domingo, 14 de agosto de 2011

ENTREVISTA COM ORLANDO ALVES, ESCRIBA, DESENHISTA, CARICATURISTA E AUTOR DE DIVERSAS HQs DA EXTINTA REVISTA UDIGRUDI!


Nosso entrevistado de hoje começou na 
década de 90 a publicar seus trabalhos 
de HQs. Participou ativamente
da revista Udigrudi onde se revelou um dos 
mais prolíficos e criativos cartunistas, que
 marcou época. Ele satirizava séries
de TVs, heróis de HQs, clássicos da literatura 
universal, etc.
Tudo na base do bom humor , em quadrinhos.
De lá para cá, ele nunca mais parou e se 
tornou um grande cartunista e caricaturista. 
Algumas de suas criações ficaram cravadas
 na mente daqueles que tiveram a 
oportunidade de conhecer e ler seu trabalho
 fantástico. Além de ser um excelente 
desenhista ele também se revelou, aos 
poucos, um genial escriba. 
Ou seja, criava e desenvolvia seus próprios 
roteiros e personagens com muito bom
 humor e criatividade.
Caros, webleitores, conheçam um pouco 
mais deste cidadão talentoso e
 eclético chamado...

ORLANDO ALVES!


Convém lembrar que, desde que Orlando Alves, há mais

 de 20 anos passou a se dedicar as caricaturas, o autor não fez 
mais o tipo de trabalho erotizado,
que ilustram esta entrevista. No entanto, as artes apresentadas

 neste interessante depoimento visam apenas registrar a trajetória
 indelével desse grande artista, capaz de se adaptar a diversos 
estilos até por uma questão de sobrevivência, na época.
 O tempo passa, as pessoas mudam e acabam
encontrando seu próprio caminho. Um artista de verdade jamais
deve ter preconceito ou vergonha de sua arte, seu passado,
suas lutas e suas glórias.
Tony Fernandes


Tony 1 – Landão, faz uma data que não nos vemos,
 my friend. É com muito orgulho e satisfação 
que, finalmente, estou entrevistando você, que 
foi uma das grandes revelações
que tivemos na revista Udigrudi. Tá preparado para
encarar esta saraivada de perguntas?
Tá pronto pra guerra?


Orlando: Beleza, mestre Tony!!! Vamos lá...

Tony 2 – Então se segura que lá vem fumo...

Orlando: Tô fora (Rsss...).

Tony 2 – (Rsss...). Brincadeira, vamos nessa... 
Eu acho que foi em 1990 – se não me engano -, 
que você apareceu lá no
 nosso estúdio (Felipe e Fernandes Produções), 
que ficava bem na esquina da avenida São João 
com a avenida Ipiranga – famosa esquina 
paulista que inspirou o genial Caetano Veloso -,
em cima do extinto e famoso Bar do Jéca, 
ponto de encontro de boêmios e muitos artistas.
 Pergunto: O que levou você a nos procurar,
 naquela época remota?


Tudo começou no velho prédio da esquina da avenida
 Ipiranga com a avenida
São João. Ali nos conhecemos e também foi ali, no

 5º andar que começamos Phenix Editorial Ltda  
Orlando: Eu sempre quis trabalhar 
com desenhos, desde criança, mas nada 
de desenho técnico... rsrs... minha
vocação era mesmo artística. Desenhos 
feitos a mão livre e na época eu estava
 buscando algo parecido com o
que eu gostava de fazer, tipo ilustrações
 para livros e revistas, charges, cartoons,
 HQs... mas eu nem sabia
 por onde começar... rsrs... não conhecia
 ninguém que trabalhava nesse ramo e, por 
causa disso, eu teria que
 meter a cara por aí, “bater de porta em 
porta e ver o que ia dar”... era como dar 
um tiro no escuro!!!
 O que aconteceu foi o seguinte: fui formando
 da turma de 1988 (Técnico em Publicidade) 
e em 89 eu estava me preparando 
psicologicamente pra largar o 
meu trabalho, meu emprego, pra correr 
atrás dessa nova profissão.
Não era fácil. Eu comecei
 visitando as agências
de publicidade aqui em Sampa, 
não conseguia nada,
 parti pras gráficas e editoras, 
também nada...
mas não desisti... a minha 
vontade de trabalhar
 com desenhos era maior do que eu. 
É verdade que o meu desenho 
era bem fraco
 (na escola a gente era visto
como um “DESENHISTA”, é claro, 
quase ninguém desenhava lá), e
eu fui obrigado a 
enxergar isto nas concorrências de 
emprego, enquanto eu chegava com
 o meu humilde portifólio tamanho A4 
com trabalhos de escola e 
outros desenhos livres, com traço 
tremido e pintado a lápis
 de cor, giz de cera, pastel seco e oleoso,
 guache... rsrs... tinha desenhista que aparecia
 com cada pasta tamanho A2, traço firme,
 pinturas aerografadas, e quando o 
camarada abria a pasta
 “só faltava sair luz do desenho”... e eu 
pensava comigo mesmo “já perdi”... mas
 continuava na fila, mesmo
assim, na esperança de conseguir uma 
oportunidade...
Nesta época eu também era esportista,
 praticava karatê e gostava de visitar a 
loja de esportes da editora Combat Sport, 
acho que era este o nome, onde vendia
 kimono, nunchaku, artigos 
de artes marciais
 e musculação. Esta loja ficava nesta 
mesma localização que você descreveu: 
avenidas São João com Ipiranga,
 prédio do Roldan (musculação),
 no 6º andar.


Tony – 3: Karateca?Treinava caratê? 
Poxa, eu ia morrer sem saber que você
 era praticante de arte marcial...


Orlando: Eu freqüentava esta loja havia
 uns três anos e neste ano de 89 ela se 
transformou também em
editora, e, eu disse... “Ôpa, se tem revista,
 pode ter espaço pra desenho”!!!
 Perguntei quem era o responsável,
me apresentaram pro Arnaldo, acho 
que era este o nome dele, e eu sugeri colocar
 alguns cartoons na revista “Combat Sport”.
 Lembra dela? Mas acho que o
Arnaldo não comprou essa idéia:
 ele disse que a revista dele era muito 
séria pra esse tipo de coisa
e que os desenhos que entrassem ali deveriam
ser todos no estilo clássico (tipo super-herói),
 tinham que ser “perfeitinhos” porque 
era pra fazer propaganda de produtos e,
 eu não era a pessoa certa pra fazer isso...
 mas no meio de tanta insistência,
conversa vai, conversa vem (acho que
 enchi o saco, mesmo)... não consegui 
convencer o Arnaldo a
 comprar meus desenhos, mas ele me
 passou o “Briefing”: o mais importante
 de todos!!! Ele me disse assim:
 “Aqui embaixo, no 5º andar, estão reunidos
 os melhores desenhistas de Histórias 
em Quadrinhos de São Paulo.
O trabalho deles é bem o estilo 
que você gosta.
Por que você não desce lá e 
conversa com eles?
 Eles podem te orientar como é 
que funciona o
 mercado de trabalho de HQs. 
Vai lá pedir uma ajuda...”

Primeira versão. Formato: 21 x 28 cms. Ed. Ninja.
 Abaixo a versão lançada pela Phenix.
 Formato: 14 x 21 cms. 132 págs.

 
Tony – 4: Ahá! Então foi o meu querido 
bengala friend, Arnaldo, da Combat Sport,
 que nos indicou!?
 O Arnaldo é gente fina e deve estar 
ainda hoje por lá...
Eu sabia! Digo, eu suspeitava, mas não
 tinha certeza... Porém, acho que o Arnaldão
 exagerou... se nós éramos os melhores
 desenhistas  de S. Paulo, dá pra imaginar 
como eram os piores, né? (Rsss...).
 (Rsss...). É gozado como naquela época
 as pessoas surgiam na nossa porta, como se
 fosse num passe de mágica. De repente, 
a gente entrosava com vocês e
 nunca ficava sabendo como é que vocês 
chegavam até nós. Agora tudo 
ficou claro... (Rsss...).
Vivíamos numa correria doida 
atendendo várias editoras. 

