domingo, 31 de outubro de 2010

ENTREVISTA COM WILDE PORTELLA, O CRIADOR DE CHET!


A primeira edição de CHET,
pela extinta editora Vecchi


O jornalista e escitor
Wilde Portella
Nos áureos tempos da extinta e saudosa 
Vecchi um jornalista de um jornal do Recife 
foi convocado pelo irmão - Watson Portella, 
um dos melhores desenhistas de HQs 
do país -, e Lotário Vecchi para criar e
 desenvovlver uma HQ de western. 
Ele aceitou o desafio e superou os demais
 concorrentes, que também tinham a 
mesma missão. Conclusão:
 Na época Chet foi um grande sucesso de
público e de crítica. Isto prova sua
 competência e versatilidade. 


No passado, muitos gibis de
western fizeram sucesso
no Brasil




Cavaleiro Negro fez tanto sucesso
que quando as histórias americanas
acabaram desenhistas
brasileiros continuaram
a desenhar a série
Arte: Walmir


Tex vendia mais de 100 mil exemplares,
no tempo da editora Vecchi
Arte ofertada ao cowboy de
além-mar Zeca Willer


Cavaleiro Fantasma








Hoje, Wilde Portella é considerado um dos
 melhores escribas de HQs no Brasil e um 
especialista em argumentos que se
 referem ao velo Oeste. 
Recentemente concedeu
uma entrevista para
 o Blog português mais
 badalado de Tex Willer -
 do bengala-friend, de além-mar, José Carlos
 (vulgo Zeca Willer)- , e também acabou 
de sair outra entrevista deste valoroso 
guerreiro na edição 26 do BDJornal, 
maravilhosa publicação portuguesa 
especializada sobre BDs (HQs), de outro
 bengala-friend lusitano, o
 guerreiro Jorge Machado-Dias.


Epopéia Tri Foi lançado no
Brasil pela EBAL e fez
muito sucesso


Jerônimo - O Herói do Sertão foi
criado por Mises Veltman
como novela radiofônica e
virou quadrinhos no belo
traço de Edmundo Rodrigues




Desta feita, coube a mim, a honra de 
entrevistar este valoroso e criativo
 bengala-brother, que c
onheci através da WEB, 
mas que admiro e respeito muito.
Leia atentamente e saiba mais sobre...


O ESCRIBA E 
JORNALISTA 
WILDE PORTELLA


Chet edição especial de aniversário
lançado pela Ink Blood Comics em 2010 -
Nova versão
Tony: Como e quando foi que o jornalista 
Wilde Portella decidiu fazer HQs?
Wilde: Desde cedo eu fazia meus desenhos 
e histórias. Tinha lá meus 12 anos de
idade.Fazia tudo em cadernos e
 papel de escritório que meu pai
trazia da Prefeitura do Recife.
Tony: Seu irmão, Watson, sempre foi
 um dos mais respeitados artistas
 nacionais das HQs. Conheci-o no Rio de 
Janeiro, no tempo da saudosa Vecchi.
 Fui à casa do seu mano levado pelo velho
 amigo Shima. O Hamasaki, ele também
 estava presente, pois naquela época eu, o 
Shima e o Hama, trabalhávamos pra Bloch.
 Faz tempo... (rsss...). 
Toda vez que perguntei à você sobre o 
seu irmão pouco você disse sobre ele. 
Parece que você não gosta 
muito de falar sobre ele.
 Ao menos, fiquei com esta impressão.  
Por onde anda o genial autor de
 Paralelas, um clássico dos quadrinhos 
tupiniquins? Desistiu da profissão? 
Você ainda tem contato com ele?

Wilde: Watson tá na dele.
 Morando com meus pais. 
Continua desenhando, mas não publica. 
Tem mágoa e ranço do mercado editorial, 
principalmente dos editores que lhe 
roubaram durante anos. 
Quando vou à casa dos meus pais às vezes
 eu o vejo, mas não mantemos mais contato.

Tony: Caramba... o mestre, pelo visto, ficou
 realmente traumatizado e não quer 
nem ouvir falar de quadrinhos... 
já que você falou em ranso em relação a
 editores, também acho que ele foi muito 
explorado, por alguns editores 
ou se deixou explorar. 
Aceitou o jogo. Nunca disse isto à ninguém.
 Mas, quando eu o Shima e o Hamasaki 
fomos visitar e conhecer Watson ele 
morava numas quebradas na periferia 
do Rio, numa casa humilde, de chão 
de terra-batida, manja? 
Achei aquilo um absurdo. 
Ele estava bombando na Vecchi e os
 caras trouxeram ele com a família pro 
Rio e o instalaram naquela josta.
 Estavam explorando o magrão, 
que tinha uma penca de filhos, se 
não me engano, e tava lá em sua prancheta
 desenhando no capricho com seu pincel,
 humildemente e nos recebeu de braços abertos.
 Nenhum de nós, ali presentes, 
aceitaríamos trabalhar naquelas condições.
Ficamos, todos, putos com o 
pessoal da Vecchi.  É pena que Watson esteja
 assim atualmemnte, pois ele 
tem um grande talento.
 Foi um dos poucos a se dar bem e trabalhar
 com a Ed. Abril. Adoro aquele estilo europeu dele.
 Faço votos que ele saia dessa... 
falando de Chet, que eu até cheguei a 
colecionar, foi uma criação sua e do Watson,
 correto? Quando isto aconteceu?
Wilde: Bom, eu escrevi todas as histórias 
do Chet e Watson foi quem deu a cara 
e roupa a ele e aos seus amigos Blue e Rick. 
Além disso, desenhou o Chet em capítulos
 na Ken Parker e também o 
número um da revista mensal.

