sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

EDITIONS DE VAILLANT / PIF GADGET - MATÉRIA ESPECIAL SOBRE A REVISTA PIF E SOBRE UMA DAS MAIS FAMOSAS CASAS EDITORIAIS DA FRANÇA!





VOCÊ JÁ OUVIU FALAR 
DA REVISTA PIF GADGET, 
UMA DAS MAIS FAMOSAS 
PUBLICAÇÕES

EUROPÉIAS?


Na edição # 443 a capa anunciava a morte
de Raham, um dos personagens mais
popular desta incrível publicação

Poucos editores deste país investiram em 
publicações européias. Como consequência,
muitos personagens e publicações européias de peso
são conhecidas pelo público leitor brasileiro e até mesmo
 por muitos artistas do ramo. Durante séculos fomos
"catequisados" pelos comics fantasiosos americanos,
que sempre tiveram um universo cheio de heróis
bombados com cuecas sobre as malhas justas.
Enquanto as HQs da Europa procuravam retratar
personagens mais humanos o plantel dos comics
enveredou pelo mundo dos super-seres.
O europeu sempre foi inovador. Inclusive, foram
eles os primeiros a fazer HQs para adultos, 
enquanto na América os supers, deles, continuavam
a povoar HQs infantilizadas. Metal Hurlant (Heavy Metal)
foi uma publicação que revolucionou a
época e foi criada pelos francesas e depois
adotada pelos americanos.
Foi só na década de 90
que a América despertou e passou a publicar
as famosas Graphic Novels, graças a Will Eisner,
Frank Miller e outros bambas.
 Devido a esse pouco conhecimento sobre as
criações da velha Europa é que insisto em fazer 
matérias sobres as grandes editoras, publicações
e criações desse povo criativo, bengalas friends.
 Acho que, se eles conseguiram conquistar espaço
em meio a tremenda avalanche de supers-seres
Made in América, por que, nós, autores nacionais, 
não podemos também conquistar
 o nosso espaço?
 Desta feita, fiz uma matéria especial sobre uma
das mais importantes casas editorias 
francesas. Portanto, saiba mais sobre a
famosa...

Editions de Vaillant -

Editora da revista

 Pif Gadget,

Uma campeã de venda!

(1945 – 1992\ 2004 - 2009)





A primeira edição da revista francesa de quadrinhos
que ficou conhecida mundialmente como
 Pif Gadegt, não tinha esse nome inicialmente.
 Ela, na ocasião, se chamava Vaillant. Anos 
depois é que o título foi mudado para Pif Gadge
Essa publicação apareceu logo após a Segunda 
Guerra Mundial, lançada pela editora do mesmo
 nome (Editions de Vaillant). Na verdade, este 
periódico semanal foi a continuação da revista
 republicana, Le Jeune Patriote (O Jovem Patriota), 
que foi publicado ilegalmente 
durante o período a guerra.
Seus mentores idealizavam o sonho de
 liberdade propagado pela Revolução Francesa,
 no passado. No início, a maioria das histórias
 que apareciam na publicação abordavam
 temáticas de guerra e as misérias causadas
 por esta e seus personagens expressavam
 uma evidente raiva e muito sentimento patriótico, 
como era de se esperar, uma vez que a revista 
começou a ser publicada logo após a 
Libertação da França das garras dos
 nazistas de Adolf Hitler. 


Paul Vaillant-Couturier foi o fundador da editora
Um exemplo desse tipo de quadrinhos está 
claro nas séries: Fifi, Gars du Maquis (escrito
 por Michel Debonne e Lécureux Roger 
ilustrado por Auguste Liquois), Bob Mallard e
 Le Grêlé 7/13, onde os sentimentos patrióticos 
eram exaltados em  movimentadas e engajadas
 HQs que a Vaillant publicava 
nos seus primeiros meses em 
Le Jeune Patriote, título derivado do
 predecessor da revista do tempo da 
Primeira Grande Guerra Mundial.


Bob Mallard - Criado por: Frankoeur, 
Hildago, Saní e Cheret

Le Grêlé 7/13 - Série criada por Lecureux e Nortier narrava
as aventuras de um agente secreto da resistência durante
a Segunda Grande Guerra Mundial











AS INOVAÇÕES

No final de 1945, Raymond Poïvet se juntou à 
equipe Vaillant, que decidiu dar início a 
uma nova de ficção científica que ficou
 famosa, chamada: Les Pionniers de L'Espérance.