Orlando: E não deu outra: 
foi assim que eu conheci vocês,
meus amigos, Tony Fernandes e 
Wanderley Felipe.
 Sou grato pela atenção, hospitalidade, 
paciência... rsrs... por terem me 
ensinado a trabalhar e por 
esta oportunidade que 
vocês me deram!!! Disso eu nunca vou
 me esquecer!!!
E tenho o maior orgulho de dizer que 
eu sou “cria” do mestre 
Tony Fernandes!!!

Tony 5 – Deixa disso... Na época, colocamos
 muita gente nova e boa no mercado editorial,
 como você, e somos nós
 que temos hoje orgulho de ver vocês
 por aí, na ativa.
 Maravilha. Se não me engano, você tinha outra
 profissão, mas estava afinzão de entrar no 
ramo oscilante das HQs e decidiu estagiar
 com a gente, sem ganhar nada... 
foi isto mesmo?
 Qual era a sua profissão?


Orlando: Sou de família humilde, 
meu pai era metalúrgico e eu também, e as 
pessoas do meu convívio normalmente
 trabalhavam em indústria, comércio,
escritório, tudo na base da “carteira
 assinada” e... um artista 
ali, naquele meio,
 era visto como um E.T.
Alguém que não queria “trabalhar”, 
alguém que só queria “fazer desenhos”.
 Naquela época, de 1985 a 89, 
eu trabalhei 
na metalúrgica Aços
Villares, em São Caetano do Sul, SP.
 Estudei no SENAI Carlos Pasquale, 
também em São Caetano e a minha 
profissão era Ajustador Mecânico. Rsrs... 
Isso mesmo, eu metia a mão na 
graxa, ajustava peças 
de aço na lima e na lixadeira, afiava 
ferramentas e fazia manutenção de
máquinas de usinagem:
 torno, fresa, retífica...


 Tony - 6: Isto não é nenhum demérito, Landão...
 ao contrário, acho que você deveria se orgulhar 
de “meter a mão na massa”, se virar, ganhar o
 seu pão de cada dia. Também fui engraxate,
 vendedor de sorvete (na infância), operário
 de fábrica de brinquedos, office boy, bancário,
auxiliar de escritório, vendedor, etc 
(na adolescência), e quer saber?
Não me arrependo de nada do que fiz... 
quando me casei, logo nasceu a minha filha, 
fui fazer manutenção de casas, numa vila,
 onde eu consertava de tudo,
trocava e pintava janelas até de apartamentos
 e também cheguei até a limpar fossas,
 bengala friend. Tudo isto, me deu um
aprendizado de vida fantástico. Aprendi a me
virar, a ser humilde. Obviamente, eu, 
paralelamente, estudava e
tentava entrar nessa difícil profissão - 
havia muitas "panelas" e entrar nessa área, 
sem conhecer ninguém,
não foi tarefa fácil. Sempre pensava: 
"Se posso ganhar grana com um pincel 
ou lápis, por que vou carregar
tijolos?" Demorou, mas enfim, me deram uma
chance de mostrar o que eu sabia fazer, daí
pra frente nunca mais parei. Faço o que gosto.
O SENAI é uma ótima escola 
profissionalizante.


Orlando: Normalmente a molecada 
que vinha do SENAI tinha que 
encarar todo tipo de serviço, além da 
mecânica: office-boy 
(com macacão sujo de graxa mesmo, 
botina e capacete), ajudante (tinha que 
limpar o setor e buscar litros de café 
pra “peãozada” num carrinho... rsrs... 


O primeiro trabalho dele


... e se atrasasse, tava encrencado. 
Almoxarife (lá era outra escola de tudo 
em usinagem) e, também,
pelo fato de gostar de desenhar e fazer 
caricaturas das figuras engraçadas que 
trabalhavam comigo,
acabei sendo chamado pra
 fazer alguns desenhos
 pro pessoal da Segurança 
do Trabalho.



Tony - 7: Legal... SIPA... conheço bem.
Já fiz trabalhos pro
 pessoal de segurança do trabalho de
 grandes empresas. Fiz cartazes, folders 
e audiovisuais, pra Arno... prossiga, acho
 que somos, todos, um exemplo de vida...

Orlando : Engraçado é que eu gostava tanto 
deste setor que acabei me envolvendo num 
curso Técnico em Segurança do Trabalho
 após ter terminado o curso de Publicidade,
 mas no final do primeiro semestre eu
 saí da escola porque descobri que eu
 não podia ser técnico: 
“eu tinha que ser Desenhista”!!!

Tony – 8: Obviamente, você nasceu
 com o dom.
 Deus te deu as “ferramentas”, 
um dia a “ficha
 tinha que cair” e você acabou procurando
 sua turma, seu caminho. Sua história serve
 de exemplo pra muita gente que está aí
 acomodada. Esperando as coisas
caírem do céu. 
Digo sempre, quem quer corre atrás.

Orlando: Meu primeiro trabalho 
impresso foi em novembro de 88, 
na épocada Sipat (Semana Interna de
 Prevenção de Acidentes do Trabalho).
 Como eu fui o
ganhador do “Concurso de Slogans”, fui 
chamado pra montar o cartaz com os
 desenhos e letras em normógrafo (aranha),
e depois me levaram pra conhecer 
a gráfica na Villares, de Interlagos.

Tony – 9: Que bacana. Então, a Villares foi a 
primeira a lhe dar uma chance, na real...

Orlando: Aquela foi a primeira vez que 
eu pisei em uma gráfica... rsrs. 
Lá eu conheci todo o processo de fotolito,
chapa, offset ... e acompanhei meu próprio 
desenho sendo impresso numa gráfica 
e depois, exposto em todos os
cantos da empresa com a minha frase:
 “Não basta ser experiente, tem que 
ser prudente”! Esta frase foi escolhida
 porque os empregados mais velhos 
estavam se acidentando
bem mais que os novatos.





Tony – 10: Gostei do slogan! Coisa criativa, 
de publicitário, mesmo... continue...

Orlando: E é isso, Tony, estava
 se formando em mim uma 
gigantesca vontade de 
ser desenhista, uma vontade 
que aumentava
 cada vez mais numa panela 
de pressão prestes a explodir. 
Tive mesmo que sair 
da mecânica pra tentar ser
 o que eu era, na real, e estava 
disposto a encarar qualquer
dificuldade que
 aparecesse pela frente...


HQ Inédita


Orlando e Salata: Uma grande parceria
Tony 11 – Também já passei por isso 
(como muitos que optaram pelo caminho
 das pedras). Sei como é.
 De repente, a gente parece que 
“pira” e sente necessidade de fazer 
aquilo que a gente gosta...
é incrível! Essa força de vontade
 ferrenha impulsiona a gente e
 faz, com certeza,
 criar condições, lutar e vencer
os obstáculos! Isto é duka... (Rsss...). 
 Naquela época nosso estúdio era apenas 
duas salinhas, no quinto andar, daquele velho 
prédio repleto de academias de musculação,
 cheio de nego bombado – haja
 anabolizantes (Rsss...). Eu e o meu 
sócio éramos os únicos 
barrigudos do pedaço...
 (Rsss...). Você nos apresentou seus 
desenhos e sentimos um grande 
potencial no seu
 traço e decidimos por bem aceitá-lo.
 Apesar de jovem, você tinha pique e
 muita vontade de fazer HQs. 
Quais eram seus gibis preferidos? 
Quantos anos você tinha? 
E que autores, nacionais ou
 estrangeiros, você admirava ou 
se inspirava, bengala júnior?

