Devido a falta de oportunidade de trabalho no mercado
editorial nacional, que é quase nulo, muitos desenhistas
brasileiros talentosos
acabam descobrindo através da
Internet, ou através de outros meios, uma forma
de
realizar seus sonhos: fazer histórias em quadrinhos.
Assim muitos
profissionais até então desconhecidos
em seu próprio país estão colaborando,
cada vez mais,
com as editoras americanas e europeias. Desta feita
nossas luzes
estão focando um jovem talentoso que
acabou de realizar um belo trabalho para
uma das
grandes majors dos comics na terra do Tio Sam e
que acabou de chegar da
Feira de Quadrinhos de
Nova Iorque. A seguir, vamos conhecer o trabalho
deste
grande artista, o que pensa ele sobre o
mercado nacional, e suas impressões
sobre o
famoso evento que é realizado anualmente
nos Estados Unidos.
Curta e
deguste mais este batepapo virtual com...
EDUARDO
FERRARA
(ED
FERRARA), UM ARTISTA
QUE TEM UM ESTILO
MARCANTE
QUE TEM UM ESTILO
MARCANTE
Tony 1: Salve, grande Edu! Bem vindo a este
blog que visa, antes de tudo, divulgar e promover grandes
talentos do passado e registrar uma gama de
brasileiros talentosos que estão fazendo um trabalho
relevante em outros países, como Joe Bennet, Mike
Deodato, Ivan Rodrigues Reis, Georgio Capelli Jr,
Silvio Spotti, outros, e você. Está pronto para responder
as questões? Afinal, todos queremos saber mais
sobre sua incrível trajetória profissional...
brasileiros talentosos que estão fazendo um trabalho
relevante em outros países, como Joe Bennet, Mike
Deodato, Ivan Rodrigues Reis, Georgio Capelli Jr,
Silvio Spotti, outros, e você. Está pronto para responder
as questões? Afinal, todos queremos saber mais
sobre sua incrível trajetória profissional...
ED FERRARA:
Opa, é
um prazer! Vamos lá!
Tony 2: Você nasceu em que dia, mês, ano, estado e cidade?
ED FERRARA:
Nasci
em 29 de maio de 1968 em São Paulo, Capital.
Tony 3: Trabalhar para uma editora americana
sempre foi um sonho? Antes de fazer HQs,
qual era sua profissão?
ED FERRARA:
Na verdade, trabalhar com HQ basicamente sempre
foi meu sonho, não importando para
quem fosse. Bem, progressivamente, como muitos da área fui sendo seduzido
e
encantado pelo mercado americano, que sem dúvida,
é mais glamoroso do que
qualquer um. Antes de ser um ilustrador profissional eu já havia trabalhado em
pizzaria
onde eu fazia de tudo menos pizza, gerência de posto de gasolina e
caixa de banco. Com certeza, não tenho
a menor saudade desse tempo. Aprendi
muita coisa, claro, principalmente a lidar com público,
mas isso fica no
passado.
Tony 4: Essas experiências de vida são ótimas, Ed.
E não são
demérito algum. Antes de me tornar um
profissional da área também já fiz de tudo - engraxate,
vendedor de sorvete, vendedor de gibis na feira –
onde também fazia carretos-, trabalhei numa de fábrica
brinquedos, fui pedreiro, encanador, Office-boy, bancário etc.
E sempre agradeço a Deus que me deu coragem de
enfrentar as agruras da vida para criar minhas filhas.
Ralei um bocado até conseguir entrar no ramo.
Mas, valeu! Aliás, tá valendo... Há quem diga, com
propriedade, que a vida é uma escola. Mas tem
gente que morre sem tirar o diploma, sem vivê-la
em toda sua plenitude. Prosseguindo...
Como você fez contato com os gringos? Foi via WEB?
profissional da área também já fiz de tudo - engraxate,
vendedor de sorvete, vendedor de gibis na feira –
onde também fazia carretos-, trabalhei numa de fábrica
brinquedos, fui pedreiro, encanador, Office-boy, bancário etc.
E sempre agradeço a Deus que me deu coragem de
enfrentar as agruras da vida para criar minhas filhas.
Ralei um bocado até conseguir entrar no ramo.
Mas, valeu! Aliás, tá valendo... Há quem diga, com
propriedade, que a vida é uma escola. Mas tem
gente que morre sem tirar o diploma, sem vivê-la
em toda sua plenitude. Prosseguindo...
Como você fez contato com os gringos? Foi via WEB?
ED
FERRARA:
Não,
não. Eu sempre procurei por meios físicos. Comecei a tentar uma vaga no mercado
a partir de 1995, inicialmente através do então Estúdio Artcomics...
