domingo, 17 de fevereiro de 2013

UM NOVO MERCADO? OU NADA MUDOU? PUBLICIDADES E QUADRINHOS! MATÉRIA ESPECIAL!


UM OUTRO MUNDO, UM NOVO MERCADO,
UM NOVO BRASIL?
UMA ANÁLISE PROFUNDA DO BRASIL 
DE ONTEM E DE HOJE
E DO FLUTUANTE MERCADO 
EDITORIAL NACIONAL!

Os americanos investem pesado em mídia

Partindo da premissa de que as publicações do país e a propaganda 
e marketing estão interligadas intrinsecamente – quer queiram ou não -, 
é que decidi escrever esta matéria. Sem a  divulgação, nas diversas 
mídias e a persistência dificilmente um personagem de HQ poderá 
obter uma boa venda ou se destacar no ponto de venda. 
É preciso estar na vitrine para atrair atenção. Como o consumidor 
de quadrinhos vai adquirir uma nova publicação se ele nem sabe 
que ela existe? Está faltando mídia, estratégia de marketing, 
divulgação em massa, melhores tiragens e preços mais acessíveis.
No passado, nós, os editores, fazíamos cartazes para expor nos 
pontos de vendas (bancas). Hoje, eles são proibidos e o distribuidor 
pede que os editores façam banners, que devido ao seu alto 
custo, torna a divulgação - antes feita timidamente 
por alguns pequenos editores -, totalmente inviável.
Em geral, editores e autores brasileiros lançam seus 
produtos sem investir um centavo no principal: a divulgação. 
Basta notar o estardalhaço que Hollywood faz quando
 está prestes a lançar uma nova e cara produção. 
Há toda uma estratégia de marketing e merchandising 
por trás desses super lançamentos. 
A coisa é planejada com calma e uma boa verba é
 destinada a divulgação. Afinal, um filme desse custa 
caro e precisa gerar receita. Por que não seguir o 
mesmo exemplo do cinema, no setor editorial?
Voltando a falar de quadrinhos...

Por isso é comum vermos publicações tupiniquins não
 irem além da edição # 3, apesar dos esforços de alguns
 intrépidos e ousados autores e editores, de pequeno 
porte que sempre  acabam sempre no vermelho.  
Esses esforços só resultam, em geral, em desgaste 
psíquico, físico e monetário. Um editor pequeno que
 investiu num produto desconhecido, cuja apresentação
 gráfica é inferior aos lançamentos de produtos similares 
Made in U.S.A, sem divulgá-lo massivamente, com certeza, 
estará em breve operando no vermelho. “Vai ter que segurar 
a bucha!”, como costumamos dizer.

Um produto novo, totalmente desconhecido, que não 
aparece nas chamadas “Grandes mídias”, como: rádio
 e TV, mesmo que o editor insista em dar continuidade 
por algumas edições, dificilmente se destaca no ponto 
de venda, a não ser que a casa editorial tenha diversos 
títulos do mesmo segmento, pois assim ganhará 
um certo destaque nas bancas.
Caso contrário, um único título de perderá em
 meio aos demais concorrentes.
Obviamente, aos poucos – ao longo dos meses-, os leitores 
acabarão descobrindo esse novo título e alguns 
podem até decidir a colecioná-lo.
 Porém,nessa altura do campeonato,  o editor, que investiu ao
 longo dos meses e que  mal conseguiu pagar os custos 
gráficos e operacionais decide parar por livre e 
espontânea vontade ou por imposição do distribuidor 
que pede para ajustar a tiragem ( diminuir as cópias). 
Ou pior, o distribuidor que tem total poder sobre os editores, 
pode simplesmente mandar fechar a publicação, que não
 está pagando seus custos operacionais.  É óbvio que 
não interessa a nenhum distribuidor lançar um produto 
que não “gira bem no mercado”, afinal, ele também – 
assim como o editor e o autor – tem custos operacionais 
que precisam e devem ser cobertos. Afinal, isto não é comércio? 
Bussiness are business, my dear cane friend.

ATÉ A PODEROSA ABRIL FALHOU


Sede da editora Abril, no bairro de Pinheiros

Mesmo no passado, quando a editora Abril se esforçou 
para colocar títulos nacionais nas bancas, como Crás, 
etc, não houve investimentos em propaganda e marketing 
da referida casa editorial para divulgar tais produtos. 
Agiram como editores de pequeno porte, como amadores,
 e o resultado, como não poderia deixar de ser, 
foi negativo, infelizmente.
A Turma da Mônica e Cebolinha só emplacaram porque há 
anos estavam nas tiras de jornais e é bom lembrar que 
as tiras, em geral, na época eram um sucesso porque 
não existia papel higiênico e todo mundo acabava lendo
 a seção de tiras e passatempos dos periódicos, por 
mais incrível que isso possa parecer hoje em dia. 
Depois, os personagens do Mauricio surgiram na 
TV nas propagandas da Cica. Pouco tempo depois, a 
revista da Mônica – que tinha uma tiragem astronômica
 e um preço pra lá de bom -, caiu nas graças 
do grande púbico, obviamente.
Não quero aqui tirar o mérito do grande trabalho realizado
 pelo bengala brother e grande mestre Mauricio de 
Sousa e sua brilhante equipe, que sempre desenvolveu 
ótimas HQs e um excelente trabalho, superior aos
 importados da época – Luluzinha, Bolinha, etc-, dirigidas
 ao seguimento infanto-juvenil.  Mas, sem sombra de dúvida, 
o trabalho de marketing feito por ele – Mauricio – foi espetacular.

MAURICIO DE SOUSA, UM 
ESTRATEGISTA GENIAL!




Seus personagens já estavam em copos e camisetas – 
no merchandising -muito antes de chegar às bancas. 
A verdade é que a própria Abril não se preocupou em criar
 uma super estratégia de marketing para o lançamento da 
primeira revista da Mônica. Porém, ao longo dos anos, o
 Mauricio, sabiamente fez a coisa certa: 
divulgou a coisa a miúde.
Assim ele mostrou ser um fantástico estrategista de 
propaganda e marketing e, portanto, está de parabéns. 
Sempre curti e fui fã dos personagens desse fantástico 
criador nacional, que conseguiu superar as vendas das 
revistas Disney no país –campeões de 
“audiência” pelo mundo afora.

Os primeiros desenhos da Turma da Mônica eram 
horríveis - assim como também eram inicialmente Luluzinha, 
Mickey, Pato Donald, etc. Mas os roteiros das HQs do 
Mauricio sempre foram geniais e foram eles que nos 
cativaram, com certeza. Com o passar dos anos, a turma
 da vila do Limoeiro evoluíram muito, tornaram-se mais 
simpáticos, charmosos e hiper comerciais.
Atualmente, a Turma da Mônica é publicada em mais 

de 70 países. Isto é um feito histórico, 
incomparável no Brasil.
Outra coisa...
Quando trabalhei com o estúdio Ely Barbosa, o Ely tinha
 um cara linha de frente, um português chamado Trigo, que
 ia a luta e conseguia fechar grandes contratos 
na área de merchandising, etc.
Sem os valiosos contatos de Trigo a coisa não funcionava. 
Lembro-me bem disso e das constantes discussões que ele 
tinha com o Ely, que quase sempre não conseguia cumprir 
os prazos de entrega das artes para merchandising, apesar 
deste contar com uma grande equipe e com sua simpática 
esposa, Teresa, que agendava os inúmeros 
compromissos assumidos pelo marido.
Todos nós queremos o sucesso, é óbvio.
Mas, muitas vezes, não estamos preparados para encarar ele.
É preciso infraestrutura de produção, agilidade, etc.
Não adiante fazer uma obra de arte, na acepção da
 palavra, se você leva um mês para fazer 10 
páginas, não tem produção.
Manter vários títulos mensais não é fácil.
E comandar uma grande equipe, para que ela não dê 
mancada nos prazos, é coisa de maluco, e custa caro. 
Já passei por isso. Não é fácil.
Para falar a verdade, o Ely e seu braço direito, o polivalente 
e eficiente Mingo, faziam milagres naquele estúdio que 
começou num sobradinho próximo do aeroporto e que 
acabou indo parar naquele casão da sofisticada avenida 
Indianópolis, zona sul da capital paulista.
O estúdio vivia cheio de gente para ser atendida – 
colaboradores, como eu, que faziam os personagens
 Hanna-Barbera-, roteiristas e desenhistas,  gente que 
fazia desenhos animados e aqueles que faziam os diversos 
títulos que circulavam com a Turma do Gordo, do Amendoim, etc –
 todos personagens criados pelo genial Ely Barbosa, criador, 
também, do Zé Apostador, garoto propaganda – 
durante anos, na TV-, do Baú da Felicidade, uma das 
empresas do Grupo Silvio Santos,( Silvio Santos é o 
famoso camelô que se tornou dono do poderoso SBT
 Sistema Brasileiro de Televisão).

EXPERIÊNCIAS NA EDITORA ABRIL

Na distante década de 70 trabalhei na Abril e devo confessar 
que aprendi muito com eles. A Abril foi uma verdadeira escola. 
Faziam pesquisas constantemente para avaliar o mercado
 e as revistas Disney sempre tinham algum tipo de promoção – 
por imposição de contrato da Redibra, representante 
Disney no Brasil, na época.