Orlando: Acho que quando conheci 
vocês, no final de 89, devia ter mais 
gente trabalhando 
lá, era uma correria e você estava 
sempre ocupado com telefone, 
clientes, gente pra
lá e pra cá... e quem me deu as 
primeiras dicas foi o Wanderley. 
Então, beleza... eu ia pra casa,
 treinava... mas as coisas não 
davam certo...
 (GRRRR!!!)
 Em janeiro, no ano seguinte, voltei,
 achei estranho:
“Cadê aquela galera que trabalhava aqui?
Tá todo mundo de férias???” , perguntei.
 Aí você me explicou o motivo 
da tranqüilidade
 (menos trampo, menos gente), vocês 
tiveram o cuidado de indicar o pessoal 
para outras empresas de amigos
do ramo e uma das salas estava até vazia.
A minha oportunidade estava lá, pensei.
Nesta época eu tinha 19 anos: 
faz tempo, hein... rsrs.
Eu sempre andava pra cima e pra 
baixo com aquilo que eu chamava de
 portifólio. Lembro bem 
que naquele dia 
você tinha mais tempo pra analisar 
os meus trabalhos e 
conversar comigo. 
Eu pensava que estava evoluindo,
 mas a conversa foi 
mais ou menos assim:
“Pô, bicho... precisa melhorar... 
traço tremido... a coisa tá 
feia mesmo... vou ser sincero, 
profissionalmente
não tá bom... xiii... isso aqui 
tá uma meleca...
também precisa estudar anatomia... 
mas vejo que, pela quantidade de
 desenhos feitos aqui, você gosta de
desenhar e pode evoluir! 
Nós estamos numa fase ruim aqui, mas
 pretendemos voltar a todo o vapor
com a mesma equipe,
 porém, se você
 quiser utilizar aquela 
prancheta da sala
 vazia enquanto está livre,
 podemos te ajudar a melhorar
 seu desenho e, se você desenvolver, 
você fica e ganha 
conforme produzir”. 
Aquela oportunidade, pra mim, 
era “única” e eu a agarrei 
com unhas e dentes!!!

Tony – 12: Cacilda... eu disse tudo isso!?
 Juro que não me lembrava mais 
disso... (Rsss...). 
Vivo falando tantas coisas, tantas
 bobagens, que fica difícil me lembrar 
de tudo. Na época, o governo Collor
 tinha tomado (confiscado)
 a grana de todo mundo, as editoras e 
empresas em geral. 
Muita gente dormiu rica e acordou 
pobre. Aquilo foi um chute no saco 
de toda a nação. Ninguém esperava
por aquilo. Daí, o trabalho escasseou 
por algum tempo, mas arregaçamos
 as mangas 
e fomos pro pau... (Rsss...). 




Orlando: Quanto aos meus gibis 
preferidos, quando criança, eram:
 a turma da Mônica,
 Chico Bento, Tio Patinhas,
 Zé Carioca e, na adolescência, eu 
curtia Homem-Aranha,
Hulk, X-Man... gostava de ver 
um pouco de pancadaria e de
 mulheres bonitas... 
rsrs... tanto é que quando eu fuçava nas
 bancas de jornais acabava comprando 
revistas tipo “ninjas” e entre essas, 
sem saber, também comprava suas
 revistas... rsrs. Na TV, eu gostava 
de assistir Speed Race, Sawamu, 
Jonny Quest...  e uma pancada 
de desenhos da Hanna-Barbera.
Autor estrangeiro... Walt Disney, 
pela determinação de fazer filmes
da melhor qualidade, estudando 
todo tipo de bicho, criando, 
trabalhando muito,
 arriscando tudo o que tinha.




Autor brasileiro: 
Maurício de Sousa, pela 
simplicidade e autenticidade dos seus 
personagens, tipo o caipira Chico Bento, 
que mata a gente de rir e também 
ensina de uma forma saudável.
Inspiração? Gepp e Maia, Chico e 
Paulo Caruso, e as histórias 
em quadrinhos da revista MAD 
com sátiras de filmes da época.





Banner promocional do artista

Tony 13 – O Disney hipotecou a 
casa dos pais dele pra fazer o
 longa metragem Branca de
 Neve, ainda bem que a coisa
deu certo, senão... a família 
estaria até hoje morando embaixo
 da ponte... (Rsss...).
Digo sempre: "O mundo é dos loucos!"
 Se não fossem os loucos estaríamos
 morando em cavernas até hoje... (Rsss...).
Legal... fazer você relembrar o seu passado
 é interessante e assim conhecemos um 
pouco mais sobre você... 
Já disse: Colocamos 
muita gente nova no mercado editorial 
brasileiro, você sabe, demos oportunidade
 a diversos novos autores e veteranos
e foi ali que nasceu a Phenix Editorial Ltda.
 Você praticamente assistiu, de camarote, 
o surgimento da nossa casa editorial.
O governo Collor ferrou todos nós. 
Gente que dormiu cheio da grana, acordou 
na “pindaíba”. Teve gente que até se matou...
aquilo foi uma merda imensa... o povo 
brasileiro não merecia aquilo...
 O país passava por um período difícil.
 A dureza era geral.
Nas bancas, poucos editores se arriscavam a 
lançar produtos novos, ante o mercado 
recessivo. Nosso faturamento caiu e
o que ganhávamos mal dava pra pagar as 
despesas. Foi foda.
Mesmo assim, arriscamos e lançamos 
inicialmente quatro revistas posters (na base 
do crédito), graças a gráfica Parma, que 
confiou em nós. Lançamos: Bruce Lee, Back
 To The Future (De Volta Para o Futuro), 
Robocop – um campeão de venda -, e outro que
 não me lembro...
coisas da idade... (Rsss...). O Collor, nos anos 
90, e sua “maravilhosa” equipe econômica 
“fubecou” o país, que, de repente, 
estava sendo habitado 
por “Durangos Kids” e o
 único jeito era recomeçar
 do zeroe ir pro pau.
 O cidadão brasileiro já passou 
por tantas crises,hiper inflação, etc. 
A nova geração nem sabe o 
que é isso. Enfim, nosso povo sofrido
tem muita garra. Voltando ao papo... a 
única saída, pra nós,  era se aventurar e 
apesar de eu ter tido uma outra
editora na década de 80 – 
ETF Comunicação-, confesso que
entrei nas bancas preocupado. 
E foi assim que arriscamos 
lançar 4 posters 
naquele estranho mercado editorial.
 E a coisa, graças aos céus, deu certo.
 E também graças ao editor e amigo 
Cazamatta (Nova Sampa Diretriz), que 
foi nosso avalista 
na gráfica.  Entramos com o pé direito. 
Você, foi cria da casa, como
muitos outros, e isto me enche de orgulho.
Principalmente quando vejo que você não 
desistiu e esta aí “firme na paçoca”. 
Durante 3 anos você trabalhou 
exclusivamente para a gente 
e produziu muitas HQs
para a revista Udigrudi (versão Phenix – 
2 almanaques mensais com 132 págs, 
cada um). Você se lembra, Landão, o 
título da primeira HQ,
que desenhou para nós?

Orlando: Comecei a trabalhar com 
vocês no começo de fevereiro de 1990 e 
no mês seguinte o Collor travou
tudo, o país parou de funcionar, mas nós 
não paramos.
 Meus primeiros trabalhos eram de 
assistente de arte.
 Além de estudar e treinar muito
 naquela época, eu preenchia as partes 
indicadas no desenho 
arte-finalizado com 
nanquim, apagava o esboço feito
 a lápis, me certificava se
 todos os desenhos
estavam limpos antes 
de mandar pra gráfica, indicava 
todas as cores de todas
 as histórias do “Pequeno Ninja”
(até levava trabalhos pra terminar em 
casa após 12 e até 13 horas no estúdio). 
Loucura total...
rsrs... depois de mais ou menos 6 meses 
de casa, saiu meu primeiro trabalho em 
HQ com apenas 2 páginas, onde eu fiz o 
lápis e o Gilvan Lira (Gilimeros) 
arte-finalizou.
 O trabalho ficou lindo e muito engraçado...
 mas... infelizmente eu não me lembro
mais do nome... foi pra revista UDIGRUDI...
tratava-se da cena de um casal discutindo 
num quarto de motel onde o rapaz prometia
 à mulher que “iria se recuperar e levantar a
 sua própria alto-estima” e levantou 
mesmo, mas foi com a ajuda de 
um balão... rsrs.


