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SPRINGVILLE - Série publicada nas edições 6 e 7
da revista Apache, uma publicação da ed. As Américas,
criada pelo entrevistado da vez. |
Ele veio de Olinda, Pernambuco –
região Nordeste do país -, para São Paulo,
na década de 80 e foi parar
na porta do meu estúdio, na avenida
Jabaquara, em São Paulo. Tornou-se,
aqui em São Paulo, um ilustrador muito
requisitado, muito respeitado,
principalmente, nas agências de
publicidade.
Foi assim que nos tornamos
grandes amigos.
Fizemos alguns quadrinhos juntos –
e até co-criações -, mas depois nossas
vidas tomaram rumos diferentes.
Eu, como sempre, fiquei com um
pé no desenho de HQs e na publicidade,
enquanto ele decidiu ir atrás de fortuna
e glória no mundo da publicidade.
Mas, como era de se esperar,
o bom filho à casa torna.
E, em 2010, ele decidiu
voltar a fazer um pouco de quadrinhos –
nas horas vagas -, sua antiga paixão.
O entrevistado de hoje é...
ALBERTO JORGE DE
ALMEIDA LIMA (BETO),
Desenhista que trabalhou nas séries Fantasticman e
Fantasma Negro, no passado.
1- Tony: E aí, Albertinho, tudo na santa paz?
É um grande prazer poder entrevistá-lo e saber
que você está de volta ao
mundo das HQs, finalmente... (Rsss...).
Precisamos, sempre, de mais
guerreiros como você.
Beto: Beleza, Tony!
2- Tony: Mas, pra variar, vamos começar do
princípio... você nasceu em que dia, mês e ano?
E, em que lugar de Pernambuco?
Beto: 01/10/60, em Recife.
3 -Tony: Leu muito gibi, quando era criança
e adolescente? Quais eram os favoritos?
Beto: Li bastante. Fora algumas
coisas da Marvel e Dc comics, pocketbooks,
sempre gostei muito do material mais
sério, tipo Príncipe Valente,
Flash Gordon, Wes Slade, Gunsmoke,
Modesty Blaze, O Sombra, suspense...etc.
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Arte deste fantástico ilustrador feita em acrílico |
3- Tony: Quais eram seus autores de HQs favoritos?
Beto: Tem vários. Sempre preferi aqueles que
fazem um trabalho de muita qualidade.
Estes sempre foram bem vindos.
Saia um material chamado Krypta,
que aparecia roteiristas e ilustradores
maravilhosos!
4- Tony – Bem lembrado... os espanhóis
eram feras.
Também colecionei Kripta. Era show de bola.
Você começou a desenhar, com que idade?
É autodidata?
Beto: Logo cedo, não lembro exatamente,
mas vivia rabiscando na escola e em casa!
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Técnica perfeita |
5- Tony: Como, quando e por quê, você decidiu
fazer as malas e vir para São Paulo, com a
cara e a coragem? Isto é típico do povo da
região nordeste, admiro essa gente de raça.
Beto: Já trabalhava em publicidade
em Pernambuco, mas o campo não era
grande e resolvi pular mais
alto em busca de novas coisas!
6- Tony: Como foi que você descobriu o
meu estúdio, na época?
Beto: Passei na Young para tentar algo e lá
conheci Salatiel, que me deu o teu endereço.
Como tinha acabado de chegar
em São Paulo e tudo era novo, daí
resolvi conhecer o mercado editorial.
Foi uma aposta legal!
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Apache - Pintura em acrílico |
7- Tony: Trabalhamos juntos, fazendo
Fantasticman e Fantasma Negro, no tempo
da ETF -, e pra falar a verdade somos
co-autores do Fantasma Negro. Eu criei a idéia e os primeiros roteiros.
Você criou a imagem do personagem e
depois chegou até a escrever algumas
HQs dele contando a origem
do personagem,
coisa que eu jamais pensei em fazer.
Muitos leitores comparam seu traço
das suas HQs de super-heróis, daquela
época, a Neil Adams.
O que você tem a dizer sobre isto?
Beto: Na verdade a comparação com
Neil Adams é totalmente injusta, com ele...
acho que foi em uma
conversa de boteco, que eu não lembro
onde foi, que alguém falou que o meu
traço parecia um pouco
com o dele, coisa que eu nunca achei
nem tentei fazer.