Les Pionners de L'Espérance (Os Pioneiros da Esperança)
Série de ficção-científica
Uma saga  espacial que se tornou uma das
séries mais populares da revista e que 
durou por 30 anos. 
Ao longo da década de 1940, muitos
 artistas se juntaram a Vaillant, como:
 Rémy Bourlès (criador da série Bob Mallard,
 em 1946), René Bastardo (autor de Nasdine
 Hodja, também em 1946.  
Em 1947, Nortier Lucien (criador da série
 "Capitaine Cormoran também passou 
a fazer parte da equipe de criadores da revista.


Le Capitaine Cormoran (Capitão Cormoran)


Neste período os ransos, os ressentimentos 
da guerra estavam começando a passar 
e séries geniais, como: 
Sam Billie e Yves Le Loup, deram 
novos rumos à publicação.




Sam Billie Bill, uma série de western


Linx - Aventuras exóticas de um típico
aventureiro das selvas aos moldes de
Jungle Jim, de Alex Raymond -
Por: Lecureux, Gillon e Cl. Henri


Apesar da maioria dos quadrinhos 
publicados inicialmente serem realistas,
Eugène Gire estava presente desde o 
início com uma série humorística
 chamda R. Hudi, Pension La Radicelle 
e À Babord. Outros trabalhos humorísticos
 surgiram de artistas como 
Claude-Henri e Cabrero Arnal José . 
Este último começou a primeira série 
com animais, chamada Placid et Muzo – 
uma espécie de Mickey Mouse, em versão
 francesa-, em maio de 1946, que teve 
continuidade nas décadas
 seguintes por diversos artistas.





Neta edição o brinde era uma ferramenta
que ajudava a desenhar
De súbito, as vendas da revista foram tão 
bem, que os editores decidiram dobrar 
o número de páginas. De 8 passou para 16, em 
abril de 1950. Em 1956 o número de páginas
 dobraram mais uma vez. Com o considerável 
aumento de páginas surgiu o espaço 
para novos artistas, como: 
André Joy (autor de P'tit Joc), Trubert Jen (criador
 de Bobby Poirier'), Paul Gillon (autor de
 Fils de Chine, série de grande sucesso),
Claude Pasca(autor de Louk), Jean-Claude Forest
 (criadores da série Copyright e que anos depois 
co-criaria Barbarella, a musa espacial), e Jean Cézard 
( criador de Arthur Le Fantôme).

Fils De Chine (Filhos da China)
Arthur Le Fantôme (Arthur, o Fantasma)
Jean Tabary começou a
 sua famosa série Totoche no 
final dos anos 50, que continuou a ser
 publicada até a década de 70, tal como  
Corinne et Jeannot, que ele também
 criou em maio de 1946 e que deu 
continuidade nas décadas seguintes.

TEMPOS DE CRISE

Em 1959, a editora Vaillant começou a ter alguns
 problemas financeiros e por isso teve que
 reduzir o número de páginas da sua
 publicação, que de 32 passou a ter apenas 24.
 Porém, isso não impediu o editor de 
adicionar em cada edição um 
suplemento chamado Pipsi.
A HQ principal desse suplemento era 
um personagem de mesmo nome 
criado por René Goscinny (escritor iniciante, que
 anos depois criaria em parceria com
 Uderzo o famoso e genial Asterix, O Gaulês) 
e Christian Godard .
A primeira edição encorpada da Vaillant 
de 32 páginas só aconteceu em 1960, e isto 
permitiu que novos artistas jovens entrassem
 para a equipe de criação revista, como:
 Marcel Gotlib ( que assinava como Marglo,
 na época), Francisco Hidalgo com sua 
série de cowboy chamada Teddy 
Ted e Greg Michel com Les Como.




Desde 1952, José Cabrero Arnal (C.Arnal) 
vinha criando e produzindo a série Pif Le 
Chien para a Vaillant (qudrinhos publicados
 originalmente no L’Humanitpe. 


Pif, personagem criado pelo genial C.Arnal


A série humorística do cão Pif havia se 
tornado uma das mais populares da revista.
 Vários artistas colaboraram para a série 
criada por Arnal ao longo dos anos, como: 
Michel Motti, Mas Roger, Corteggiani 
François, Cavazanno Giorgio, Louis,
 Dimberton François e 
outras feras do traço.





