O
autor convidado para esta entrevista é um potiguar
que há cerca de 30 anos vem
criando e desenvolvendo
roteiros cheios de ação e suspense para um
dos mais
queridos e populares super-heróis dos
fanzines e da Internet. Há muito tempo
venho
acompanhando o trabalho deste valente guerreiro
que há anos cria,
desenvolve e edita corajosamente
HQs por pura paixão. Sempre fui fã deste
cidadão.
A seguir vamos ter a honra de saber um pouco mais
sobre a trajetória
deste excelente escriba
de HQs e editor independente que tem estimulado
e
inspirado muita gente boa a entrar para o ramo.
Com vocês o homem que faz um
trabalho incrível, o mestre...
FRANCINILDO
SENA,
O
CRIADOR DE CRÂNIO!
Tony 1 : Entrevistar
, afinal, o autor do alienígena Haran, um príncipe do planeta Stron, mais
conhecido como Crânio, é uma honra incomensurável. Seja bem vindo, talentoso
autor.
SENA:Eu
é que agradeço o espaço, amigo Tony...
Tony 2: Pelo visto, você adora ficção-científica... como,
quando e por que surgiu a ideia de criar o personagem Crânio? Conta pra gente,
nos mínimos detalhes...
SENA: O
CRÂNIO surgiu em 1988, quando em parceria com um amigo resolvemos criar um
grupo de Super Heróis claramente inspirados em OS VINGADORES, da Marvel. A ideia
só vingou uma única história (que se perdeu com o tempo). Depois disso, meu
amigo foi embora para São Paulo e então resolvi dar continuidade ao CRÂNIO em
histórias solo. Foi quando percebi que na HQ ele era o único que não tinha
falas e foi aí que optei por deixá-lo mudo.
Tony 3: Interessante, isso... e olha deixou seu personagem
bem original, diferenciado, mesmo... Um amigo, há muito tempo atrás – acho que
na década de 80, se minha mente jurássica ainda não enferrujou – me deu um
exemplar cujo protagonista principal era Crânio. Confesso que li atentamente o
roteiro, pois também sou ligado em histórias de super-heróis e de sci-fi,
e
acabei gostando da trama. A primeira edição de Crânio, uma publicação
independente, foi lançada em que ano? Qual foi a tiragem? E, como foi a
distribuição e a receptividade do personagem por parte dos leitores?
SENA: A
primeira história do CRÂNIO foi publicada em 1988 em um fanzine que editei
chamado Mini-HQ, que só teve 3 edições. Em 1996 lancei um fanzine solo do
CRÂNIO que durou quatro edições e em 1998 outro que durou 11 edições. Em 2001,
lancei a terceira série do fanzine. Até a edição # 24 foi impresso em xerox em
formato A4. Atualmente segue a numeração em forma digital disponível para
download em nosso blog: www.francinildosena.blogspot.com.br.
A
divulgação era feita através de flyers enviados aos amigos por
carta e sempre
teve uma receptividade muito boa entre os leitores
que o acompanhavam.
Tony 4: Pelo visto, você é o rei dos zines... Rssss. Eu
acho isso bacana. Muitos profissionais de HQs, inclusive nos Estados Unidos,
começaram fazendo zines. Por exemplo, o grande escriba da Marvel Roy – que
segurou a onda dos roteiros quando o mago Stan Lee estava com “língua de fora”
Rssss... -, o Roy também já declarou que fazia zines. Prosseguindo...
Antes que eu me esqueça, mestre Francinildo
Sena, em que dia, mês,
ano, cidade e estado, você nasceu?
SENA:
Nasci em 9 de julho de 1968. Sou natural de Pau dos Ferros, uma cidadezinha de
pouco mais de 30 mil habitantes no interior
do Rio Grande do Norte.
Tony 5: Pau dos Ferros? Cacilda... eu ia morrer sem nunca
ter ouvido esse nome. O Brasil é imenso, é impossível conhecer tudo... “uma
cidadezinha”, você disse... isso prova que gente de talento nasce em qualquer
canto desse querido Brasilzão. Maravilha! Nosso povo é criativo... é incrível.
Você é o exemplo vivo disso... Agora podemos relaxar e prosseguir, bengala
brother (termo que criei para classificar pessoas de uma certa idade que
possuem um espírito jovem, como nós). Só o espírito, porque a carcaça, já era.