Tony 14 – Exato. Agora me lembrei 
dessas pranchas. Você começou 
com o pé direito,
 bengala júnior. Teve como
 artefinalista o grande 
bengala brother Gilvan Lira (Gilímeros), 
um dos reis das HQs eróticas e 
dos desenhos
de garotas sensuais. Taí um cara 
que deixou saudades...
Ouvi dizer que ele voltou pra terra dele.
Voltou pro Rio Grande do Norte
e que até fez uma arte para o Vaticano 
e que também acabou sendo recebido por
 Sua Santidade. Deve ter “enricado”. 
Deve estar com o “burro na sombra”... 
(Rsss...). É mole?
Qual é o seu nome completo e em 
que dia, mês,
ano e estado você nasceu?

Orlando: Meu nome completo é 
Orlando da Silva Alves.
 Eu nasci no dia 24 de setembro 
de 1970, em São Caetano do Sul, SP.

Tony 15 – Como as 4 revistas posters 
que publicamos inicialmente deu certo, 
decidi lançar a Udigrudi – nossa
primeira revista de HQs, de humor -, em 
novo formato, visto que a extinta editora 
Ninja já havia lançado este
 nosso título no formato magazine, com 
32 páginas, e havia conquistado uma fatia 
do mercado. As primeira edições –
para a editora Ninja – 
foram feitas por mim 
(Alice, a Rainha da Chupetinha, 
o Surfista Afrescalhado, etc) , 
pelo Wanderley Felipe (vulgo Epilef,
Fresh Boy, Tulipa, 
e atual Vanderfel),
ele fez HQs, como: Capitão Piroca, Ralf, 
o ET Teimoso, etc, e pelo bengala friend
 Wilson Borges (vulgo carioca),
 autor do Saci Gererê. Você conhecia nossa
 antiga versão da Udigrudi que foi lançada 
pela editora Ninja?

Orlando: Claro, que sim... rsrs... todos 
esses trabalhos passaram pelas minhas 
mãos para preenchimento de
nanquim e limpeza com borracha 
(retirada do esboço a lápis). 
Minha primeira HQ arte-finalizada 
pelo Gilvan Lira foi mesmo
nesta antiga
 versão, no formato magazine.

Tony 16 – Putz... desculpe-me pela gafe, 
mas juro que eu não me lembrava disso.
 Então você começou com a gente 
no tempo da Ed. Ninja...
 começou com a gente faendo assistência 
de arte...“caiu a ficha”, agora... 
Pouco tempo depois, crescemos e nos
 mudamos para a rua Piratininga,
 no bairro do Brás – antigo
reduto de editores- , para um amplo 
sobrado e você continuou com a gente. 
Contratamos mais gente, 
ampliamos nosso sistema de 
distribuição e obviamente tivemos 
que arregimenta novos desenhistas. 
Aos poucos descobrimos
que você também tinha talento 
para escrever.
 Você começou a bolar seus 
próprios roteiros.
 Um dos personagens mais marcantes 
da Udigrudi foi, sem dúvida, o hilário, 
Juca Bação (Rsss...), personagem
criado e desenvolvido por você, 
sem nossa interferência.
De onde surgiu a idéia de criar este
 personagem sui generis, que 
todo mundo adorava?


Sem espaço nas editoras o artista talentoso 
se tornou caricaturista


 Orlando: Eu me lembro que com o 
surgimento da editora PHENIX eu já 
estava conseguindo acompanhar o
 ritmo de alguns desenhistas 
colaboradores, e, fora isso, quando 
o elevador quebrava,
 lá no prédio da av. São João, a 
gente tinha que descer e carregar 
pilhas e pilhas 
de posters e revistas até o 5º andar, 
várias vezes... rsrs... quem disse que papel
não pesa? Era malhação gratuita e
 musculação pra qualquer atleta do
Instituto Roldan morrer 
de inveja... rsrs.

Tony – 17: Me lembro bem disso... 
estávamos, todos, ficando
mais bombados do que os atletas das
 diversas academias daquele prédio, de 
tanto carregar “melecas” pra cima e
 pra baixo. Aquilo era um sufoco. 
Sofremos a beça...o pessoal acha que 
editor leva a vida na boa, coçando... não 
imaginam como é f...
carregar 60 mil revistas nas costas... 
Mas, a culpa era nossa, o elevador “pifava”, 
por excesso de peso. das nossas revistas.
 Por isso decidi nos mudarmos antes
 que “fubecássemos”
de vez o tal elevador, “do tempo do ronco”, 
e aí sim a gente ia sifú... ou seja, a gente 
ia ter que acabar comprando um elevador
 novo... (Rsss...). Editora em prédio, não 
dá certo... E o pior
é que alugamos um local, que não era 
térreo, tinha uns 28 degraus pra subir. 
Que merda, né? (Rsss...)...Prossiga...

Orlando: Mas, como eu ganhava por
 produção de páginas desenhadas e
 serviços de assistência 
de arte, eu tinha que
aproveitar o pouco tempo que 
restava pra escrever os argumentos 
(redação) das HQs. 
Era uma excelente oportunidade 
pra ganhar um dinheiro a mais... rsrs...
 e pra mim foi uma
ótima porque eu ainda desenhava devagar. 
Mas o chefe, Wanderley, advertiu:
 “Não vamos comprar qualquer coisa,
o texto tem que ser engraçado”.
Aí eu tinha que arrumar 
tempo pra ler 
também, buscava alternativas em 
revistas de piadas, observava fatos e
histórias engraçadas do dia a dia, 
anotava num rascunho tudo o 
que eu via e ouvia,
 comecei a buscar nos filmes e 
programas de TV todo 
tipo de comédia.
Foi assim que consegui material 
pra criar minhas
histórias, e, funcionou: o chefe aprovou.
O personagem Juca Bação foi uma fusão 
de Danny DeVito (irmãos gêmeos) 
com Rony Cócegas (Lindeza, do “Calma, 
Cocada”). E, é claro, eu sempre seguia
 a linha de humor do professor Tony 
Fernandes, observando seus roteiros, 
seus personagens e toda a dinâmica 
que prendia o leitor até o final 
da história. O Juca Bação não tinha nada 
de modelo, nada de galã. 
Era baixinho, careca, barrigudo 
e narigudo, mas 
enlouquecia a mulherada, e, por causa
 do seu problema de ejaculação precoce, 
nas preliminares, não tinha outro
 jeito: o nariz era sua salvação pra 
se dar bem com as mulheres.

Tony 18 – Eu, particularmente, rolava de 
rir com os seus textos e adorava ver as
 garotas sexys que você desenhava... (Rsss...).
 Elas eram deliciosas... Naquela época você 
era solteiro, depois se casou e talvez hoje 
você não possa responder
a questão que farei a seguir. Mas, sempre tive 
uma curiosidade... responda, se puder:
 É verdade que você se inspirava – para 
desenhá-las -, em minha secretária e na 
nossa recepcionista? 
Tcham-tcham-tcham-tcham!

Orlando: Com certeza!!!... kkkk... 
Que meninas, hein!?
Que a verdade seja dita... rsrs.
 Mas eu fui bem instruído
 por você, mestre, na arte de desenhar
 mulheres. Eu, que não sabia nem o que 
era “anatomia”, lembra disso???... rsrs.
 Graças a sua paciência de
 analisar e corrigir meus desenhos, de
 passar dicas super importantes, de me
 ensinar a observar as mulheres
 (agora eu me entreguei)... observar
 todo tipo de pessoa... rsrs... notei a
forma de andar, a postura, o jeito, as 
expressões faciais, delas. Observei 
desenhos de outros artistas,
 vi muitas fotos...
 e foi assim que acabei passando
 tudo isso pro papel. E aprendi mesmo, 
com um cara 
que entende muito de mulher!!!