Tony 5: É o melhor caminho. Artcomics, do querido
bengala brother Hélcio de Carvalho. Ele abriu a
Artcomics quando saiu da Abril... ao meu ver é
um herói. Um dos primeiros a vender o trabalho
dos tupiniquins para o mercado externo, na
década de 90. Grande cara,
o Hélcio, um dos fundadores da Mythos editora...
ED FERRARA:
Na
Artcomics eu era uma espécie de estagiário,
ficava fazendo páginas e mais páginas de teste
sob a supervisão dos diretores do estúdio, passando
até noites em claro por lá, como tantos outros
desenhistas contemporâneos meus que também
passaram por lá.
ficava fazendo páginas e mais páginas de teste
sob a supervisão dos diretores do estúdio, passando
até noites em claro por lá, como tantos outros
desenhistas contemporâneos meus que também
passaram por lá.
Tony 6: Noite e noites em claro... Cacilda! A coisa
era um intensivão mesmo... Rsss...
ED FERRARA:
Após
vários anos e contatos com outros estúdios
agenciadores em 2007 tive finalmente uma
oportunidade com um que me passou uma
revista one shot de personagens infanto juvenis
para o Canadá. Tinha que fazer desenho
e arte final num prazo apertadíssimo.
Felizmente dei conta e a coisa começou.
agenciadores em 2007 tive finalmente uma
oportunidade com um que me passou uma
revista one shot de personagens infanto juvenis
para o Canadá. Tinha que fazer desenho
e arte final num prazo apertadíssimo.
Felizmente dei conta e a coisa começou.
Tony 7: É interessante... o Hélcio deu a largada inicial
e isso motivou a surgir outros agenciadores de artistas...
você teve que fazer um trabalho na “pauleira” para
uma casa editorial Canadense... é isso aí, quem quer
chegar lá tem que ralar. Nada é fácil. Diga-me, você
teve que fazer muitos testes para ter
desenhos aprovados?
ED FERRARA:
Ah
sim. Toneladas eu diria. O traço é algo que
evolui e adquire personalidade apenas com
muito tempo de treino. É normal fazer muitas
páginas de teste e amostra até que alguém
se volte para o seu trabalho e ache que você pode corresponder como profissional.
evolui e adquire personalidade apenas com
muito tempo de treino. É normal fazer muitas
páginas de teste e amostra até que alguém
se volte para o seu trabalho e ache que você pode corresponder como profissional.
Tony 8: Haja paciência, né? Antes de realizar seu
primeiro trabalho para os canadenses, você já havia
tentado o mercado interno? Teve experiências
profissionais por aqui?
ED FERRARA:
Ah,
sim, naturalmente. É importante ressaltar
que mesmo antes de eu conseguir entrar no
mercado exterior, em 2007,
eu já trabalhava na área desde 1989, como ilustrador e professor de desenho. Ou seja, já estava ralando
fazendo quadrinhos e ilustração pra editoras,
agências de propaganda, jornais e
aulas nas escolas aqui no Brasil a um bom tempo.
que mesmo antes de eu conseguir entrar no
mercado exterior, em 2007,
eu já trabalhava na área desde 1989, como ilustrador e professor de desenho. Ou seja, já estava ralando
fazendo quadrinhos e ilustração pra editoras,
agências de propaganda, jornais e
aulas nas escolas aqui no Brasil a um bom tempo.
Acho
uma incoerência achar que o foco de
profissional se restrinja somente ao mercado exterior.
É preciso adquirir antes a experiência e
maturidade profissional acima de tudo... isso
compreende em lidar com a própria sobrevivência
poder pagar contas etc. Trabalhar para os gringos,
como eu disse antes, é bacana glamoroso, mas
não é tudo. Eles são clientes como qualquer um
que vai pagar pelos seus serviços, não são
ou piores. E é preciso saber lidar com o dia a dia
encarando não somente a parte artística, mas
também a parte negociadora, saber vender o
peixe e administrá-lo. Trabalhar com o exterior
é apenas uma parte do universo de desenhar.
profissional se restrinja somente ao mercado exterior.
É preciso adquirir antes a experiência e
maturidade profissional acima de tudo... isso
compreende em lidar com a própria sobrevivência
poder pagar contas etc. Trabalhar para os gringos,
como eu disse antes, é bacana glamoroso, mas
não é tudo. Eles são clientes como qualquer um
que vai pagar pelos seus serviços, não são
ou piores. E é preciso saber lidar com o dia a dia
encarando não somente a parte artística, mas
também a parte negociadora, saber vender o
peixe e administrá-lo. Trabalhar com o exterior
é apenas uma parte do universo de desenhar.
Tony 9: Gostei da sua maturidade profissional... o que você
lia ou ainda lê em termos de quadrinhos
ED FERRARA:
lia ou ainda lê em termos de quadrinhos
ED FERRARA:
Quando
criança curtia o universo Disney, mais
propriamente as histórias produzidas
pelos estúdios italianos.
propriamente as histórias produzidas
pelos estúdios italianos.