EDITIONS DE VAILLANT

Devido à popularidade de algumas de suas
 séries, a Vaillant mudou seu nome para Vaillant,
 Le Journal de Pif, em 1965. 
Em 1969, o nome Vaillant desapareceu 
completamente, quando o nome da
 publicação foi mudado mais uma vez 
para Pif Gadget. 
O motivo, segundo os entendidos, foi 
a adição de um pequeno gadget ou 
brinquedo (brinde), que vinha
 em toda nova edição da revista.
Essa importante casa editorial francesa, 
que fez história e que fôra fundada em
 julho de 1946 pela Frente Patriotique 
de la Jeunesse (FPJ – Frente Patriótica 
da Juventude), uma filial do Partido 
Comunista Francês estava indo de
 vento em popa, graças ao espírito
 nacionalista francês.  
Dentre as inúmeras publicações daquela 
casa editorial a mais importante foi a 
revista Pif Gadget, famoso título de
 revista de quadrinhos francesa, que 
se tornou super popular em boa parte
 da Europa. Esta publicação que era 
destinada para as crianças e que foi
 publicada em dois períodos, entre: 
1969 e 1993 e entre 2004 até 2009, 
foi um marco da imprensa européia.

Na fase em que ela se tornou Pif Gadegt a 
editora estava situada na rue Lafayette, 
75461, Paris e seu diretor era Claude Compeyron.
 No entanto, seu grande auge de vendas 
 ocorreu no início da década de 70. 
Na década de 80 a tradicional casa editorial
 se fundiu com a Éditions J tornando-se
 assim  Éditions Vaillant-Miroir Sprint 
(V.M.S. Publications), na Rue Du Faubourg-
Poissonnière, 75010, em Paris, tendo 
como diretor da responsável pela
 publicação e redação, 
Jean Claude Le MEUER. 
Nessa época a revista passou
 a ser impressa pela gráfica 
Kultura-Budapest, na Hungria .

COMO SURGIU A FAMOSA
 EDITORA VAILLANT


Como já foi dito, ela foi criada para ser 
um porta-voz do Partido Comunista Francês
 e inicialmente se chamava Le Jeune Patriote 
e começou a publicar ilegalmente alguns 
de seus títulos a partir de janeiro de 1942, 
época em que os nazistas ocuparam a França. 
A editora só foi legalizada entre 1944 e 
1945, época em que também mudou o
 nome para Vaillant, Le Jeune Patriote
 (Vaillant, O Jovem patriota). 
O nome foi simplificado em 1946 e esta 
casa editorial passou a ser conhecida
 simplesmente por editions Vaillant,
 que passou a usar o slogan:  
Le Jornal Le Mais Captivant 
( A Revista Mais Cativante ).
Foi no mês de abril de 1965 que o título da
 publicação foi alterado mais uma vez


 para Vaillant, Le Journal de Pif


 (Vaillant, A Revista de PIF), em homenagem 
ao simpático personagem que mais se 
destacava na revista um tal de Pif Le
Chien (Pif, o cãozinho). Este carismático
 personagem foi criado pelo desenhista 
chamado José Cabrero Arnal, que 


assinava os trabalhos como C. Arnal.
Até o ano de 1969 a Vaillant publicava HQs 
como os  seus demais concorrentes, ou seja, a 
publicação trazia diversos autores e
 muitos personagens em histórias semanais
 de continuação. Esta longa série de HQs de
 continuação terminou na edição # 1.238, que
 foi lançada no dia 23 de fevereiro de 1969.

PIF E PIF GADGET

 A revista, com seu novo título,  começou oficialmente 
com uma edição lançada no dia 24 de 
fevereiro de 1969, mas manteve a continuidade 
na numeração do título anterior.
 A revista passou a se chamar simplesmente
Pif e trazia semanalmente um brinde surpresa
 para as crianças no início desta nova fase.
 Curiosamente esses brindes eram fabricados
 por inventores ou fabricantes que 
desejavam popularizar sua criações ou 
produtos, que tinham destaque especial
 nas capas e faziam a alegria da garotada. 
Talvez, por isso, o nome “Gadget” que
 significa "dom gratuito (brinde)", 


foi acrescentado
 depois e a revista passou a
 se chamar Pif Gadget.