Tony 19 – Quem!? Eu!? Hoje? 
Tais brincando!?
Já fui bom nisso... (Rssss...). 
Mulher sempre deu problema,
até para desenhá-las... (Rsss...).
 Além do Juca Bação, você
também criou uma porrada de sátiras 
maravilhosas, como: GHOST, 
O Outro Lado Da Dívida... 
(baseado no filme Ghost, 
O Outro Lado da Vida, que fez um
 tremendo sucesso nas telonas, na época).
 Esta sátira, para mim, é um clássico das
histórias em quadrinhos
 cômicas nacionais.
Você explorou o tema de forma genial 
e não tinha quem não se mijasse
de rir com aquela HQ. Como surgiu a 
idéia de satirizar o filme?

Orlando: Fiquei viciado naquelas 
revistas MAD e o meu
barato era ver como ficavam as 
sátiras em cima dos filmes que 
saiam nos cinemas:
 eles acabavam, detonavam
 com os filmes!!! O pior é que ficava
 mais legal que o filme original... rsrs.
 Com certeza, era essa
 linha de raciocínio
que eu tinha que seguir: transformar 
o chato do mocinho num pateta bem 
atrapalhado e engraçado.

Tony 20 – Você fazia isto com maestria.
 Pode acreditar... Esta maravilhosa versão
 do filme Ghost, você escreveu e fez os lápis.
Se não estou equivocado, a arte final foi
 do Salatiel de Holanda.
A parceria foi nota 10! Um grande roteiro, 
um ótimo desenho e uma 
grande arte final.
 Conta pra gente, como foi trabalhar
com o veterano mestre das HQs Salatiel
 de Holanda (vulgo Di Zuniga)? 
Pouca gente teve este privilégio.

Arte do mestre Salatiel, para um outro produto da 
Phenix Editorial Ltda
que também só publicava material
 100% produzido no Brasil
Orlando: É verdade, Tony. 
Fui um privilegiado em trabalhar
 com o velho Salata! Além de 
enriquecer meus trabalhos, eu aprendi 
muito com ele. Quantas vezes eu queria 
montar os personagens em ângulos 
diferentes, tipo cinematográficos, 
aí eu me enrolava porque não 
conseguia desenhar, e
então o mestre Salata simplesmente
 riscava um esboço rápido e resolvia 
a parada.
O Salatiel falava pouco, acendia um 
cigarro atrás do outro e se concentrava 
no trabalho com aquele seu
 jeito tranquilão, que parecia devagar,
 mas na realidade
ele era muito rápido e eficiente.
Os seus trabalhos falavam por ele.
Sempre foi um excelente ilustrador!!!

Um texto e arte genial. Um clássico da UDIGRUDI

Tony 21 – Você e o "véio", o Salata... 
chamo isto de uma parceria feliz, 
que deu “samba”!
 Suas HQs eram movimentadas, 
bem humoradas, 
enfim, geniais. Apesar de termos
 uma equipe imensa pra fazer a
 Udigrudi, os demais 
colaboradores não tinham pique 
de produção e a responsa maior 
ficou a cargo dos mais
 velhos (leia-se: mais experientes),
 como eu, o Felipe e o Zuniga, 
inicialmente.
 A coisa engrossou ainda mais quando 
decidimos lançar 2 versões da Udigrudi, 
por mês (ambas com 132 págs 
de material nacional).
Confesso que fiquei puto com a galera – 
os colaboradores.
O pessoal chiava porque não tinha espaço
 pra trabalhar, quando abrimos um tremendo 
espaço – 264 págs mensais
de HQs -, os caras apareciam com
10 pagininhas.
 Pagávamos um bom preço e eu tentava 
incentivá-los à produzir, escrevia “quilos” 
de roteiros, mas a “negada”
era devagar quase parando. Sei que fazer
 HQs não é mole e confesso que fiquei 
preocupado.
Pensei: E, agora? Como vamos manter
 essas duas Udigrudis por mês? Fora isto 
tínhamos três Almanaques de Super-Heróis 
tupiniquins para lançar,
mais vários títulos de revistas posters
 de rock e cinema...
 estávamos no limite máximo de produção.
 Mas, graças a Deus, de repente, 
você se revelou
uma verdadeira máquina de produção e
mantinha uma excelente qualidade, 
tanto de textos, como na arte. Diz aí, 
como foi que você “desencantou”
assim, de uma hora pra outra? 
Muito treino?
Algum segredo. 
Ficamos impressionados, na época.

Orlando: Apesar de trabalhar 
muito, eu me lembro que eu tinha 
liberdade pra sair 
do estúdio a hora que eu
quisesse, até pra ver um filme 
no cinema... 
rsrs... contanto que entregasse os trabalhos 
no prazo determinado.

Tony – 22: Éramos uma empresa moderna. 
Antes da Microsoft dar esta liberdade pra
 sua equipe a gente já havia adotado este 
sistema livre de trabalho... (Rsss...).
 É mole? Adotamos este estilo de trabalho
 quando criamos o Pequeno Ninja.

Criado em 1991, por Tony Fernandes (roteiros)
 e Wanderley Felipe (arte) e coordenador do
 projeto, que mantinha uma 
grande equipe composta por homens,
a única excessão era a desenhista Luciana. 
Orlando Alvez era o assistente de arte, na época. 
O pequeno guerreiro
 foi um sucesso de venda: 125 mil exemplares 
vendidos. Dezeseis anos depois, a editora 
On Line comprou
os direitos, relançou a série (com artes feitas pela
 competente equipe do Joã Costa) ,
mas esta não obteve o mesmo exito do passado.

Orlando: Mas a convivência e o
 trabalho com a turma era tão 
legal que eu não
conseguia mais sair de lá...
mergulhei de cabeça nos desenhos!!!
Pra falar a verdade, Tony, até hoje, o 
seu estúdio foi o lugar que eu mais 
gostei de trabalhar. Cheguei até a receber
 a chave pra abrir a casa
porque eu chegava às
7 da manhã e fechava o estúdio com 
vocês, às oito e
 meia da noite, lembra?

Arte de Orlando Alves, o cartunista e caricaturista

Tony - : Sim, me recordo bem... não 
tinha moleza!
 O trabalho era puxado, fizemos
 milhares de páginas e produtos... 
tínhamos plena confiança
 em você. Sempre foi responsável 
e pontual...
 pena que tivemos que sair do mercado, 
devido a problemas
internos e externos...

Orlando: Desenvolvi muito na PHENIX
 observando os mais rápidos 
e me esforçando
 na tentativa de alcançá-los.
E percebi que isso era bom em 
“termos financeiros”!!!
Aí eu fiquei empolgado, e, como você 
disse, tinha espaço pra publicações,
 naquela época você pagava acima da
média e a turma não se ligava... 
mas eu tava ligado... rsrs!!!
 “Ninguém me segura, tá pra
 mim!”, pensei.

Tony 23 – Você tem idéia, bengala friend, 
de quantas HQs de humor você produziu,
 naquela época remota, para a Udigrudi?

Orlando: Não consigo me lembrar 
de todos, Tony, mas os principais, 
que deram muito
 o que falar na época e ficaram famosos, 
foram as aventuras do Juca Bação, as 
sátiras do Ghost, do Robocop 2 e outra
 que arrumamos pra cabeça do Conan, 
onde ele se transforma em 
“Cornão, o brabo”.

Tony 24 – Essa do Cornão também foi 
genial... (Rsss...).
Dava para ganhar dinheiro, fazendo 
HQs para a Phenix?
Confessa... (rsss...). Diga a verdade...
 pode "chutar o pau
da barraca", se for o caso...