Nesta época estava muito ligado
em trabalhos de ilustração do Bob Peak,
John Berkey e por aí vai!
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Um expert em hiper realismo |
9 – Tony: Bob Peak e John Berkey...
esses caras faziam artes fantásticas.
Poucos conhecem esses magos
da ilustração, exceto os publicitários.
É pena que, hoje em dia, muita gente não
conhece o trabalho desses feras.
Não enrola, bengala
friend... responda: Você, de fato, seguia
o estilo do Neal Adams? O povo quer saber...
Sempre foi fã dele? (Rsss...).
Beto: Como todo fã sempre tem
tendência a seguir algum artista e depois
consolidar um estilo próprio,
pode-se dizer que sim, mas havia outros
nomes que eu sempre admirei também,
como... John Buscema,
Alex Raymond, Joe Kubert, Al Willianson,
Harry Bishop (desenhista inglês
que fazia as tiras
da série Gunsmoke), Jose Ortiz,
Frank Bellamy, Jack Kirky,etc.
10 – Tony: Parabéns, pelo bom gosto, Albertinho.
Só feras... Ao longo dos anos, conheci
muita gente que começou fazendo HQs e
que acabou indo para a área da publicidade,
por ser mais rentável.
Este também foi o seu caso,
bengala brother? A grana falou mais alto?
Beto: Não. Comecei aos 16 anos
trabalhando em estúdios de agências de
publicidade fazendo direção
de arte e quando vim para cá queriam
apenas que eu fizesse estágio e eu não
queria perder tempo
começando tudo de novo, então parti
para ilustração.
11- Tony: Foi uma sábia decisão, bengala fiend...
o país ganhou um grande ilustrador e um ótimo
quadrinhista... (Rsss...).
Como eu também já fiz e, de vez em
quando, ainda faço alguma coisa na área
publicitária, sei que um artista
ganha, ou melhor, ganhava muito dinheiro
fazendo ilustrações para as agências
de propaganda.
Mas, parece que só isto não basta, correto?
Isto não satisfaz. Estou certo?
Por quê, esta insatisfação, na sua opinião?
Beto: Acho que um ilustrador não
precisa atuar em uma área só.
Tem o editorial, publicidade, enfim,
um leque enorme de coisas para explorar.
12 - Tony: Concordo, há mil e uma atividades
onde os desenhos podem ser aplicados
profissionalmente. Aliás,
tudo antes de se tornar real necessita
de uma arte.
Porém, para se chegar lá há muitos caminhos,
com certeza. Cada um faz sua melhor opção
em determinadas carreiras
conforme sua aptidão.
Você sabe que os áureos tempos
de se ganhar um bom dinheiro no mundo
das agências também
já passou - apesar delas ainda pagarem
o bem mais do que determinados setores
editoriais -, ao meu ver.
Quando entrei nesse mercado, na década de 80,
a gente ganhava dinheiro a rodo, apesar do
esquema ser puxado, pauleira,
onde tudo era pra ontem.
Mas, tudo mudou muito nos últimos anos.
Após a era da informática
os bambas da área - artistas consagrados
que eram muito bem remunerados-,
que não se adaptaram ao Macintoch
foram para a rua, perderam o emprego e
o mercado também virou
no avesso. Você também sentiu na
pele esta brusca mudança?
Ou seja, teve que se adaptar rapidamente?
Beto: Sempre fui a favor de mudanças, pois
elas sempre nos trazem novos desafios,
que precisamos enfrentar, superar.
Tony 13 - Sei que hoje você faz suas
“manchas” na base do tablet, com perfeição.
Quais são os programas que
você mais usa, para facilitar a
vida ao fazer storyboards?
O pessoal que também "rabisca" quer saber.
Beto: Uso o Painter e raramente
o Photoshop, não gosto muito. Ele é
um programa pra retoques.
Tony - 14:Gozado... cada um prefere
determinado software.
Eu uso muito o Photoshop, me adaptei
bem a ele, apesar de também utilizar o Corel
e o Painter, After Effect, etc. Acho que o ideal
é trabalhar usando (misturando) todos os
recursos deles. Mas, gosto não se
discute, bengala citizen.
Você não acha que nada substitui a velha
mancha artesanal, analógica?
