Na
década 70, muitas revistas em quadrinhos,
nacionais e internacionais, eram
publicadas no Brasil.
Casas editoriais como a Rio-Gráfica e Editora (atual
Globo),
a Editora O Cruzeiro e a lendária Brasil-América, de
Adolfo Aizen,
(todas da cidade do Rio de Janeiro)
dominavam o mercado nacional. Enquanto
isso,
editores de menor porte, da cidade de São Paulo,
se aventuravam soltando alguns
títulos de HQs
nacionais, enquanto a poderosa editora Abril mantinha
firme
inúmeros títulos com os personagens Disney.
O mercado estava aquecido e nós, os
leitores
de Hqs, estávamos viciados nos quadrinhos
americanos que rapidamente
evaporavam das
bancas, principalmente os coloridos.
Nessa época, a Rio-Gráfica
lançava títulos como:
Mandrake, Fantasma, Flash Gordon, Fix e Fox,
entre
outros.
A editora Brasil-América publicava,
Batman, Superman, Legião dos
Super-heróis,
Capitão América, Flash, Gavião Negro,
Homem de Ferro, Thor, Hulk,
Namor, o
príncipe submarino, O Demolidor (Daredevil),
Quarteto Fantástico
(Fantastic Four), Homem-Aranha,
Os Três Patetas, Jerry Lewis, Turma Titã,
Dr. Solar,
o Homem átomo, Elektron, etc.
Enquanto a editora O Cruzeiro publicava Brasinha,
Riquinho, Brotoeja, Bolota, Gasparzinho,
Os Flintstones, Os Jetsons, Pepe
Legal,
Heróis Hanna-Barbera, alguns títulos de
combate, etc. Enfim, havia um
verdadeira
avalanche de quadrinhos Made in America
em nosso país, naquele tempo
jurássico.
Certo dia, quando fui à banca mais próxima
tive uma surpresa, pois a
editora EBAL
(Brasil-América) tinha lançado um título
totalmente diferenciado
daqueles que estávamos
acostumados a ler, isto me chamou a atenção
por seu
estilo diferente e seus desenhos
arrojados que apresentavam belas mulheres.
Foi
assim que, por curiosidade, comprei
a primeira edição de...
FANTOMAS,
A AMEAÇA ELEGANTE!
Aquela
era uma HQ, de fato, muito diferente
das revistas em quadrinhos feitas nos
Estados
Unidos que eu estava acostumado a comprar,
porque o protagonista não
era um herói.
Era um anti-herói.
Algum
tempo depois fiquei sabendo que
aquela serie, que tinha desenhos sensacionais
e
roteiros bem elaborados, era produzida no
México. Seus desenhos incríveis, em
preto
e branco, eram do mestre Ruben Lara Romero,
e as histórias eram escritas
pelo genial
Guilhermo Mendizal.
Animê do Japão - também tinha um Fantomas |
Apesar da boa qualidade do gibi a serie
durou apenas
14 edições, no Brasil.
Porém, no México, Fantomas marcou época.
Nesse país, esse
personagem se tornou muito
popular, fez um grande sucesso e ficou
conhecido
como A Ameaça Elegante.
UM
ANTI-HERÓI DE VERDADE
Fantomas
era um audacioso aventureiro, um
ladrão sem face, que atuava somente na alta
sociedade.
O personagem usava uma máscara branca
apertada e se transformava em
várias pessoas.
Enfim, era o rei dos disfarces. Em seu país
de origem as HQs de Fantomas, que foram
baseadas numa
serie de contos de folhetins
franceses criados pelo excelente e criativo
escritor chamado Marcel Allain (1885-1914),
se tornaram clássicas. Essa versão
mexicana,
em quadrinhos, foi lançada pela Editorial
Novaro e se tornou um grande
sucesso.
NA
FRANÇA
Fantomas - O Filme |
Foram feitos diversos filmes desse personagem |
Neste
país, Fantomas se tornou um dos
personagens mais populares do gênero policial.