Orlando: Tinha 5 formas de se ganhar 
dinheiro com as HQs: argumento, lápis, 
arte-final, letras e ilustração da capa
 (que era colorida). Eu me esforçava pra
 abraçar tudo o que
 estava ao meu alcance, mas eu só 
conseguia fazer os argumentos, 
os desenhos a lápis e serviços 
de assistência de arte. 
Ainda não tinha traço firme pra
fazer arte-final, nem letras e 
muito menos
ilustrações coloridas. 
Mesmo assim eu compensava
 com o número de páginas que
 eu produzia
com roteiros e desenhos a lápis.
Minhas histórias não eram curtas, 
nem chatas...rsrs... e assim eu 
conseguia levantar uma grana!
Os desenhistas que eu via fazendo o
 serviço completo,
sem auxílio de outros artistas, eram 
você e o Wanderley, que também 
mostravam 
ser excelentes artefinalistas e
o melhor letrista da equipe era o Felipe, 
sem dúvida.
Não me lembro do Salatiel 
fazendo roteiros 
nem letras nos balões, mesmo assim, 
depois de você e do Wanderley 
acho que ele era o que
 mais produzia.

Tony 25 – Sem dúvida. O velho Salata 
sempre foi máquina
 pra fazer HQs, ele sempre adorou os 
quadrinhos e com a gente 
teve oportunidade 
de realizar seu sonho:
 viver de HQs... com certeza.
Cornão, o Brabo, também foi 
outra sátira duka bengala friend... (Rsss...).
 Aliás, houve outras
também geniais. Você estava hiper inspirado
naqueles tempos remotos. Na sua opinião,
qual foi a melhor HQ que você 
criou para a Udigrudi?

Orlando: Acho que foi o “Robocop 2”, 
que além de muito engraçada, era 100% 
dinâmica, uma aventura completamente
 patética e praticamente ali, em cada 
quadrinho, eu consegui colocar ângulos
 cinematográficos, um show 
de movimentos
 do corpo e expressões do
 rosto e das mãos.
 Usei tudo o que eu aprendi com os 
desenhistas feras que passaram pela
 PHENIX: Gilvan Lira, Salatiel de
 Holanda, Bilau, Beto, Alexandre
 Montandon, entre outros.

Texto: Alexandre Dias (Cavalo\Rodrigues).
Arte de Alexandre Montandon (Timonti): Udigrudi, 1992.

Tony 26 – Sua sátira do Robocop ficou
 “duka”, landão...(Rsss...). Dá saudade, 
daquela época, né? É pena que não achei
nos velhos arquivos secretos da 
Phenix os filmes do Cornão e do Robocop 
pra postar aqui as imagens. O material é
 incrivelmente bom...
apesar da pauleira que era a produção.
 Era um trabalho de equipe: Eu checava 
os textos, o Felipe letreirava, 
você desenhava 
e escrevia e o Salata dava um show
de arte final. 

Orlando: Com certeza! Repito isso 
com o maior orgulho: estar com vocês e 
com toda aquela equipe
fantástica da editora PHENIX fazia eu 
me sentir em casa. Eu fui procurar
 a minha turma e
encontrei todos vocês: minha família!!!
Foi a melhor época e o melhor lugar que
eu trabalhei em grupo.



Tony 27 – Que bom ouvir isto de você. 
Também adoramos ter 
você em nossa equipe, 
assim como todos que conviveram
e trabalharam com a gente, 
pode acreditar.
 Sou grato à todos voces que 
colaboraram com a gente.
Afinal, ninguém faz nada sozinho. 
Até o Roberto Guedes, o autor de Meteoro, 
teve um texto dele, desenhado
por mim, publicado
 numa edição de Udigrudi.


Roteiro: Guedes - Desenhos: T. Fernandes - 
Arte final e letras: W. Felipe
O Cláudio Vieira, desenhista de 
animação da Disney no Brasil, fazia a 
Gina, a aeromoça criada
por mim e tempo depois foi o primeiro,
eu acho, a desenhar uma HQ do Meteoro, 
escrita pelo meteórico
bengala friend Guedes.



Gina: Com roteiro de Alexandre Dias, Desenhos: Cláudio Oliveira
e com arte final e letras de W. Felipe. Revista UDIGRUDI

Tínhamos um time da pesada, Orlando.
 De fato, éramos uma grande e boa família.
Nos esforçávamos ao máximo para atender
 todos vocês muito bem, apesar do ritmo 
estressante de trabalho.
 Não me recordo bem...
 talvez você possa esclarecer... 
Todos os seus trabalhos foram 
artefinalizados pelo velho Salata?

Orlando: A maioria, sim, outros
 foram arte finalizados pelo 
Gilvan Lira e, se não me
 engano, um de poucas páginas
foi feito pelo Wanderley.

Tony 28 – Grande bengala brother Gilvan, 
anda sumido... Ficou esclarecido.
Vamos em frente... Nossa equipe contava 
com muitos colaboradores, muitas feras... 
Você se dava bem com todos,
ou se identificava mais com 
um do que com outro?
Qual deles era o mais amigo, 
mais simpático?

Orlando: Todo mundo lá era legal
 comigo e todos me tratavam 
com respeito.
 É claro que tinha muita
“tiração de sarro”, mas quando se 
tratava de trabalho nunca 
ninguém ali empinava 
o nariz e nem virava as costas.
 A hospitalidade ali era
impressionante!!!
 Pelo fato de muitas vezes nos visitar, eu 
conversa mais com o Gilvan Lira, outro
 mestre da arte final, o melhor, é gênial,
 no que se refere a desenhar
 mulheres bonitas e sensuais.
Também aprendi muito com ele... rsrs.
Outro grande desenhista, Bilau, 
que era dono de um traço fantástico,
 visitava a gente poucas vezes, mas nunca
 deixou de dar dicas importantes 
sobre a visão de
vários ângulos na HQ.
Eram muitos feras que passavam 
por ali e cada um
 deixava um pouquinho do 
seu tesouro comigo e
assim acabei ficando rico... de 
conhecimento em desenhos!!!

Tony 29 – Infelizmente, em 1993, a Phenix
 foi, literalmente, "pro saco" e nem 
conseguimos lançar o nosso álbum de
figurinhas do Van Damme (um astro 
dos filmes de ação que fazia muito
 sucesso na época), 
que estava pronto pra entrar no prelo e tinha 
até um anúncio de filme de TV
 pra entrar no ar, devido a problemas  "mis", 
principalmente quando o Collor foi expulso 
do poder e as vendas despencaram
pra 5% durante 3 meses. Deixamos uma 
grande quantidade de amigos e bons
 artistas ao deus-dará. Fiquei p... da vida.
Aquilo foi uma merda. Fazer o quê?


Anos depois, tentei lançar o álbum pela Pégasus. 
Mas, a distribuidora
não acreditava mais no projeto. O ator tinha se envolvido
com drogas e estava em decadência

Orlando, se a coisa já não andava boa,
devido ao nosso alto custo operacional, 
 piorou ainda mais com a queda do 
nosso presidente galã:
Collor de Melo. O sujeito "melou" tudo,
 mesmo. O mercado desaqueceu e muitas
 editoras, como a nossa, sentiram na pele o
 reflexo através das vendas minguadas.
 Do dia para a noite contraímos uma dívida
 monstruosa. Por mais que pagássemos 
ela não parava de crescer, numa época em 
que o país sofria uma inflação
galopante de 50% ao mês. Aqueles foram 
tempos difíceis e manter as rédeas firmes
 foi tarefa impossível.
 Ainda assim, tentei lançar o álbum de 
figurinhas do Van Damme – que estava no 
auge no cinema -, e a revista pôster de 
modelos chamada Composit Model – 
do fotógrafo e big bengala 
friend André Lima -, na esperança de 
continuarmos no mercado. 
Fizemos 100 mil exemplares de Composit 
Model, colocamos um comercial na TV.
 Venda: 10%. Quanto ao Van Damme, o 
caríssimo álbum de cromos autocolantes
 morreu na praia, não decolou,
devido ao alto custo do 
papel autocolante.
No caso do “Livro Ilustrado”
 do lutador marcial,
confesso que a coisa não aconteceu 
por pura burrice minha.
 Eu não entedia patavina de álbuns
 de figurinhas e contratei dois bengalas 
friends (seu Chico e seu João), que se 
diziam experientes no ramo e que além
de me custarem caro só
fizeram merda, esta é que é a verdade.
Tenho esses fotolitos até hoje. 
Como diz um grande amigo: 
“Na vida, pra aprender determinadas
coisas, a gente tem que pagar o pedágio”.
Mas, nesse caso ,ele foi alto demais.
Custou cerca de 30 mil dólares.
O jeito foi fechar as portas, vender 
o estoque (encalhe) e ir pagando 
os credores gradativamente.
Levei quase um ano pagando
 buchas, antes
de fechar de vez o “barraco”.
Não foi fácil, mas, no final, tudo 
deu certo, felizmente.
Durante o período pós-Phenix, o que 
fez Orlando Alves, o genial cartunista
 e escritor?
Continuou no ramo editorial? 
Partiu pra outra?
 O povo quer saber... (Rsss...).

