terça-feira, 10 de maio de 2011

SALATIEL DE HOLANDA, O GRANDE MESTRE DAS CORES, DA PUBLICIDADE E DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS!


UM GÊNIO DA PINTURA, DA PUBLICIDADE
 E DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS!
O GRANDE MESTRE E BENGALA FRIEND...
SALATIEL DE HOLANDA!

Artes originalmente feitas no formato A-3

Em meu início de carreira também fiz parte da lendária 
"Turma do Barraco do Justo", como já citei 
em outros artigos e entrevistas. 
Éramos, naquela época (década de 70), um bando de
 garotos oriundos de bairros proletários, e até
 do interior de São Paulo, em busca de uma 
carreira no mundo oscilante das histórias em quadrinhos. 
No meu caso, procurei a lendária M e C
 Editores (do saudoso e genial 
Minami Keizi  e Carlos da Cunha), no bairro do
 Cambuci, em São Paulo, e eles me encaminharam 
para a casa do mestre Ignácio 
Justo, para estagiar, visto que meu trabalho, apesar
 de ter feito muitos cursos, era sofrível.
Foi lá que conheci Cocolete, Ailton Elias, Lincon 
Ishida e outras feras do traço, iniciando suas 
carreiras e se submetendo a um verdadeiro 
intensivão de anatomia humana, sob a 
orientação do velho e bom mestre, 
que jamais cobrou um centavo se quer
 daquela garotada 
doida para fazer quadrinhos.
Naquele tempo o mestre, que já era consagrado 
por desenhar centenas de histórias de guerras, 
fazia parceria com o criativo e grande mestre
 dos roteiros de HQs e intrépido guerreiro
 Gedeone Malagola (um ex-delegado apaixonado por
 quadrinhos e autor de diversos 
personagens de HQs e milhares de roteiros
 dos mais diversos gêneros e do super-heróis
 mais famoso do país: Raio Negro),
 que anos depois tive o prazer de conhecer e me 
tornar amigo e até a frequentar sua casa em 
Jundiaí, interior de São Paulo.
Foi lá, na rua Conde de Sarzedas, no bairro 
oriental da Liberdade, 
no "Barraco do Justo" que, também, ouvi falar
pela primeira vez de Salatiel de Holanda, 
um pernambucano, autodidata, que pertencia a 
uma geração anterior a
 minha e que estava arrebentando nas 
grandes agências de São Paulo e nas editoras.

O mestre fazendo uma ilustração de  guerra naval

Salatiel (vulgo Di Zuniga, pros amigos), sempre
era citado como um exemplo de garra e perseverança a ser seguido.
Na década de 80 abri meu primeiro estúdio de arte e criação na 
avenida Jabaquara. Foi lá que comecei a atender editoras
 e agências de publicidade, depois de ter passado
pela editora Abril (fazendo Disney e Hanna- Barbera), 
Estúdio Ely Barbosa (fazendo
Trapaleão e a Formiga Atômica), Folha de 
São Paulo, Viacom (fazendo merchandising de 
Tom e Jerry e A Pantera Cor-de-Rosa, para o Alvaro
 Figueiredo, e Character 
(fazendo artes para merchandising dos heróis DC), 
Notícias Populares, editora Noblet, Bloch Editores 
(fazendo Os Trapalhões e Trapasuat). 
Imprima,Grafipar (fazendo cartuns eróticos),
editora Acti-Vita (escrevendo uma centena de 
livros eróticos), etc.
Foi justamente ao ir fazer um free lance de 
past-up numa agência de publicidade, pequena, que
 trombei com o grande Salata , um
sujeito bem humorado, fazendo manchas (storyborads) para 
filmes de comerciais da TV.
Confesso que fiquei pasmo, literalmente, como
aquele cidadão, que brincava com as cores.
 Desenhava e manchava com guache, cada quadro 
(take), com uma velocidade incrível, segundos 
após ler os briefings dos redatores daquela agencioca, 
na qual ele também fora chamado
para fazer um freela. Conversamos bastante, 
descemos pra tomar umas "brejas geladas" e quando contei 
que eu também pertencia a turma do "Barraco do
 Justo" o papo ficou ainda mais animado.
Ali, fiquei sabendo que o mestre Justo tinha 
encaminhando muitos dos seus discípulos para as
 agências e editoras de quadrinhos e que as diversas 
gerações, que haviam passado pelo barraco, se
 ajudavam uns aos outros.
Salatiel me contou sobre sua meteórica trajetória
 pelas maiores agências multinacionais de São Paulo
 City, sobre sua paixão pelos comics 
e por aviões de combate, tal qual o mestre Ignácio Justo,
 um ex-militar e piloto da aeronaútica.  




