambone e nos relatar suas experiências na Mythos. 
Uma hora ele desabafa, eu acho.
 Um grande 2013 e muito sucesso, 
bravo guerreiro e bengala brother!


MAD terminando, outra vez? A revista que mais se despediu até hoje
Por sorte, a editora PANINI ressuscitou o título




Por: Tony Fernandes\Redação - Estúdios Pégasus –


 São Paulo - SP - Brasil
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