Pelos menos, a minha... (Rssss...). Por isso ando cuidando da alma, do espírito, minha carcaça, já era (Rsss...). Seguindo em frente... esta,
digamos, sua tara por quadrinhos deve, com certeza, ter surgido
na infância ou na adolescência... quais foram, ou são ainda, seus personagens prediletos de HQs, nacionais e importadas?
Dá pra citar alguns?
Pelos menos, a minha... (Rssss...). Por isso ando cuidando da alma, do espírito, minha carcaça, já era (Rsss...). Seguindo em frente... esta,
digamos, sua tara por quadrinhos deve, com certeza, ter surgido
na infância ou na adolescência... quais foram, ou são ainda, seus personagens prediletos de HQs, nacionais e importadas?
Dá pra citar alguns?
SENA: Como
praticamente todo leitor de HQs no Brasil, os primeiros quadrinhos que conheci
foram os estrangeiros, em sua maioria americanos. Somente depois foi que vim a
conhecer os Quadrinhos Nacionais. Sempre gostei do BATMAN e gosto muito da
VELTA do grande amigo Emir Ribeiro.
Tony 6: Grande Emir, tai outro cabra arretado e criativo.
Também acho Velta, excelente... Como já disse em entrevistas anteriores que
realizei, admiro muito gente como você, os saudosos Deodato Borges (criador do
Flama), Antonio Cedraz (ATurma do Xaxado), Moacir Torres (A Turma do Gabi),
Emir Ribeiro (o criador da sensual Velta), e outros, que mesmo estando fora do
eixo Rio\São Paulo, distantes das grandes editoras, batalharam muito e
conseguiram tornar seus personagens conhecidos em boa parte deste imenso país e
até no exterior. A vida de um editor independente não é fácil, pois o retorno é
lento e até ínfimo algumas vezes. Você tem outra
profissão ou sempre viveu
exclusivamente das edições que publica?
SENA: Na
verdade nunca ganhei um centavo com quadrinhos. Produzo por pura paixão mesmo. Sou
servidor público estadual da Rede de Imunibiológicos da Secretaria de Saúde .
Tony 7: Conheço muitos, assim como você que fazem coisa por mera paixão. Admiro vocês. Mas,
posso lhe afirmar de cátedra, fazer HQs nesse país é uma grande aventura. E,
ganhar dinheiro com isso é uma aventura ainda maior. O espaço é limitado, Mas,
você usou a cabeça, faz por diletantismo e segurou um bom emprego. Está
certíssimo...
Quantas edições de Crânio você lançou até agora?
SENA: Não
sei dizer ao certo, pois ele foi publicado em várias
revistas independentes e
fanzines ao longo de seus mais de
25 anos de criação. Acredito que em mais de
50 edições. Se você se refere aos fanzines. Além disso, ele foi publicado também em de
várias edições especiais. Foram 4 da primeira série,11 da segunda série e a terceira
série continua saindo (agora em formato digital).
Tony 8: Vinte e cinco anos!? Cacete! Você é um herói,
Francinildo... isso é coisa de maluco (no bom sentido)... Quantos desenhistas
já colaboraram ou colaboram com você, criativo bengala brother?
SENA: Prefiro
não citar nomes para não ser injusto com algum
que eu possa esquecer de
mencionar... mas, foram muitos e não posso deixar de lembrar do Mark Novoselic,
que foi o mais promissor e importante desenhista do CRÂNIO e que infelizmente
nos deixou prematuramente em julho de 2008, vítima de enfarte fulminante.
Tony 9: Faleceu,l que Deus o tenha em bom lugar... Como
acontece o processo de criação de cada nova edição? Como seleciona os parceiros
de trabalho? Dá pra explicar?
SENA: Não
planejo muito. Quando me vem alguma ideia escrevo e arquivo no computador.
Tony 10: Pelo visto, você sempre anda inspirado, basta
vermos a sua
imensa produção... isso não é pra qualquer um, não.A maioria dos
desenhistas eu conheço fazem algumas centenas de páginas e acham que fizeram
muito. Aliás, o pessoal, briga e xinga, alegando que falta espaço para o
quadrinho nacional. Mas, quando alguém abre espaço, cadê a produção?
A maioria
não tem pique para manter uma boa produção e uma certa qualidade. Conclusão:
não conseguem ganhar um bom dinheiro e acabam desistindo da profissão. Quando o
preço é baixo só há uma forma de
faturar alto: produzindo muito, em equipe. Mas
voltando o nosso
bate-papo... Quantos desenhistas já colaboraram ou colaboram
com você,
criativo bengala brother?