Não acha que nos desenhos digitais,
como as pinturas, a coisa fica meio
pasteurizada? Tudo igual,
sem alma ou estilo próprio?
Beto: Depende. O ilustrador tem que usar o
programa como ferramenta e tentar
tirar o máximo
dela... igual ao pincel e o lápis.
Tem trabalhos que eu vejo que precisam
ser feito à mão,
então eu faço, mesmo hoje em dia.
Tony - 15: Há muito tempo as agências
não pagam mais tão bem como antigamente
e sei até que
algumas andam dando calotes e
até “canceira” para pagar... os tempos mudaram,
muito, infelizmente (Rsss...). Na sua opinião,
o que está acontecendo com as grandes agências,
que antes pagavam religiosamente em dia?
Beto: No geral, o mercado está estável.
Mas, como em tudo, existem
aqueles que não são sérios,
então sujam onde comem.
Tony -16 : De fato, pícaros existem em
qualquer ramo...
Muitas produtoras de filmes, atualmente,
passam tabalhos de storyboards.
Porém, seus preços, em geral, são
inferiores aos das agências... pergunto:
O que será que motivou as agências
a abrirem mão desse tipo de trabalho,
que acabou ficando com as
produtoras? Custo?
Beto: Para as produtoras é mais
interessante e rentável.
Elas fazem a edição e toda produção
dos animatics os storyboards em si ficam
nas mãos dos ilustradores,
daí os espaços de mercado ficaram menores.
Pagam pouco ao ilustrador para fazer
o material de animatics, coisa
que antes as agências passavam,
esta parte de ilustração
dos frames, para os ilustradores direto
e a edição de áudio
e montagem ficavam com as produtoras,
que por sua vez abocanharam tudo.
Cobram alto, ou seja, atravessaram sem
pedir permissão.
Há também a questão de organização
que a maioria dos
ilustradores não têm e muitos
vivem ainda no passado.
Sendo assim, fica difícil reinvindicar que as
agências nos passe trabalho direto.
Tony - 17: Enfim, as produtoras com a mudança
passaram a faturar mais e, nós, menos.
Assim, quem sentou nessa história toda fomos
nós, que fazemos ilustrações publicitárias.
Traduzindo: Sentamos na mandioca,
literalmente, pra falar a verdade...
(rsss...). Que merda, né?
Boa explanação.
Apesar de não nos vermos mais
como antigamente, desde que você se
casou e foi morar no interior, com a esposa,
nos falamos sempre por telefone ou via e-mail...
Por que, de repente, você decidiu
cair morar fora de São Paulo?
Beto: Cansei de cidades grandes e aqui
encontro tempo para fazer muitas coisas.
Tony - 18: A cidade interiorana de Itú,
quando comparada a São Paulo, na verdade,
é um paraíso. Porém, há
muitos bairros de São Paulo que parecem
cidadezinhas interioranas, parceiro!
Quando fui visitá-lo não vi trânsito nem
na hora do rush...incrível.
Pensei que estava em outro planeta... (Rsss...).
Adorei esta vidinha pacata.
Há tempos que você me dizia que
queria voltar a fazer quadrinhos... uma vez,
você me pediu um roteiro,
lhe mandei a nova série de Fantasticman
chamada Sobreviventes... mas, isto
já faz uns 4 anos ou mais e até agora
só saiu metade da história... (Rsss...).
Será que essa HQ um dia vai sair, de verdade?
Não acredito mais... (Rsss...).
Tô que nem São Tomé, só vendo
Pra crer...
Beto: Vai sair, sim! Procuro uma maneira
de produzir e não ficar igual a todas
as revistas que tem na praça.
Ando na correria, por enquanto....quando
abrir um espaço, termino.
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Um show de cores e bom gosto |
Tony - 19: Isto é promessa? Tá danado,
vou cobrar (Rsss...). Obviamente estou
brincando, bengala friend... sei que seu
tempo é escasso e que atender as agências
é prioridade. Fantasticman (Sobreviventes)
é apenas um projeto,
pode esperar, com certeza.
Faz tempo que você sonhava em produzir um
bang-bang – vivia me falando isso. Depois que
viu Apache parece que você ficou ainda mais
motivado e acabou fazendo mesmo. Achei isto
incrível. Por fim, Springville
virou uma realidade...