UMA PUBLICAÇÃO 
INTERNACIONAL

 A revista, que além de trazer em suas páginas HQs
 e matérias interessantes, trazia também 
um caderno especial de jogos e passatempos 
e Le Courrier Des Lecteurs 


( O Correio dos Leitores), acabou se 
internacionalizando, quando os editores
 começaram a enviar seus exemplares
 para a Argélia, Bélgica, Espanha, Canadá,
 Marrocos, Suíça, Tahiti, Tunísia, Luxemburgo, 
Líbano, Nova Caledônia, Senegal, Camarão, 
Gabão e outros países, tornando-se 
um grande sucesso editorial.

SURGEM OS PIF POCHES


Um anúncio onde são anunciadas algumas edições de bolso


Devido ao grande sucesso da revista a 
editora também passou a lançar além 
da edição convencional as séries chamadas 
Pif Poche (edições de bolso, que tinham
 um formato quadrado e que eram lançados 
com 100 ou 200 páginas, repletas de jogos,
 passatempos, desenhos animados, 
quando se folheavam as páginas, e 
HQs em forma de gags), de personagens como:
 Arthur Le Fantome, Titiche, Placid 
et Muzo, Pif e Pifou (o filho de Pif), 
personagem principal da publicação bem 
sucedida em vendas. 


Pifou, HQs com o filho de Pif
Diversas edições desse formatinho curioso
 também eram lançadas no verão europeu,
 ficaram conhecidas como “Bonnes 
Vacances”. Personagens como 
Le Inspecteur Ludovic e Hercule, o gato - 
que também foi criado por C.Arnal para 
contracenar com Pif, o cão-, também
 ganharam edições especiais próprias, 
assim como Haram, etc.


Hercule, o gato, que inicialmente participava
 das HQs de Pif ganhou diversas HQs solos e até 
edições especiais. Esse trapalhão também 
era muito popular entre os leitores.


Edições especiais 
só com HQs também surgiram ao longo das 
décadas e o Pif Super Club também surgiu 
distribuindo carteirinhas e tudo mais 
aos fãs da revista. 
Como era de se esperar, diante deste
 tremendo êxito editorial francês, era óbvio
 que toda essa febre iria acabar gerando alguns
 produtos similares a edição francesa
 em países, como: a Alemanha e a Escandinávia.
Mas, nenhum deles obteve o 
mesmo êxito que Pif.

UMA MUDANÇA RADICAL

Enquanto os concorrentes de outras nações 
seguiam a linha editorial de Pif, ou 
seja, publicavam também HQs de continuação
 e seções similares, os editores decidiram
 reformular a publicação. Para a alegria 
dos leitores, de repente, a revista Pif Gadget 
passou a publicar apenas histórias completas.
 Esse período de mudança radical ficou 
conhecido como “A Era Pif” e foi caracterizado
 pelo desaparecimento das histórias de continuação.
 A revista agora continha apenas histórias 
curtas, introduzindo novas séries, como: 
Le Concombre Masqué (por Nikita Mandryka ),
 Rahan (um clássico de André Chéret e 
Lécureux Roger), Corto Maltese 
(de Hugo Pratt ), Loup Noir (de Kline), 
La Selva En Folie (por Mic Delinx e Godard) 
e Fanfan La Tulipe (de Lucien Nortier
 e Gaty Christian ). 
Todas essas séries eram produzidas 
semanalmente.


Rahan, sucesso um clássico das BDs francesas








Loup Noir (Lobo Negro)
Fanfan


OS MAIS POPULARES 


PERSONAGENS DA


REVISTA PIF


Suas HQs mais populares, na época, foram:
 Raham – que até hoje faz um tremendo sucesso
 na França-, Horace Le Cheval de L’Ouest
 (de Jean-Claude Poirier), Placid et Muzo
 (de Nicolaola), Léo (de R.Mas), Doc Justice
 (de J. Ollivier e R. Marcello), Corto Maltese
 (o clássico de Hugo Pratt), Gai-Luron
 (de Marcel Gotlib), Loup-Noir (de J. Ollivier e Kline), 
Sylvio Le Grillon (de G.Lions e PH. Luguy), 
Pifou (o filho de Pif), Les Aventures Du
 Potagères Cocombre Masqué 
(de Nikita Mandryka), Les Pionniers de 
L”Espérance (de Raymond Poivet e 
Roger Lecureux), Corinne et Jeannot
 (de Tabary), Arthur Le Fantôme, Dicentim 
(de Kamb), Une Enquête de Ludo - 
(de Moallic e Crespi), e outros personagens 
geniais, etc.