SENA: Essa
pergunta é a mesma PERGUNTA 8, Tony...
Tony 11: É mesmo? Cara, mil perdões... ando meio desligado
ultimamente... mas, let’s go... O que achei interessante nas HQs do Crânio é
que ele além de ser dotado de superpoderes, comuns aos de sua raça
(Stronianos), sempre se refere a si mesmo como “você”. O personagem conversa o
tempo todo com seus pensamentos, como se em seu corpo houvesse duas entidades
distintas... isto tem a ver com espiritismo? Você é adepto do kardecismo, ou
coisa parecida?
SENA: Não.
Sou católico mesmo e essa ideia de narração para as
HQs do CRÂNIO foi para
criar um diferencial em relação aos outros personagens de HQs.
Tony 12: Pode ter sido sem querer, mas ficou original.
Parabéns! Este seu personagem, que se tornou um clássico das HQs, já apareceu
em diversos fanzines e em edições de outros personagens como Lagarto Negro e o
Cometa (preciso entrevistar o Sinclair, o cara tem um traço dinâmico).
Como
surgiu a oportunidade de participar destas duas revistas que citei? Como
conheceu seus autores?
A arte fantástica de Sinclair |
SENA: A
Participação do CRÂNIO ao lado do Lagarto Negro e do COMETA, na revista Cometa
edição #7, foi porque eu recebi um
convite do próprio Samicler Gonçalves. O Gabriel Rocha (criador do Lagarto
Negro), eu já conhecia desde os tempos do Fanzine
Impacto... e o Samicler, eu o
conheci, justamente, na época em
que recebi o convite da participação do CRÂNIO
na revista.
Tony 13: Está aí um “trio parada dura”: você, o Samicler e
o Gabriel Rocha... gente talentosa e guerreira. Sou fã de vocês... Heróis
Brazukas é uma publicação independente on line vitoriosa, pois há anos vem
sendo editada
e você é o editor da revista – pelo menos é o que consta na
edição # 43 que tenho. Pergunto: Você ainda é o editor deste zine que resgata
antigos heróis criados no Brasil (inclusive Fantasticman, meu velho super-herói
foi capa de uma de suas edições, grato pela lembrança), e que dá oportunidade
para
as novas criações de jovens autores ?
Tony 14: Com “C”!? Pisei na bola, outra vez... Rssss. Só
dou mancada, mil perdões. Mas, prossiga...
SENA: Iniciei
o
fanzine em 2001, impresso em Xerox e
formato A4. Continuou assim até a edição # 58. A partir da edição #59 adotei o
formato Digital para download gratuito. Desde o início mantenho o objetivo
original, que é mesclar HQs de personagens
clássicos
Tony 15: Clássicos com os recentes... a ideia foi genial,
pois atrai os antigos fãs e estes acabam conhecendo os novos talentos. Bem
bolado... Na edição que citei e que guardo a sete chaves aparecem Raio Negro,
do saudoso Gedeone Malagola, Pau de Arara e Velta, do genial e polêmico bengala
brother Emir Ribeiro. Nela também há a
seção super-heróis brasileiros, escrita por Antonio Luiz Ribeiro e mais um
capítulo da série Quadrinhos em Ação, criada por Mario Feijó. Quem foi o
idealizador do zine Herói
Brazukas e quando foi que tudo começou?
SENA: Acho
que já respondi isso na pergunta anterior.
Tony 16: É hoje! Uma mancada atrás da outra... Rssss. Até
parece que bebo... aliás, um cervejinha gelada ia bem , agora, né? Mas, deixa
par lá... pergunto: Como planejam cada edição? Fazem reunião de pauta?
Conta
pra gente...
SENA: Na
verdade sou o único editor do fanzine Heróis Brazucas e, portanto, sou eu mesmo
quem escolhe o material para cada edição.
Tony 16: É incrível como você consegue arrumar tempo... Você
já chegou
a oferecer uma edição de Crânio para alguma pequena, média ou grande editora do sudeste? Ou
pretende manter eternamente este seu excelente personagem em edições
independentes, fora do circuito criado por grandes distribuidores? Aliás,
desculpe-me, pelo fora. Atualmente só há um único distribuidor no país, Treelog,
da poderosa editora Abril.