VOCÊ SABIA QUE...

Até hoje quando a Abril lança um novo produto – após criterioso 
levantamento de marketing -, ela faz reuniões e promoções com
 seus parceiros, os distribuidores regionais? Pois é...  
Algumas dessas reuniões são imensas – familiares -, 
em hotéis luxuosos e elas têm o intuito de divulgar o novo 
lançamento e estimular o trabalho de seus colaboradores
 oferecendo até carros zeros como premiação para os
 revendedores que mais venderem determinado 
produto em cada região.
Convenhamos, isto também não deixa de ser uma 
grande estratégia de marketing.
Afinal, qual distribuidor regional que não vai querer
 ganhar um carro zero ou uma viagem 
ao exterior com a família?
Assim, estimulados pelos prêmios, quando o produto é
 lançado estes se esforçam em divulgar massivamente 
em suas regiões o produto “X” com banners e até veiculações
 em rádio e TVs locais. Mídia eletrônica em cidades
 pequenas custam barato, é bom frisar.
Pergunto: Qual editor pequeno pode fazer uma coisa dessa? 
Fazer luxuosas reuniões, oferecer brindes 
para estimular vendas, etc?
A resposta é simples: nenhum.



Se raciocinarmos um pouco e levarmos em conta que
 eles (Abril) têm parque gráfico, papel subsidiado pelo 
governo  – importado da Finlândia-, e sua própria distribuidora, 
dificilmente criaríamos coragem para “brigar” com 
eles no ponto de venda. A coisa é mais ou menos 
como a história bíblica do pequeno Davi enfrentando 
Golias, o gigante. Uma luta desigual, mas não impossível 
de ser vencida pelo pequenino e corajoso 
Davi, que criou sua estratégia.
O Grupo Abril é um império poderoso, conhece bem o mercado
 e sabe o que faz, há anos. Mas, eles também já foram 
uma salinha na rua João Adolfo, no centro de São Paulo,
 quando começaram. Passaram por maus bocados, 
também comeram o pão que o diabo amassou.
 Mas, se eles cresceram, isto é sinal de que qualquer 
um também pode crescer desde que tenha uma
 estratégia de marketing. Afinal, sem uma boa propaganda
 e um bom departamento de venda, não há
 empresa que vá para frente.

Meu finado avô dizia: “Não adianta fabricar ouro, se você 
não tiver uma boa equipe de venda. Você vai morrer 
com o seu ouro. Afinal, é o departamento de venda de
 qualquer tipo de empresa que alavanca o negócio. 
Sem ele, a “vaca” vai pro brejo.”
O homem sábio e velho estava coberto de razão.
Sem um bom pessoal da linha de frente, nada funciona.
Funcionários burocráticos não geram receitas.
Um dia ouvi uma história que me marcou – infelizmente não
 me lembro quem disse algo mais ou menos assim:
 “Qualquer idiota é capaz de pintar um quadro, mas 
só um gênio consegue vendê-lo.”
Hoje vejo quanta sabedoria existiam nessas palavras 
proferidas por um certo alguém numa mesa de bar.
 Produzir quadrinhos, revistas em geral, livros – ou seja lá
 o que for -, qualquer um pode fazer – tendo algum 
dinheiro ou na base do crédito -, mas vender a coisa 
é outro departamento. É preciso ser um estrategista 
ou ter um bom marketeiro por perto.

A VOZ DA EXPERIÊNCIA

O que é um homem experiente, senão aquele que já
 fez várias burradas? Afinal, quem não erra não 
aprende nunca (Rsss...). “É errando que se aprende”, 
diz um antigo e sábio adágio popular.
Em meus anos de experiência - mais de quarenta no 
ramo -, como autor e editor, só obtive um sucesso 
retumbante com O Pequeno Ninja, quando colocamos
 uma propaganda num programa campeão de audiência 
vespertina da extinta Rede Manchete de TV -nos 
anos 90 -, chamado: Ninja Jiraya.
OBS: Fantastic Man, este meu personagem nunca foi um
 recordista de venda. Mas, se tornou cult. Caiu nas graças 
dos leitores, por sorte, e por pura insistência de minha 
parte em relançar suas histórias por diversas casas editoriais  
(Noblet, ETF, Ninja, Phenix e ERT ), incansavelmente.
Voltando a falar do Pequeno Ninja...
 Lançamento: 250 mil exemplares. Venda: 125 mil exemplares. 
Um recorde extraordinário se considerarmos que ele era 
um personagem novo, totalmente desconhecido. Mas a revistinha – 
ela tinha o formato padrão dos gibis da Abril, que dominavam 
o mercado -, era em cores e devido a alta tiragem tinha 
um preço acessível. Coisa rara atualmente.
OBS: Nos pontos de venda a revista em quadrinhos do 
ninjinha ficava entre as revistas da Abril, devido
 ao seu formato e padrão similares.
Voltando a falar do êxito editorial 
do pequeno Ninja..
Portanto, isto prova que colocando o produto editorial 
no veículo certo – após minúscioso levantamento dos picos
 de audiência das emissoras de rádio e TV, público-alvo, etc,
 podemos alcançar bons objetivos. Não há dúvidas quanto a isso.
Daí, colhi depoimentos, pesquisei livros, etc, para saber
 que problemas enfrentaram no passado - num país recessivo, 
com uma inflação galopante -, nossos homens da 
propaganda e marketing. Eles também precisavam 
vender um produto – como nós -, e para tal feito tiveram
 que ralar e criar estratégias que trouxessem 
resultados. E conseguiram.
Isto prova que também podemos usar dessas 
artimanhas para alcançar nossos objetivos profissionais 
e comerciais neste mercado sempre excitante e oscilante
 em que vivemos. Vale frisar que o mercado editorial 
sempre foi cíclico, com seus altos e baixos, como a maioria 
dos seguimentos comerciais. Neste também é preciso 
ter muito jogo de cintura, imaginação e criatividade, 
para sobreviver.  Espero que o amigo webleitor 
aprecie este criterioso e providencial levantamento 
que fiz e tire suas próprias conclusões.
Bom entreterimento.
Tony Fernandes

UM NOVO BRASIL!
UMA ANÁLISE PROFUNDA 
DA ECONÔMIA GLOBAL,
DO BRASIL DE ONTEM E DE HOJE!
CRISE MUNDIAL!

O mundo está, mais uma vez em crise. A coisa é cíclica.
 Há quem diga que o sistema capitalista está falido há tempos. 
A coisa começou na América, mas são os países da Europa, 
principalmente, que estão passando por sérias dificuldades 
econômicas, gerando desemprego e descontentamento 
de sua população. Severas medidas econômicas foram e 
estão sendo adotadas por governantes locais provocando
 revolta na população – vide a Grécia, Espanha e Portugal -, 
que por não estar  acostumada a passar dificuldades
 protesta veemente. A economia brasileira, apesar de 
tudo, tem se mantido inabalável – apesar de pequenos
 ajustes econômicos aqui e ali. Mesmo assim, as vendas 
das publicações em geral no país andam caindo 
gradativamente, como em todo o mundo.
Isto prova que apesar do escarcéu feito pelo governo
 apontando os pontos positivos da nossa economia, que
 alguns setores econômicos do país não andam bem das 
pernas. É certo que não vivemos mais aquela época de
 loucura total do passado, mas nem tudo são flores.
O Brasil já enfrentou esse tipo de problema de ordem
 econômica, que já há algum tempo faz balançar a economia 
de toda a comunidade européia, que está interligada
 com a mesma moeda: o Euro.

 O Brasil conseguiu superar anos de crise, período em 
que a inflação atingia patamares terríveis em torno de 50% ao mês.
 Na esperança de superar esta época turbulenta da
 economia nacional foi criada a indexação –
 invenção brasileira que remarcava os preços mensalmente.
 Inúmeros planos econômicos sucessivos foram postos
 em prática, visando estabilizar nossa frágil moeda e 
a ridícula renda per capita, fazendo sofrer ainda mais o já s
ofrido povo brasileiro, que ao contrário de seus parceiros
 da América e da Europa, sempre esteve na corda bamba,
 vivendo uma qualidade de vida abaixo 
da média dos demais países.
Era certo que naquela época remota cada brasileirinho já
 nascia devendo uma porrada de dólares. 
O país devia uma nota preta ao F.M.I (Fundo Monetário
 Internacional) e o governo tinha um dívida interna imensa. 
Que os digam as vítimas de precatórios, títulos podres  
emitidos pelo governo, sem nenhum valor de mercado, 
que são adquiridos pelos poderosos para pagar dívidas
 de empresas endividadas com o governo, que assim é 
obrigado a engolir esses papéis sem valor 
comercial como forma de pagamento.
Quanto ao F.M.I, nós  (o Brasil) pagamos os caras e
 até emprestamos algum para eles – que ficaram na pindaíba-, 
que antes ditavam as normas e nos ensinavam 
como tocar nossa frágil economia. É mole?
Depois de diversos erros e acertos nos ajustes econômicos 
o país, por fim, se ajustou nos trilhos da economia e entrou 
no século XXI de pé direito, enquanto eclodia a crise 
americana e sucessivamente a européia. Países como a 
Grécia, Espanha, Portugal e Itália estão passando maus bocados. 
Mas, se o Brasil conseguiu superar a crise, na certa, 
os demais países também conseguirão passar por este 
duro período de turbulências, às duras penas, obviamente.