Tony 10: Também adoro o traço da italianada.
Para mim são melhores do que os americanos.
Os desenhos são dinâmicos, sem desmerecer
Barks e outros mestres...
Depois,
na adolescência, consumia super- heróis
e quadrinhos europeus avidamente. Atualmente
ando mais chato pra consumir quadrinhos, não
coleciono mais títulos, procuro especificamente
por histórias com bons roteiros e artistas com
os quais eu me identifique, independente da
origem ou gênero do quadrinho.
e quadrinhos europeus avidamente. Atualmente
ando mais chato pra consumir quadrinhos, não
coleciono mais títulos, procuro especificamente
por histórias com bons roteiros e artistas com
os quais eu me identifique, independente da
origem ou gênero do quadrinho.
Tony 11: Maturidade profissional. Tornou-se criterioso,
isto é ótimo... Fez algum curso superior
de arte ou é autodidata?
ED FERRARA:
Não
tenho curso superior. Sou da geração
que não existiam cursos acadêmicos que abrigassem
arte sequência ou ilustração editorial. Fiz um curso
de desenho técnico onde me aprofundei na área
e acho que essa é que foi minha faculdade: fiquei
quase 4 anos lá. E ser autodidata também me
embasou nesse caminho. É engraçado lembrar
dos perrengues que eu e os outros profissionais contemporâneos passamos atrás de informação
e referências de quadrinhos naqueles tempos
sem internet. Mas teve sua parte divertida também.
que não existiam cursos acadêmicos que abrigassem
arte sequência ou ilustração editorial. Fiz um curso
de desenho técnico onde me aprofundei na área
e acho que essa é que foi minha faculdade: fiquei
quase 4 anos lá. E ser autodidata também me
embasou nesse caminho. É engraçado lembrar
dos perrengues que eu e os outros profissionais contemporâneos passamos atrás de informação
e referências de quadrinhos naqueles tempos
sem internet. Mas teve sua parte divertida também.
Tony 12: O que vale é o talento. Canudo, nessa
profissão não quer dizer nada. Tem muito nego
com canudo que faz um trabalho de merda, essa
é que é a verdade... Muitos artistas da área publicitária,
como Pedro Mauro Moreno, Salatiel, Beto e outras
feras que começaram nas HQs, acabaram migrando
para as agências onde militaram por vários anos.
O Pedruka, inclusive, morou nos Estados Unidos e
agora está de volta ao Brasil e a ao mundo das HQs.
Atualmente o Pedruka está desenvolvendo uma HQ,
de uma nova serie, para a Bonelli Comics, famosa
editora italiana que há anos tem como carro-chefe
o personagem Tex Willer, o último dos cowboys,
que sobrevive firme nas bancas há uma eternidade.
Pergunto: Você, que também vem de experiências
anteriores com agências, optou mesmo pelos
quadrinhos, por quê?
ED FERRARA:
Sim,
tive experiência com as agências sim.
Fiz ilustras para campanhas e toneladas de
story boards. Sempre foi na base do “é pra ontem!”.
Passei noites e mais noites em claro.
Sempre adorei HQs.
Fiz ilustras para campanhas e toneladas de
story boards. Sempre foi na base do “é pra ontem!”.
Passei noites e mais noites em claro.
Sempre adorei HQs.
Tony 14: Agência sempre foi pauleira... tudo é pra
ontem, mas os preços acabam compensando a corerria,
apesar de ser um ritmo desgastante... a proposta financeira
das majors americanas da indústria dos quadrinhos
deve ser animadora. Dá para dizer, quanto elas, em
média, pagam por uma página bem elaborada, a lápis?
ED FERRARA:
Nem
sempre pagam bem, Tony. Isso é muito relativo.
Quando se é iniciante ou sem um nome consolidado
se recebe propostas bem modestas, mesmo vindo
de grandes editoras. Algo em torno de 70 a US$ 100
por página desenhada. Algumas ainda oferecem isso
pedindo também a arte final. Valores mais
expressivos giram em torno de US$ 300.
Quando se é iniciante ou sem um nome consolidado
se recebe propostas bem modestas, mesmo vindo
de grandes editoras. Algo em torno de 70 a US$ 100
por página desenhada. Algumas ainda oferecem isso
pedindo também a arte final. Valores mais
expressivos giram em torno de US$ 300.
Tony 15: De fato,
100 dólares, pagos pelas grandes
da América não é assim tanto dinheiro, para um
desenhista daquele país. Porém, para um artista
brasileiro é uma grana razoável, se compararmos
os preços que alguns pagam por aqui (editores de
menor porte pagam R$ 60, 00 por página, “uma merreca”)...
Ed, pelo que sei – segundo meus
espiões camuflados, Rsss...