Expliquei que eu tinha um pequeno estúdio e que 
estava ali fazendo apenas um free lance.
Dias depois, ele, Salatiel, e um amigo dele chamado 
Adão Gonsalves (outra fera em manchas publicitárias), 
apareceram no meu estúdio e depois de um longo
 bate-papo decidimos nos associar para atender 
as grandes agências, como: J.W.Thompson, 
Young Rubican, McCan-Erikson, Almap,
 Mauro Salles, etc.
Nessa época minha "praia" era apenas editoras e 
confesso que aprendi muito vendo o Salata e o 
Adão trabalhando. Aprendi, na prática, como 
trabalhavam esses grandes mestres.
Em pouco tempo nossa seleta clientela aumentou.
 Vieram agências e empresas, como:
 São Paulo Alpargataz, Yakult, etc.
Ainda nos anos 80 eu e o Di Zuniga fizemos 
algumas HQs de terror, em 
parceria, para a editora Evictor.

No palco. Graças ao Worney, tive a honra de entregar a ele o
troféu Angelo Agostini, mestres das HQs
Depois, seguimos nossos caminhos. Nunca mais 
nos vimos. 
Ele foi trabalhar fazendo freela para as agências 
e HQs para a editora D-Arte do mestre e bengala friend 
Rodolfo Zalla, enquanto eu continuei 
firme no mercado editorial onde passei a publicar
 revistas dos mais diversos segmentos e livros para 
diversas casas editoriais paulistas. 

ANOS 90:
 PHENIX EDITORIAL LTDA

Mas, foi só na década de 90, quando abri a Phenix 
Editorial (minha segunda editora) é que tive o prazer de
 fazer parceria com o grande mestre 
Salatiel de Holanda. Escrevi muitos textos para 
as revistas: Udigrudi, Almanaque Phenix 91, 
Almanaque Super Ação e Almanaque Aventura 
e muitos destes textos foram 
desenhados pelo mestre e grande amigo Salatiel. 
Nessa época produzimos milhares de páginas de 
HQs e confesso que foi uma honra trabalhar 
com ele que, além de ser um grande 
desenhista ágil, também era fera em 
arte final e nas pinturas a guache ou aquarela 
líquida (ecoline).
O homem era uma verdadeira máquina
 de produção sem perder seu alto padrão 
de qualidade. 
Fez, além de HQs, uma gama de capas, etc.
Artefinalizou trabalhos meus de super-heróis - 
apesar de não gostar do gênero -, ,dentre estes: 
Fantasticman e Fantasma Negro).
 Também artefinalizou a primeira HQ 
feita do homem de Vulcano (Fantasticman), feita
 pelo jovem Ivan Reis, que na época tinha apenas
 14 anos. Hoje, Ivan Reis  está arrebentando
 na Marvel e DC). Salatiel também artefinalizou 
 desenhos do genial 
Orlando Alves (para a Udigrudi), e de outras feras.
Durante 3 longos anos, ele e Orlando Alves foram 
os mais prolíficos e criativos membros da nossa equipe
 de produção. Udigrudi era um sucesso 
e assim decidimos lançar 2 revistas menais de 132 págs,
 só com autores nacionais, além dos almanaques 
de super-heróis (também com 132 págs cada um).  
Revelamos, na época, gente de muito talento
 em HQs de humor, como: 
Orlando Alves, Dal, Alexandre Montini e Alexandre 
Dias (guitarrista da banda Velhas Virgens), Mauro,
 Jorge Barreto, Roberto Guedes (autor de Meteoro),
 Antonio Succex, Décio Ramirez, 
Jean Okada, Gilvan Lira, e outras feras.  
    