Horace Le Cheval de L'Ouest
(Horácio, o Cavalo do Oeste)
Sylvio, o grilo, era um dos personagens
preferidos da garotada


Graças a essas criações fantásticas a revista 
passou a ter tiragens cada vez maiores até 
atingir a incrível venda de um milhão de
 cópias no dia 06 de abril de 1970, e novamente 
atingiu esse recorde, até então nunca 
alcançado por uma revista de HQs
européia, em setembro de 1971. 
A revista passou a ser publicada em papel LWC, 
isso barateou o custo gráfico e assim sua 
tiragem foi capaz de alcançar países
recém-industrializados. Com o tempo 
a publicação ganhou assinantes em diversas
partes do mundo. Esta publicação foi 
uma das poucas revistas ocidentais que 
passou a ser vendida nos chamados 
países da chamada “Cortina de Ferro” – 
países do Leste europeu que eram aliados
 da União Soviética (atual Rússia), após a 
Segunda Grande Guerra Mundial, num 
período que foi denominado de “Guerra Fria”, 
onde Estados Unidos e Soviéticos se 
declararam inimigos, dividiram o mundo 
em duas partes (socialistas (soviéticos) e
 capitalistas (ocidentais\americanos) e
 passaram a aterrorizar a humanidade 
construindo satélites com ogivas nucleares, 
prontos e aptos para deflaglar um terceiro 
conflito internacional, o apocalipse nuclear, 
uma guerra atômica.


Ayak - Série criada por Ollivier e Coelho

 Pif só conseguiu se infiltrar nesses países
 que eram chamados de “comunistas”, do Leste 
Europeu, devido a sua declarada posição 
esquerdista em relação a 
mentalidade e regime ocidental.
Porém, assim como ela teve uma ascenção 
miraculosa nesta segunda fase, ela
 também teve que enfrentar um brusco
 declínio nas vendas, tal como ocorreu 
com a até então poderosa União Soviética
anos depois – que defendia o regime socialista
 onde edificava a igualdade das classes 
sociais, fato que jamais ocorreu de verdade
 e que culminou com inúmeras mortes 
e repressão popular -, e que também, 
por fim, acabou desaparecendo.
Durante o longo período que existiu esta publicação
 francesa diversas histórias relevantes 
foram publicadas em suas páginas em
 cores, que abordavam até mesmo sérias 
questões sociais, como: Poluição, ecologia, etc.
 Uma de suas edições memoráveis 
foi lançada durante o bicentenário 
da Revolução Francesa em 1989. 

A PROBLEMÁTICA
DÉCADA DE 70

Nessa década, o público perdeu o interesse 
pela Pif Gadget. Segundo seus leitores, a 
revista tinha perdido muito de suas qualidades 
artísticas, que estavam sendo convertidos,
 em sua maioria, em adaptações de quadrinhos
 para séries de televisão. 
Ainda assim, surgiram em suas páginas
 algumas séries interessantes naquele
 período crítico, como: Sandberg Père
 et Fils (por Alfonso Font ), Capitaine 
Apache (criado por Norma), l'Cythère 
Apprentie Sorciere (de Fred , Marine 
(por Pierre Tranchand) e Masuerouge
 (der Juillard e Cothias. 


Capitaine Apache (Capitão Apache)


Entretanto, a maioria da magia não existia mais. 
A versão original da revista Pif Gadget
 foi lançada pela última vez,
 infelizmente, em 1993.

UMA NOVA FASE

A revista ressuscitou em 2004 sob o título
 de da Pif Editions, com uma tiragem de 
aproximadamente 100 mil exemplares 
e durou exatamente 4 anos. A empresa 
estava sobrecarregada de dívidas que
 somavam um montante de
cerca de 4 milhões de euros
(dinheiro atual da comunidade européia,
que está em crise).
Quando seus fornecedores entraram 
com pedidos de falência – em janeiro 
de 2009 -,a empresa não resistiu e 
sucumbiu em março de 2007, deixando
 milhares de pessoas que cresceram
 lendo Pif a ver navios.