- você acabou de enviar seus originais para uma
editora americana. Por qual editora vai sair este
seu trabalho e qual é o título da série?
Ou será que estou equivocado?
da América não é assim tanto dinheiro, para um
desenhista daquele país. Porém, para um artista
brasileiro é uma grana razoável, se compararmos
os preços que alguns pagam por aqui (editores de
menor porte pagam R$ 60, 00 por página, “uma merreca”)...
Ed, pelo que sei – segundo meus
espiões camuflados, Rsss...
- você acabou de enviar seus originais para uma
editora americana. Por qual editora vai sair este
seu trabalho e qual é o título da série?
Ou será que estou equivocado?
ED FERRARA:
Totalmente
mal informado, Tony, Seus espiões
não estão com nada... Rsss...
não estão com nada... Rsss...
Tony 16: Acho que vou ter que despedir esses incompetentes...
rsss... então, não aconteceu nada disso?
Conta pra gente a real...
ED FERRARA:
Na
verdade, fui na ComicCon de Nova Iorque,
em outubro. Fiz contatos com alguns editores
onde deixei para cada um deles um impresso
encadernado com artes recentes.
Não deixo mais originais com eles, mesmo
por que, no passado, não me devolviam essas
artes e eu ficava puto da vida. E infelizmente,
no momento, ainda procuro manter contato
com eles por e-mail e continuo a enviar material,
a ideia é vencê-los pelo cansaço. Entendeu?
em outubro. Fiz contatos com alguns editores
onde deixei para cada um deles um impresso
encadernado com artes recentes.
Não deixo mais originais com eles, mesmo
por que, no passado, não me devolviam essas
artes e eu ficava puto da vida. E infelizmente,
no momento, ainda procuro manter contato
com eles por e-mail e continuo a enviar material,
a ideia é vencê-los pelo cansaço. Entendeu?
Tony 17: Perfeitamente, meu querido Ed. Esses meus
espiões camuflados de merda, são uns bundões...
não dão uma dentro e me metem em cada fria... Rsss.
Mas, a vida é assim mesmo. Há quem diga que as
editoras gringas buscam mão de obra barata, pelo
mundo afora. E, que os artistas americanos preferem
trabalhar com animação, que é um trabalho bem mais
remunerado do que as HQs.
Obviamente, que para um artista nacional o preço
pago por eles deve ser bem superior
a de qualquer editora tupiniquim de pequeno e médio
porte, correto? Mas, segundo alguns, a continuidade
de trabalho para esses colaboradores de outros
países é incerta, pois depende muito do sucesso
alcançado que o título feito por eles venha a ter.
Ou seja, o sucesso de venda. Você tem alguma
informação se isto tem, de fato, procedência?
ED FERRARA:
Quanto
a artistas americanos migrarem para
animação, sim, tenho conhecimento que alguns
vão trabalhar com story boards. Pagam bem,
sim, os animadores, pois animação é muito cara
mesmo. Mas já tive clientes nacionais que me
pagavam bem melhor... bem superior a
determinadas editoras americanas.
Tudo é relativo, depende sempre com
quem você negocia.
animação, sim, tenho conhecimento que alguns
vão trabalhar com story boards. Pagam bem,
sim, os animadores, pois animação é muito cara
mesmo. Mas já tive clientes nacionais que me
pagavam bem melhor... bem superior a
determinadas editoras americanas.
Tudo é relativo, depende sempre com
quem você negocia.
Tony 18: Muitos desenhos animados deles foram e ainda são
produzidos em outros países, você sabe sai mais barato...
Você assinou um contrato por determinado tempo,
para fazer uma serie especifica?
Você assinou um contrato por determinado tempo,
para fazer uma serie especifica?
ED FERRARA:
Até o
momento não peguei series, apenas edições com histórias fechadas. Mas, sim, geralmente,
eu assino
um contrato por job.
um contrato por job.
Tony 19: O material que você acabou de enviar ou
levar para os Estados Unidos, qual era o
formato dos originais?
ED FERRARA:
Quando
eu envio o material é sempre proporcional
ao formato gibi americano mesmo, usando a folha
física ou o template digital de 27 x 40 cm.
ao formato gibi americano mesmo, usando a folha
física ou o template digital de 27 x 40 cm.
Tony 20: Ok. Uma edição elaborada e desenvolvida
por você, em geral,tem quantas páginas?
ED FERRARA:
Quando
pego uma edição varia muito a
quantidade de páginas, pois vai de acordo
com o roteiro que me passam. Já tive
histórias de apenas uma página,
ou de 22 e até 76 páginas.
quantidade de páginas, pois vai de acordo
com o roteiro que me passam. Já tive
histórias de apenas uma página,
ou de 22 e até 76 páginas.
Tony 21: Uma página? Quem é o autor do roteiro?