Orlando: Eu me lembro dessa 
Composit Model... quebrou as pernas 
da gente... éhh... nessa época as
coisas já não andavam boas e 
o Wanderley
 já começou a cortar os serviços na 
UDIGRUDI porque precisava
fazer uma redução de gastos, e, a coisa 
começou a ficar feia porque não ia 
ter serviço... ele tava preparando a 
turma pra buscar “novos recursos”.
E não deu outra, eu era recém 
casado, 1992, contas pra pagar,
 ninguém comprava 
nada de ninguém,
 tentei em duas editoras, só canseira.
Fui parar lá no Paulo Hamasaki, 
que ainda tava recebendo trabalhos,
 mas fiquei 
apenas 3 meses trabalhando pra ele,
depois não tinha mais serviço.
Foi a última editora que eu trabalhei 
fazendo desenhos pra revistas de piadas.
 Depois eu mudei completamente
meu formato de trabalho, mas eu 
continuei desenhando.



Tony 30 – O bengala brother da 
editora Hamasaki?
 Que legal... trata-se de um velho
 amigo e parceiro.
 Não sabia que você tinha trabalhado
com o Hama... 
Eu e você, nós ficamos uma data sem 
“trombarmos” pelas ruas da vida... e foi
 uma grande surpresa quando “cruzei” com 
você na WEB e fiquei sabendo que você
 estava por aí, firme, fazendo caricaturas e
 charges. Sei que todos nós nos apertamos, 
mas o mercado despencou...
perdemos o controle das coisas, 
infelizmente.
 Se ferimos ou magoamos alguém, 
confesso, que não era esta a 
nossa intenção.
 Editar num país cheio de sucessivas
crises, de altos e baixos, e que tinha uma
 inflação louca, galopante, nunca foi fácil.
 Questiono... como e quando surgiu a 
idéia de partir para a caricatura?

Orlando: Em agosto de 91 o Alexandre 
Montandon andava desesperado lá na 
PHENIX procurando um caricaturista
 pra fechar um evento no 
Shopping Metrópole,
em São Bernardo do Campo, para 
a semana dia dos pais. A agência 
contratante Cavassani
Publicidade, de São Caetano, precisava 
de dois caricaturistas bons e rápidos. 
O Alexandre era o primeiro 
caricaturista, 
mas, tava faltando o segundo. 
Engraçado é que ele não achava 
nenhum caricaturista, só
 cartunistas e quadrinhistas.
Os caras que faziam não podiam ir e 
aí o Wanderley me passou mais esta 
oportunidade porque eu vivia
desenhando o pessoal lá na PHENIX.
Mas desenhar em público é 
completamente diferente que 
desenhar na prancheta.
E eu tive que fazer um teste lá na hora,
 no Shopping, pra ver se eu podia ser o 
segundo caricaturista.
E eu tinha que desenhar justo o diretor 
de arte da agência! Tinha que escolher 
entre ganhar a aprovação do
camarada com um desenho bonitinho
 ou conquistar o público e os donos da 
agência com uma caricatura engraçada. 
Nunca na minha vida a minha
mão ficou tão pesada...

Tony - 31: Uma prova de fogo...

Orlando: Eu tava nervoso com tanta 
gente me observando... mas resolvi ficar 
com a segunda opção: era gargalhada
pra tudo quanto era lado e, antes de
 terminar o desenho, o dono da agência 
falou que eu estava contratado, aos risos. 
Trabalhei a semana toda no evento, aprendi
 muito com o Montandon (esse cara 
desenha muito, um dos melhores 
caricaturistas que eu já vi) e foi a 
primeira grana alta que eu ganhei com 
desenho em tão pouco tempo!!!
Dava pra comprar um carro!!!

Tony - 32: Com certeza. Também 
já trabalhei com este tipo de evento 
no shopping Eldourado - 
o Ramirez estava com a gente. 
Vale a pena.
 Fico feliz em saber que você se
 deu bem, Landão.
É isso aí, encarou e faturou a vaga e a grana.
 Beleza pura, cara! Quanto ao Montandon, 
ex-parceiro do Alexandre Dias – o 
famoso Cavalo, guitarrista da banda Velhas
 Virgens -, sempre foi fera no traço. 
Os dois Alexandres faziam uma parceria 
interessante pra revista Udigrudi.

Orlando: No período pós-PHENIX
 e pós-Hamasaki eu não conseguia
 mais nenhum trampo editorial, 
então, me lembrei da receptividade
 do público no Shopping com as caricaturas.
 Como também não tinha nenhum trabalho
 desse tipo ao meu alcance, resolvi encarar 
a rua mesmo, desenhando o povo, buscando
 o meu público alvo em comércios, botecos
 e padarias, com preço bem popular 
cada caricatura.
Não dava muita grana, mas foi 
o suficiente pra tirar a gente da forca.
 Com o tempo firmei meu traço, ganhei
mais velocidade e aprendi a 
fazer arte final
 com qualidade. Também através das
 caricaturas e indicações de clientes,
 começaram a aparecer mais trabalhos
 em todo tipo de empresa, comércio, 
festas, feiras e eventos...
“Graças a Deus”, já não me faltava
 mais trabalho!!!


Tony 33 –Você batalhou, chegou lá! Encontrou
 seu espaço.Como diz uma velha canção do 
Milton Nascimento:
“O artista tem que ir aonde o povo está”.
 Orlando, você trabalha nesta área de 
caricaturas sozinho ou conta com parceiros?

ORLANDO: Trabalhei muito tempo 
sozinho (igual o Sr. Incrível, dos Incríveis), 
mas depois me caiu a ficha de
que não se pode resolver tudo sozinho.
Então abri mão do meu sossego e da minha
independência para formar vínculos que 
enriquecem o meu trabalho. 
Todas as coisas que eu recebi de vocês
 na minha formação profissional eu 
retribuo com os novos, motivando,
 ensinando, e, também aprendi a dividir 
e a pedir ajuda, como nos 
velhos tempos... rsrs.

Tony 34 – É isso aí! AJudar os 
irmãos do ramo também é nossa 
função. Se todos compartilhassem 
dessa idéia o mundo seria diferente.
 Compartilhar e incentivar é preciso.
Com já disse, no passado, já 
fiz caricaturas
 em eventos, como:
 Dias especiais, em Shopping Centers, 
em reuniões empresariais e até em 
aniversários de gente 
da alta sociedade. Sempre levando outros 
bengalas friends nesses eventos,
como: Dia dos Pais, etc, nos Shoppings 
Centers e aniversário de madames, etc.
Você também participa desses
 tipos de eventos,
 fazendo sua arte, habitualmente?

Orlando: Sim, com freqüência. 
Eu gosto de trabalhar com as pessoas, 
mas é preciso ter cuidado porque existe
todo tipo de gente, independente de 
classe social, raça ou etnia, gente 
educada, gente estressada...
rsrs... mas na maioria das vezes
é só alegria. Basta ter paciência e saber 
colocar as brincadeiras no seu devido
 lugar, e, sempre com humor saudável.