UM NOVO MUNDO! NOVOS
DESAFIOS PARA OS

PUBLICITÁRIOS E EDITORES!

Nos últimos anos o mundo mudou. As parafernálias eletrônicas
 invadiram os nossos lares e uma gama de novas opções 
de lazer acabou roubando, literalmente, a “audiência”, 
o público leitor, principalmente, os jovens.
Outro objetivo dessa matéria especial é fazer você, 
profissional da área editorial, refletir sobre o que vem 
acontecendo nos últimos anos no segmento editorial e 
ajudá-lo a ver uma luz no fim do túnel. 
No passado outro segmento da área da comunicação – 
agências de publicidade - também tiveram que 
enfrentar as agruras, os desafios de mercado e superá-los. 
Como meu estúdio vive com um pé no mundo da 
publicidade e outro no mundo editorial, creio que os homens 
de propaganda e marketing passaram no passado 
pode nos ajudar a vislumbrar melhor o presente e o futuro.
Confira esse importante e interessante levantamento...

SINAIS DOS TEMPOS
OU OS PROBLEMAS AINDA
SÃO QUASE OS MESMOS DO PASSADO?
(Depoimentos)

Veja, agora, como os homens da área de comunicação, 
do passado, viram e armaram planos para enfrentar 
um mercado conturbado, em transição e totalmente
 despreparado para adquirir bens de consumo 
e culturais, no século XX .

“Desde 1950 – quando fundei a empresa com um pequeno 
capital e uma inabalável confiança no futuro desse país – 
guiamo-nos pela certeza de que a educação, a cultura, a 
informação e o entreterimento constituíam parte
 essencial do progresso brasileiro.”
Victor Civita – Proprietário e fundador da editora Abril
Janeiro de 1978.


Victor Civita

Nota do autor: Victor Civita, acreditou no país, na década de 50. 
Investiu em produtos culturais e construiu um dos grandes
 impérios da comunicação na América do Sul: o Grupo Abril. 
Seus herdeiros, Robert e Richard, continuam aí firmes 
dando continuidade aos negócios do saudoso pai e editor.

“É de fato grande a responsabilidade de compatibilizar 
as exigências de um mercado pouco preparado pra
 receber certos bem de cultura e as necessidades de um 
país em face de transição que se encontra o Brasil.”
Roberto Marinho – Proprietário da Globo


Roberto Marinho, o criador do império Globo
Nota: Roberto Marinho foi o fundador das organizações 
Globo (Rede Globo de Televisão), outro grande império 
da comunicação no país. Atento as dificuldades de sua 
época buscou alternativas e conseguiu superar todos os 
desafios de um país despreparado para receber bens 
culturais e mergulhado numa inflação desenfreada. 
Afinal, problemas existem para ser superados.
22 de fevereiro de 1978.

“Embora a população brasileira esteja hoje em torno de 1
14 milhões de habitantes, estima-se em 35 milhões o 
número de classificados como “população economicamente ativa”.
Análise da Economia para Homens de Negócio. 15 de março de 1978.




Nota: Dado mais ou menos confirmado pela constatação 
de que apenas 30% dos brasileiros – naquela época -, 
eram consumidores habituais de pasta de dente.
 
“Com o mercado betumado, os 
homens de marketing 
viram-se diante da constrangedora situação de não
 ter platéia para a qual apresentar suas habilidades,
 pois o preço do ingresso é proibitivo. 
O marketing passou a ser algo assim como uma ação entre amigos.”
Tom Camargo – Jornal gazeta Mercantil
Abril de 1978
 
Nota: Não seria hoje esse mesmo problema que tem 
enfrentado as publicações no país e, especialmente, as 
histórias em quadrinhos, que se tornou uma “ação entre 
amigos” e que sofre com “falta de platéia”?

“Continua alta a proporção de famílias que é obrigada 
a restringir seus gastos em função da inflação. É maior o 
número de donas de casa que sofrem as conseqüências 
do aumento do custo de vida com grande intensidade. 
“Esticar o dinheiro” introduz mudanças no estilo de vida. 
As consumidoras se vêem forçadas a viajar menos,
 sacrificar idas a restaurantes, cinemas, evitar passeios
 de carro. O lazer habitual – assistir TV – é uma 
distração valorizada. Os programas são considerados
 informativos, educativos e variados, embora, 
qualitativamente, deixem a desejar.”
Pesquisa feita pela “Listening Post” para a 
agência Standard, Ogilvy e Mather
Dia 3 de abril de 1978

Nota: No passado, devido a alta inflação, as famílias 
tiveram que se ajustar e até a reduzir drasticamente 
seus gastos, provocando assim um baixo consumo em geral. 
Este problema não temos mais em 2012, mas mesmo
assim as vendas de produtos editoriais não
 se mantém num bom patamar.

“Uma peça de propaganda é boa se contribuir para 
conquistar ou manter um consumidor. A ambicionada 
liberdade de criar, em propaganda, habita uma cela 
dos valores do consumidor e do custo que o anunciante
 esteja preparado para pagar. Uma análise da interação
 entre a propaganda e a cultura será meramente l
írica se essa realidade for esquecida.”
Ivan S. Pinto – Artigo baseado em palestra feita 
no 3º Congresso Brasileiro de Propaganda –
Publicado no Jornal da Tarde, em 29 de abril de 1978.
Nota: Observe como uma boa peça de propaganda, de 
quadrinhos, ou qualquer outro produto editorial, só terá um 
real valor quando atingir seu objetivo:
 Conquistar e manter seu consumidor.

“O consumo per capita de sabonete no Brasil é de 700 
gramas por ano, mas, excluídas as pessoas sem condição 
de compra, ele sobe 1,1 quilo\ano, ou cerca de 200 
gramas/ano a menos que nos Estados Unidos.”
Gazeta Mercatil
Dia 5 de abril de 1978

Nota: Para fazer com que um público despreparado viesse
 a consumir mais sabonete nossos homens de propaganda
 e marketing tiveram que pensar e trabalhar muito. 
Pois a nossa realidade cultural era diferente da de países 
mais evoluídos, como os Estados Unidos.
 Não é por esse mesmo tipo de problema que passa 
hoje nossas histórias em quadrinhos, que sofre uma 
espécie de rejeição por parte do público-leitor?

“Até o final do ano passado, o consumo brasileiro per
 capita de margarina atingiu pouco mais de 1 quilo por ano. 
Nos Estados Unidos a média é de 4 quilos/ano e na Holanda, 
maior consumidor, de 15 quilos por ano.
Gazeta Mercantil
Dia 7 de Maio de 1978



 “Se o produto per capita é baixo não há como evitar que 
o consumo per capita seja baixo também. Temos aí a 
primeira limitação física às dimensões do mercado interno.”
Ministro Mario Henrique Simonsen em conferência proferida
 na Escola Superior de Guerra, em 20 de maio de 1978. 
Publicado no jornal O Estado de São Paulo.

Nota: Atualmente não temos esse tipo de problema. 
Somos mais de 180 milhões de brasileiros, que apesar de
 ainda ter uma renda per capita inferior aos países mais 
desenvolvidos, ela está em alta. Portanto, há mais gente.
Cadê os consumidores de HQs e revistas?

“O publicitário que vive nas grandes cidades não conhece 
a realidade brasileira e, quando muito, apenas vislumbra
 o cotidiano do proletariado mais sofisticado desses centros. 
O resultado é que ele não sabe falar para o resto do país.”
Rodolfo Lima Martensen – Revista Exame
Dia 24 de maio de 1978.

Nota: Será que esse mesmo problema não aflige nossos 
redatores e escritores? Será que falamos a linguagem dos
 mais distantes rincões do país?

“É preciso que o Brasil abandone o mimetismo 
mercadológico da absolescência, copiando dos países
 capitalistas desenvolvidos e parta para uma identificação 
realista das necessidades fundamentais de sua população.”
Ivo de Miranda Reis – Gerente de Marketing da 
São Paulo Alpargataz – Revista Exame.

Nota: Ao meu ver, os produtos editoriais nacionais, 
especialmente as HQs, precisam adquiri identidade 
própria, como: formato, nosso, padrão, estilo, etc. 
Há séculos meramente realizamos criações baseadas
 nos modelos americanos. Talvez assim possamos conquistar 
nosso fiel público-leitor. Outra coisa: Quais são as
 necessidades fundamentais da nossa população. 
O que o leitor atual deseja ou sente necessidade de ler?

“A propósito, a produção nacional de ovos foi de 521 
milhões de dúzias, em 1977, e o consumo per capita, 
de 60 ovos por ano.”
Gazeta Mercantil
19 junho de 1978.