(Rsss...). A primeira parte da história saiu
nas páginas da revista Apache
(editora As Américas),
edição 5, no mês de julho, deste ano.
Pergunto: Springville é uma homenagem
que você fez à série Gunsmoke? Explicando
melhor... Gunsmoke foi uma
antiga e mais longa série de TV, de western,
que acabou virando histórias em
quadrinhos e tiras de jornais.
Sei que você é fã das tiras feitas pelo
Bishop. Fale-me sobre isso...
Beto: Não é uma homenagem em si.
Eu teria que melhorar muita coisa.
Mas o material seria uma muito melhor
se tivesse sido produzido no formato
de tiras. Aí sim seria
uma homenagem aos grandes artistas
do passado - inclusive ao Bishop -,
que poucos atualmente, conhecem.
Tony - 20: Não enrola, Albertinho... até a cara do
xerife de Springville parece com o ator que fazia
Matt Dillon, no seriado da TV. Quanto a
desenhar em formato tiras, super ampliadas,
de fato, dá uma qualidade excepcional.
Não resta dúvida.
Certo dia, o nosso saudoso e querido
bengala friend prof. Gedeone chegou no
meu estúdio trazendo uma tira do Raymond,
autografada, que o autor
de Flash Gordon, tinha
mandado para ele, pelo correio. Cara,
o original da tira era imensa.
Daí a excepcional qualidade dos artistas
daquela época, que usavam até modelos vivo,
para obter poses naturais
e um trabalho perfeito.
Naquela época jurássica, eles eram
mais bem pagos do que aqueles
que faziam os gibis.
Os grandes heróis do passado surgiram
em tiras, que posteriormente eram
montadas e se tornavam pocketsbooks,
exceto Superman, que estreou na Action Comics
e emplacou. Mas, os desenhos inicias de
Superman eram medíocres quando
comparados aos do Raymond e outras
feras da época. O homem de aço emplacou
porque era algo diferente, eu acho.
O tema era inovador. Shuster e Schulz,
antes de criarem o herói alado do
planeta Krypton, fizeram muitas HQs pornôs.
Voltando ao papo...
A primeira história de Springville
(Parte 1 e 2 – uma HQ de 20 págs), você
levou quanto tempo para fazê-las?
E, quais foram os matériais que você
utilizou na arte final? Você fez ela
com o tablet, ou foi no velho e bom
original? Dá pra explicar?
Beto: Levei um tempão, tinha que
esperar um espaço abrir para dar
continuidade, mas quando abria,
fazia uma ou duas páginas por dia.
Springville foi feita no lápis,
nanquim, pena e pincel.
21- Tony: À moda antiga. Captei vossos
"sinais de fumaça",
mestre! Pretende continuar esta série?
Beto: Depende, existe o fator “aceitação”,
mas agora estou começando outro projeto.
21- Tony: Entendi... se o público aceitar,
prossegue. Caso contrário, não. Isto se
chama insensatez. Um novo projeto de HQ?
Beleza pura, Albertinho...
É sempre bom enveredar por novos temas.
Um novo desafio sempre estimula a
criatividade. Parabéns.
Me avise quando ele estiver pronto.
Falando, ainda, de HQs... você, na verdade,
pretende voltar ao ramo, de vez, e deixar
as agências? Ou está fazendo a coisa
apenas por diletantismo?
Beto: Dá pra levar os dois, numa boa, mas
pretendo me dedicar mais aos quadrinhos.
Tony - 22: Isto é uma boa notícia.
Quais são os seus projetos
profissionais para o futuro?
Beto: Produzir álbuns no formato de tiras,
contos, suspenses, ficção, romances...etc.
23 – Tony: Legal. O mercado anda precisando
de novidades e produtos de qualidade.
Deu para faturar alto com as agências e
fazer um pé-de-meia? (Rsss...).
Beto: Ainda trabalho com agências.
24 – Tony: Esse "ainda" tem multiplos sentidos.
Quem for bom vai ler nas "entrelinhas"... (Rsss...).
Captei, outra ve, vossos “sinais de fumaça”(Rsss...).
Você sempre preferiu fazer HQs com
temas mais adultos e me parece que nunca
gostou de desenhar super-heróis...
algum coisa contra esses seres ridiculamente
bombados, que costumam vestir a cueca por
cima das ceroulas? (Rsss...).