 Personagens, como: Rahan – 


criado em 1969 e que sempre foi 
um dos mais populares personagem 
dessa relevante publicação-, assim como:
 Supermatou, Les Robinsons, Taranis
 e Hercules, desenhada por Yannick, Horace, etc, 
marcaram época e ficaram para sempre 
na lembrança de seus fiéis leitores.





Supermatou

 Em 1973, quando pela primeira vez a revista deixou 
de ser publicada a decepção dos seus jovens
 leitores foi total. Em 1993 a revista voltou a 
circular reanimando seus antigos fãs, mas
 a publicação nesse período já não 
era mais semanal. 


Les Robinsons  De La Terre 
(Os Robinsons do Planeta Terra)
Mesmo assim todos mergulharam de 
corpo e alma naquele adorado produto
 editorial até o fatídico dia 7 de janeiro, quando 
o tribunal decidiu que a empresa editorial 
deveria encerrar suas atividades e a revista 
deixou de circular. Portanto, a última edição
 de Pif Gadget foi lançada em
novembro de 2008. 
Era a edição # 53.


Taranis por Mora e Marcello


Mesmo contrariados os leitores franceses e do 
mundo tiveram que dizer adeus à Pif.
 Até hoje as edições dessa importante publicação
 são disputada a tapas pelos 
colecionadores pelo mundo afora.

COMO EU CONHECI 
A REVISTA PIF 
(BREVE RESUMO)

Na década de 70 eu era apenas um adolescente 
que sonhava em trabalhar com o setor editorial.
 Após adquirir algumas boas experiências 
profissionais em agências de publicidade, 
na editora Abril, no jornal a Folha de S.Paulo
e ter conseguido publicar minha primeira
 revista em quadrinhos chamada Sargento
 Bronca pela editora Saber, em 1973, passei
 um período de inércia profissional e
 confesso que até mesmo pensei
 em desistir dessa difícil profissão, 
principalmente, num país subdesenvolvido 
onde existiam milhares de analfabetos e que,
 portanto, se lia muito pouco.




Docteur Justice - As aventuras do doutor Benjamin
  Justiça, criadas por Ollivier e Marcello era uma das
 minhas séries preferidas, assim como: Rahan, Pif,
Arthur, o fantasma, Teddy Ted, Os Robinsons ,
Surplouf , Horacio, Os Pioneiros da Esperança,
Taranis e outros.
O médico (Dr. Justiça) pertencia a uma organização
internacional era um especialista em caratê.
 


 Por sorte, encontrei numa banca a revista Akim, 
pensei que o trabalho fosse nacional e então 
decidi me dirigir para uma tal de editora Noblet, 
que ficava bem no centro da cidade. 
Eu havia me casado e era vital levantar
 algum dinheiro.


Surplouf- HQ que narrava as aventuras de jovens
piratas cheias de ação e bom humor criada por Cezard


Chegando lá, tive uma grata surpresa, 
ao encontrar um conhecido, um tal de Paulo
 Hamasaki, que um dia conheci na Minami e 
Cunha Editores. Passei a colaborar com a tal editora.
 Comecei a fazer alguns jogos e passatempos 
para preencher cerca de 10 páginas mensais 
da tal revista Akim, que sempre
 vinham faltando, da Itália.
Inicialmente achei Akim um mero plágio
de Tarzan, mas após ler suas divertidas
e movimentadas HQs acabei achando
estas melhores que as criadas por
Edgar Rice Burroughs. Os desenhos de
Pedrazza, jamais poderiam ser
comparados a Foster ou Hogarth,
mas eram funcionais. Só no Brasil a
série foi publicada por mais de
30 anos, pela Noblet. Há quem diga que
a Noblet jamais pagou um centavo de
royalties para publicar a série.
Naquela época as cópias eram enviadas
pelas agências internacionais em
papel fotográfico, mas para nós vinham
apenas edições impressas em papel
jornal de uma editora francesa chamada
Mon Journal e a minha tarefa era
retocar todo o material, depois que
o bengala friend Marcos Maldonado e
sua esposa faziam as letras e balões.
 Mas há controvérsias sobre os tais
não-pagamentos de royalties.
Porém,  Isto é uma história
que fica para outra vez.


Wango surgiu na segunda fase desta
importante publicação 



A Noblet cresceu, montou um parque gráfico
 na rua Almeida Torres, no bairro do Cambuci,
 e foi lá que vi meu antigo sonho de se 
tornar profissional se concretizar quando 
fui contratado como assistente de arte. 
Apesar de não desenhar nada, visto que
 o meu trabalho era retocar com guache 
preto e branco páginas de revistas vindas
 da Europa, como: Akim e Carabina Slim, 
eu estava no céu. 