Nota: Esses trechos de matérias e depoimentos que colhi 
são de extrema importância. Nelas podemos observar como os 
marketeiros e publicitários do passado tinham uma série de 
problemas para suplantar. Daí você pode estar se perguntando:
 O que revistas e  HQs têm a ver com quantidades de ovos vendidos?
 Simples...Se  ovos, margarina, etc, produtos alimentício básicos 
de qualquer cozinha não eram consumidos como nos países 
desenvolvidos da época, isso prova que tudo é uma 
questão cultural. Hoje a produção desses produtos é imensa.
 Porém, o consumo desses produtos só foi intensificado 
mediante ostensivas campanhas publicitárias de 
conscientização sobre eles e seus benefícios. 
Está na hora de se criar campanhas que estimulem a leitura de revistas.
“...considero um erro a imitação dos padrões de produção
 norte-americanos, porque a composição de renda no Brasil 
é muito diferente da dos Estados Unidos.”
Hélio Beltrão – O Estado de S. Paulo
25 de junho de 1978.

Nota: O mesmo problema do passado ainda perdura nos dias de hoje.
 Apesar da avassaladora crise monetária internacional, lá fora
 a renda per capita ainda é maior do que a da nossa população.
 Impor produtos editoriais ou qualquer que seja a preços extorsivos 
só irá afastar cada vez mais o público-leitor, que atualmente 
tem “gratuitamente” acesso de lazer e entreterimento na Internet. 
Portanto, produtos sofisticados, elististas, com tiragens 
limitadas, só tem piorado o cenário nacional.
 
“Atualmente, 45% do faturamento da Alpargatas corresponde 
à participação de produtos destinados a consumidores que 
ganham até quatro salários mínimos... apoiada numa divulgação
 maciça do produto... sem utilizar como parâmetros estratégias
 em voga nos países dominados pelo estilo americano de publicidade...”
George Fletcher – Depto de Marketing
São Paulo Alpargataz – Publicado no jornal
Diário Comércio e Indústria
6 de Julho de 1978

Nota: Nos países dominados pelo sistema americano de 
publicidade, diversos veículos de comunicação sempre foram 
utilizados para se chegar aos consumidores, como: publicidade em
 jornais, revistas, TVs, outdoors, etc, visando uma maior exposição 
dos produtos, que consequentemente acabam obtendo
 um maior consumo. Como diz um velho adágio popular: 
“Para que um produto venda é preciso estar na vitrine”.
 Quanto mais se divulga, mas ele é conhecido. Isto aumenta a 
produção, reduz os custos e este fica mais acessível à todas
 as classes sociais.  Portanto, falta marketing para as 
publicações nacionais, melhores tiragens, melhor distribuição
 e preços mais populares.


A galera da DPZ, uma das maiores
agências do país. Grandes estrategistas.
“A partir de hoje... o novo Centro Nestlé de Informação ao Consumidor. 
A empresa percebeu “as mudanças sócio-econômicas que transformaram
 a mulher brasileira em uma consumidora mais atenta e exigente”
 e se antecipou à necessidade de criar novas formas
 de comunicação para atendê-la.”
Publicado no Jornal da Tarde
19 de julho de 1978

Nota: Com certeza, a maioria dos editores e autores de hoje 
não estão atentos as mudanças sócio-econômicas do mercado, 
que sempre ocorreram e sempre irão acontecer.
 Será que não devemos criar novas formas de comunicação
 para atrair e atender os novos leitores?

Assunto: “O POBRE MERCADO INTERNO”
“... com esses dados, que os próprios industriais e planejadores de
 marketing certamente têm em mãos, a posição ante esse
 estrangulamento mercadológico é apenas tímida.”
Rone Lage – Diário Comércio e Indústria
19 de julho de 1978

Nota: Como pudemos observar na década de 70 muitos produtos,
 que hoje são consumidos popularmente se restringiam a pequenos
 nichos de mercado, devido a alta inflação, assim como a questões 
culturais de nosso país. Com a mudança radical ocorrida ao longo 
dos anos podemos concluir que a coisa mudou, é óbvio, devido
 a uma estabilidade da economia, maior renda per capita e
 massivas campanhas para a divulgação desses produtos que
 até então eram pouco consumíveis. Aplicar os princípios básicos 
de propaganda e marketing em nossas publicações é o
 melhor modo de melhorar as vendas.

“A escalada do custo de vida deverá trazer um inevitável 
desgaste nos orçamentos das famílias de baixa renda e 
média, refreando os gastos em artigos de menor necessidade.”
Análise da Economia para Homens de Negócio
24 de julho de 1978

Nota 1: Nessa época o Brasil vivia sob o regime militar e
 uma inflação galopante, como já citei. Por sorte, já superamos 
esta terrível fase.  O trabalhador, da época, era mal remunerado, 
e assim refreava os gastos com artigos considerados supérfluos.
 Entreterimento, seja ele qual for – mesmo que tenha um cunho 
cultural-, não é uma necessidade básica. Portanto, trata-se 
de produto supérfluo, para boa parte da população, que só
 pode gastar com este item mediante grandes campanhas
 publicitárias. O trabalhador brasileiro, em geral, ainda sofre
 do mesmo mal: baixa remuneração.
 Como vai poder adquiri livros, jornais e revistas, a preços abusivos? 
É bom lembrar que, o papel usado para imprimir obras
 de cunho cultural é subsidiado pelo governo. Ou seja, é isento
 de imposto. Entretanto, devido as baixas tiragens, os livros
 no país são vendidos a preços que estão além do poder 
aquisitivo de grande parte da população, que fica sem ter 
acesso a cultura. O povão sofre de dois grandes males: 
a exclusão tecnológica e a exclusão cultural – apesar dos 
esforços do governo. Grande parte da população não tem
 acesso a informática ou aos livros. 
No país, só consegue se formar num curso superior os filhos
 daqueles que tem uma maior renda e isto corresponde
 a uma parte ínfima da população, infelizmente.

Nota 2: A exclusão digital expande-se pelo planeta na
 mesma velocidade em que a rede mundial de computadores
 ganha importância e invade o cotidiano de seus
 usuários, pois apesar dos  preços dos computadores 
terem abaixo essa tecnologia ainda está longe de poder
 ser adquirida pela maior parte da população de
 baixa renda que habita este mundo.

LINUX: SINÔNIMO DE
INCLUSÃO DIGITAL

No Brasil, nas periferias das grandes cidades surgiram os
 Telecentros Linux, um programa gratuito contra a 
exclusão digital. O programa começou na periferia de 
São Paulo, mais especificamente na zona leste, na 
Cidade Tiradentes,  e desde então tem  se expandido a 
passos largos pelos bairros mais carentes da cidade,
 funcionam gratuitamente e há funcionários especializados
 para orientar os usuários. Inicialmente, este programa 
governamental paulistano começou usando as duas 
plataformas, Windows e Linux. Mas atualmente toda a rede 
da plataforma chamada “Acessa São Paulo” utiliza o Linux,
 que foi criada em 1991 pelo finlandês Linus Torvalds e que
 tem como principal característica o fato de todos os 
seus códigos-fonte serem abertos aos programadores. 
Vender ou disponibilizar uma versão pessoal do Linux
 não é pirataria. Além de seu preço no mercado ser 
ridiculamente mais barato que o Windows, da Microsoft. 
Além disso, o Linux pode ser baixado gratuitamente na Internet. 
Os Telecentros paulistanos criados pela prefeitura do 
estado é um belo exemplo de inclusão digital. Neles, os 
habitantes dessas regiões carentes têm gratuitamente aulas
 de informática. Porém, não adianta os menos afortunados 
ter acesso as maravilhas da Internet se, ao chegar em 
casa, não tiver um prato de comida na mesa. 
Combater a miséria é meta fundamental para termos 
uma melhor renda per capita e novos consumidores.

SOBRE OS COMERCIAIS DE TV

“Os telespectadores... tampouco se lembram das mensagens
 veiculadas... comparativamente a quatro anos atrás o nível 
de recordação caiu de 35,5% para 11,9%.”
Diário Comércio e Indústria
8 de agosto de 1978.

Nota: Se naquela época o nível de recordação da população
 teve uma brusca queda, isto significa que as mensagens
 veiculadas na TV eram pouco criativas e não estavam 
cumprindo sua função. Ou seja, havia alguma deficiência de comunicação. 
Quando elaboramos um novo produto editorial, qualquer que seja, 
será que estamos, de fato, sendo criativos?
 Ou estamos caindo na mesmice?

“A substituição de matérias primas importadas, a fuga da 
sofisticação, o conhecimento das linhas de crédito ou à
 procura da redução de impostos são os caminhos,
 para bens mais acessíveis.”
Diário Comércio e Indústria
13 de agosto de 1978.

Nota: Parece que os itens básicos do comércio mundial, 
citados no trecho da matéria acima, há muito tempo 
foram esquecidos por nossos editores.
 Hoje, se visa produzir menos, produtos editoriais 
sofisticados, para pequenos nichos e essa fórmula maluca
 não tem dado certo. Mas, convém frisar que esses editores
 seguem as regras ditadas pelo único distribuidor do país.