ED
FERRARA:
Quando são histórias de uma edição e de várias
editoras acaba sendo inúmeros autores.
Infelizmente não conheço nenhum desses
escritores de HQs pessoalmente.
editoras acaba sendo inúmeros autores.
Infelizmente não conheço nenhum desses
escritores de HQs pessoalmente.
Tony 22: Em média, qual é o prazo que
lhe dão para executar um trabalho, Ed?
ED FERRARA:
Ahahaha...Essa
é a parte mais hilária. Querem,
também, pra ontem... Mas tudo bem, a maioria
é coerente e geralmente dão um prazo mais
humano. Geralmente numa revista de
22 páginas, onde desenho e artefinalizo dão
cerca de 45 dias, de prazo de entrega.
também, pra ontem... Mas tudo bem, a maioria
é coerente e geralmente dão um prazo mais
humano. Geralmente numa revista de
22 páginas, onde desenho e artefinalizo dão
cerca de 45 dias, de prazo de entrega.
ED FERRARA:
Não
tenho curso superior. Sou da geração
que não existiam cursos acadêmicos que
abrigassem arte sequência ou ilustração editorial.
Fiz um curso de desenho técnico onde me
aprofundei na área e acho que essa é que foi
minha faculdade: fiquei quase 4 anos lá.
E ser autodidata também me embasou nesse caminho.
É engraçado lembrar dos perrengues que eu e os outros profissionais contemporâneos passamos atrás
de informação e referências de quadrinhos
naqueles tempos sem internet. Mas teve
sua parte divertida também.
que não existiam cursos acadêmicos que
abrigassem arte sequência ou ilustração editorial.
Fiz um curso de desenho técnico onde me
aprofundei na área e acho que essa é que foi
minha faculdade: fiquei quase 4 anos lá.
E ser autodidata também me embasou nesse caminho.
É engraçado lembrar dos perrengues que eu e os outros profissionais contemporâneos passamos atrás
de informação e referências de quadrinhos
naqueles tempos sem internet. Mas teve
sua parte divertida também.
Tony 23: O que vale é o talento, a criatividade.
Canudo, nessa profissão não quer dizer nada
Tem muito nego com canudo que faz um trabalho
de merda, essa é que é a verdade...
Muitos artistas da área publicitária,
como Pedro Mauro Moreno, Salatiel, Beto, Getúlio
Delphim, Fernando Ikoma e outras
feras que começaram nas HQs, acabaram migrando
para as agências onde militaram por vários anos.
O Pedruka, inclusive, morou nos Estados Unidos
e agora está de volta ao Brasil e a ao mundo das HQs.
Atualmente o Pedruka está desenvolvendo uma HQ,
de uma nova serie, para a Bonelli Comics (2014), famosa
editora italiana que há anos tem como carro-chefe
o personagem Tex Willer, o último dos cowboys,
que sobrevive firme nas bancas há uma eternidade.
Pergunto: Você, que também vem de
experiências anteriores com agências,
optou mesmo pelos quadrinhos, por quê?
Tony 24: Muitos desenhos animados deles foram e ainda são produzidos em outros países, você sabe sai mais barato... Você assinou um contrato por determinado tempo, para fazer uma serie especifica?
ED FERRARA:
Quanto
a artistas americanos migrarem para
animação, sim, tenho conhecimento que alguns
vão trabalhar com story boards. Pagam bem, sim,
os animadores, pois animação é
muito cara mesmo. Mas já tive clientes nacionais
que me pagavam bem melhor... bem superior a
determinadas editoras americanas.
Tudo é relativo, depende sempre
com quem você negocia.
animação, sim, tenho conhecimento que alguns
vão trabalhar com story boards. Pagam bem, sim,
os animadores, pois animação é
muito cara mesmo. Mas já tive clientes nacionais
que me pagavam bem melhor... bem superior a
determinadas editoras americanas.
Tudo é relativo, depende sempre
com quem você negocia.
ED
FERRARA:
Quando são histórias de uma edição e de várias
editoras acaba sendo inúmeros autores. Infelizmente não conheço nenhum desses escritores de HQs pessoalmente.
editoras acaba sendo inúmeros autores. Infelizmente não conheço nenhum desses escritores de HQs pessoalmente.
FASE BAIXO ASTRAL ACABOU
SENDO BENÉFICA
ED FERRARA:
Em
relação a trabalhos estou meio parado por
auto- imposição: passei um enorme período só
fazendo projetos alheios, por isso decidi fazer os meus próprios e em conjunto com mina esposa.
Resolvi fazer isso após discordar da forma
como meu agente estava lidando com a minha
carreira. Foi uma fase muito delicada na minha
vida, passei por conflitos pessoais e
tive começo de depressão.
auto- imposição: passei um enorme período só
fazendo projetos alheios, por isso decidi fazer os meus próprios e em conjunto com mina esposa.