SENA: Acredito
que as grandes editoras do Brasil não têm interesse em material nacional, já
que preferem investir nos estrangeiros. Por isso nem me dou ao trabalho de
oferecer nenhum material para nenhuma. Como faço HQs apenas por hobby estou
satisfeito com
o reconhecimento que o CRÂNIO já conseguiu, mesmo em fanzines
e revistas
independentes.
Tony 15: Se eu fosse você, que tem um bela produção,
tentaria entrar no circuito profissional, pois seu material é bom e o mercado
precisa de novidades. Não pode ser pessimista, meu amigo. Além do mais, você
não tem nada perder. Tem um bom emprego
vitalício. Uma hora você encontra um editor “doido” e a coisa rola, pode
acreditar. Só se consegue algum coisa nesse mercado através da insistência. Já
ouvi milhares de “Nãos!”, e alguns “Sims!”. Tem gente que nasce com espírito
nacionalista. Nesse país, eles são raros, mas existem. Qual é o seu conceito
sobre os grandes editores nacionais?
SENA: Para
mim, na verdade, são publicadoras e não editoras.
Tony 16: Não deu para entender direito qual é a diferença
(editoras também são casas publicadoras), mas vamos nessa... Na década de 90
houve o grande “BOOOMMMM!” Você curte
heróis Made in Japan, Qual das series de mangá que estão empesteando as bancas
há mais de 15 anos é sabido que o que consagra um autor são os números finais,
as vendas.
No Brasil o grande recordista de vendas de gibis ainda é o Mauricio
de Sousa com a Turma da Mônica. Ao seu ver, por que os poucos títulos
de Hqs genuinamente
feitas no país não emplacam?
SENA: Aí
está um gênero de quadrinhos que nunca consegui curtir. Até já tentei ler
alguns mangás, mas não consigo gostar mesmo.
Tony 17: Creio que somos, em sua grande maioria, bitolados
no estilo americano. Eu também demorei para aceitar e ler HQs de mangás. Mas
alguns títulos me chamaram a atenção, li e gostei. Atualmente, eles
(os mangás)
vendem bem em todo o mundo. Trata-se de um fenômeno quase que inexplicável... A
partir de que edição Crânio passou a ter
as capas impressas em cores?
SENA: A
partir da terceira série do fanzine, ou seja, desde a primeira edição...
Tony 18: Que outros personagens você criou além de Crânio?
SENA: Tem
o Projeto Power composto pelos personagens PÁSSARO, ANFÍBIO e RÉPTIL, (Ver
CRÂNIO #22) Os LEGIONÁRIOS DA PÁTRIA
(ver CRÂNIO #13) e também o CARA DE GATO, criação
minha em parceria com o Marcelo Salaza. Ele já participou de algumas histórias
do CRÂNIO (ver CRÂNIO #21 e #26).
Tony 19: Vou lá checar.... Cacilda, você produz argumentos
que nem
pastel, de diversos gêneros! Isto é genial! Parabéns! Futebol...
vamos
falar da grande paixão nacional... Seu time de futebol preferido, é?
SENA:Vasco
da Gama (Fazer o que, né?)
Tony 20: Acho que é
só você e o Dom Alvarez de La Mancha (um dos cardeis da confraria Bengala, que está escrevendo um livro sobre O Judoka, um grande ícone das HQs nacionais).
Rssss... Ninguém é prefeito... Filmes e diretores?
SENA: Não
tenho um filme preferido, gosto de muitos... mas, poderia destacar a Trilogia
do BATMAN , de Nolan, que gosto muito.
Tony 21: Perfeito... Atrizes e atores, nacionais ou da
América?
SENA: Não
tenho preferidos. Depende de cada atuação em um determinado filme...
Tony 22: Você disse bem... em alguns eles se dão bem,
noutros se dão mal... não é sempre que acertam... errar é humano. Acredito que
não existe ninguém que seja genial em tudo... mas, voltando ao mundo das HQs...
Na edição # 26 do zine Mundo HQB, temos chamadas de capa dos seguintes
personagens: Escorpião de Prata, Gavião, Jovem Lobisomem,
O Vestido de Anabela,
e a imagem clássica de Fantasticman voando,
meu super-herói
jurássico...Rssss... além dos títulos da referida edição, questiono: Crânio,
ele também surge nas páginas desta edição ou nas demais?
SENA:O Crânio saiu nas edições
# 1 , # 6, # 8 e # 9 da revista MUNDO HQB (Histórias em Quadrinhos
Brasileiras), que foi uma revista digital que editei e finalizei na edição # 39,
por falta de tempo, já que edito também as edições digitais do CRÂNIO e HERÓIS
BRAZUCAS.