“Silvio Bresser, diretor dos supermercados Pão de Açúcar, 
queixou-se de que, por defeito da estrutura social do país, 
as nove mil lojas de supermercados instaladas atendem 
somente a 20% da população, faixa que absorve 80% 
da renda nacional. Revelou que sua empresa decidiu
 enfrentar o problema – a falta de mercado consumidor – 
instalando lojas simples e com produtos baratos
 nas imediações das favelas.”
Gazeta Mercantil
19 de agosto de 1978

Nota: Taí um grande exemplo do passado que deve e pode ser 
seguido nos dias de hoje, que apesar de termos uma
 maior renda per capita, ainda excluímos boa parte 
da população de ter acesso a produtos editoriais
 e culturais caros e sofisticados.

“Apesar disso, a presença de televisores por domicílio
 cresceu cerca de 63% de 1972 a 1976. Em 1972, 
aproximadamente 5,8 milhões de lares possuíam
 pelo menos um aparelho de TV, enquanto que, em 1976, 
este número passou para 9,5 milhões de domicílios no Brasil.”
Gazeta Mercantil
23 de outubro de 1978.

Nota: Com o aumento da demanda por aparelhos de TV –
 devido ao crédito facilitado -, aumentou sensivelmente 
a produção dos aparelhos, na época. Fatalmente os 
consumidores saíram – graças as campanhas publicitárias – 
em busca de entreterimento e “cultura” barata. 
Esse fator ainda persiste em nossos dias onde o rádio, 
a TV e a Internet , são os grandes veículos de comunicação 
não só no país, mas por todo o mundo.
“Apenas 1,49% dos brasileiros que trabalham – menos de
 500 mil pessoas – é remunerada com mais de 20 salários 
mínimos mensais (31.200 cruzeiros), o que significa
 um aumento de 0,32% sobre 72.”
Revista Veja
23 de agosto de 1978

Na época, a mais famosa revista de atualidade do país – 
editada pela Abril até hoje-, registrou os índices entre 1978 
e 1972. Esse quadro não mudou muito em comparação aos
 dias atuais, ainda onde uma pequena parcela da população 
consegue auferir rendimentos equivalentes a mais de 
20 salários mínimos. Esse público classe “A” sempre 
existiu. Mas, em que tipo de produto editorial estariam 
eles interessados? Em histórias em quadrinhos?

“O saber ler e escrever é seguramente a condição primeira 
e essencial para a incorporação do homem e uma 
economia moderna e a um consumo moderno.”
Análise da Economia para Homens de Negócio
31 de agosto de 1978.

Nota: Pouco se tem investido em educação. Ainda há muitos
 analfabetos no Brasil. Um país se faz com homens e livros. 
Como esses cidadãos vão consumir livros, se não sabem ler?

“Eu não agüento mais a pretensão de intelectuais que acham
 que possuem o monopólio do saber. Com que direito? 
Eu fico com os 10 milhões de espectadores contra essa
 minoria absurda que faz desse monopólio um instrumento
 de sua luta pessoal pelo poder.”
Cacá Diegues
O Estado de São Paulo
3 de Setembro de 1978.

Nota: O grande cineasta bravejou severamente 
contra os pseudos-críticos que se julgam – até hoje -, 
os senhores do saber. Preferiu ficar com o povão, afinal: 
“A voz do povo é a voz de Deus”, diz um antigo preceito popular.
 Fazemos arte comercial para a grande massa e não para 
meia dúzia de pseudos-críticos que nem se quer compram 
nossos produtos. O povo quer apenas se divertir e ele
 pouco importa se o trabalho foi feito por brasileiro e chinês. 
Se gostou, compra. Se não gostou, não compra. 
É simples. Autores, em especial, de quadrinhos são 
excessivamente preocupados com a opinião de críticos
 e de outros desenhistas e acabam se esquecendo do principal: 
agradar seu editor e o grande público, lamentavelmente.
“Os publicitários estão muito distantes do público, em 
virtude da concentração de renda cada vez mais patente. 
Disto se deduz que o homem de propaganda, à medida que
 adquire um padrão de vida melhor, que desenvolve um 
bom gosto marcante, se distancia ainda mais do chamado “povão.”
Júlio César Ribeiro – Asteriscos
Diário Popular
3 de Novembro de 1978.

Nota: Não seria também este o nosso mal?
 Não estaria todo autor de HQ se distanciando do seu real público-alvo?
“...não resta dúvida que, não obstante ter sido a “recepção 
de idéias” a linha dominante de nossa história mental, 
veio paulatinamente se revelando e se consolidando a
 nossa “individualidade nacional”, mesmo porque se as
 elites se debruçam sobre o Atlântico, ávidas das últimas 
novidades de Paris ou Londres, a massa do povo 
continuou fiel a seus valores construtivos iniciais.”
O Estado de São Paulo – Artigo do professor Miguel Reale
20 de janeiro de 1980

Nota: Se hoje, nós, os mais afortunados, podemos nos 
debruçar sobre a Internet em busca de novidades de além
 mar, o povão continua aí, firme, se lixando para culturas 
alienígenas e fiéis as suas raízes. Não estamos, todos, 
perdendo o poder de comunicação com essa grande massa?

 “...na veiculação publicitária que agora tenta encontrar 
uma classe economicamente rural, através do processo 
de interiorização que começa a ocorrer. 
Está nascendo uma nova massa consumidora. 
O apoio que o governo tem dado... vai provocar o
 enriquecimento das zonas rurais... as empresas 
terão de fazer uma análise de valor para se adaptar 
às novas condições. Esta análise caminha 
do supérfluo ao essencial.”
Meio e Mensagem  - revista dirigida aos publicitários – 
1ª quinzena - Janeiro de 1980.

Nota: Como podemos observar no trecho da matéria acima, 
o mercado sempre está em constante mutação e cabe
 aos homens da área de comunicação estar atento a
 essas bruscas mudanças, para adequar estratégias de
 marketing e produtos de acordo com as mudanças sociais. 
Mauricio de Sousa é um homem de visão. 
Quando percebeu que seu público-leitor estava migrando
 para os mangás – que virou moda nacional-, criou a
 Turma da Mônica Jovem – no
 estilo mangá-, que virou um sucesso absoluto.
“Nós não podemos progredir sem a segurança de uma 
qualidade impecável; o consumidor deve obter resultados 
com os quais ele contava antes de adquirir qualquer dos produtos.
 Depois de definir o consumidor brasileiro como um 
“elemento desinformado” capaz de assumir produtos 
artificiais como os verdadeiros naturais e de comprar
 a prestação sabendo que está sendo prejudicado, 
Ballarin defendeu a idéia de que este mesmo
consumidor tenha acesso às verdades, às características 
dos produtos que consome... defendendo sempre a 
“proteção ao consumidor” é assunto amplo e que envolve
 processos que vão desde a eficiência do produto
 à inteligência do consumidor.”
Diário Comércio e Indústria
Entrevista com Oswaldo Ballarin,
Presidente do Conselho Consultivo da Nestlé
20 de outubro de 1980.

Nota: Este público consumidor desinformado ainda existe 
em pequena escala. Com os sofisticados meios de 
comunicação que passaram a vigorar no final do século XX, 
onde parte da população tem acesso, criamos um novo 
tipo de consumidor mais exigente e que está 
sempre atento aquilo que consome.

  DESAFIOS DA PROPAGANDA BRASILEIRA

“O maior desafio da propaganda brasileira não está nos 
seus aspectos técnicos ou estruturais, mas no caráter 
preconceituoso e alienante de que ainda se revestem
 certos aspectos da atividade publicitária.
 O estilo, a linguagem e a tipologia apresentados
 pelos anúncios e comerciais de TV, por exemplo, pouco
 têm a ver com a nossa realidade social.”
Jornal  Shopping News
Entervista com Hélcio Emerich – ALMAP
31 de agosto de 1980


A sede da poderosa ALMAP fica nesse edifício luxuoso, em São Paulo
Nota: Não seria o desafio enfrentado pela propaganda, 
no passado, o mesmo problema que nós, editores, autores
 e produtores gráficos, enfrentamos atualmente? 
Nossas criações, na verdade, tem pouco a ver com 
a realidade social do nosso país, devido ao preconceito 
por parte de alguns leitores nacionais, que simplesmente
 torcem o nariz quando descobrem um produto nacional. 
No passado muitos editores – inclusive a Abril -, investiu 
em produtos feitos por autores brasileiros. Porém, o público 
os rejeitou, em sua grande maioria. Poucos títulos nacionais 
foram bem recebidos ou perduraram por bom tempo nos
 pontos de venda. Até quando essa rejeição vai durar? 
Taí um grave problema para ser superado.

 “A década de 80 verá a tomada de consciência do
 homem de negócios brasileiro a necessidade, cada 
vez maior, de falar com seus consumidores em São 
Paulo, no Rio de janeiro, em Porto Alegre, nas outras 
capitais, mas também em Araraquara, em Campo Grande,
 em Caxias, em Roraima, em Manaus – onde quer que
 haja uma pessoa que possa realizar o
 gesto de comprar, ou, pelo menos, trabalhar com o
 objetivo de comprar algo. Multiplique essa pessoa por milhões
 e você terá o panorama do país nesses próximos anos. 
O grande desafio para a propaganda é a compreensão 
de sua própria responsabilidade num país que, 
queiram ou não, vai crescer, porque as expectativas, 
por pior que seja a situação econômica, não deixarão de crescer.”
Jornal Shopping News
Entrevista com Roberto Dualibi – DPZ
7 de dezembro de 1980.