Resolvi fazer isso após discordar da forma
como meu agente estava lidando com a minha
carreira. Foi uma fase muito delicada na minha
vida, passei por conflitos pessoais e
tive começo de depressão.
Tony: Há agenciadores que na ânsia de faturar alto acabam escravizando artistas, fechando contratos estressantes e
com preços aviltantes, pelo que sei... é preciso “puxar o
freio de mão”, nesses casos.
ED FERRARA:
No meu
caso, o resultado disso foi positivo:
comecei a olhar para o meu trabalho de forma
diferente e isso até levou a uma mudança no meu traço artístico.
comecei a olhar para o meu trabalho de forma
diferente e isso até levou a uma mudança no meu traço artístico.
Tony 21: Maravilha. Usou de bom senso. Trabalhar é ótimo, principalmente, quando se faz aquilo que gostamos. Porém,
trabalhar de mais e aceitar qualquer proposta é lamentável...
muitos entram nessa dança e até acabam enfartando... tô fora... Rsss. Você recebe o roteiro vertido para o português,
ou te, que se virar para traduzí-lo?
ED FERRARA:
ENTREVISTADOR ATRAPALHADO
Tony 22: A Feira de Quadrinhos de San Diego é uma
grande vitrine mundial onde são expostos trabalhos de
profissionais e anunciantes. Muitos brasileiros como Klébs
Jr, e outras feras do traço, costumam participar dela e,
pelo visto, fazem bons contatos que acabam gerando trabalho.
Você acabou de participar dela, correto?
Você foi para lá com a intenção
de fazer novos contatos? Exibir seu portfólio?
ED
FERRARA:
Errado,
Tony... Feira de San Diego? Bebeu? Rsss...
Participei da Comic Con de Nova Iorque em outubro
passado apenas como visitante, não tive um esquema
de ter uma mesa, mesmo porque foi minha primeira vez lá.
Fiz alguns contatos, deixei portfólios impressos,
distribuí dezenas de cartões, mas isso
não basta é preciso manter um contato
mais direto e constante.
O e-mail ajuda nesse caso.
Participei da Comic Con de Nova Iorque em outubro
passado apenas como visitante, não tive um esquema
de ter uma mesa, mesmo porque foi minha primeira vez lá.
Fiz alguns contatos, deixei portfólios impressos,
distribuí dezenas de cartões, mas isso
não basta é preciso manter um contato
mais direto e constante.
O e-mail ajuda nesse caso.
Tony 23: Caraca! Perdoe-me, “pisei na bola”... Rssss.
Como foi participar de um evento tão importante sobre
histórias em quadrinhos, quanto o de San Diego? Digo,
Nova Iorque? Foi lá pela primeira vez...
Eu nunca tive a oportunidade de estar na Comic
Com de San Diego ou Nova Iorque , mas imagino que
na Big Apple, devem aparecer desenhista do
mundo todo, não é? Nesta sua jornada por lá,
você teve oportunidade de contactar desenhistas
de outros países?
Com de San Diego ou Nova Iorque , mas imagino que
na Big Apple, devem aparecer desenhista do
mundo todo, não é? Nesta sua jornada por lá,
você teve oportunidade de contactar desenhistas
de outros países?
ED FERRARA:
Sim,
deu sim. Conversei com vários, inclusive,
até do Brasil, caramba! Ahahahah...
até do Brasil, caramba! Ahahahah...
Tony 25: Muitos autores tupiniquins já há algum tempo
frequentam esses eventos na esperança de vender
seu “peixe”... Deu para trocar ideias com gente famosa
como Jim, o japa, e Stan Lee,
e outros grandes ícones da indústria
americana dos comics?
ED FERRARA:
No meu caso, não. As filas para acesso a esses artistas estelares eram muito grandes e minha paciÊncia era proporcionalmente menor. Porém, me foquei em
outros que apesar da majestade me deram grande
atenção, como Kevin Maguire, Michael Golden
e Ben Caldwell.
outros que apesar da majestade me deram grande
atenção, como Kevin Maguire, Michael Golden
e Ben Caldwell.
Tony 26: Caras bacanas... Para voar até San Diego, segundo
um amigo que esteve na por lá, ele teve que ir até Nova Iorque
e pegar outro jato até a cidade onde acontece o evento.
Haja bunda... Rssss. A América é enorme...
Quantas horas de vôo teve que encarar até
Nova Iorque?
ED FERRARA:
Tony: A viagem, translados e acomodações
foram por sua conta, ou por conta de algum editor?
Quanto custa uma viagem dessa?
foram por sua conta, ou por conta de algum editor?
Quanto custa uma viagem dessa?