Tony: Você também fez parte de um movimento
 que arregimentou bons artistas 
nordestinos, que naquela época, fizeram
 história aqui no chamado "Sul Maravilha" - 
 coisa rara, hoje em dia. 
Em que ano isto aconteceu e que 
eram os feras envolvidos?




Anúncio de uma edição da Grafipar em
que mostra um índio brasileiro
passando a perna no
famoso Capitão gringo


Quadrinho erótico feito
por  brasileiros

Revistas da extinta GrafiparWilde: Isso aconteceu nos anos 80. Eu e o Roberto Portella já estávamos fazendo trabalhos para a Grafipar. Aí arregimentamos Libório, Mário Paciência (que chegou a desenhar para a revista do Chet uma história com Rick) e Pedro ZenivalEu e o Roberto os apresentamos aos editores.Mas só o Zenival foi quem teve sucesso na Vecchi. E nós fizemos e editamos revistas para a Grafipar como: Cangaço, o Jagunço, Sertão e Pampas entre outros trabalhos.

Tony:  Lembro-me de alguns trabalhos 
dessa turma e os caras eram excelentes. 
O Zenival fez um terror maluco, genuinamente
nacional, diferente, para a revista Spektro, 
da Vecchi, que até hoje guardo.
O que você andou fazendo todos esses
 anos em que ficou sem fazer HQs?
Wilde: Durante esse tempo longe dos
 quadrinhos fiquei trabalhando como
 jornalista e produzindo discos e shows. 
Gostava demais desse lance 
de palco e estúdio. Me realizei.

Tony: Também adoro este mundo e toquei
 na noite e viajei trabalhado com música
 durante uns 15 anos. Se eu pudesse, viveria 
disso... mas as gravadoras foram, quase
 todas pro saco, depois da MP3 (Rsss...).
 Fiquei, particularmente, muito feliz em
 saber que você e o Chet estavam de volta.
 Como conheceu o Fabio, da Ink Blood Comics,
 lá do Sul do País?

Wilde: Foi gozado... Eu estava negociando 
a publicação de Chet para a editora Marca 
da Fantasia, mas aí recebi um convite
 para agregar o Fábio no Orkut. 
Trocamos idéias e surgiu a idéia de
lançar uma edição especial de Chet.
 Foi assim que aconteceu.


Chet é um clássico dos quadrinhos
brasileiros
Tony: Ouvi dizer que o Fábio sempre
 foi fã do Chet, do seu trabalho. 
Agora, achei incrível pela forma como a
 negociata rolou, via Orkut... é... o que tem que
 ser será.  Ink and Blood era apenas um 
estúdio de arte e criação, que virou 
editora independente? 
O que eles produziam 
ou produzem por lá?

Wilde: A Ink é um estúdio
 de arte e criação, sim.
 O Fábio publica duas revistas coloridas
 para os Estados Unidos da América e 
acaba de fechar um contrato para uma
 revista de terror para ser publicada lá
 também. Nem era editora quando nos 
conhecemos, mas aí, pela necessidade 
de lançar o Chet, ele embarcou nessa. 
Foi dureza pura, pois ele e eu tivemos
 que encarar diversas dificuldades
 com essa edição especial de Chet.
 Mas serviu para saber onde 
falhamos e onde acertamos.

Tony: Vivendo e aprendendo... 
é assim mesmo...
 Outro dia o Fábio, que é gente boa, 
me mandou alguns arquivos de um 
novo material colorido que ele estava 
fazendo, cujo tema é terror, com 
antigo Egito, Faraós, etc. Mano, achei este 
material sensacional. Acima da média. 
Tem nível internacional. 
O Fábio e a equipe dele sabem trabalhar, 
de verdade. Esta galera vai longe.
 Aliás, já foram... estão publicando 
nos States (Rsss...).  
Atualmente, há muitos autores e estúdios 
brasileiros trabalhando para gringos, 
principalmente, do nordeste. 
O que você acha disso?

Wilde: Rapaz, se os caras querem ganhar
 uma grana tem mais é que trabalhar 
para gringo mesmo. O mercado 
aqui no Brasil nunca foi fácil. Portanto, 
publicar os trabalhos é preciso e a turma
 tem essa chance via canal gringo. 
Acho válido e inserido no contexto.