O genial Roberto Dualibi

Nota: Em pleno século XXI a realidade brasileira é animadora
 ainda mais, como vislumbrava o publicitário Roberto Dualibi, 
na década de 80. Hoje, graças a Internet, podemos
 comunicar e comercializar com o mundo. 
O e-commerce cresce a rapidamente em nosso país.
 Cabe a cada um de nós que trabalha com veículos
 de comunicação de massa saber usar a linguagem 
adequada para cada tipo de público consumidor. 
Se expressar em outros idiomas, como: Inglês, espanhol 
e mandarim é fundamental para aqueles que
 desejam usufluir do e-commerce on line.

DEPOIMENTO DE ALGUMAS 
DONAS DE CASA DO PASSADO

(Colhidos em 19 de outubro de 1980 pelo jornal Shopping News).
“Sou dona de casa há 40 anos. Nunca trabalhei fora e nunca 
me  senti constrangida por isso. Porque considero esta 
atividade como um compromisso com o casamento. 
O de zelar pelo marido e filhos, saber dividir o tempo,
 o orçamento, fazer economia de tal maneira que não 
prejudique o andamento e a saúde da família.”
Rennée Sabagg

“Acho que ser dona de casa é dedicar a vida ao l
ar, em período integral. E sem muito retorno. É uma 
atividade desgastante. Só fico em casa por causa das meninas.”
Ivone Bonilha Martins de Siqueira

Jotalhão, personagem de Mauricio de Sousa foi o
garoto propaganda do extrato de tomate Elefante.
Uma grande jogada de merchandising.
“Eu recebi toda a orientação para economia doméstica 
de meus pais, sem precisar. Mas acho que ser dona
 de casa não é tudo. A mulher precisa se preparar também 
para a vida fora do lar. Há as surpresas da vida. 
Eu, por exemplo, fiquei viúva e se não soubesse 
costurar, fazer tricô, estaria numa péssima situação.”
Tereza Dias Givaldi

“Tenho crianças pequenas e elas não comem o que não gostam.
 Assim, não tenho o hábito de substituir produtos. 
Prefiro economizar em outras coisas: pesquiso muito 
os preços antes de comprar. Não faço prestações para não p
agar juros; deixo de comprar coisas que não sejam fundamentais.
 Mas alimentação não.”
Maria Lucia Meregalli.

“Estou sem empregada há tempos e acho ótimo.
 Economizo bem mais. Ante tinha diarista duas vezes
 por semana, passei para uma e me dei muito bem. 
Vou ao clube (Palmeiras), faço ginástica, jogo 
vôlei, cuido da casa, tenho tempo para tudo.
 Na verdade, preferi trocar a empregada por um carro.”
Odila Antonia de Moraes Potenza

Nota: A americana Betty Freedman deu início ao movimento 
libertador feminino queimando sutiãs em praça pública, 
pleiteando igualdade de condições para o chamado 
“sexo frágil”, na década de 60. Após a invenção da 
pílula anticoncepcional o movimento denominado Women’s 
Lib ganhou força em todo o mundo. Assim, timidamente, 
algumas das antigas donas de casa partiram para disputar 
o mercado de trabalho. Há muito tempo a mulher deixou de
 ser uma mera dona de casa. A mulher moderna, trabalha, 
estuda, pratica esportes, academia, são empreendedoras, 
 e muitas se tornaram totalmente independentes
 financeiramente dos homens. Adquiriu o poder 
de compra, por livre escolha. Elas, atualmente, possuem
 um poder de comprar que não deve ser desprezado. 
É preciso criar produtos especificamente para essa
 parcela super exigente da população, 
que cresce a cada dia.


PROBLEMAS DA DÉCADA DE 80

Realizada pelo sistema Monitor, pela ALMAP, que pesquisou 
600 consumidores de 15 a 60 anos, levantando hábitos, 
costumes, preocupações, vida emocional, etc.  
ACENTUADAS: Ostentação de cultura; preocupação com a
 segurança pessoal; volta à Natureza.
TENDÊNCIAS SOCIAIS REJEITADAS: Aceitação
 de drogas; distanciamento da família; falta de objetivos.

Nota: Nesse quesito – tendências -,  pouco difere o pensamento 
dos brasileiros de ontem e de hoje. Exceto, pelo maior 
consumo de drogas cabulosas de efeito fulminante e preços
 acessíveis, como o crack, hoje em dia.  
Outro fator que difere as épocas comparativamente é que em 
nossos dias há passeatas visando legalizar o uso das drogas. 
Mas as tendências acentuadas continuam sendo as mesmas.

A MENSAGEM DO PRODUTO 
SEM CRUZAMENTOS


A Turma da Mônica está em todas

Nada impede que uma pessoa, motivada por apelos
 emocionais e convincentes compre algum produto de
 uma determinada marca hoje e compre um similar 
concorrente amanhã. Jamais devemos nos esquecer 
que uma revista ou um gibi nada mais é do que um 
mero produto e que como tal exige investimento e 
consequentemente devem obter retorno financeiro. 
É preciso explorar o diferencial no sentido de dar
 destaque ao determinado produto que desejamos 
evidenciar entre seu público-alvo. É preciso 
usar argumentos que valorizem o produto, seja ele qual for. 
Só há dois meios de garantir a aquisição e fidelidade a um 
produto “X”: ressaltar suas qualidades comparativamente
 aos similares e produzir algo de qualidade inegável.  
Somente um bom argumento sobre a qualidade do 
produto poderá convencer uma pessoa a adquiri-lo uma 
e mais vezes, desde que o nível dele se mantenha o mesmo.
 Porém, só há um jeito de atingir tal objetivo: 
propagando-o através da mídia.
Um consumidor bem informado, convencido e motivado 
dificilmente mudará sua opinião, seja diante de uma investida 
de produtos dos concorrentes, seja diante da recomendação
 de alguém no ponto de venda. Em geral, novos lançamentos
 provocam a compra por impulso, curiosidade.
 Mas, para conquistar fidelidade é preciso manter a
 qualidade e o produto deve atender as 
expectativas daquele que o adquiriu.

No que tange a publicações, em geral, as edições #1 
despertam a curiosidade. Mas, gradativamente as vendas 
começam a despencar sucessivamente. No passado, 
muitos editores se notabilizaram por lançar apenas edições #1.
 Ao invés de continuarem investindo para obter uma melhor
 qualidade de seus produtos, esses editores se acomodavam 
cientes de que iriam auferir baixas vendas e assim nem 
se preocupavam em dar continuidade as suas séries. Um absurdo.

As agências de publicidade sempre se utilizaram de vários
 tipos de mídias diferentes visando atingir um número  maior
 de consumidores, com argumentos diferentes de um mesmo produto. 
Esta fórmula sempre se mostrou eficaz, capaz de convencer 
pessoas diferentes. Taí uma boa perspectiva para usar 
nossa criatividade. Mas, sem investir em divulgação fica 
difícil um produto cair nas graças de sua 
específica “audiência”.




O termo “ECOMIDIA” foi criado para designar 
a comunicação adequada, para o público adequado, 
nos veículos adequados, como: Rádio, TV,jornais, revistas 
e mais recentemente Internet. A crise econômica brasileira
 que teve início em 1975 e que se consolidou até a década 
de 90 exigiu novos métodos, novas estratégias dos nossos
 homens que lideravam o país e da área de propaganda e 
marketing , das diversas alas da área da comunicação no país. 
Quem não se adequou teve que fechar suas portas.
Mesmo nesse novo Brasil, que exala prosperidade, é preciso, 
sempre, estar atento e refletir sobre as novas 
mudanças e tendências sociais.



O NICHO ADEQUADO

O nicho adequado da Comunicação Mercadológica 
só pode ser imaginado como o lugar onde se encontram 
e se harmonizam o produto adequado, no meio adequado, de 
forma adequada, para o público adequado. É nesse nicho perfeito
 que se encontram audiências, meios, anunciantes e
 produtos, com interesse mútuo.
Para se atingir esse Éden mercadológico é preciso criar e
 desenvolver produtos dinâmicos que se ajustem perfeitamente 
a uma audiência dinâmica e cada vez mais exigente. 
É preciso atenção extrema para se manter tal dinamismo,
 através de constantes pesquisas de mercado, observações
 e análises nos pontos de vendas.