Tony 23: Falta de tempo? Hmmm... fico imaginando como seria
sua “produçãozinha” se você tivesse tempo... Rssss. Você é uma máquina pra
bolar personagens e roteiros. É incrível!
Quantas HQs de Crânio você já escreveu e publicou até o momento?
SENA: Rapaz...
assim de cabeça não saberia dizer... mas, asseguro que o CRÂNIO já deve ter
perto de 100 HQs, algumas até escritas por outros roteiristas.
Tony 24: É uma boa produção... Dá pra lembrar quais
desenhistas já colaboraram para desenhar seus roteiros de Crânio?
SENA:
A resposta da pergunta 8 responde por essa, Tony.
Tony 25: Outra vez!? Essa não! Devo estar sofrendo de
aminésia... Rsss... perdoe-me, Sena... deve ser arteriosclerose... Todo mundo
trabalha por amor a arte, sem remuneração?
SENA: Todos
os desenhistas que ilustraram as HQs do CRÂNIO fizeram por gostar do personagem
mesmo e por gostar daquilo que fazem: quadrinhos. Em reconhecimento, sempre
lhes enviei exemplares das edições impressas.
Tony 26: Apesar desse nosso mercado estar “bichado” –
devido as baixas vendas e poucas oportunidades de trabalho -, como digo sempre,
é incrível como nascem a cada dia mais e mais fãs e gente fazendo HQs.
Os
eventos sobre quadrinhos, eles também acontecem anualmente, cada vez mais, pelo
mundo afora e em nosso país. Com a rápida expansão da Internet muita gente, que
até então não tinha visibilidade passou a ter um ótimo canal de divulgação e
até de comercialização. Acho isso ótimo!
O amigo e ex-editor da revista Porrada
(editora Vidente), Gil Firmino,
sempre se mostrou contra os zines e com isso
ganhou alguns desafetos. Ainda segundo ele, este tipo de publicação em nada
contribui para fortalecer o mercado editorial no que se refere a nível
profissional. Subentenda-se que ele quer dizer que como não gera receita,
consequentemente não cria condições para que os autores vivam de suas artes. Em
parte, até acho
que o Gil tem razão. Mas, por outro lado, os zines revelam
novos talentos, estimulam a produção e não deixam as HQs brasileiras morrerem.
E, ultimamente a maioria deles têm uma apresentação gráfica sofisticada,
profissional. Na sua opinião, o Firmino está correto ou errado ao
taxar os
zines de subprodutos?
SENA: Cada
um pensa de uma maneira. Gosto dos fanzines e
gosto de produzir fanzines. Mas, respeito
a opinião de cada um.
Tony 27: Gil (vulgo
Gibão), você escapou dessa, meu velho... pensei
que o Sena ia descer o sarrafo
em você... Rssss. O Sena é gente boa (principalmente amarrado e dormindo) Rsss.
Brincadeira, Sena, foi
só para zoar o Firmino... Família, vamos falar ela,
sobre
Deus e as religiões?
SENA: Família
é a base de tudo. Deus é o pilar dessa base, independente de qualquer religião...
Tony 28: Matou a
pau! Gostei! Ao seu ver, por que as HQs nacionais
não emplacam ?
SENA: Ouço
muitos dizerem que é porque os roteiros são fracos e coisa e tal. Não acredito
nisso. As HQs nacionais não emplacam porque não há investimento das grandes
editoras que preferem importar o material já pronto.
Tony 29: Concordo plenamente... eles preferem investir
naquilo eu já vem consagrado, lá de fora... e mesmo assim, as vezes, se dão
mal...
Além das HQs de Crânio, você já
se aventurou a escrever outros tipos
de argumentos, menos supers?
SENA: Sim.
Escrevi um roteiro me 3 partes chamado Missão Policial, mas nunca chegou a ser
desenhado...
Tony 30: Entendi... Quando vejo o pessoal enaltecendo
Batman o
Cavaleiro das Trevas e Ronin – ambos de Frank Miller –, títulos que
fizeram um sucessão nos anos 90, me pergunto: Os roteiros são inovadores, mas
os desenhos não são péssimos... Você não acha que se um brasileiro tivesse
criado, desenvolvido e publicado, aqueles títulos, a crítica tinha metido o
sarrafo? Em ambas as séries há um excesso de quadros, de textos e de closes.