ED FERRARA:
Tudo
foi pago pela poupança particular mesmo,
nada de editor facilitando a vida. Acho que deu
mais de 5 mil dólares.
nada de editor facilitando a vida. Acho que deu
mais de 5 mil dólares.
Tony 27: Investiu bem em sua carreira... Pretendo ir a Big
Apple o ano que vem, quando pretendo me aposentar.
Chega de HQs, publicidade, compromissos, encargos
sociais, dores de cabeça, blogs etc.
Tudo isso é estressante e já trabalhei de mais.
Prendo dar um “role” pelo mundo afora, para curtir.
Já fiz a minha parte... além do mais, não posso morrer
sem conhecer a ilha de Manhathan... Valeu a pena?
Deu para fazer bons contatos?
ED FERRARA:
Valeu
muito, mas não por uma questão da Comic
Con e sim pela experiência geral de conhecer
o planeta chamado Nova Iorque. Viajar abre
imensamente os horizontes internos,
voltei com muitas ideias.
Con e sim pela experiência geral de conhecer
o planeta chamado Nova Iorque. Viajar abre
imensamente os horizontes internos,
voltei com muitas ideias.
Tony 28: Viajar é sempre bom. Conhecer outras culturas e
costumes é um ótimo aprendizado e de fato faz a gente
“abrir a mente”... Planos para o futuro?
ED FERRARA:
Lançar
meu universo pessoal que já está em
desenvolvimento a mais de 20 anos e outros
projetos com minha esposa que é escritora.
desenvolvimento a mais de 20 anos e outros
projetos com minha esposa que é escritora.
Tony 29: Demorou... Escritora? Sua esposa?
Que sensacional. Formam um par perfeito...
parabéns. Um sonho, grande Ed?
Que as
pessoas gostem desses projetos
que estamos preparando.
que estamos preparando.
Tony 30: Aposto que todos já ficaram curiosos e,
na certa, vão adorar. Seu estilo é marcante e maravilhoso.
Já vireis eu fã. Na certa será um grande projeto, aposto.
Alguma frustração? Algum personagem famoso,
em especial, que você um dia almeja poder desenhar?
na certa, vão adorar. Seu estilo é marcante e maravilhoso.
Já vireis eu fã. Na certa será um grande projeto, aposto.
Alguma frustração? Algum personagem famoso,
em especial, que você um dia almeja poder desenhar?
ED FERRARA:
Frustração?
Acho que não. Já fiquei muito
chateado em não poder ter títulos famosos para
desenhar, mas sinto que minha verdadeira busca é o desenvolvimento próprio, poder controlar cada vez
mais meu traço e com isso expressar todo
potencial que ainda quero compartilhar com todos. Independentemente se for desenhar um
personagem famoso ou não.
chateado em não poder ter títulos famosos para
desenhar, mas sinto que minha verdadeira busca é o desenvolvimento próprio, poder controlar cada vez
mais meu traço e com isso expressar todo
potencial que ainda quero compartilhar com todos. Independentemente se for desenhar um
personagem famoso ou não.
Tony 31: É isso aí. O importante é tornar palpável
nossos sonhos e ideais... o resto é bobagem.
Não dá pra levar as riquezas pro outro lado da vida.
Caixão não tem gaveta. Digo sempre:
É melhor morrer tentando realizar as coisas do que
jamais ter tentado e acabar morrendo frustrado.
Na verdade, o mundo é dos “doidos” - no bom sentido.
Muita gente trabalha, por uma questão de sobrevivência,
com aquilo que não gosta. Nesse mundo de capitalismo
selvagem, onde o dinheiro é o deus, fala mais alto,
tem muita gente que faz tudo pelo vil metal e
acaba morrendo na frustração. Dinheiro é ótimo,
mas tornar os sonhos realidades, para mim é primordial...
FERRARA:
Tony 32: Sabemos, todos, que as vendas do
setor editorial mundial não são mais as mesmas
depois das diversas opções de entreterimento
que a indústria tecnológica oferece. O estranho
é que eventos sobre HQs acontecem cada vez
mais por todo o planeta. Questiono:
As HQs impressas, na sua opinião, jamais
deixarão de existir? Ou, em breve, existirão
apenas as edições virtuais?
ED FERRARA:
Acredito que sempre haverá espaço para todos,
como no caso do rádio que perdeu terreno pra
TV e continua firme no espaço dele. É tudo uma
questão de adaptação com as novas linguagens
visuais que se apresentam para o futuro. E, sim,
com certeza as edições virtuais já estão aí, as
novas gerações de leitores estarão cada vez
mais imersas na Internet. A coisa se popularizará
cada vez mais nos próximos séculos.
como no caso do rádio que perdeu terreno pra
TV e continua firme no espaço dele. É tudo uma
questão de adaptação com as novas linguagens
visuais que se apresentam para o futuro. E, sim,
com certeza as edições virtuais já estão aí, as
novas gerações de leitores estarão cada vez
mais imersas na Internet. A coisa se popularizará
cada vez mais nos próximos séculos.