As agências sempre investiram e se preocuparam com as pesquisas, 
para melhor direcionar suas campanhas e os produtos de seus clientes.
 No país sempre tivemos, e ainda temos, entidades
 respeitadas para informar dados precisos sobre o mercado, 
como: o Instituto Gallup, Marplan, Sercin, IVC (sobre circulação 
de produtos editoriais), Alpha, Ibope, Audi-TV, LPM e outras.
CUSTO POR MIL (CPM).
Quem trabalha no ramo publicitário está acostumado com esta sigla:
 CPM. O valor agregado do espaço para anúncios e
 comerciais são calculados pelo Custo Por Mil (CPM). 
Assim, quanto maior a tiragem de um produto editorial ou 
a audiência de um programa de rádio ou TV, maior será o 
seu preço para anunciar. Anunciantes buscam por boa
 audiência e suas agências – que detém suas contas -, 
primam em colocar os anúncios em mídias que garantam
 boa receptividade, boa distribuição, boa periodicidade
 e boas vendas, segmentadas 
para determinado público, tipo: A,B,C e D.




Desde as primeiras campanhas veiculadas por nossos meios
 de comunicação importamos idéias, técnicas e conceitos, de
 países desenvolvidos e aplicados em países de renda
 per capita muitas vezes superior à do Brasil. Na década 
de 70, por exemplo, em muitos países produtos como:
 sabão em pó, detergentes, sabonetes, creme dental, 
enlatados, etc, eram produtos de massa, ou seja, 
produtos consumidos indiscriminadamente por segmentos 
de mercados de diversos níveis. 
A propaganda, que nesses países eram aplicadas 
com eficácia, num país subdesenvolvido como o Brasil 
– ou em desenvolvimento -, não funcionavam, até por uma 
questão cultural e terrível desigualdade social.
 Portanto, dá para se imaginar a dificuldade que nossos
 homens de propaganda e marketing tiveram que suplantar
 para aumentar o consumo desses produtos em nosso país.
 Foi preciso adequar as campanhas a nossa realidade, 
reeducar o povo, através de campanhas massivas e sucessivas.
 Mudar os hábitos de uma nação requer uma grande 
estratégia de marketing. Se hoje, esses produtos são bem 
consumidos no país, isto prova que não é impossível
 implantar novos hábitos, novas ideias.
 Cabe a nós, profissionais da área da comunicação, adequar
 nossos produtos editoriais a realidade nacional e
 investir na divulgação desses novos lançamentos, 
buscando sempre a melhor estratégia mercadológica.  
 O envolvimento emocional aliado a apelos racionais tendem 
a motivar o consumo de qualquer tipo de produto. 
Verbas publicitárias devem ser otimizadas e bem 
aplicadas, mediante um eficiente estudo e 
planejamento de marketing.
Conclusão: Bons anunciantes buscam, através de suas 
agências, veículos de grande circulação para anunciar.
 Por isso, pequenos e médios editores sofrem com
 a falta de bons anunciantes. A questão é a seguinte: 
Como atrair bons anunciantes quando o
 distribuidor nos impõe tiragens ridículas?

PRODUTOS DE CONSUMO DE MASSA

No Brasil, a coisa sempre diferiu dos países com renda per
 capita maior. Produtos de consumo de massas em
 nosso país são aqueles absolutamente necessários
 e indispensáveis, como: Alimentação, vestuário e
serviços de transporte coletivo. A grande maioria de
 produtos considerados supérfluos pelo povo são destinados 
a elite. Muitos dos preços de determinados produtos 
considerados de massa, em outros países, só são acessíveis 
a pequeno número de consumidores privilegiados.
Nos últimos anos, com o aquecimento da economia nacional, 
este quadro está mudando, graças a intervenção 
governamental que eliminando impostos e facilitando 
a linha de crédito fez explodir a venda de carros e outros
 bens de consumo, antes considerados elitistas.

PRODUTOS EDITORIAIS




Há mais gente, mais empregos, mais dinheiro circulando no país. 
Mesmo assim, produtos considerados supérfluos, como 
publicações, têm registrado quedas acentuadas nas vendas,
 devido as novas e diversas opções de lazer que surgiram
 no mercado nos últimos anos. Este quadro nãos e restringe
 apenas ao Brasil, visto que vendas ínfimas vêm sendo
 registradas em todo o mundo, onde muitas publicações 
tradicionais deixaram de existir fisicamente para se tornar on line. 
Ler revistas, livros, quadrinhos e jornais por IPADS, IPODs,
 Tablets e computadores está virando rotina, principalmente, 
entre os mais jovens.



Há quem apregoe o fim das publicações impressas.
 Eu, particularmente, não acredito nisso.
Mas, a grande verdade é que editores em todo o 
mundo estão se tornando multimídia, se
 adaptando a essa nova realidade.

A ERA DOS VIDEOGAMES!
SAIBA COMO E QUANDO 
TUDO COMEÇOU!


Os antigos fliperamas - década de 80
Que a ascensão da WEB e a popularização dos celulares
 contribuíram para a queda das revista em geral e das histórias 
em quadrinhos, isto é fato. Mas, o problema teve início  há 
alguns anos atrás, quando a indústria dos comics começou 
a perder “audiência” para as empresas de jogos eletrônicos.

Os anos 80, podem ser considerados como o grande marco 
da cultura pop, quando teve início esse conceito sci-fi/hi-tech
 instigante, que perdurou até hoje. Foi nessa década que
 reinventaram a idéia de diversão e inseriram os games
 em nossos lares. A eletrônica, nesse período, surgiu 
com força total e o digital ditou a moda.

Os videogames lançados nessa época conquistaram não 
apenas as crianças, mas também os adultos e a galera 
geek que vivia debruçada em seus computadores. 
Os fliperamas viviam lotados. Muita gente ganhava 
bolha nos dedos de tanto jogar árcade.
Foi nos anos 80 que aconteceu o grande boom da indústria 
dos videogames, uma nova opção de diversão e lazer que 
aos poucos roubou a “audiência” dos leitores de histórias 
em quadrinhos. Este boom mundial ocorreu graças aos 
novos consoles e seus jogos que popularizaram definitivamente 
os games nas residências. Muitos games surgiram nessa época 
e se tornaram verdadeiros ícones de divertimento moderno.

Hoje, as coisas funcionam ainda da mesma maneira. 
Basta contar o número de plataformas existentes no mercado, 
sem citar os árcades, emuladores, jogos para PC, etc.  
A década acompanhou a explosão dos 8 bits da Nitendo e 
da Sega, verdadeiros sucessos de vendas mundo afora. 
Também viu a ascensão e queda do Atari e os fracassos 
inesuecíveis do vectrex e do PC Engine no Brasil. Inicialmente, 
o Atari se tornou referência para todo mundo. 
Quem viveu esta época repleta de novidades eletrônicas 
sentiu o impacto de ícones digitais, como: Rievr raid, Pitfall,
 Asteroids e Donkey Kong. Todos esses se transformaram 
em peças de adoração nesse universo pop cultural inovador. 
Porém, essa mesma década viu a crise que se abateu no 
mercado de jogos eletrônicos. Devido a popuarização dos PCs – 
nos estados Unidos -, e seu preço acessível, a produção 
de consoles e jogos diminuiu drasticamente.




 O computador assumiu diversas funções, além de rodar 
também jogos eletrônicos. E o pior: o preço de um computador 
PC era quase o mesmo de um videogame. 
Mas, a euforia durou pouco, para os fabricantes de
 computadores, devido a péssima qualidade e a má funcionabilidade 
dos games lançados para PCs. Os PCs acabaram afastando 
o público consumidor de games.

ANOS 80. A CONSOLIDAÇÃO DOS GAMES



A coisa virou mania mundial, nessa época. Milhares de
 leitores de quadrinhos ao redor do mundo deixaram de comprar 
ou colecionar gibis para passar a comprar e até colecionar games.
 Em 1986, foi lançado o NES, nos Estados Unidos, pouco depois
 do máster Sistem, da Sega. A humanidade testemunhou uma
 acirrada briga pela disputa do mercado e pelo monopólio desse
 tipo de diversão entre as majors do ramo. No Brasil, as 
mães tinahmq eu correr atrás de seus filhos que viviam 
enfurnados em fliperamas (casas de jogos eletrônicos), 
que se alastrou como praga pelo país.


Consoles de games


Tal sucesso foi alcançado devido a grande variedade 
dos jogos lançados na época e do preço acessível desse tipo de diversão. 
Os primeiros jogos que fizeram sucesso no Brasil foram: 
Ghost’n Globins, Gladiator, Rally X, Pacman e Grand Prix, entre outros.
Tais inovações levaram a Atari a falência, após tentar
 disputar mercado com dois consoles de péssima 
qualidade: o 5.200 e o 7.800.


Arcad - Um game pré-histórico
No ano seguinte a Nitendo lançou Metroid e Zeld, assumindo 
de vez a liderança desse mercado.  Ainda nesse  mesmo ano 
é lançado Tetris e se torna um dos jogos mais populares do
 mundo. Curiosamente, este game foi criado pelo russo 
Alexey Pajitnov, nas horas vagas de seu emprego estatal na
 União soviética (atual Rússia). Ciente desta criação inovadora 
de Alexey, a Nitendo fechou um acordo com os comunistas 
para lançar o jogo em seu console portátil, o Game Boy.
 O inventor russo não ganhou um centavo da fortuna que
 a empresa arrecadou pelo mundo.