Tony: Claro, afinal, todo mundo tem contas 
para pagar, tem que comer, etc. 
Outro dia, um desses autores nacionais
 estava se gabando de que ele, depois
 de muita briga, conseguiu impor um
 preço melhor.... ou seja, de 15 dólares 
o agente gringo - ou sei lá o que -, 
passou a pagar 30 dólares. 
E o cara tava se gabando disso. 
Será que essa gente não percebe que estão
 sendo explorados? Trinta pratas gringas, 
em Nova York, só dá pra
pagar um jantar... (Rsss...).
 Os gringos querem mão-de-obra barata 
e os doidos entram nessa, principalmente 
quando a editora gringa é pequena. 
Há muito espaço para quem trabalha com
 arte - sem ser HQs -, que pagam 10 vezes
 mais do que isto aqui no Brasil.
 Mas, os caras preferem trabalhar pra fora
 do que para as empresas e editoras nacionais. 
Não existem editoras só de HQs. 
Há vida inteligente além dos quadrinhos.
 Qual é a sua opinião?


Vários desenhistas participaram da
série que chegou a conquistar
leitores até em Portugal
Wilde:  Minha opinião está na resposta anterior. 
Olha, eu sou conhecido no meio e tenho
 dificuldades de publicar. 
Quanto mais um sujeito que não é conhecido.
 Então se pinta gringo querendo o trabalho
 deles que se dane o resto. 
É melhor 30 dólares no bolso 
do que voando em real, né?

Tony: Nunca vi tanta gente, como atualmente,
 fissurada por super-heróis. 
Parece que o grande sonho da nova geração
é fazer Marvel e DC. E o pior... tem nego
que não tem um bom trabalho, e mesmo 
assim insiste nesse paranóia. 
Alguma vez você pensou em escrever
 HQs, pra Marvel ou DC?

Wilde: Nunca me passou pela cabeça fazer
 um trabalho para a Marvel ou DC. 
Porém, atualmente estou elaborando
 uma heroína da época medieval. Uma guerreira.
 Seu nome provisório é Anúbia, 
e é um tipo de Joana d’Arc sem aqueles 
lances de conversar com anjos e Jesus, entende?
 Se pintasse uma editora gringa querendo
 eu toparia publicar sim.
 Mas sem paranóia. Rsrsrsrs!

Tony: Parece que Chet também foi 
publicado em Portugal, correto? 
Em que ano isto aconteceu e por qual editora?

Wilde: O seguinte: na época da Vecchi, a revista 
do Chet era publicada aqui e em Portugal. 
Era uma coisa simultânea. 
Saia aqui e a editora mandava 
para Portugal também.
 Para você ter uma idéia, recentemente
 fiquei sabendo que tem portugueses
 com a coleção de Chet completa.
Tony: Sensacional. Adorei saber isto.
 Também lia Chet, na
 época em que eu trabalhava como assistente 
de arte da Noblet. Tô sabendo que o nosso
 amigo Zeca Willer vai colocar, ou já colocou, 
no Blog do Tex, em Portugal, uma 
merecida entrevista sua.
 Achei muito legal. Você é batalhador,
 guerreiro, e merece. 
Quando isto vai acontecer? 
Ou, melhor, já rolou?





Wilde: Que legal! Não sei ainda, 
pois o Zeca está 
cheio de trabalho. Mas acredito que sairá
 ou no fim deste mês de outubro 
ou em novembro. Foi uma excelente entrevista.
 Zeca é um cara plugado nas coisas 
dos quadrinhos e particularmente
 no Tex e no Chet.
Tony: Chet, edição 2, já está no “forno”?


Wilde:  Não tem número dois no forno, não.
 Estou trabalhando numa outra revista 
do Chet, mas que sairá sem periodicidade. 
Será editada em tamanho comics.
Tony: Se vai continuar, isto é bom. 
O que não pode é parar, mano-véio. 
Todos nós, das antigas, adoramos o seu 
personagem... Quais são seus
 planos para o futuro?

Wilde:  Hoje é o resultado de ontem, do passado. 
Para o futuro ainda penso em lançar 
mais um livro, publicar Chet e essa heroína aí.
Tony: Wilde Portella por Wilde Portella?

Wilde: Um cara que, para sua ânsia de
 perfeição, está satisfeito consigo próprio.


Tony: Uma mensagem para os fãs?

Wilde: Para os fãs... Só tenho mais é que
 agradecer à todos. 
E que continuem fãs! Rsrsrsrs!


Tony: Brigadão por esta entrevista, my dear
 bengala-friend e muito sucesso! 
E que Deus continue iluminando suas idéias
 para que você possa criar milhares de
 argumentos de HQs para o nosso deleite.


E atenção!!!
CHET edição # 1 vem aí,
pela Ink Blood Comics
Textos: Wilde Portella
Arte: Toninho Lima
Editor: Fabio Chibilski


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