Nessa mesma época, Salatiel de Holanda me 
apresentou umas pranchas enormes, pintadas a guache, 
com desenhos maravilhosos 
de aviões em ação, sua antiga paixão. 
As artes montadas em paspatu (um papel cartão denso,
 que era muito utilizado
para apresentar artes às agências de publicidade),
eram geniais e deixou todos da 
editora de queixo caído. 
O homem se revelava, a cada dia, um grande
 mestre deste tipo de arte. 
Mas, pensei, como publicar aquelas
 verdadeiras obras de arte?
Aquilo não era HQs, eram belas ilustrações,
 que fugiam, infelizmente, da nossa 
linha editorial.
Além da espetacular arte do Salata, também tive o 
privilégio de conhecer pinturas magníficas feitas 
por outros grandes artistas que colaboravam 
com a gente. Essas artes fenomenais jamais 
foram publicadas por ninguém e, portanto, são 
desconhecidas do público-leitor.
Elas atestam a alta qualidade dos nossos autores,
 que não devem nada aos ilustradores do exterior.
Porém, utilizá-las, naquele momento, era inviável.
Pensei até em criar álbuns em cores com
 a ilustração de cada autor, mas acabei 
desistindo da ideia ante 
o imenso volume de trabalho que 
carregávamos nas costas naquela época remota..
Nosso ritmo de trabalho, para manter, 5 gibis de 
132 páginas mensais, de HQs nacionais,
fora as revistas posters de rock, cinema, etc, 
era alucinante e alguns dos colaboradores tinham 
uma produção incipiente. Cabia a nós, os mais
 velhos e experientes, dar conta da imensa produção. 
Eu e o meu sócio (Wanderley Felipe), 
nos dividíamos entre a administração da empresa 
e a coordenação e supervisão dos trabalhos dos autores. 
Eu vivia desenhando, cuidando da produção gráfica e 
da parte executiva, enquanto paralelamente 
escrevia roteiros para a turma.
 O Wanderley desenhava, fazia as letras
(além de excelente desenhista infantil, ele era
 experiente em desenhar letrinhas
visto que durante um bom tempo letrerou
para a Abril as revistas Disney).
Além disso, meu ex-sócio também cuidava
 da parte administrativa. 
Aquilo tudo era uma doidera, mas adorávamos o 
que estávamos fazendo, realizando um antigo sonho
 de publicar HQs nacionais e dando espaço
para muitos autores novos e veteranos, como:
 o Salatiel, Gedeone, mestre Seabra, etc.
. Incentivamos, muito, a produção de super-heróis
 nacionais, também. 
Enfim, demos nossa reles contribuição as histórias 
em quadrinhos nacionais.
Em 1966 a Phenix fechou, infelizmente, pouco
 depois que o presidente Collor de Mello foi 
expulso do governo, 
pois as vendas despencaram para 5%. 
Além disso, também tínhamos sérios 
problemas internos e administrativos.

Em 1998, recebi Salatiel em meu apartamento. 
Mais uma vez ele me apresentou aquela coleção 
de pranchas fantásticas.
Daí, como eu já estava informatizado,
 perguntei à ele se eu podia escanear e 
guardar aquelas artes.
 Com a sua autorização fiz o trabalho e guardei
 ele a sete chaves todo o material digitalizado. 
Durante anos, estas artes incríveis, que poucos 
tiveram o privilégio de apreciar, ficaram
"arquivadas num CD-Rom".. 
Confiram essas artes a seguir e se deliciem com 
o trabalho deste grande mestre, das HQs,
 da publicidade e da pintura, oriundo do Recife,
região nordeste do Brasil, celeiro de 
grandes artistas, gente criativa,
 de muito talento.
 Confiram... See you later, bengalas friends!
  
Infelizmente, aqui no blog, nosso espaço é limitado

Uma cena fantástica

A arte espetacular do velho mestre

Um expert em aviões da Segunda Grande Guerra


Trabalhos feitos a guache

Um mestre inigualável
Arte espetacular

Um trabalho hiper realista

Nada substitui uma pintura analógica

Uma máquina perfeita de guerra na manutenção

Um show de luz , sombra e ação

Grande tomada de cena e idéia de movimento


Depois de ver estas artes, você ainda acha que nossos
artistas devem algo ao internacionais?


Recebendo o Troféu Angelo Agostini



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