Três anos depois, Fo lançado na América o Mega Drive, 
o primeiro que tinah 16 bits da história. Em resposta 
a este super sucesso da concorrente a Nitendo em
 1990 lançou o Super Famicom.
Atualmente, a briga pelo milionário mercado dos games 
continua acirrada. A Sony lidera o mercado com seu Playstation 2, 
enquanto a Nitendo sonha em recuperar a supremacia 
perdida há algumas décadas. Por fora, corre a Microsoft, 
com sua linha de games on line, que tem se aprimorado muito 
nos últimos anos, após a expansão da banda larga.




A GRANDEZA FINANCEIRA DO
MUNDO DOS GAMES

Esse mundo novo e excitante aufere cifras inimagináveis atualmente. 
A indústria dos games fatura mais do que a indústria c
inematográfica americana. A quase falida indústria fonográfica
 ficou para trás há muitos anos. As produtoras musicais
 alegam que perderam mercado, “audiência”, devido a pirataria –
 pós-MP3 -, e aos computadores. Mas, na verdade, os games também
 contribuíram para a falência de muitas majors da indústria fonográfica. 
Os games também sofrem com a pirataria e com os jogos on line. 
Mesmo assim, ainda faturam uma grana preta anualmente, 
num mercado que não para de crescer incessantemente.  
Muitos personagens de quadrinhos acabaram sendo incorporados 
na indústria vertiginosa dos games. Afinal, os principais super-
heróis das majors da indústria dos comics não podiam ficar 
fora dessa verdadeira mina de ouro.

O PRIMEIRO GAME DA HISTÓRIA

Apesar de ter muita controvérsia, os entendidos afirmam 
que o início da história dos jogos eletrônicos teve inicio em 
1958, quando o físico Willy Higinbotham criou o Tennis 
Programming num laboratório em Nova Iorque.
 O jogo era visualizado num osciloscópio rudimentar e
 rapidamente se transformou na maior sensação do monótono
 laboratório. Mais tarde, o inventor aperfeiçoou o jogo, adaptando 
o game para a tela de 15 polegadas. Mas, o cientista ficou
 famoso não pelo Tennis, e sim por participar do projeto 
Manhattan. Ou seja, ganhou fama por participar do projeto 
para a invenção da bomba atômica.

1962: SURGE O SPACEWAR!

Pogramado em Assembly por sete pesquisadores, o Spacewar 
mostrou seu Aldo divertido pela primeira vez num computador 
DEC PDP-1 em 1962, no MIT (Massachusetts Institute
 of Technology). Objetivo dos programadores: divertir o
 ambiente de trabalho e dar alguma utilidade ao 
gigantesco computador DEC PDP -1.
Cobrados pelo governo que investiu cento e vinte mil 
dólares no projeto (uma fortuna na época) eles decidiram
 criar o Spacewar, abrindo assim caminho para 
novos desenvolvedores.  


PONG - Um game jurássico

1968: SURGE O PRIMEIRO CONSOLE

A idéia básica era construir uma máquina que pudesse
 rodar jogos através da TV, que fosse barata, simples e 
acessível a qualquer cidadão. O primeiro protótipo foi criado 
por Ralph Baer, chamado Brown Box, uma máquina que 
revolucionou época. Ela era composta por três jogos simples, 
divertidos e cativantes: Futebol, Voleibol e Shoot
(um game de tiro).
      Tinha também um acessório espetacular: uma espingarda
 com células fotoelétricas, precursora das pistolas dos 
sistemas atuais. Baer patenteou sua criação e vendeu 
a ideeia para a Magnavox, tentáculo da Philips
 holandesa, que acabou sendo a primeira a lançar um 
console de videogame no mudo. Fez história.

1972: SURGE O ODYSSEY

Ele foi isnpirado no protótipo denominado Brown Box, 
o primeiro console de videogame da história. O Odyssey
 surgiu nas prateleiras das lojas americanas em 1972. 
Cem mil unidades doram vendidas no primeiro ano de s
eu lançamento, superando as expectativas
 de mercado da época.

O console era composto por placas de circuito externas,
 na verdade jumpers  gigantes que mudavam a posição dos
 dois quadros brancos que o jogo gerava. Convém frisar que 
esses jumpers não podem ser considerados como cartuchos. 
O jogador também era obrigado a colocar cartões plásticos
 na tela da TV (overlays), pois o aparelho não tinha capacidade
 para gerar todos os pontos necessários, principalmente 
para gerar o ambiente. Explicando melhor: Se você fosse 
jogar um game de futebol, tinha que inserir um cartão 
verde para simular o gramado. Outro detalhe: papel e 
caneta eram necessários, pois o console não tinha memória 
suficientemente para registrar o score. 

1974: OS PRIMEIROS ARCADES

Inspirando-se no Spacewar, o recém formado engenheiro 
eletrônico Nolan Bushnell, com seu colega de trabalho, criou
uma máquina feita sob encomenda, projetada para rodar um antigo jogo. 
Assim, Nolan criou e desenvolveu o primeiro Arcade, com 
uma nova versão do Spacewar chamada Computer Space. 
O pojeto foi lançado em 1971. Custava caro e só evndeu 
1.500 unidades, na América.
Apesar do fracasso, Nolan e Ted Dabney decidiram abrir uma 
empresa especializada em games.  Inicialmente o nome 
escolhido para a empresa foi Syzygy. Por fim, a empresa 
foi batizada de Atari, palavra usada num jogo japonês de 
tabuleiro chamado originalmente de “Go Atari” – 
Atari significa o memso que “Check”, palavra usada no
 jogo de xadrez. Até o logo da empresa dói inspirado no Japão.

O primeiro árcade produzido pela Atari se chamava PONG,
 uma cópia descarada de Tabble Tennis, do Odyssey 100. 
Este jogo era uma espécie de ping pong eletrônico. 
Esse lançamento logo se tornou um grande sucesso.
Na sequência ele e o sócio pensaram em produzir um
 sistema de PONG caseiro. Assim, a Atari lançou no 
mercado o Home PONG, num console de um único jogo. 
Graças ao apoio da rede de lojas americanas, chamada: 
Sears, essa nova versão de PONG vendeu 150 mil 
consoles, se tornando assim uma mania nacional.
Entre 1975 e 1979 surgiram dezenas de clones de PONG
 pelo mundo afora. No Brasil, PONG ficou conhecido como 
tele-Jogo. Assim, teve início o mega sucesso da Atari 
e a expansão dos jogos eletrônicos.
Milhares de leitores dos comics migraram para este novo
 tipo de diversão, na época. E, na medida que os jogos
 evoluíam milhares de novos adeptos aderiram a eles.
Obviamente, depois desse boom dos games que até hoje
 vendem  muito pelo mundo afora ainda vieram para 
concorrer com as revistas em quadrinhos: Vídeo cassete,
 TV a cabo, celulares, computadores,  DVD, Blue Ray, etc.

Um público, que antes não tinha poder aquisitivo para adquirir
 bens de consumo emergiu nos grandes centros urbanos do país, 
exigindo e comprando cada vez mais.
 Na esperança de atender esses novos consumidores 
os marketeiros dos anos 90 só enxergaram uma saída:
 sofisticar os produtos editoriais, elitizá-los.
Mas, isto foi um tiro no próprio pé. 
Ou melhor, o tiro saiu pela culatra.
As revistas ficaram caras, justamente numa hora em que 
as histórias de famosas séries de heróis americanos estavam
 ficando cada vez pior, cada vez mais confusas. Tudo isto
 acabou fazendo muita gente parar de comprar gibis, principalmente,
 os leitores mais antigos, que já não conseguiam entender mais 
 nada sobre os confusos universos que foram criados 
por uma gama de roteiristas malucos americanos, que acabaram 
deturpando tudo. Para acabar de ferrar, os animes japoneses
 invadiram nossos lares e nossas bancas de jornais. 
Fizeram grande sucesso. Títulos como, Pokemón, Digmon, etc, 
bateram recordes de venda.
Atualmente, a indústria dos games fatura mais do que
Hollywood.

Nunca mais o mercado dos quadrinhos no país foi o mesmo.
Mas, isso não é motivo para desanimar, caso você milite no
 setor editorial tupiniquim, pois como já disse o mercado
 é cíclico, como tudo na vida.

Nos Estados Unidos isto também aconteceu no passado – após
 a Segunda Grande Guerra -,  e os comics, por lá, só voltaram 
a reconquistar seu público na década de 60, graças
 a Stan Lee e Jack Kirby.
Na sua opinião, preços baixos – devido a boas tiragens -, 
podem voltar a atrair leitores?
Roteiros e desenhos mais elaborados?
Quadrinho nacional em cores, em formato americano?
Campanhas de propaganda e marketing 
em veículos de comunicação?
Uma melhor distribuição?
Mais pontos de venda?
Ou será que vamos ter que esperar nascer
 um Stan Lee e Kirby tupiniquim?

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Desde já, grato, por sua colaboração e até mais.

Tony Fernandes
(Roteirista, desenhista e editor)
Estúdios Pégasus – Divisão de Arte e 
Criação da Pégasus Publicações Ltda –
São Paulo – S. P. – Brasil
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