Beto: Nada contra. Existem coisas mais
criativas e interessantes pra fazer.
Tony - 25: Também cheguei a mesma
conclusão. Muitos amigos que vieram
de fora para trabalhar em São Paulo City,
oriundos de outros estados, já me disseram
que tiveram que enfrentar, no começo,
preconceito para se enquadrar no
mercado de trabalho paulistano.
Você também
sentiu isso na pele, alguma vez?
Beto: Dá um puta trampo se encaixar
em qualquer lugar.
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Nova série que está sendo criada por Beto,
em forma de tiras de jornais |
Tony- 26: Com certeza, ainda existe muito
bairrismo e preconceito, em relação aqueles
que chegam de fora, em pleno século XXI.
Isto é lamentável, tem que acabar.
Outro dia, vi um cidadão implicar com
um nordestino, que o tal cara chama de
"planeta coco". O fulano
preconceituoso costuma dizer que
São paulo virou merda
depois que um disco voador, do planeta
coco, pousou
e deixou os nordestinos por essas bandas.
Quando perguntei de onde o cretino era,
o cara me disse: "Sou paulista.
Do interior de São Paulo."
Daí indaguei, por que é que um cara, que não é
paulistano - legítimo cidadão que
nasceu na capital -, estava se doendo
por uma cidade que não é dele?
Afinal, o sujeitinho nojento também é
um suposto invasor, do planeta interior...
(Rsss...). Aí o fulano
se tocou e saiu de fininho. É mole?
Os maiores preconceituosos não são os
paulistanos, como eu e
outros. Aliás, paulistano é coisa rara nesta
megalópolis caótica e maravilhosa.
De volta as questões...
Você deu sorte, pois a primeira agência
em São Paulo com a qual você começou a
trabalhar foi logo uma das grandes, a Almap.
Você chegou ao conviver com os lendários
João Cardarcci e a intrépida Almerinda?
Beto: João Cardacci, sim.
Ele era chefe de estúdio.
Tony - 27: Esse cara fez história na Almap...
Beto: A Almerinda trabalhava como
tráfego, mas trabalhei também com
grandes ilustradores, como: Juvenal Ramos,
João de Campos, Jesus Dias, Elias, e outros
que passaram por lá.
Tony - 28: Johnny Cardarci e Almerinda...
eles foram o "Casal Vinte" daquela conceituada
e criativa agência.
Você trabalhou ao lado de feras.E até o nosso
querido bengala friend e old guerreiro, Ailton Elias –
Autor de Brigada das Selvas e João Durão -, também
trabalhou por lá durante anos.
Diga-me, Albertinho, my dear bengala brother,
como foi que você conseguiu,
logo de cara, entrar para uma
grande agência, como a
Almap (Alcântara Machado)?
Foi fácil? Fez testes? Alguém o indicou?
The people wants know (Rsss...)!
Beto: Mostrei uma pasta de direção de arte
com algumas ilustrações minhas.
Resultado, gostaram, e pediram para
ilustrar um cartaz.
Não foi bem um teste, foi mais um
free-lance.
Ninguém me indicou.
Fui na cara dura. Deu certo!
Tony - 29: Cabra macho, cabra arretado...
taí um grande exemplo de garra para
quem quer entrar em
qualquer ramo. Tá a fim? Tem que correr
atrás, partir para cima. Gostei.
Olha, para ser sincero, eu não
acreditava mais que você ia voltar
a fazer HQs, principalmente depois
daquele roteiro do
Fantasticman que lhe mandei e
que não saiu até hoje... (rsss...).
Quando vi Springville pronta, não acreditei.
Parece que você decidiu levar
a coisa a sério desta vez...
"baixou o santo", isto é fato?
Beto: E vou fazer muito mais coisas.
Tony - 30: Espero... Deus te ouça (Rsss...).
Além de trabalharmos
juntos com HQs, também já tocamos
juntos – pertencíamos ao mesmo grupo
musical -, e sei que você é eclético.
Toca vários instrumentos
musicais, como eu , canta, compõe, pinta
quadros e adora marcenaria.
Você não acha que talvez, esse excesso
de aptidões acabam não deixando
muito tempo livre para você
se dedicar às HQs?