Tony 35 – Sem dúvida... tai um belo e rentável 
segmento... Vai fundo... Tem gente que 
só vive disso. Na sua opinião,
dá pra faturar alto fazendo caricaturas?

Orlando: Não é todo dia que se tem 
evento, mas um caricaturista
 (bom e rápido) numa festa de 4 horas
 custa em média R$ 500,00 e produz 
em média de 15 a 20 
caricaturas por hora. Eu chego a fazer
 uma caricatura em até 3 minutos com 
corpinho. Caricatura só de rosto
(bem básico) um minuto e meio.
 Parece caro, mas é bem puxado
 (serviço pesado) e tem que ficar
parecido com a pessoa. Lembrando 
que o caricaturista de eventos tem 
que estar sempre de bom humor. 
Este é o preço de mercado, mas
é claro que tem caricaturistas novos,
 que desenham menos e fazem a festa
 por um preço menor.
Isso é normal. Também tem as “estrelas”
que por este preço nem tiram a 
tampa da caneta... rsrs.
Uma coisa é certa: caricaturista 
não morre de fome.
 O negócio é querer trabalhar e se 
trabalhar direito
nunca vai faltar serviço.

Tony – 36: Gostei da informação e acho 
que muita gente por aí vai se animar... valeu. 
E o casório, como vai?
 Tem herdeiros?

Orlando: Ahh, neste ano eu faço 20 anos 
de casado com a Anny, lembra dela?

Tony – 37: Sim, me lembro bem dela. 
Gente fina. Parabéns.
Manda um mano amplexo pra comadre.
 Quanto tempo a gente não se vê... caramba!
 Vinte anos... parece que
foi ontem que vocês estavam namorando... 
como dizia aquele grande locutor esportivo – 
tio do Ramirez -, “O tempo passaaaa!” (Rsss...). 
É bom saber que vocês se deram bem,
 coisa rara hoje em dia.

Orlando: Não deve ser fácil ser mulher
 de artista... rsrs... numa hora você tá rico, 
na outra você tá pobre... rsrs...
são muitas e muitas emoções, bicho!!!
Temos um filho de 16 anos, Vinícius, 
um grande homem!
Ele trabalha comigo: 
é meu assistente de arte.

Tony 38 – Com certeza... mas, há mulheres
 maravilhosas que entendem a nossa paixão
 pela profissão digna, maravilhosa e oscilante.
 O negócio é fazer um pé-de-meia, trabalhar
 com capital de giro. Daí a coisa fica mais fácil.
O filhão, Vinicius, já trabalha com o pai?
Show de bola! Pelo visto, temos aí mais 
um grande artista. Maravilha, Landão.
 Parabéns, pela bela família.
Você, hoje, tem um estúdio ou só vive
 de freela, bengala friend?

Orlando: Sempre tive um humilde, 
pequeno e aconchegante 
estúdio em casa mesmo. 
Eu o chamo de Studio “A” porque 
simplesmente é aqui onde 
eu vivo fazendo “Arte”.

Tony 39 – Foi fácil chegar aonde está?

Orlando: Não, mesmo!!! Todas as minhas
 conquistas foram fruto de muito trabalho
 e persistência, para não
 desistir. O que me manteve desenhando 
nos tempos de turbulência além das minhas
 mãos e da minha cabeça
foi o meu coração: o meu coração sempre
 esteve em todos os meus trabalhos.

Tony 40 – A teimosia, também conhecida 
como “persistência”
dá frutos, my friend... alguém ainda duvida?
 “Só os covardes fogem do rinque, fogem 
da luta”, dizia um filósofo de boteco...
Alguma frustração na área profissional?

Orlando: Pena que em nosso país o artista
 ainda é visto por muitos como quem não 
trabalha... e é o ser que mais
 trabalha neste mundo!!!... e por prazer.

Tony 41 – Tem muita gente que ainda 
pensa assim, com certeza. 
Trabalhamos dia e noite, feriados,
finais de semana, etc – pelo menos os 
conscientes, que não querem entregar seus
 trabalhos fora de prazo.
Digo sempre: “Somos meros proletários
 da arte comercial”. (Rsss...). 
Planos para o futuro? Algum 
sonho específico?

Orlando: Sim, trabalhos educativos!!!
 E se eu sobreviver:
desenhos animados!!!

Tony 42 – Trabalhos culturais, educativos...
 Taí um legado que devemos deixar
 às novas gerações. 
Você chega lá... o impossível você já 
conquistou, guerreiro. Milagres, 
eles demoram um pouco mais, 
mas não são inatingíveis, 
pode acreditar. Qual é a sua 
concepção de Deus?

Orlando: Ele é o Criador. Ele é Justo, 
é Sábio e Poderoso.
 Deus é Amor!!!!!

Tony 43 – O pior é que há quem duvide... 
Prosseguindo: Orlando Alves,
 por Orlando Alves?


Orlando: Um desenhista.


Tony 44 – Quem quiser contratar 
seus serviços, como pode entrar 
em contato com você?
 Deixe aí seus telefones, e-mails, blog
 ou site, pois, infelizmente, este esclarecedor 
bate papo virtual nosso está quase 
chegando ao fim... aproveita, 
porque estamos “bombando”
 em audiência, até 
internacionalmente e nossas 
entrevistas 
hoje são vistas e lidas nos
 quatro cantos do mundo, se é que o mundo – 
que é redondo -, tem cantos... (Rsss...).
 Manda aí seu recado! 
Solta os bichos, bengala friend!

Orlando: Ok, mestre!!! Meus telefones...
 (11) 2704.3117,
 (11)3531.9635 e (11)9214.1089
Meus e-mails:
 orlandocartoon@yahoo.com.br e orlandocartoon@hotmail.com

Tony 45 – The last question, bengala friend… 
Vale a pena viver de arte neste país? 
Que mensagem você quer deixar aí para
os seus fãs e para aqueles que desejam 
embarcar nessa “canoa furada” chamada: 
histórias em quadrinhos?

 

Orlando: Alô, meus queridos velhos e 
novos amigos!!! Vale a pena, sim,
 viver de arte por aqui
 existem muitas pessoas de bom
 gosto querendo comprar belos trabalhos!
 Corra atrás dos seus sonhos! 
Seja persistente!! 
Faça o melhor daquilo que você 
gosta de fazer! Se é arte, então
 faça arte e seja feliz!!!





Tony - 44: Landão, só me resta agradecer
 pela atenção dispensada e 
desejar à você muito
sucesso, muita saúde, muita paz e 
muito trabalho, cowboy.
Que Deus continue a iluminar sua estrada.
E saiba que sou seu fã, seu admirador
 e que tenho muito orgulho em 
saber que você – assim como muitos -, 
começou com 
a gente e que continua aí
batalhando nesse nosso turbulento 
mais adorado mercado nacional.

Este país precisa de mais gente 
de fibra como você, guerreiro. 
Afinal, nós somos o mercado editorial
 brasileiro. Se pararmos, todos, ele
 (o mercado editorial) morre.
 Pode acreditar. Thanks e até breve e um 
grande hiper amplexo pra você 
e pros seus entes queridos! Aos webleitores,
 grato por prestigiar este nosso talkie-show 
virtual e até a próxima.

Detalhe: Vem muita coisa boa por aí! 
Não percam!

Orlando : Obrigadão, meu grande 
e velho amigo, Tony! 
Você foi e continua 
sendo um super-pai pra mim e 
pra muitos outros loucos
 por desenho!!!
Um GRANDE ABRAÇO pra você 
e para todos os nossos amigos!!! 
Valeu!

ENTREVISTA COM 
LEONARDO SANTANA,
O DONO DA FAMOSA BODEGA DO LEO,
VOCÊ ENCONTRAR NO LINK ABAIXO.
CONFIRA...
http://bengalasboysclub.blogspot.com


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Uma divisão da Pégasus Publicações Ltda – São Paulo\Brasil
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