Sem contar que os desenhos parecem que foram feitos às pressas, nas coxas, e
são muito mal-acabados. Mas, como é gringo a galera aplaudiu. Você também concorda
comigo, ou discorda?
SENA: Sim,
penso mais ou menos como você.
Tony 31: Gostei. Fomos sinceros! Já que nossas ideias estão
batendo... Ainda falando de Batman e Ronin... Isto prova aquela velha máxima de
que o argumento corresponde a 90% de uma HQ, você concorda ou discorda dessa
teoria? Um bom argumento segura um desenho tosco?
SENA: Acredito
que deve haver um equilíbrio entre roteiro e arte. Ambos têm igual importância
numa HQ. Mas, sim, as vezes um bom roteiro ajuda muito quando a arte não é
muito boa.
Tony 33: Eu que o diga, porque se não fosse pelos roteiros
(e os bons desenhistas que trabalharam comigo ao longo dos anos) eu estaria
perdido... Rssss. Neste exato momento você está envolvido em algum projeto
especial?
SENA:
No momento estou participando com o CRÂNIO do Projeto A ORDEM: ÁLBUM DOS HERÓIS
BRASILEIROS que está no Catarse
para financiamento Coletivo (http://catarse.me/pt/albumdqb).
Recentemente
a editora Júpiter II de José Sales lançou uma revistinha do CRÂNIO e logo uma
outra será lançada pelo selo Universo Independente.
Tony 34: Bacana... cartse? É uma boa! Olhaí, gente! Vamos
colaborar.
Quanto ao Zé Sales, o cara parece que “caiu do céu”, tem ajudado
muita gente... Planos para o amanhã (o futuro)?
SENA: No
momento, só os de hoje mesmo.
Tony 35: Concordo plenamente! Passado e futuro para mim não
existem!
O que vale é agora! Alguma
frustração profissional?
SENA: Não.
Porque sempre encarei os quadrinhos como
hobby e não como profissão.
Tony 36: Sujeito esperto... Um sonho?
SENA:
Um dia poder lançar uma revista mensal do CRÂNIO
em bancas (mas, isso é só
sonho mesmo)...
Tony 37: Mas, pode virar realidade. Basta correr atrás. Tem
um velho
ditado que diz: “Quem não arrisca, não petisca!” As revistas impressas
em quadrinhos, elas tem futuro – ante a ameaça de publicações
meramente
virtuais?
SENA: Não
acredito que as revistas virtuais substituam as edições impressas. Não há nada
que substitua o prazer de folhear
uma revista.
Tony 38: Eu também acho, mas alguém tem que avisar isso
para
esta nova geração que está aí, viciada em Facebook, celulares,
tablets,
etc... a coisa está virando doença, paranóia... Agora vamos tentar desvendar
quem é você. Dá pra se autodefinir?
Quem é Francinildo Sena?
SENA: Eu?
Apenas um simples servidor público, que por paixão inventou de produzir
quadrinhos sem compromissos editoriais
e até hoje continuo produzindo.
Tony 39: Legal... Deixe aí uma mensagem aos seus fãs e aos
jovens
autores que almejam um dia publicar seus personagens?
Qual é a dica
importante?
SENA:
O que tenho a dizer para os mais novatos, é que nunca desanime, nem desista de
suas convicções. Há sempre aqueles
que tentam puxar o seu tapete... mas, há
também muita gente
boa que sabe apreciar uma boa arte de quadrinhos.
Aos amigos
que ao longo de mais de 25 anos acompanham
comigo as aventuras do CRÂNIO, só
tenho a agradecê-los.
Tony 40: Meu querido bengala brother, eu quero que saiba que
eu sou
seu fã. Parabéns, pelo incrível trabalho que você vem desenvolvendo. E, que Deus o mantenha assim com esse espírito de luta em prol dos quadrinhos nacionais... Só me resta agradecer por este seu depoimento maravilhoso e pela paciência que você teve para responder esta verdadeira enxurrada de questões. Grato,
pela atenção dispensada e até a próxima,
bravo guerreiro.
SENA: Eu
é que agradeço pelo espaço, grande Tony, e saiba que também sou um grande fã do
seu trabalho na área de Quadrinhos.
Tony: Portanto, caro webleitor, se você ainda não conhece o
personagem Crânio, clique no link abaixo e descubra esta grande criação do
mestre Francinildo Sena. See you later, bengalas brothers, friends and
sisters,
e até nossa próxima entrevista. FUIIIIIIII!
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