Digo, você tem que arrumar tempo
pra compor, tocar, fazer arranjos musicais,
gravar, pintar telas, fazer publicidade,
cuidar da família, administrar
seu estúdio, etc. Daí o tempo fica escasso,
mesmo e as HQs ficam para segundo plano...
não é isto? Parei de compor há tempos e, de
vez em quando, arranho um violão
e um teclado, pra não enferrujar.
Eu era tão maluco - no bom sentido -,
quanto você. Fazia um zilhão de coisas
ao mesmo tempo.
Mas, decidi me concentrar,
ultimamente, nas HQs... (Rsss...).
Meu “HD” andava lotado.
Beto: Dá pra organizar, Tony.
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A maravilhosa arte inacabada para a nova série Fantasticman,
denonimada: Perdidos No Infinito (Sobreviventes) |
Tony 30 – As vezes, eu acho... Alberto
Jorge de Almeida Lima, por Alberto
Jorge de Almeida Lima? Como você se
auto analisa, bengala friend?
Who are you, old bengala brother?
Beto: Nunca parei pra pensar sobre isso.
Tony - 31: Isto é piada? Não acredito...
é melhor pularmos esta... (Rsss...).
Há quanto anos você não fazia uma HQ?
Não acha que parando a gente perde o pique,
de produção?
Você sabe, fazer ilustração é
uma coisa... fazer HQ é outra. Fazer desenhos
sequênciais da uma mão de obra danada...
Beto: Faz muito tempo mesmo que
eu não faço HQs.
Não vamos pensar em ilustração,
que são feitas direcionada para um cliente
ou coisa qualquer e depois vai para o
lixo, mas em um trabalho que as
pessoas apreciem e guardem.
A diferença é muito grande.
Quanto a questão de fazer quadrinhos
na correria, não pretendo fazer
disso uma pastelaria e,
sim, um belo trabalho.
Tony - 32: Este é o meu sonho, que a cada
dia fica mais distante, utópico, visto
que temos que desenvolver quadrinhos
em meio a outros trabalhos,
para outros tipos de clientes. Mas, um dia,
chegamos lá, espero... (Rsss...).
As HQs, no país, ainda são muito mal
remuneradas, nas pequenas
e médias editoras. Se o fulano não
for rápido, não tiver pique de produção,
tá lascado.
Esta é que é a verdade.
Você está coberto de razão quando diz que
o trabalho publicitário acaba
indo parar no lixo.
Eu e você até fizemos, juntos, alguns
storyboards para os comerciais de TV da
cerveja Kayser Summer
(para a New Combates), que ninguém jamais
soube que era nosso. A gente rabisca e pinta
um storyborad que serve apenas para o dono
do produto apreciar a idéia
do filme e pro diretor do comercial se
basear nas tomadas de cena. Depois,
a arte vai toda pro lixão.
É... de fato, esta parte é frustrante pra
qualquer cara de criação.
Na verdade, um storyboard só serve pro
artbuyer (antigo tráfego) convencer o cliente
a comprar a idéia do filme.
Só isto e nada mais.
Bem, de qualquer forma, foi um
grande prazer poder entrevistá-lo e
poder ver, finalmente, uma nova
série de HQ feita por você.
Espero que novas HQs, como Springville,
virem realidade.
Aposto que seus antigos fãs – e os
novos - vão adorar.
Alguma “mensagem psicografada” (Rsss...),
em especial, àqueles que acompanham
seus trabalhos, há anos, e àqueles
que sonham em um dia entrar nesse
ramo altamente fascinante e oscilante das
histórias em quadrinhos?
Manda aí o seu recado, bengalone...
|
Capa feita na década de 80, por Alberto Jorge de Almeida Lima |
Beto: Foi um prazer, Tony.
E, para o pessoal, um grande
abraço e que tenham, sempre, muita
dedicação e amor naquilo que
queiram fazer.
Seja lá o que for...
Tony 33 – Valeu, bengala friend! Grato, por sua
atenção e até a próxima, Betão.
Muito sucesso e milhares
de novas idéias para criar e desenvolver
novas séries, cowboy.
See you later, bengala friend!
Beto: Até mais, Tony. Um abraço
Tony - 34: Prefiro um mano amplexo,
Albertinho (Rsss...)!
Let's go! See you later, webreaders!
PEÇA AO SEU JORNALEIRO...
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