Na edição 488 de Pig Gadget (uma edição em cores com
68 págs, totalmente com HQs você encontrava na
página 25 (acima) a chamada para a edição comemorativa
pela edição # 500 (500 semanas) desta nova série.
Nas págs 26 e 27 eles contavam as novidades deste
espetacular lançamento e apresentavam
um cupão onde os leitores podiam encomendar e
garantir esta edição super especial
Convivia com gente famosa das HQs, que
 jamais imaginei poder conhecer pessoalmente
e gente que, como eu, estava começando,
como o jovem Décio Ramirez, um bengala friend
que ao longo dos anos se tornou
um grande amigo e colaborador. 
Eu vivia um momento de orgasmos
múltiplos naquela casa editorial,
pode ter certeza (Rsss...).
Agradecia aos deuses por aquela
verdadeira dádiva.
Estava empregado e recebia semanalmente,
 conseguindo assim dar estabilidade à minha
 pequena família, que estava se formando.
 Aos poucos foram me
 dando oportunidade para fazer aquilo que 
eu mais gostava: HQs. Passei a publicar 
personagens meus ,como: Capitão (Buana) 
Savana (durante 5 anos na revista Akim), 
Águia Azarada (em Carabina Slim), Jerônimo
 Dias (na revista Mister No) e até fiz uma 
HQ de terror, em parceria com o Hamasaki
 para uma edição da revista Vampirella -
que os espanhóis nos perdoem por aquela
heresia (Rsss...)-, da Warren, além de
 escrever anos a fio as revistas 
como Hot Girls e Contos Excitantes. 
Algumas edições de revistas de atividades
 infantis também acabaram 
caindo na minha prancheta.


Página de abertura do caderno especial de jogos e
passatempos que saia em cada edição da revista
 
O que mais que queria da vida?
 Finalmente, eu estava trabalhando com 
aquilo que sempre desejei fazer. 
Aquilo era um paraíso, uma verdadeira 
Disneylândia para mim.
 Meu trabalho, com o tempo, passou a ter
 visibilidade, meu nome saia nos expedientes 
de todas as revistas da casa. Não demorou muito
para surgir convites para fazer free lance
para outras casas editoriais, como:
Bloch, Grafipar, etc.  Aquela fgoi uma grande
época. Produzi muito e até comecei a
fazer freelas para agências de publicidade.
E, fora tudo isto, 
eu tinha acesso a todos os catálogos
 fantásticos de HQs que as agências nacionais
ofereciam para aquela casa editorial.
O que mais um aspirante a autor de
HQs poderia desejar da vida?

Tivemos (eu e os companheiros de redação)
o prazer de ganhar calendários 
da Warren desenhados pelos grande
 desenhistas de Krypita e Vampirella, como: 
Esteban Maroro, José Ortiz e outras feras.
E foi nesta época, também, que tive em minhas
 mãos, pela primeira vez, um catálogo de 
Banda Desenhada de uma agência
 francesa chamada A.R.E.D.I.P (Agence de
 Recherches Droits Internationaux  Et  Promotion,
 que ficava na Rue Cambon, 23, Paris, França.
 AnDré Limansky era o presidente e diretor
 geral. Esse Comic Book Catalogue tenho
 guardado até hoje, graças ao amigo 
Paulo Hamasaki, que me presentou 
com uma de suas antigas
 e luxuoxas edições.
Foi através dele que conheci personagens 
europeus, como: Rahan, Les Robinsons De La 
Terre, Teddy Ted, Ayak, Jaques Flash, 
Le Grêle 7/13, Le Capitaine Cormoran, Linx, 
Sam Billie Bill, Ptit Joc, Wango, Louk Chien-Loup,
 Masque Rouge, Marine, Ragnard Le Viking, 
Captaine Apache, Le Pionniers de L’Esperance, 
Docteur Justice, Robin Des Bois, Taranis, 
Nasdine Hodja, Loup Noir, Bob Mallard, 
Fanfan La Tulipe, Davy Crockett (versão européia), 
Pif, Pifou, Hercule, Placid Et Muzo, Arthur
 Le Fantome Justicier, Les Rigolus Et Les 
Tristus, Surplouf, Leo, Horace, Cheval 
De L’Ouest, Dicentim, Sylvio, etc.
Uma página espetacular de Hercule, o gato,
com cenários e desenhos de Yanvick
Esses incríveis personagens eram totalmente
 desconhecidos por mim, naquela época. 
Até hoje muitos leitores brasileiros 
desconhecem esse magnífico trabalho 
de criação dos roteiristas e 
desenhistas franceses.
Pouco tempo depois, descobri que o nosso editor, 
J. Abourbih, um judeu egípcio, criado numa
 escola britânica e que durante muito
 tempo vivera em Paris era assinante
 da revista Pif Gadget, que chegava
 semanalmente pelo correio.
 Quando pude colocar as minhas mãos 
na tal edição francesa, que sempre trazia
 um brinde, me surpreender ao ver em 
suas páginas a maioria dos personagens
 que eu tinha visto naquele catálogo 
de apresentação e venda enviado pela
 agência francesa A.R.E.D.I.P, 
para o nosso editor.