Ele foi criado em 1911, em forma de literatura
e teve 32 livros publicados. As
aventuras desse
misterioso mascarado foram por diversas
vezes adaptadas para o
cinema e para a TV.
Seu sucesso foi tanto que suas aventuras, de
imediato,
foram lançadas no formato histórias
em quadrinhos. Assim, a serie ganhou
notoriedade e seus livros se tornaram
best sellers do gênero ficção policial,
graças
aos seus roteiros diferenciados.
Em forma de gibi, esse personagem
diferente
também deu certo, graças aos roteiros criativos
e seus desenhos, que
apresentavam esse
novo e misterioso personagem, que era uma
espécie de
transição entre os vilões das novelas
góticas do século XIX e os seriais killers
da literatura moderna.
A
VERSÃO MEXICANA
A
revista Fantomas, de quadrinhos editados
no México, apresentava um anti-herói
que
diferia em alguns aspectos do original francês,
porque fazia roubos
espetaculares, não porque
precisava de dinheiro, roubava, apenas, para
desafiar
as autoridades e se vangloriar por ter
superado as barreiras, as dificuldades,
numa
série de missões quase impossíveis.
O
interessante nessas HQs é que o resultado
desses roubos espetaculares era
convertido em
fundos para combater a pobreza, os
miseráveis, e para ajudar
universidades e
bibliotecas. Agia com uma espécie de Robin
Hood moderno. Ou
seja, roubava dos
ricos para dar aos pobres.
UM
PERSONAGEM MISTERIOSO
Mas,
quem era Fantomas?
Qual era sua identidade secreta, na sociedade?
Os leitores
viviam se perguntando.
Sua verdadeira identidade nunca foi revelada
e ele
sempre era perseguido pelo inspetor de
polícia chamado Derard. Geralmente,
Fantomas
se apresentava como um milionário, proprietário
de várias empresas
poderosas sob falsas
identidades. Seu quartel general, que era secreto
, ficava
nos arredores de Paris.
Também possuía um esquadrão que o ajudava
a pregar
peças nos policiais, mulheres
sexies e deliciosamente desenhadas.
Esse esquadrão
feminino era chamado de:
As 12 Garotas do Zodíaco.
UM
PERSONAGEM SOCIALISTA
A
versão mexicana apresentava um personagem
socialista e altamente autruísta. Combatia
a
riqueza ilícita em prol dos necessitados.
Seus roteiros eram escritos sob o
prisma
intelectual dos anos 70. Denunciavam o
acúmulo de riquezas, o racismo e
a politicagem
corrupta internacional, que provocava as guerras.
Ele lutava,
inclusive, contra a privatização
e globalização. Em suas edições especiais,
seus roteiros citavam obras de filósofos e
escritores como Jorge Luis Borges,
Julio
Cortázar e Jean Paul Satre.
JAMES
BOND E DIABOLIK
Por um
breve período as aventuras de Fantomas,
o homem dos mil disfarces, a ameaça
elegante
, um personagem que tinha contato com os
maiores magnatas do mundo,
foram influenciados
pelos filmes de James Bond e pelos
quadrinhos italianos da
serie Diabolik, ambos
faziam muito sucesso na época. Assim como
Batman, da DC
Comics, este misterioso
personagem mascarado também contava
com um imenso
arsenal tecnológico à sua
disposição que o ajudava a suplantar os
obstáculos em
suas investidas
espetaculares para roubar.
Infelizmente,
no Brasil, a serie teve breve
duração e, atualmente, suas preciosas
edições,
são vendidas a peso de ouro,
ou disputadas por colecionadores.
Por infelicidade
não tenho mais nenhuma
dessas belas edições em meu acervo.
Mas, quem desconhece
esta serie incrível
deveria procurá-la. Vale a pena. Talvez ainda
seja possível
encontrar um ou outro
exemplar perdido num sebo qualquer da vida.
Vamos ter que
garimpar, pacientemente.
Por
Tony Fernandes
Redação\Estúdios
Pégasus – Uma Divisão de
Arte e Criação da Pégasus Publicações Ltda –
São
Paulo – SP – Brasil
e-mail:
tonypegasus@hotmail.com
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