Tony 33: Dá para dar uma dica para a galera que
sonha um dia poder colaborar com as casas
editoriais da América? Você, pelo visto,
tem know-how para isso, Ed...
ED FERRARA:
Almeje
desenhar bem acima de tudo, antes
de querer ser uma estrela no mercado exterior.
Já vi muitos casos de artistas que só pensavam
em mercado exterior e que produziam materiais “vazios”, cheios de pose e sem expressividade apenas pra
ficar parecido com o artista X ou Y... Isso é ilusão.
Isso não faz durar no mercado, não ganha carisma.
É preciso sinceridade consigo mesmo e querer
fazer o melhor, um bom trabalho tem que transmitir
algo ao consumidor. É preciso criar um vínculo
com o leitor. Ah, sim, e treinar todo dia embasando-se profundamente em ARTE. Isso faz um artista abrir
os olhos e ajuda a criar inúmeras possibilidades.
de querer ser uma estrela no mercado exterior.
Já vi muitos casos de artistas que só pensavam
em mercado exterior e que produziam materiais “vazios”, cheios de pose e sem expressividade apenas pra
ficar parecido com o artista X ou Y... Isso é ilusão.
Isso não faz durar no mercado, não ganha carisma.
É preciso sinceridade consigo mesmo e querer
fazer o melhor, um bom trabalho tem que transmitir
algo ao consumidor. É preciso criar um vínculo
com o leitor. Ah, sim, e treinar todo dia embasando-se profundamente em ARTE. Isso faz um artista abrir
os olhos e ajuda a criar inúmeras possibilidades.
Tony 34: Gostei do que disse... Meu caro e
querido bengala brother, grato por seu
depoimento esclarecedor. Desejo a
você e sua esposa,
de coração, muito sucesso.
Algum e-mail, site ou fone para contato?
A casa é sua, fique a vontade.
ED FERRARA:
Eu é
que agradeço o espaço e poder falar um pouquinho
do meu trabalho, Tony! Quem quiser me achar, pode
começar pelo meu site:
www.edferrara.com.br.
Meu e-mail é:
edferrara@edferrara.com.br
do meu trabalho, Tony! Quem quiser me achar, pode
começar pelo meu site:
www.edferrara.com.br.
Meu e-mail é:
edferrara@edferrara.com.br
E pelo
Facebook, onde me encontra por Eduardo Ferrara.
Ah, e se quiser adquirir meu Art Book é só me mandar
um e-mail e passo os dados para a compra.
Ah, e se quiser adquirir meu Art Book é só me mandar
um e-mail e passo os dados para a compra.
Tony 35: Devo confessar que adorei o seu traço, o
seu trabalho é estiloso. Quem o vê jamais esquece.
Parabéns, mais uma vez. Já sabe quem
vai artefinalizá-lo?
ED FERRARA:
Muito
obrigado, Tony. Gosto de artefinalizar
meu próprio traço. Assim posso imprimir
mais personalidade no produto final.
meu próprio traço. Assim posso imprimir
mais personalidade no produto final.
Tony 36: Você é mais um exemplo de luta e
perseverança a ser seguido. Muita sorte,
muito trabalho e dólares mis
no bolso e até a próxima oportunidade, .....
Valeu, Ed!
ED FERRARA:
Mais
uma vez eu é que agradeço, Tony! Sucesso
pra ti, sempre acompanhei seu trabalho desde
o legendário Fantastic Man. Curtia muito mesmo.
abraço a você e todo mundo.
pra ti, sempre acompanhei seu trabalho desde
o legendário Fantastic Man. Curtia muito mesmo.
abraço a você e todo mundo.
Tony 37: Fantastic Man, meu velho super-herói...
é incrível como até hoje a galera lembra dele...
publiquei poucas HQs dele... mas as aventuras
do homem do planeta Vulcano e sua parceira
caíram no agrado da turma. Sou grato a
todos os amigos editores e artistas que
colaboraram para que esse personagem
fosse publicado. E, especialmente, a Deus,
pela inspiração e aos leitores, é óbvio.
Rabiscar é preciso, viver não é preciso...
Grato, por se lembrar dele, Ed.
E, muito sucesso.
Essa nova geração promete... nossas
HQs ainda vão acontecer por aqui. Um dia...
nada é impossível. É preciso insistir.
O lema de Walt Disney era: “Continuem!
Não parem!” O homem estava certo, a
coisa só pega na base da insistência, Ed.
See you later, cowboy. Be well.
Copyright
2014\2015 - Tony Fernandes
Estúdios
Pégasus – Uma Divisão de Arte e Criação da
Pégasus Publicações Ltda - São Paulo - SP – Brasil
Todos os Direitos Reservados
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