Literalmente babei. E assim, semanalmente, 
passei a aguardar ansiosamente a chegada
 de uma nova edição de Pif. Isso durou uns
 cinco anos, até o dia em que decidi pedir
 a conta para se aventurar em 
meus próprios negócios.
Mas, devo admitir, a Noblet foi uma grande escola. 
O senhor Joseph (José, como o chamávamos ou
vulgo Mister No), que apesar de ser linha dura 
nos negócios - coisas da raça -,
 era um gentleman fora
da empresa e bom amigo.
 Ele foi um pai pra todos nós
pseudos-artistas. O tempo passa,
O mercado mudou, o mundo mudou, mas
 as boas lembranças de um tempo
 incrível são eternas.

NOTA: A finalidade desta matéria especial
sobre a revista Pif é compartilhar com 
todos os bengalas friends que, talvez, 
desconheçam essa fantástica publicação
 francesa, que fez história na Europa 
e no Mundo, e apresentar esses
 personagens à nova geração
 de autores de  HQs nacionais.
Àqueles que já conhecem Pif e seus
 personagens, tenho a convicção de que 
deve ter sido prazeroso relembrar e rever 
essas séries incríveis.

REFLEXÃO:
Será que diante de tanta parafernália tecnológica 
do mundo atual, onde as vendas desabam a 
cada dia e a distribuição fica cada vez mais
caótica, ainda haverá lugar um dia para 
surgir uma outra publicação igual a Pif,
que chegou a vender 1 milhão de 
exemplares e que durou por décadas,
 alegrando gerações? 
Ou será que o tempo das grandes publicações
 impressas de HQs, com tiragens monstruosas,
 está findando? O sonho está acabando?
 Só o tempo poderá nos dar uma resposta.


Edição # 2.530
Por: Tony Fernandes
Divulgação





C'est fini!



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Uma divisão de arte e criação da
 Pégasus Publicações Ltda –
São Paulo – Brasil –
Todos os Direitos Reservados

2 comentários:

  1. Dureza meu camarada Tony!!
    Espero que estejamos errados, e que se possa vender 1 bilhão de edições de HQs em formato digital um dia!
    Gosto do impresso, mas em breve, teremos tod@s que nos adaptar para além do LP, K7, CD e DVD, para as mídias digitais - nos adaptar não, pois a usamos também, meu caso! - mas só usá-las enquanto formato, mesmo mantendo como o Nathan Never um certo apego pelo nosso passado - século XX e as mídias físicas!

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  2. A realidade, de fato, mudou, teacher!
    E a coisa é irreversível. Jornais, por todo o mundo estão fechando para trabalharem on-line, tradicionais empresas que fabricavam e vendiam papel estão fechando, grandes gráficas estão passando por dificuldades financeiras e a maioria dos editores estão no vermelho, brigando para não capotar. Isto prova q a crise no setor está se alastrando. E o pior... as bancas não vendem mais 1ue 15%, no geral, exceto edições de fofoca de TV, etc.
    Não há alternativa.
    Mudar ou morrer.
    Como diz um velho amigo dono de uma imensa e tradicional gráfica aqui de S. Paulo:
    "Dono de gráfica, desenhista e produtor gráfico, são como papel higiênico. Ou estão enrolados ou vivem na merda."(Rsss...).
    Pode ser cruel esta afirmação, mas é a dura realidade. Grato, pela visita!

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